terça-feira, 31 de outubro de 2017

Passagem da Bíblia tem o registro mais antigo de um eclipse solar

Eclipse solar anular do Novo México

Em 30 de outubro de 1207 a. C. aconteceu um eclipse anular sobre a antiga Canaã
 
Está circulando há cerca de 2.500 anos e deve ter sido lida por milhões e milhões de pessoas. Mas a primeira menção a um eclipse solar tinha passado despercebida até agora. Em uma pesquisa que combina análise linguística de idiomas milenares, antigos escritos astronômicos da Babilônia, estelas (pedras com inscrições) do Egito dos faraós e modernos cálculos da maquinaria celeste, cientistas britânicos acreditam ter encontrado na Bíblia o primeiro registro de um eclipse solar anular.
Deixando de lado a historicidade da Bíblia, ao longo dela há muitas passagens históricas contando a evolução dos israelitas. A arqueologia e a história comparada confirmaram a existência de muitos personagens, lugares e fatos históricos, ao mesmo tempo em que descartaram muitos outros míticos. Um desses personagens é Josué, profeta tanto para judeus quanto para cristãos e muçulmanos, e caudilho e sucessor de Moisés à frente dos hebreus. Josué foi, de acordo com a tradição bíblica, aquele que finalmente conquistou a terra prometida e a dividiu entre as 12 tribos. Suas peripécias e muitas guerras foram registradas no livro homônimo do Antigo Testamento.
No Livro de Josué (10:12-13), lê-se a seguinte passagem:
Josué falou ao Senhor no dia em que ele entregou os amorreus nas mãos dos filhos de Israel, e disse em presença dos israelitas:
«Sol, detém-te sobre Gibeão, e tu, ó Lua, sobre o vale de Ajalon».
E o Sol se deteve e a Lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos.
Isto está escrito no Livro do Justo. E, de fato, o Sol parou no zênite e não se moveu durante quase um dia inteiro”.
Lido ao pé da letra, o relato é tão mítico como a separação das águas do Mar Vermelho por Moisés. Mas um grupo de pesquisadores britânicos acredita que a leitura literal esconde o que realmente aconteceu. As várias traduções modernas do conteúdo bíblico partem da primeira tradução, do hebraico e do aramaico para o grego. Talvez tenha sido aí que se perdeu o significado real das palavras até ficar no que parece dizer: que a Lua e o Sol pararam.
“Mas indo ao texto hebraico original, pensamos que outro possível significado seria que o Sol e a Lua deixaram de fazer o normalmente fazem: pararam de brilhar”, diz o pesquisador da Universidade de Cambridge e coautor da pesquisa, Colin Humphreys, um apaixonado por colocar a lupa da ciência na Bíblia. Concretamente, o texto original usa as palavras hebraicas dôm e ‘amad para designar o que o Sol e a Lua fizeram, respectivamente. A primeira tem vários significados, de estar em silêncio a emudecer, passando por permanecer imóvel. A segunda significa tanto deter-se quanto parar ou manter.
Para ajudar essa alternativa, os autores do estudo, publicado pela revista Astronomy and Geophysics, ressaltam que a palavra dôm compartilha raiz com termos astronômicos referentes a eclipses encontrados em tabuletas babilônicas da mesma época. “Nesse contexto, as palavras hebraicas poderiam se referir a um eclipse solar, quando a Lua passa entre a Terra e o Sol e este parece parar de brilhar”, observa Humphreys. Em particular, aposta em um eclipse anular, no qual o satélite não consegue esconder toda a estrela, deixando ver uma espécie de anel de fogo.
 
Estela do faraó Merneptah menciona uma campanha militar contra os israelitas na antiga Canaã, na época de Josué
Outra prova circunstancial que os pesquisadores colocam sobre a mesa tem a ver com a historicidade da presença de Josué e dos israelitas nas terras de Canaã há 3.200 anos. Essa parte da história é confirmada na estela de Merneptah, um longo texto escrito em um bloco de granito é conservado no Museu Egípcio do Cairo. Merneptah, filho do faraó Ramsés II, o Grande, reinou entre 1213 e 1203 a. C., de acordo com as cronologias mais Grande, reinou entre 1213 e 1203 a. C., de acordo com as cronologias mais aceitas. A estela, gravada no quinto ano do seu reinado, registra como Merneptah teve que enviar tropas a Canaã para ajudar vários de seus feudos que estavam sendo assediados pelos israelitas. São as guerras que o Livro de Josué reúne, embora ambos os textos não coincidam em relação a quem ganhou.
Delimitados os fatos e os personagens históricos, os pesquisadores lançaram a máquina de calcular eclipses, algo não tão simples como se acredita. “Podemos calcular eclipses futuros ou passados. Mas quanto mais voltamos no tempo, mais temos de levar em consideração as mudanças na velocidade de rotação da Terra”, explica o físico britânico. O movimento do planeta sobre si mesmo não é constante. “Somente nos últimos 20 anos conseguimos fazer esses cálculos para eclipses realmente antigos”, acrescenta Humphreys.
De acordo com suas estimativas, o único eclipse anular visível em Gibeão, a poucos quilômetros a nordeste de Jerusalém, entre 1500 e 1050 a. C. aconteceu (seguindo o calendário atual) às 15h27 de 30 de outubro de 1207 a. C. O Sol ainda deveria estar parcialmente eclipsado no crepúsculo, às 17h38. Durante a fase central do eclipse, a Lua cobriu até 86% da área do disco solar, reduzindo a visibilidade a um décimo da habitual. A passagem da Bíblia não mente, embora exagere um pouco.
Se a data for aceita pela comunidade científica, seria o registro mais antigo de um eclipse solar. Embora existam referências a pelo menos outros três possíveis eclipses anteriores ao ano 1000 a. C. em uma lenda chinesa, uma tabuleta da Mesopotâmia ou na Odisseia de Homero, nenhuma delas resistiu aos cálculos astronômicos. É preciso avançar até 700 a. C., quando os chineses começaram a registrar os eclipses. Na época, os assírios os gravavam em tabuletas de argila.
Esses registros são fundamentais para a história da Astronomia, mas também para fixar outros eventos da história. O eclipse solar de 15 de junho de 763, visto sobre as terras da Mesopotâmia, serviu para datar grande parte da história do Oriente Médio. Agora, a passagem do Livro de Josué poderia ajudar a esclarecer outros 500 anos de história antiga, começando pelas cronologias hebraica e egípcia.
 

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Espanha assume controle da Catalunha e testa autoridade: entenda o que pode acontecer

O governo central espanhol testou nesta segunda-feira sua autoridade sobre os mais de 200 mil funcionários públicos catalães que foram ao trabalho pela primeira vez desde a destituição do governo regional e da dissolução do parlamento local.
 
Protesto em Barcelona
Segundo correspondentes da BBC em Barcelona, não houve grandes problemas nos prédios do governo durante a manhã, embora algumas autoridades tenham desafiado as orientações de Madri e comparecido ao trabalho. Entre elas, estavam alguns ministros, que receberam um prazo de algumas horas para que deixassem seus escritórios, sob a ameaça de serem presos pela força policial catalã.
O líder deposto da Catalunha, Carles Puigdemont, disse que não aceitaria o controle imposto por Madri. No domingo, o governo alertou que se ele e outros membros de sua administração se recusassem a deixar seus cargos poderiam ser processados por rebelião - com sentença máxima prevista de 30 anos. No mesmo dia, centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de Barcelona para defender a unidade do país.
Entenda abaixo, como a situação chegou ao ponto em que está e quais devem ser os próximos passos:

1. Como chegamos a esta situação?

Há anos os catalães reclamam sobre o grau de autonomia concedido à região pela Constituição espanhola - e a última eleição local, em 2015, foi vencida por uma coalizão que tinha a independência como sua principal bandeira.
No dia 27 de outubro passado, o parlamento regional, com maioria de deputados separatistas, oficialmente declarou a independência, aprovando, por voto, a transferência legal da Espanha - que é uma monarquia constitucional - para uma república independente.
Essa votação foi boicotada por deputados que se opõem à independência - que ocupam cerca de 40% dos assentos na casa.
Eles também boicotaram o plebiscito de 1º de outubro, que a Espanha tentou impedir. Segundo os organizadores, o "sim" recebeu 90% dos votos, e 43% dos eleitores foram às urnas.

