sábado, 24 de junho de 2017

Sem aulas e de graça: assim é a escola de programação mais revolucionária do mundo

Sem aulas e de graça: assim é a escola de programação mais revolucionária do mundo
 
Duas instituições acadêmicas convivem no Boulevard Bessières de Paris, no 17º distrito, limite entre a cidade e os subúrbios. Uma é o Liceu-Colégio Internacional Honoré de Balzac, o maior colégio público da capital francesa: cinco hectares consagrados ao criador de A Comédia Humana, cuja assinatura se vê estampada na grade de entrada do local. A outra se chama 42. Uma escola de programação que a partir do próprio nome já encarna uma mudança em relação à totalidade do sistema educacional francês ou, o que é a mesma coisa, ao conceito de formação que impera há pelo menos três séculos. Para começar, porque não exige nenhum título acadêmico aos seus alunos. E porque é gratuita.
A 42 é uma fundação privada sem fins lucrativos, sustentada principalmente pelo magnata francês da tecnologia Xavier Niel, coproprietário do Le Monde (e dos direitos de My Way de Sinatra) e, além disso, incentivador do que será a maior incubadora do mundo, a também parisiense Station F. O modelo acadêmico foi concebido pelo próprio Niel e por Nicolas Sadirac, fundador e ex-diretor executivo da rede de escolas particulares de código Epitech, de excelente reputação no cenário tecnológico francês, mas com preços a partir dos 7.000 euros (25.800 reais) anuais. Ambos acreditam que a genialidade não surge somente entre os que podem pagar uma instituição desse tipo, e pensam que a universidade pública se asfixia por seu próprio tamanho e falha na hora de proporcionar o salto entre a formação e a empresa. Criaram uma escola que qualquer um “nascido para o código” (o lema da escola) possa ter acesso, em permanente contato com o ambiente empresarial e um com um conceito pedagógico que faz da gamificação sua essência.
A escola surpreende já na entrada. A primeira coisa que o aluno escuta é a própria porta, que o cumprimenta pelo nome: “Bonjour, Gilles”. A recepção tem um móvel para guardar o patinete, o meio de transporte favorito de muitos. Mas o que fascinam são as primeiras amostras da enorme coleção de arte urbana que decora a escola, e que se mistura à perfeição com os alunos e com o espírito desse espaço: mais de 150 pinturas e esculturas subversivas, rebeldes, jovens. “Temos até mesmo um Banksy”, confessa lá mesmo Catherine Madinier, ex-aluna dessa escola fundada em 2013 e membro do corpo docente, que por fim confirma a suspeita que todo bom freak já tinha sobre o nome da escola: “É pelo Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams”. A 42 é – nessa série de rádio, romance e filme – a resposta absurda e confusa que dá um monumental supercomputador à “pergunta definitiva sobre a vida, o universo e tudo”. Até a calculadora do Google conhece essa referência.

Sem aulas, sem professores

Madinier avança até a primeira colmeia de computadores, no térreo do edifício. Uma sala gigante com mais de 300 desktops com a inconfundível maçã da Apple: “Os macs consomem menos energia. Quando se usam mais de 1.000 por dia, a economia é considerável”, diz esta nativa de Nice, de 31 anos, que se define frequentemente como professora, embora saliente que seu papel é mais de tutora ou mediadora. “Não existem professores. Não há aulas. Não há lições ou livros de estudo”. “Isso é uma grande diferença em relação a outras escolas como a Epitech”, destaca David Giron, diretor de estudos da 42, que desempenhou a mesma função na própria Epitech, que acrescenta. “Os professores e as lições não têm sentido hoje em dia. Todo o material está na Internet, e queremos sejam capazes de procurá-lo, classificá-lo e filtrá-lo”.
 
Sem aulas e de graça: assim é a escola de programação mais revolucionária do mundo
 
Os mais de 2.000 alunos da escola deixam de lado o modelo de formação que conheceram em favor de uma educação a partir de uma perspectiva que, na realidade, conhecem muito melhor: a dos vídeogames.