2. O que Madri fez agora?

O governo central usou o Artigo 155 da Constituição espanhola para tirar do cargo o presidente catalão Carles Puidgemont, seu gabinete e dissolver o parlamento regional.
A vice-primeira-ministra espanhola, Soraya Sáenz de Santamaría, foi apontada para governar a Catalunha interinamente até a realização de novas eleições locais - marcadas para 21 de dezembro.
O comando da polícia catalã, Mossos d'Esquadra, composta de 17 mil pessoas, passou para o Ministério do Interior.
O chefe de polícia, Josep Luis Trapero, foi demitido e substituído pelo seu vice, Ferran López.

3. O que estão fazendo os separatistas catalães?

Puidgemont disse que ele e seus aliados resistirão "democraticamente" à imposição, por Madri, do controle direto.
Há uma grande expectativa sobre a reação dos policiais da Mossos quando receberem ordens de expulsar ou prender autoridades que se mantiverem leais aos separatistas.
Ativistas têm convocado protestos para "defender a república", e é provável que sejam organizadas ainda greves e boicotes como resposta às ações de Madri.
O principal grupo separatista, a coalizão Assembleia Nacional Catalã, vê a administração de Rajoy como "governo estrangeiro".
Eles fizeram um apelo aos funcionários públicos da região para que não obedeçam ordens do governo espanhol em uma demonstração de "resistência pacífica".

Manifestantes na Catalunha

4. Os líderes do movimento de separação serão processados ?

O procurador-geral da Espanha, José Manuel Maza, disse nesta segunda-feira que denunciará integrantes do governo catalão deposto e do parlamento por rebelião e sedição.
Maza disse que "ações inconstitucionais causaram uma crise institucional".
A pena máxima para o crime de rebelião é até 30 anos de prisão. Um tribunal terá de decidir sobre a aceitação ou não dessas eventuais denúncias.
A proclamação da república catalã, na sexta-feira, foi aprovada em voto secreto no parlamento, o que dificulta a tarefa de indiciar deputados individualmente.
O chefe de polícia deposto, Trapero, pode ser acusado de sedição por ter falhado, supostamente, em ajudar policiais subordinados ao governo central a conter manifestantes pró-independência durante um incidente em Barcelona antes do plebiscito.

5. Madrid conseguirá assumir o controle da Catalunha?

Não está claro até que ponto a Espanha enfrentará dificuldades para assumir o controle do governo local e ter sua autoridade respeitada.
O governo apelou para que oficiais e policiais da Mossos se mantivessem neutros e acatassem as ordens de Madri.
O plano é governar com medidas excepcionais até a realização de novas eleições em dezembro.
No papel, o plano parece simples, mas a correspondente da BBC Sarah Rainsford diz que na prática o processo será complexo e terá de enfrentar a resistência de pessoas que acabaram de votar pela independência.
E o comportamento das autoridades será observado com atenção - em particular por causa do excessivo uso de força por parte das forças de segurança no dia do plebiscito.
Imagens de policiais arrastando eleitores das urnas ou avançando sobre eles com golpes de cassetete correram o mundo.

6. Há espaço para compromissos?

Os dois lados estão bem opostos - um proclamou a independência, o outro assumiu o controle do governo.
Um gesto de aproximação poderia ser a restituição de poderes adicionais aos catalães que entraram na Constituição por emenda em 2006, mas que foram suprimidos quatro anos depois a pedido do Partido Popular de Rajoy.

7. E o quão importante é o fator econômico?

Madri está numa posição forte em se tratando de economia, embora a Catalunha seja uma das regiões mais ricas da Espanha.
Desde o referendo, mais de 1,6 mil empresas, incluindo os bancos Caixa e Sabadell, decidiram transferir suas sedes da Catalunha para outras cidades da Espanha.
A Catalunha responde por um quinto da produção econômica da Espanha, mas também possui uma pilha de dívidas, inclusive uma de US$ 61 bilhões com o governo espanhol.

8. Como o mundo vai agir em relação a Catalunha?

A bandeira da independência da Catalunha vem sendo defendida há muito tempo no exterior pelos separatistas. Desde o referendo, eles pedem mediação internacional.
Uma moção aprovada pelo parlamento catalão pede que a União Europeia "intervenha para impedir a violação dos direitos civis e políticos" pelo governo da Espanha.
No entanto, a União Europeia e seus membros individualmente, além dos Estados Unidos, deixaram claro que enxergam a crise como uma questão interna da Espanha.
"A Catalunha é uma parte integral da Espanha, e os Estados Unidos apoiam as medidas constitucionais do governo espanhol que visam manter a Espanha forte e unida", disse o Departamento de Estado dos EUA.
É muito difícil para qualquer região alcançar a independência sob a legislação internacional. Kosovo descobriu isso quando se separou da Sérvia, embora o rompimento tivesse forte embasamento na violação de direitos humanos e o apoio da OTAN e de boa parte da União Europeia.
BBC Brasil

Como o mundo amava a suástica, até os nazistas se apropriarem do símbolo

Avião do Exército americano

No mundo ocidental, a suástica é sinônimo de fascismo, mas ela existe há milhares de anos e foi usada como símbolo de boa sorte em quase todas as culturas do mundo. Agora, alguns tentam recuperar seu sentido original.
 
Na linguagem antiga do sânscrito, suástica significa "bem-estar". A figura foi usada por hindus, budistas e jainistas por milênios, e é normalmente considerado indiano.
Viajantes do Ocidente para a Ásia foram inspirados por suas associações positivas e começaram a usá-lo em seus países. No início do século 20, houve uma moda de suástica como símbolo de sorte.
Em seu livro The Swastika: Symbol Beyond Redemption? (As Suástica: símbolo sen redenção?, em tradução livre), o escritor e designer Steven Heller mostra como a figura foi adotada com entusiasmo na Europa na arquitetura, na propaganda e no design de produtos.
 
Produtos dos anos 1920 e início dos anos 1930
 
"A Coca-Cola usou. A Carlsberg usou em suas garrafas de cerveja. Os Escoteiros-mirins também adoraram e o Clube de Meninas da América chamava sua revista de Suástica. Eles mandavam até distintivos de suástica para seus leitores como prêmio por vender revistas", diz.
O ícone oriental também foi usado por unidades do Exército americano durante a Primeira Guerra Mundial e era visto nos aviões da Força Aérea Britânica até 1939. A maior parte desses usos "benignos" parou de ocorrer nos anos 1930, quando o partido nazista chegou ao poder na Alemanha.
O uso nazista da suástica tem origem no trabalho de acadêmicos alemães do século 19 que traduziam antigos textos indianos, e notaram semelhanças entre o alemão e o sânscrito. Eles concluíram que indianos e alemães deveriam ter os mesmos ancestrais - uma raça de guerreiros chamada ariana.

Garoto indiano com suástica na cabeça e vaso no templo Sensoji Asakusa Kannon, em Tóquio
 
Essa ideia foi utilizada por grupos nacionalistas antissemitas dentro do movimento, que se apropriaram da suástica como um símbolo ariano, para espalhar entre os alemães o sentimento de que pertenciam a uma linhagem antiga.
A hakenkreuz (cruz com ganchos, em alemão) negra dentro de um círculo branco e o fundo vermelho da bandeira nazista se tornariam o emblema mais odiado do século 20, para sempre conectado às atrocidades cometidas no Terceiro Reich.
 
"Para os judeus, a suástica é sinônimo de medo, de repressão e de extermínio. É algo que nunca poderemos mudar", diz o sobrevivente do Holocausto Freddie Knoller, de 96 anos. "Colocar a suástica em lápides ou em sinagogas nos causa medo. Não deveria acontecer."
O símbolo foi proibido na Alemanha no fim da Segunda Guerra Mundial e o país tentou, sem sucesso, proibi-lo em toda a Europa em 2007.
 

Contra o mal

A ironia é que a suástica tem uma origem mais europeia do que a maior parte das pessoas pensa. Descobertas arqueológicas já demonstraram que ela é muito antiga, mas que seus exemplos não são limitados à Índia. Ela também foi usada pelos antigos gregos, pelos celtas, pelos anglo-saxões e até - em alguns dos artefatos mais antigos - no leste da Europa, do mar Báltico até os Bálcãs.
Um bom lugar para conhecer esta história é o Museu Nacional de História da Ucrânia, na capital Kiev.

Figura de pássaro feita de presa de mamute

Entre os principais tesouros do museu está uma figura pequena de marfim que mostra um pássaro fêmea. Feito da presa de um mamute, a figura foi encontrada em 1908 no assentamento paleolítico de Mezin, perto da fronteira da Ucrânia com a Rússia.
No peito do pássaro está gravado um padrão complexo de suásticas. É o padrão de suásticas mais antigo identificado no mundo. Segundo a datação de carbono, ele tem impressionantes 15 mil anos. O pássaro foi encontrado junto com uma série de objetos fálicos, o que dá a entender que o padrão era usado como símbolo de fertilidade.
Em 1965, a paleontóloga Valentina Bibikova descobriu que o padrão no pássaro é muito semelhante ao padrão que ocorre naturalmente no marfim. Será que as marcas na pequena figura paleolítica estavam só refletindo o que os homens viam na natureza - o mamute que eles associavam com bem-estar e fertilidade?
Suásticas "solitárias" começaram a aparecer na cultura neolítica Vinca no sudeste da Europa há cerca de 7 mil anos. Mas foi na Era de Bronze que elas se espalharam pela Europa. Na coleção do museu em Kiev há vasos de cerâmica que têm suásticas circulando sua metade superior e datam de 4 mil anos atrás.
Quando os nazistas ocuparam Kiev na Segunda Guerra Mundial, eles estavam tão convencidos de que esses vasos eram provas de seus ancestrais arianos que os levaram para a Alemanha (eles foram devolvidos à Ucrânia depois da guerra).
Na coleção grega do museu, a suástica aparece no ornamento da arquitetura que se tornou conhecido como padrão grego, usado em azulejos e tecidos até hoje.
Os antigos gregos também usavam motivos de suástica para decorar seus vasos e vasilhas. Um fragmento da coleção, que data do século 7 D.C., mostra uma suástica com membros como se fossem tentáculos pintada sob a barriga de um bode.
 
 
Fragmentos têxteis do século 12 A.D.

Mas talvez os artefatos mais surpreendentes no museu sejam os fragmentos de tecido que sobreviveram do século 12 D.C. Acredita-se que eles pertenceram ao colarinho do vestido de uma princessa eslava. Eles são bordados com cruzes e suásticas douradas, para afastar o mal.
A suástica continuou sendo um motivo popular no bordado do leste da Europa e da Rússia até a Segunda Guerra Mundial. Um autor russo chamado Pavel Kutenkov identificou cerca de 200 variações na região. Mas o símbolo continua controverso. Em 1941, Kiev foi o local do pior assassinato em massa do Holocausto, quando quase 34 mil judeus foram reunidos e mortos em Babi Yar.
Na Europa ocidental, o uso das antigas suásticas parou gradualmente muito antes da era moderna, mas é possível encontrar exemplos da Era do Bronze, como a Pedra da Suástica em Yorkshire, na Inglaterra.

Relembrando o passado

Algumas pessoas acham que essa longa história pode ajudar a reviver a suástica como algo positivo na Europa. Um tatuador famoso em Copenhagen afirma que o símbolo é um elemento da mitologia nórdica que continua sendo atraente para muitos escandinavos.
Ele é um dos fundadores do Dia de Aprender a Amar a Suástica, que ocorreu em 13 de novembro de 2013, quando tatuadores de todo o mundo se ofereceram para tatuar suásticas de graça, para relembrar o passado multicultural do símbolo.
"A suástica é um símbolo de amor e Hitler abusou dela. Não estamos tentando trazer a hakenkreuz de volta. Isso seria impossível. E também não é algo que queremos que as pessoas esqueçam", afirma.

Phil Cummins mostrando tatuagem de suástica
 
"Só queremos que as pessoas saibam que a suástica aparece de muitas outras maneiras, e nenhuma delas foi usada para nada ruim. Também queremos mostrar aos fascistas da direita que é errado usar esse símbolo. Se pudermos educar o público sobre o verdadeiro significado da suástica, talvez possamos tirá-las dos fascistas."
Mas para pessoas como Freddie Knoller, que experimentaram os horrores do fascismo, a ideia de aprender a amar a suástica não é assim tão fácil.
"Nós que passamos pelo Holocausto sempre vamos lembrar do que a suástica foi nas nossas vidas - um símbolo do mais puro mal", diz.
"Não sabíamos que ele já existia há tantos milhares de anos. Mas acho interessante que as pessoas saibam que nem sempre foi um ícone do fascismo."
BBC Brasil

sábado, 28 de outubro de 2017

Artefato encontrado em destroços da nau de Vasco da Gama é instrumento de navegação "mais antigo" já descoberto

Astrolábios
 
Arqueólogos descobriram o que acreditam ser o instrumento de navegação mais antigo já encontrado: um astrolábio usado pela frota do português Vasco da Gama (1469-1524). O artefato, usado para medir a altura do sol, estava nos vestígios do navio Esmeralda, que naufragou em 1503, e que foram encontrados na costa de Omã, na península arábica.
Os especialistas acreditam que o objeto tenha sido fabricado no período entre 1495 e 1500.
 
"É um privilégio encontrar algo tão raro e tão historicamente importante, que será estudado pela comunidade arqueológica e que preenche uma lacuna", diz à BBC o cientista marinho David Mearns, conhecido como o "caçador de naufrágios", que comandou as escavações aos vestígios da embarcação portuguesa.

Brasão português

O astrolábio, que tem 17,5 cm de diâmetro e 2 milímetros de espessura, foi encontrado em 2014 por Mearns junto a quase outros 3 mil artefatos recuperados durante uma série de mergulhos.
Mearns conta que soube que o artefato era importante quando viu que possuía dois emblemas. O primeiro, diz, era um brasão de armas português e o segundo, um emblema pessoal do rei Manuel 1º, então rei de Portugal.
Segundo o especialista, esses brasões indicam que o objeto foi produzido após 1495, porque foi quando dom Manuel ascendeu ao trono.
Após sua descoberta, o artefato foi analisado por cientistas da Universidade de Warwick, na Inglaterra, que utilizaram tecnologia a laser para identificar marcas de navegação em suas bordas, comprovando se tratar de um astrolábio.

Imagem do laser no astrolábio

Objeto raro

Astrolábios são relativamente raros de ser encontrados e o da frota de Vasco da Gama é o 108º a ser confirmado e catalogado.
Os objetos mediam a altura do sol acima do horizonte ao meio-dia para determinar sua localização permitindo aos marinheiros encontrar a direção em que estavam em alto-mar.

Por que em 2019 1kg já não pesará 1kg

A partir de 2019, 1 kg deixará de ser o que era.
 
Pesos
Mas por quê?
É que o quilo consiste em uma das quatro unidades de medida básicas - juntamente com ampere, kelvin e mol - que serão redefinidas pela Conferência Geral sobre Pesos e Medidas (CGPM) em novembro de 2018, no que representa a maior revisão do Sistema Internacional de Unidades (SI) desde a sua criação em 1960.
O objetivo da mudança é relacionar essas unidades a constantes fundamentais e não arbitrárias, como tem sido até agora.
A decisão foi tomada na semana passada em uma reunião em Paris, na França.
A mudança é de grande importância para pesquisas científicas que exigem um alto nível de precisão em seus cálculos.
 
Protótipo para calcular quilo

O novo quilograma

O novo sistema, que entrará em vigor em maio de 2019, permitirá que os pesquisadores realizem várias experiências para relacionar as unidades de medida com as constantes.
Tome, por exemplo, o caso do quilograma.
Atualmente, essa unidade de medida é definida por um objeto: um quilograma é a massa de um cilindro de 4 centímetros de platina e irídio fabricado em Londres que é guardado pelo Escritório Internacional de Pesos e Medidas (BIPM em um cofre na França desde 1889.
Mas esse quilo original perdeu 50 microgramas em 100 anos.
 
Isso ocorre porque os objetos podem facilmente perder átomos ou absorver moléculas do ar, então usar um para definir uma unidade SI é complicado.
Como todas as balanças do mundo são graduadas de acordo com esse quilo original, quando calculam o peso, acabam gerando dados incorretos.
Mesmo imperceptíveis na vida cotidiana, essas diferenças mínimas são importantes em cálculos científicos que exigem extrema precisão.
A nova unidade, no entanto, será medida com a chamado "balança de Watt", um instrumento que permite comparar energia mecânica com eletromagnética usando duas experiências separadas.
Essa maneira de medir o quilo não muda, como pode acontecer no caso de um objeto físico.
Além disso, uma definição baseada em uma constante - não um objeto - resultaria na medida exata do quilo, pelo menos em teoria, disponível para qualquer pessoa em qualquer lugar do planeta e não apenas para aqueles que têm acesso ao quilo original guardado na França.

Outras unidades

A maneira de definir o ampere (unidade de corrente elétrica) também mudará.
Passará a ser medido com uma bomba de elétrons que gera uma corrente mensurável, na qual os elétrons individuais podem ser contados.
O kelvin (unidade de temperatura) será definido a partir do novo sistema com termometria acústica.
A técnica permite determinar a velocidade do som em uma esfera cheia de gás a uma temperatura fixa.
O mol, a unidade usada para medir a quantidade de matéria microscópica, é atualmente definido como a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas partículas quantos átomos existem em 0,012 kg de carbono-12.
No futuro, será redefinido como a quantidade precisa de átomos em uma esfera perfeita de silício puro -28.
BBC Brasil

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

O péssimo boletim escolar do gênio considerado pai da computação

Literatura inglesa: regular. Francês: escrita muito fraca, com erros básicos fruto de trabalho apressado. Redação: muito grandiloquente para suas habilidades. Matemática: promissor, mas precisa colocar suas repostas no papel de forma inteligível e legível.
 
Bolim de Alan Turing
Essa poderia ser a avaliação escolar de qualquer adolescente, de qualquer país, que não gosta muito de estudar e cujo talento – se é que há algum – reside em uma área distante da ciência e da cultura. Mas não é.
O boletim, de 1929, é de Alan Turing, uma das mentes mais brilhantes do século 20, o cientista britânico considerado o pai da computação e visionário da inteligência artificial que conseguiu decifrar a linguagem secreta usada pelos nazistas, contribuindo assim para encurtar a Segunda Guerra Mundial.
O boletim da Escola Sherborne, na qual Turing estudou quando tinha 13 anos, é um dos vários objetos pessoais que estão sendo exibidos pela primeira vez em público, no Museu Fitzwilliam, no Reino Unido.
Seus professores enfatizam que, se o jovem quisesse continuar seus estudos na renomada Universidade de Cambridge, ele deveria se esforçar mais e aprimorar suas ideias que eram "vagas".
 
U-Boat Enigma M4
 
"Alguns deveres feitos por ele são bons, mas de uma maneira geral são mal escritos", queixou-se seu professor de Física no relatório de 1929, que não dá qualquer indicação que aquele adolescente tinha inteligência acima da média.
Seu professor de Matemática menciona, por exemplo, sua incapacidade de apresentar uma "solução de forma clara". "Isso é fundamental para um matemático de primeira linha", disse o mestre no boletim.
Anos mais tarde, Turing se formaria com honras nesta disciplina na universidade King's College, em Londres, onde estudou entre 1931 e 1934.
 
Alan Turing

Colher de chá

Entre os outros objetos do arquivo pessoal do matemático, há um livro de Ciência – com um capítulo dedicado a decifrar códigos – que ele optou por receber como prêmio em um concurso para homenagear seu amigo Christopher Morcom, um aluno brilhante que morreu de tuberculose aos 18 anos de idade. Acredita-se que Morcom tenha sido o primeiro grande amor de Turing.
Em 1952, o cientista foi condenado a 61 anos de prisão por práticas homossexuais, consideradas crime no Reino Unido até 1967, e aceitou receber injeções de estrogênio para anular sua libido e evitar seu encarceramento.
 
Colher de chá com bilhete da mãe de Alan Turing
 
Outro item da mostra que chama atenção é uma colher de chá que sua mãe pegou em seu quarto após sua morte em 1954 por envenenamento por cianeto de potássio aos 41 anos de idade.
Ainda que médicos forenses tenham concluído que Turing cometeu suicídio, sua família diz que sua morte foi acidental. Segundo sua mãe, ele se intoxicou mortalmente por acidente enquanto banhava talheres em ouro.
BBC Brasil

"Monstro marinho" de 150 milhões de anos é encontrado na Índia

Resultado de imagem para fotos monstros marinhos de 150 milhões de anos encontrados na Índia

Um esqueleto fossilizado de um gigantesco réptil marinho pré-histórico foi encontrado no distrito de Kachchh, na Índia, anunciaram paleontólogos nesta quarta-feira. A suspeita é que ele pertença a um ictiossauro (do grego, “lagarto-peixe”) que viveu há 150 milhões de anos. Se a espécie for confirmada, os restos podem ser o primeiro registro de um ictiossauro jurássico no país – até então, pesquisadores só haviam descoberto fósseis semelhantes no continente americano, na Europa e na Austrália.
“Esta é uma descoberta marcante, não só porque é o primeiro ictiossauro jurássico encontrado na Índia, mas também porque ele ajuda a entender a evolução e diversidade dos ictiossauros na região entre Índia e Madagascar no contexto da Gondwana [supercontinente que reunia a maioria dos continentes do Hemisfério Sul], além de revelar a conectividade biológica da Índia com outros continentes durante o período Jurássico”, afirma em comunicado o paleontólogo Guntupalli Prasad, da Universidade de Delhi, na capital indiana.
Prasad e sua equipe publicaram a descoberta no periódico PLoS ONE. Eles ainda não confirmaram que se trata de um ictiossauro, mas acreditam que o esqueleto, que media 5,5 metros de comprimento e estava quase completo quando foi encontrado, pertence à família Ophthalmosauridae. Esses animais viveram entre 165 e 90 milhões de anos atrás.

Imagem relacionada
 
Ao redor do gigantesco réptil, estavam fósseis de dois cefalópodes carnívoros, semelhantes a lulas, mas envoltos por conchas – os amonites e belenmites. Os padrões de desgaste dentário do predador marinho sugerem que ele se alimentava desses animais menores.
Os pesquisadores acreditam que uma identificação completa poderia informar sobre a possível dispersão oftalmosaurídea entre a Índia e a América do Sul. Eles esperam que desenterrar mais vertebrados jurássicos nesta região possam fornecer mais informações sobre a evolução dos répteis marinhos nesta parte do globo.
BBC Brasil 

Aventureiro britânico voou suspenso em 100 balões de hélio

Resultado de imagem para foto do aventureiro britanico que voou suspenso em 100 balões
 
Um aventureiro britânico voou por 25 km suspenso por 100 balões de hélio na África do Sul.
Tom Morgan, de 28 anos, alcançou 2,4 mil metros de altura sentado em uma cadeira de praia.
Ele passou dois dias enchendo os balões antes de voar. As primeiras tentativas foram em Botsuana, também na África, mas falharam.
“O problema era achar uma janela com tempo bom. E era difícil proteger os balões quando começavam a estourar”, explicou Morgan.
Com apenas alguns balões remanescentes, ele se deslocou até Johannesburgo, na África do Sul, para uma última tentativa - que enfim deu certo.
Morgan descreveu a experiência como “mágica” e “incrível”. Mas também admite ter se sentido “um pouco eufórico e apavorado” enquanto subia pelos céus.
Quando a velocidade começou a aumentar muito durante o voo, o britânico passou a estourar alguns dos balões. “Eu tive que me manter calmo e começar a furá-los gradualmente”, contou.
Morgan vive em Bristol, na Inglaterra, há 15 anos e opera uma empresa de passeios de aventura. Ele agora quer lançar uma “corrida” de balões de hélio na África. “Teremos apenas que evitar áreas com árvores pontudas”, brinca.
 
Resultado de imagem para foto do aventureiro britanico que voou suspenso em 100 balões
 
Há quase dez anos, o padre Adelir de Carli tentou fazer um voo semelhante no Brasil, também suspenso por balões de hélio. Mas o projeto não teve final feliz. Após decolar de Paranaguá (PR) em 20 de abril de 2008, o religioso sumiu.
Durante meses ele foi considerado desaparecido. Várias operações de busca foram realizadas até a localização do corpo, em Macaé (RJ), em 29 de julho do mesmo ano.
Ele tentava bater um recorde de voo com balão de hélio - o plano era ficar 20 horas no céu. Mas o mau tempo acabou transformando o sonho do padre em tragédia.
 
Resultado de imagem para foto do aventureiro britanico que voou suspenso em 100 balões

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Sete órgãos sem os quais você pode viver

Sete órgãos sem os quais você pode viver
 
O corpo humano é incrivelmente resistente. Ao doar meio litro de sangue, perdemos aproximadamente 3,5 bilhões de glóbulos vermelhos, mas nosso corpo os repõe com rapidez. Podemos até perder grandes parcelas de órgãos vitais e sobreviver. Por exemplo: é possível levar uma vida relativamente normal com apenas meio cérebro. Outros órgãos podem ser extirpados por completo sem provocar grandes repercussões em nossa vida. Estes são alguns dos "órgãos não vitais".

Baço

Este órgão está situado na parte posterior esquerda do abdômen, debaixo das costelas. Em geral é extirpado quando ocorre uma lesão. Por ficar perto das costelas, é vulnerável ao traumatismo abdominal. Está recoberto de uma cápsula de tecido parecida com papel que rasga com facilidade, permitindo que o sangue vaze do baço lesado. Se isso não for diagnosticado e tratado, provoca a morte.
Dentro do baço se destacam duas cores notáveis. Um vermelho escuro e pequenas bolsas brancas. Ambas estão relacionadas com as funções. O vermelho se dedica ao armazenamento e à reciclagem de glóbulos vermelhos enquanto o branco está relacionado com o armazenamento de glóbulos brancos e plaquetas.
ao armazenamento e à reciclagem de glóbulos vermelhos enquanto o branco está relacionado com o armazenamento de glóbulos brancos e plaquetas.
 
Pode-se viver tranquilamente sem o baço. Isto porque o fígado recicla os glóbulos vermelhos e seus componentes. E, de modo similar, outros tecidos linfáticos do corpo colaboram com a função imune do baço.
 

Estômago

O estômago desempenha quatro funções principais: a digestão mecânica, ao contrair-se para triturar a comida; a digestão química, mediante a liberação de ácidos que ajudam a decompor quimicamente os alimentos; e, por último, a absorção e a secreção. Em algumas ocasiões, o estômago tem de ser extirpado para a eliminação de tumores ou por causa de traumatismos. Em 2012, uma britânica teve de se submeter à extirpação do estômago depois de ingerir um coquetel que continha nitrogênio líquido.
Quando extirpam o estômago, os cirurgiões costuram diretamente o esôfago no intestino delgado para a eliminação de tumores ou por causa de traumatismos.
 
Em 2012, uma britânica teve de se submeter à extirpação do estômago depois de ingerir um coquetel que continha nitrogênio líquido.
Quando extirpam o estômago, os cirurgiões costuram diretamente o esôfago no intestino delgado.  Com uma boa recuperação, os pacientes podem seguir uma dieta normal com suplementos vitamínicos.
 

Órgãos reprodutores

Os principais órgãos reprodutores nos homens e nas mulheres são os testículos e os ovários, respectivamente. Trata-se de estruturas pares e só é preciso que um deles preciso que um deles funcione para se poder gerar filhos.
A extirpação de um desses órgãos ou de vários se deve, em geral, a um câncer ou, nos homens, a um traumatismo, com frequência como resultado de atos violentos, esportes ou acidentes de trânsito. Nas mulheres o útero também pode ser extirpado. Este procedimento (histerectomia) impede que tenham filhos e elimina a menstruação nas mulheres pré-menopáusicas. As pesquisas indicam que as mulheres cujos ovários são extirpados não têm a expectativa de vida reduzida. Curiosamente, em algumas populações masculinas, a extirpação de ambos os testículos pode resultar no aumento da expectativa de vida.
 

Cólon

O cólon (o intestino grosso) é um tubo de aproximadamente 1,5 metro de longitude em quatro partes: ascendente, transverso, descendente e sigmoide. As principais funções são a de extrair água e preparar as fezes, compactando-as. A presença de tumores ou outras enfermidades pode provocar a necessidade de extirpar a totalidade ou uma parte do cólon. A maioria dos pacientes se recupera bem depois dessa cirurgia, embora notem algumas mudanças nos hábitos intestinais. Inicialmente se recomenda uma dieta branda para auxiliar na recuperação.
 

Vesícula biliar

A vesícula se situa debaixo do fígado, na parte superior direita do abdômen, justamente abaixo das costelas. Armazena uma substância denominada bile. A bile é produzida constantemente pelo fígado para ajudar a decompor as gorduras, mas, quando não é necessária na digestão, é armazenada na vesícula.
Quando os intestinos detectam gorduras, é liberado um hormônio que faz com que a vesícula se contraia, introduzindo bile nos intestinos para ajudar a digeri-las. No entanto, o excesso de colesterol na bile pode formar cálculos biliares, capazes de bloquear os diminutos condutos que a transportam. Quando isso acontece, pode ser necessário extirpar a vesícula do paciente. Essa operação é conhecida como colecistectomia. Cerca de 70.000 pessoas por ano se submetem a esse procedimento no Reino Unido.
Muitas pessoas têm vesículas completamente assintomáticas, outras não são tão afortunadas. Em 2015, foram extirpados 12.000 cálculos biliares de uma mulher indiana. Um recorde mundial.
 

Apêndice


O apêndice é uma pequena estrutura vermiforme com um fundo cego, situado na união dos intestinos delgado e grosso. Inicialmente se pensou que era um resquício, agora se acredita que se trate de um “refúgio” para as bactérias benéficas dos intestinos, que lhes permite repovoá-lo quando necessário.
Por causa de sua natureza de fundo cego, quando entram nele conteúdos intestinais pode ser difícil que saiam e, por isso, o apêndice inflama. Essa infecção é denominada de apendicite. Em casos graves, é necessário extirpá-lo.
Uma advertência: o fato de uma pessoa ter tido o apêndice extirpado não significa que não possa reproduzir-se e voltar a causar dor. Há alguns casos em que não ocorre uma extirpação completa do apêndice, e este pode voltar a se inflamar, causando “apendicite do coto”. As pessoas submetidas a uma apendicectomia não notam diferença alguma em seu modo de vida.

Rins


A maioria das pessoas tem dois rins, mas é possível sobreviver com apenas um; ou até mesmo sem nenhum (com a ajuda de diálise). A função dos rins é a de filtrar o sangue para manter o equilíbrio de água e eletrólitos, assim como o equilíbrio ácido-base. Isto é realizado agindo como uma peneira, usando uma variedade de processos para conservar as substâncias úteis, como proteínas, células e nutrientes de que o corpo necessita. O mais importante é que eliminam muitas coisas de que não precisamos, deixando-as passar pela peneira e excretando-as em forma de urina.
 
Há muitas razões pelas quais se deve extirpar um rim, ou ambos: doenças hereditárias, danos produzidos por fármacos ou álcool, ou até mesmo infecção. Se uma pessoa não tem os dois rins, tem de se submeter a diálise. Essa diálise pode ser feita de duas formas: hemodiálise e diálise peritoneal. Para a primeira se utiliza uma máquina que contém solução de dextrose para limpar o sangue; para a outra se emprega um cateter especial inserido no abdômen para permitir a introdução e a extração manual da solução de dextrose. Ambos os métodos extraem os resíduos do corpo.
Se uma pessoa precisa se submeter à diálise, sua expectativa de vida depende de muitas coisas, como o tipo de diálise, o sexo e outras doenças de que padeça, bem como a idade. Pesquisas recentes calcularam que uma pessoa submetida a diálise aos 20 anos pode viver entre 16 e 18 anos mais enquanto uma de 70 anos talvez viva somente cinco anos.
 
Adam Taylor é diretor do Centro de Aprendizagem de Anatomia Clínica e professor de Anatomia na Universidade de Lancaster.
 El País.com

Computação quântica: como será a internet super-rápida do futuro

 
Ilustração sobre internet
 
Imagine computadores super-rápidos que podem resolver problemas em muito menos tempo que as máquinas de hoje. Esses "computadores quânticos" estão sendo desenvolvidos em laboratórios ao redor do mundo. Mas cientistas já se antecipam e começam a pensar em uma internet quântica baseada em sinais de luz a ultrarrápida.
Não é simples criar uma tecnologia para um aparelho que ainda não foi tecnicamente inventado, mas comunicações quânticas são um campo atrativo, porque a tecnologia permitirá o envio de mensagens que são muito mais seguras.
Mas, antes disso, há diversos problemas que precisam ser resolvidos para que a internet quântica funcione:
* Fazer computadores quânticos se comunicarem entre si;
* Garantir a proteção contra hackers;
* Transmitir mensagens por longas distâncias sem perder parte delas;
* Direcionar mensagens por uma rede quântica.

Mas o que é um computador quântico?

É uma máquina capaz de solucionar problemas computacionais muito difíceis de forma incrivelmente ágil.
Em computadores convencionais, a unidade de informação de "bit" e pode ter um valor 1 ou 0. Seu equivalente no sistema quântico – o qubit (bit quântico) – pode ser 1 e 0 ao mesmo tempo. O fenômeno permite que múltiplos cálculos sejam realizados simultaneamente.
No entanto, qubits precisam ser sincronizados usando um efeito quântico conhecido como entrelaçamento, o que Albert Einstein chamou de uma "ação fantasma à distância".
Há quatro tipos de computadores quânticos sendo desenvolvidos, que usam:
* Partículas de luz;
* Íons presos;
* Qubits supercondutores;
* Centros de vacância de nitrogênio observados em diamantes imperfeitos.
Computadores quânticos permitirão uma série de aplicações úteis, como modelar variações de reações químicas para descobrir novos medicamentos, desenvolver tecnologias de imagem para a indústria de saúde a fim de detectar problemas no corpo ou acelerar a forma como são desenvolvidas baterias, novos materiais e eletrônicos flexíveis.

Poder de processamento

Computadores quânticos podem ser mais poderosos que computadores clássicos, mas algumas aplicações exigirão ainda mais poder de processamento do que um computador quântico oferece por si só.
Se for possível fazer com que essas máquinas se comuniquem entre si, elas poderão ser conectadas para formar um enorme computador. Mas, como há quatro tipos de computadores quânticos sendo criados hoje, eles não conseguirão se comunicar sem alguma ajuda.
Alguns cientistas defendem que a internet quântica seja baseada inteiramente em partículas de luz (fótons), enquanto outros acreditam que seria mais fácil criar redes quânticas em que a luz interagisse com a matéria.
"Luz é melhor para comunicação, mas qubits de matéria são melhores para processamento", diz Joseph Fitzsimons, pesquisador do Centro de Tecnologias Quânticas da Universidade Nacional de Cingapura, à BBC. "Você precisa de ambos para fazer a rede trabalhar para estabelecer a correção de sinal, mas é difícil fazê-los interagir."
É muito caro e difícil armazenar toda informação em fótons, diz Fitzsimons, porque essas partículas não conseguem ver umas as outras e passam reto entre si, em vez de se chocarem. O especialista acredita que seria mais fácil usar a luz para comunicação e armazenar informação usando elétrons e átomos (na forma de matéria).
 
Símbolo de cadeado em placa de circuitos

Criptografia quântica

Uma aplicação crucial da internet quântica será a distribuição de chaves quânticas, em que uma chave secreta é gerada usando um par de fótons entrelaçados e usada para criptografar informação de uma forma que é impossível para um computador quântico quebrá-la.
Essa tecnologia já existe, e foi primeiro demonstrada no espaço por uma equipe de pesquisadores da Universidade Nacional de Cingapura e da Universidade de Strathclyde, no Reino Unido, em dezembro de 2015.
Mas não é apenas dessa criptografia que precisaremos no futuro para garantir a segurança de nossa informação. Cientistas também estão trabalhando em "protocolos cegos de computador quântico", que permitem ocultar qualquer coisa em um computador.
"Você pode escrever algo, enviar para um computador remoto e a dona da máquina não conseguirá saber nada a respeito, a não ser a duração do processamento (do arquivo) e a quantidade de memória que usou", diz Fitzsimons.
"Isso é importante porque provavelmente não haverá muitos computadores quânticos quando eles surgirem, então, as pessoas vão querer rodar programas neles, como fazemos hoje com a nuvem."
Há duas abordagens possíveis para fazer uma rede quântica – com comunicações em terra ou pelo espaço. Ambos os métodos funcionam para enviar bits comuns de dados pela internet atual, mas, se quisermos enviar dados como qubits no futuro, será muito mais complicado.
Para enviar partículas de luz (fótons), podemos usar cabos de fibra óptica em terra. No entanto, os sinais de luz se deterioram ao longo de grandes distâncias, porque os cabos às vezes absorvem a luz.
É possível evitar isso ao construir "estações de repetição" a cada 50 km. Elas seriam basicamente laboratórios quânticos em miniatura que tentariam reparar o sinal antes de enviá-lo adiante para o próximo nódulo da rede. Mas esse sistema tem suas próprias complexidades.
 
Sinal de luz é enviado a satélite

Terra ou espaço?

E há as redes espaciais. Digamos que você queira enviar uma mensagem do Reino Unido para a Austrália. O sinal de luz é enviado de uma estação em solo britânico para um satélite com uma fonte de luz instalada nele.
O satélite envia o sinal de luz para outro satélite, que então envia o sinal para uma estação em solo australiano, e a mensagem pode ser transmitida por meio de uma rede quântica em terra ou por uma rede tradicional de internet para o destinatário.
"Como não há ar entre os satélites, não há nada para degradar o sinal", diz Jamie Vicary, pesquisador do departamento de Ciência da Computação da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e membro do Hub de Tecnologias de Informação Quânticas em Rede (NQIT, na sigla em inglês).
"Se você de fato quiser ter uma internet quântica em escala global, soluções com base no espaço parecem ser a única forma de fazê-la funcionar, mas é a mais cara."
O teletransporte quântico pelo espaço já foi realizado com sucesso, e cientistas estão tentando provar que é possível fazer isso através de distâncias cada vez maiores.
Membros da Academia de Ciências Chinesa foram parar nas manchetes em junho quando conseguiram teletransportar fótons entrelaçados entre duas cidades na China localizadas a 1,2 mil km de distância entre si. Eles usaram um satélite quântico especial chamado Micius.
Os mesmos cientistas chineses superaram recentemente o próprio recorde ao, em 29 de setembro, realizar a primeira ligação intercontinental por vídeo protegida por uma chave quântica, com pesquisadores da Áustria, a uma distância de 7,7 mil km.
A ligação durou 20 minutos, e os participantes foram capazes de trocar fotos criptografadas do satélite Micus e do físico austríaco Erwin Schrödinger.
Rupert Ursin, membro do Instituto de Óptica e Informação Quânticas da Academia de Ciências Austríaca, acredita que a internet quântica demandará redes em terra e pelo espaço operando em paralelo. "Nas cidades, precisamos de redes de fibra, mas as conexões a grandes distâncias terá de ser realizada com comunicações por satélite."
 
Cientistas chineses e austríacos se comunicam por vídeo

Como funciona uma chave de distribuição quântica?

Para entender como funciona uma chave quântica, precisamos voltar à chamada de vídeo entre cientistas chineses e austríacos. O satélite Micius usou sua fonte de luz para estabelecer conexões ópticas com as estações em terra na Áustria e na China. Foi então capaz de gerar uma chave quântica.
O mais interessante da criptografia quântica é que você pode detectar quanto alguém tentou interceptar a mensagem antes de ela chegar ao destinatário ou quantas pessoas tentaram acessá-la.
O Micius foi capaz de dizer que a criptografia não havia sido violada e que ninguém estava ouvindo à ligação. Deu então o 'ok' para criptografar os dados usando a chave secreta e transmiti-los por uma rede pública de internet.

Mensagens

Diversos grupos de cientistas estão desenvolvendo redes em terra ao trabalhar em tecnologias de estações de repetição quânticas, localizadas a cada 50 km, conectadas por cabos de fibra óptica.
Essas estações, conhecidas como "nódulos de rede quânticos", precisarão realizar diversas ações para direcionar as mensagens pela rede.
Primeiro, cada nódulo precisa reparar o sinal e potencializar o sinal que ficou prejudicado ao percorrer os 50 km anteriores da rede.
Imagine que você esteja usando uma máquina de fax para enviar um documento de uma página para outra pessoa e, cada vez que você manda a página, uma parte diferente da mensagem fica faltando, e o destinatário precisa juntar as partes da mensagem obtidas em cada tentativa.
Isso é similar a como uma única mensagem pode ser enviada entre diferentes nódulos em uma rede quântica.
 
Cabo de fibra óptica
 
Haverá muitas pessoas na rede, todas tentando falar umas com as outras. Então, o nódulo, ou a estação repetidora, terá de descobrir como distribuir o poder de processamento disponível para montar todas as mensagens sendo enviadas. Também terá de enviar mensagens entre a internet quântica e a internet clássica.
A Universidade de Delft está construindo uma rede quântica usando vacâncias de nitrogênio em diamantes, e isso demonstrou até agora ser capaz de armazenar e distribuir as conexões necessárias para comunicações quânticas a grandes distâncias.
A Universidade de Oxford e a Universidade de Maryland (EUA) estão construindo computadores quânticos que funcionam de forma similar a uma rede. Consistem em nódulos de íons presos que foram conectados em rede para se comunicarem.
Quanto maior for o computador desejado, mais nódulos serão necessários adicionar, mas esse tipo de computador quântico apenas transmite dados a curta distância.
"Queremos fazer com que sejam pequenos para que sejam bem protegidos da degradação do sinal, mas, se forem pequenos, eles não conseguirão armazenar muitos qubits", diz Vicary.
"Se conectarmos nódulos em rede, então, ainda podemos ter um computador quântico sem precisar limitar o número de qubits e ainda assim proteger os nódulos."

Memória quântica

A estação repetidora também precisará um chip de memória quântico. Os nódulos criam "conexões", que consistem em pares de partículas de luz entrelaçadas. Esses pares são preparados com antecedência.
Enquanto o nódulo calcula a rota pela rede que a mensagem terá de percorrer, ele terá de armazenar o par de fótons entrelaçados em algum local seguro, então, a memória quântica é necessária. Ela terá de armazenar os fótons pelo tempo que for necessário.
 
Rose Ahlefeldt e Matthew Sellars operam laser
 
Pesquisadores da Universidade Nacional Australiana (ANU, na sigla em inglês) desenvolveram um chip de memória quântica compatível com telecomunicações usando um tipo específico de cristal. Esse invento é capaz de armazenar luz na cor correta e de fazer isso por mais de um segundo, o que é 10 mil vezes mais do que todas tentativas realizadas até agora.
"O principal desafio é demonstrar uma memória quântica com uma capacidade de armazenamento grande", diz Matthew Sellars, da ANU. "Será a capacidade de armazenamento que limitará a transmissão de dados pela rede. Acredito que levará cinco anos antes que a tecnologia (para a internet quântica) seja algo usada na prática."
BBC Brasil

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Brasil pode receber jogos da Copa do Mundo de 2030

 
 
O sul do Brasil pode voltar a fazer parte de uma Copa do Mundo. Organizadores da campanha para sediar a competição em 2030 admitiram que estudam envolver a Região Sul do país no projeto. O obstáculo, por enquanto, é político, com presidentes da região resistindo à ideia de usar o território brasileiro no torneio.
A campanha para 2030 começou com Uruguai e Argentina, como forma de celebrar os 100 anos dos Mundiais da Fifa – o primeiro foi realizado em 1930, em território uruguaio. Mas diante da constatação de que faltariam estádios e o custo para promover o torneio poderia ser pesado, foi fechado um entendimento para que o Paraguai também faça parte da candidatura. O acordo foi estabelecido entre os governos dos três países.
Ainda assim, existem dúvidas sobre a capacidade dos três países do Cone Sul em receber o novo modelo de Copa do Mundo. A partir de 2026, serão 48 seleções, em um evento que vai exigir dezenas de campos de treinamentos, hotéis e, claro, um número maior de estádios.
A reportagem apurou que entre integrantes da cúpula da Conmebol existe a ideia de que o sul do Brasil poderia ser envolvido no projeto. Entre os cenários sob debate de alguns dirigentes estão o uso de campos de treinamento e bases para seleções ou até mesmo estádio para algumas partidas da primeira fase, ajudando a reduzir a pressão sobre o número limitado de arenas nos três países.
Somente em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, há duas arenas modernas em condições de receber uma Copa do Mundo. O estádio Beira-Rio, do Internacional, que aliás foi palco de partidas no Mundial de 2014, além da Arena Grêmio. Em Curitiba, no Paraná, a Arena da Baixada, do Atlético Paranaense, também se enquadra nos critérios da Fifa.
O que parte dos dirigentes defende, porém, não é alvo de consenso político. No governo do Uruguai, a Presidência é contrária à inclusão dos brasileiros na “festa”. Na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), um envolvimento é ainda considerado como prematuro. Além disso, colocar o Brasil em uma candidatura oficial poderia ser um obstáculo, já que se criariam questionamentos depois de pouco tempo de um Mundial no país.
O que a CBF espera é que seleções estrangeiras escolham o Sul do Brasil como eventuais sedes e que a região seja base para parte da organização. O temor dos sul-americanos é de que, com uma candidatura frágil, poderão perder a ocasião, principalmente se tiverem de concorrer contra a China. Pequim já indicou que quer a Copa do Mundo e, desde já, começa a participar da Fifa como patrocinadora.

Inchaço

O que os sul-americanos também reconhecem é que a nova dimensão da Copa, com 48 seleções, tem criado um desafio até mesmo para MéxicoCanadá e Estados Unidos, que querem o evento em 2026.
Pelo novo plano da Fifa, as 48 seleções serão repartidas em dezesseis grupos de três seleções cada uma. Se a entidade admite que o Mundial expandido vai garantir um aumento de renda de 1 bilhão de dólares, ela também vai exigir uma nova estrutura para receber um número recorde de atletas e de torcedores. De acordo com a Fifa, pelo menos doze sedes serão necessárias.
A proposta de proliferar sedes, porém, vai contra a ideia de entidades do esporte que, diante de críticas, vêm tentando minimizar o impacto desses megaprojetos.
Uma decisão sobre a sede de 2026 será tomada em maio de 2020, ainda que os americanos queiram antecipar uma votação. Para 2030, a decisão poderia ser tomada em quatro anos, ou seja, um ano antes da realização da Copa do Mundo do Catar, em 2022.
Veja.com

Nascemos com um medo natural de aranhas e cobras, diz estudo

Hadronyche infensa, aranha australiana venenosa
 
Cobras e aranhas despertam medo em muitas pessoas, embora a grande maioria talvez nunca venha a entrar em contato com esses animais. Agora, cientistas acreditam ter descoberto a razão: o pavor diante dessas criaturas pode ser hereditário e está presente até em bebês com seis meses, muito antes de terem aprendido a reagir frente a um perigo. É o que diz um estudo publicado na última semana no periódico Frontiers in Psychology. Os resultados ajudam a compreender como o cérebro humano identifica ameaças e reage a elas rapidamente.
“Concluímos que o medo de cobras e aranhas é de origem evolutiva”, afirma a neurocientista Stefanie Hoehl, da Sociedade Max Planck, na Alemanha, em comunicado. A reação estressante é “obviamente herdada”, diz a pesquisadora, e predispõe as pessoas a enxergar esses animais como perigosos ou repugnantes. “Quando isso acompanha outros fatores, pode se transformar em um medo real ou mesmo em uma fobia.” O problema do medo a esses animais é quando ele se transformar em um transtorno de ansiedade que limita a vida cotidiana de uma pessoa. Nesses casos, indivíduo não é capaz de entrar em uma sala antes de se certificar que nenhuma aranha ou cobra está no local. O estudo afirma que 1% a 5% da população mundial sofre desse tipo de fobia frente a pelo menos uma dessas criaturas.
Até agora, não estava claro se a aversão ou a ansiedade generalizada frente a esses animais era inata ou aprendida na infância. A desvantagem da maioria dos estudos anteriores sobre este tema é que eles foram conduzidos com adultos ou crianças mais velhas – tornando difícil distinguir qual comportamento foi aprendido e qual foi herdado. Além disso, essas pesquisas focaram apenas em testar se os participantes observavam aranhas e cobras mais rápido do que animais ou objetos inofensivos, não se eles mostram uma reação fisiológica direta de medo.
Para verificar qual das hipóteses era verdadeira, Hoehl e sua equipe reuniram bebês com cerca de seis meses de idade e mostraram a eles fotos de aranhas e cobras misturadas a imagens de flores e peixes do mesmo tamanho e cor. Os pesquisadores perceberam que, quando os bebês viam as fotos dos animais potencialmente perigosos, reagiam dilatando as pupilas. “Em condições de luz constante, esta alteração no tamanho das pupilas é um sinal importante para a ativação do sistema noradrenérgico no cérebro, responsável pelas reações de estresse”, explica a pesquisadora.
No entanto, os cientistas sabiam por outros estudos que outros animais potencialmente perigosos, como rinocerontes ou ursos, não provocavam a mesma reação em crianças. “Assumimos que o motivo dessa reação particular ao ver aranhas e cobras é devido à coexistência desses animais com humanos e seus antepassados ​​por mais de 40 a 60 milhões de anos e, portanto, muito mais do que com os perigosos mamíferos de hoje”, diz Hoehl. Para ela, o cérebro humano pode ter incorporado essa reação ao longo de sua evolução.
Para outros riscos modernos, como facas, seringas ou tomadas, as crianças não apresentam um medo inato pelo mesmo motivo. De uma perspectiva evolutiva, esses objetos só existiram por um curto período e não houve tempo para estabelecer mecanismos de reação no cérebro desde o nascimento. “Os pais sabem o quão difícil é ensinar seus filhos sobre esses riscos diários”, acrescenta Hoehl com um sorriso.
 

Estudo utiliza fóssil que pode ter sido roubado do Brasil

 
Sociedade Brasileira de Paleontologia considera que os restos de um réptil descrito por pesquisadores poloneses foi contrabandeado do Paraná
A pesquisa, que durou oito anos, foi conduzida por mais de 250 cientistas.
Publicidade
Setup Timeout Error: Setup took longer than 30 seconds to complete.
Os resultados apontam que criaturas marinhas em estágio inicial de desenvolvimento devem ser as mais prejudicadas pelas mudanças.
 
Esse processo de acidificação tende a se agravar com mudanças climáticas, poluição, desenvolvimento urbano no litoral, uso de fertilizantes agrícolas e pesca predatória.
O nível de acidez está aumentando porque, à medida que o dióxido de carbono de combustíveis fósseis se dissolve na água do mar, produz ácido carbônico e reduz o pH da água.
A descrição de um fóssil de réptil com o mais antigo sinal já encontrado de escoliose (curvatura lateral anormal da espinha) pode ser o mais novo caso de estudo científico estrangeiro feito com material paleontológico contrabandeado para fora do Brasil. O achado, divulgado na semana passada na revista científica PLoS ONE por pesquisadores poloneses, descreve que o fóssil quase completo de um mesossauro (ancestral dos répteis) da espécie Stereosternum tumidum, que viveu no início do Permiano (por volta de 290 milhões de anos), veio do Paraná.
Os autores, liderados por Tomasz Szczygielski, da Academia Polonesa de Ciências, escrevem somente que ele foi comprado em meados da década de 1990 de um colecionador privado, Zofia Zaranska. A citação alertou a Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP) sobre a possibilidade de se tratar de um fóssil levado ilegalmente do País. Por uma lei nacional de 1942, fósseis só podem ser retirados do Brasil com autorização. Essa função cabe à Agência Nacional de Mineração, criada em julho em substituição ao Departamento Nacional de Produção Mineral.
O presidente da SBP, o pesquisador Renato Ghilardi, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), enviou uma carta aos editores da publicação alertando para o que ele chamou de “apoio da publicação ao comércio ilegal de fósseis brasileiros”. Segundo ele escreve na carta, “a não ser que o fóssil tenha deixado o Brasil há mais de 70 anos, ele saiu ilegalmente”.
Ghilardi afirmou que o problema não é raro. “Não temos ideia do volume, mas com certeza sai fóssil daqui com bastante frequência”, diz. “Tem desde o cientista que contrabandeia, vai comprando fóssil e, quando acha algo interessante, publica até uma verdadeira máfia – que trabalha com gente que faz triagem por aqui e sabe o que interessa lá fora, como pterossauros”, afirma.
Ele aponta que um outro complicador é que a comunidade paleontológica no Brasil é muito pequena. Nos seus cálculos, devem existir só uns cem profissionais. Sobre o grupo animal analisado no estudo polonês, por exemplo, diz Ghilardi, não há especialistas no Brasil. “Uma descrição como essa talvez nem ocorresse por aqui.”

Cobra

Um dos casos recentes de possível contrabando ocorreu há dois anos. A revista Science publicou um trabalho sobre um fóssil de cobra com quatro patas encontrado na Chapada do Araripe, localizada entre Ceará, Pernambuco e Piauí. Na ocasião, o autor principal da pesquisa, David Martill, da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, disse que “não dava a mínima” sobre como o fóssil saiu do Brasil.
Szczygielski, líder do estudo mais recente, foi procurado pela reportagem, mas não se manifestou até o início da noite. O periódico PLoS ONE enviou nota dizendo considerar a questão com muita seriedade e que apura a denúncia.
“A política da PLoS ONE indica claramente que não publicará pesquisas sobre espécimes que foram obtidos sem permissão necessária ou que foram exportados ilegalmente. A investigação está em andamento e não há um calendário claro para a sua conclusão”, diz a nota.
Veja.com