Níveis, títulos e recompensas

Gilles Potte tem vinte anos e está muito distante da imagem normalmente associada ao estudante de engenharia da computação: cobre seu cabelo longo com uma boina, ostenta um piercing na orelha, uma tatuagem nas costas e usa calças corsário e camiseta. Ao seu redor há alunos que escrevem linhas de código em velocidade de cruzeiro, enquanto outros socializam entre vídeos do e algum fica absorto jogando uma partida. “Podem fazer mais coisas, gostamos que façam mais coisas, mas na maior parte do tempo devem estar programado”, diz Madinier.
Gilles inicia a sessão na intranet da 42. É como carregar uma partida salva de um videogame. No menu principal se pode observar que ele está no nível 2, faltam poucos pontos de experiência para alcançar o 3. “No total, são 21 níveis [não é um número ao acaso, é a metade de 42], a partir do 21º se considera que o aluno está capacitado para sair para o mundo do trabalho”, diz Catherine Madinier. Frequentemente, segundo ela, os alunos conseguem um emprego em tempo integral que os faz deixar a escola antes de completar os três anos, duração média do programa.
A gamificação é aplicada em todos os campos da 42. Gilles ganhou dois títulos, algo como um tratamento oficial (senhor, doutor, excelentíssimo) muito comum no mundo dos videogames, que são dados como recompensa ou punição de acordo com as ações realizadas pelo jogador. “Tenho os títulos de troll e o de altruísta”, proclama o aluno, rindo. O primeiro é por fazer comentários demais e com ânsia de incomodar nos fóruns da escola. O segundo é por ser um grande corretor desinteressado dos exercícios dos colegas. Sim, na 42 os exercícios não são corrigidos pelos tutores, mas pelos próprios alunos: “É uma maneira de aprender com o trabalho dos outros, com suas formas, seus métodos para chegar a uma solução de um problema e com seus erros”, explica Madinier. O erro também é recompensado: o título de errão é assumido com orgulho porque implica em perseverança e desejo de superação de si mesmo.
 
Gráfico do progresso acadêmico de cada estudante.
 
O progresso nos estudos é observado no gráfico de exercícios, que lembra claramente os diagramas de habilidades aprendidas em videogames como Final Fantasy. O aluno começa no centro de vários círculos concêntricos e seu avanço o leva para a parte externa, prova a prova, escolhendo um ou outro caminho em função da parcela de todo o mundo da informática que mais lhe interesse.
O percurso começa focado no desenvolvimento do ambiente Unix com linguagem de programação C, no final os alunos poderão usar praticamente qualquer linguagem fluentemente. As quatro matérias principais são Unix, algoritmos, gráficos e web. Aos poucos vãos e especializando: celular, cibersegurança, hardware, design, videogames. “Não chegam a completar todos os exercícios de todos os caminhos, isso é quase impossível. Pense que existem trabalhos tão complexos como criar seu próprio sistema operacional ou o motor de um vídeo game online do zero”, revela Catherine Madinier. “Eu ainda não decidi. Estou entre design, vídeo games, ou inteligência artificial”, diz Gilles, fã de fotografia e edição gráfica.
O programa de estudos é elaborado e atualizado constantemente pela equipe docente, formada por cerca de 15 tutores dirigidos por David Giron. Há exercícios de todo tipo: elaborar periféricos para substituir o mouse do computador, dar forma a um videogame de tiros em primeira pessoa, criar um aplicativo de calendário que depois o próprio aluno utilizará ou pequenas ferramentas para o site da 42. Cada prática é avaliada pelos colegas e os resultados podem ser verificados e alterados a partir da intranet da escola.
 
A ‘piscina’ da 42.
 
Se um estudante é reprovado ou aprovado (mas não está satisfeito com seu desempenho) pode repetir o exercício quantas vezes quiser. “A escola fica aberta todos os dias do ano, 24 horas por dia, de modo que os alunos chegam a passar mais de 90 horas por semana nela”, diz Giron. Ser aprovado com boas notas ou com especial esmero em alguns pontos dá direito a medalhas e recompensas, um sistema amplamente desenvolvido em qualquer vídeo game da plataforma online Steam.
“As recompensas podem ser trocadas por produtos do refeitório ou, por exemplo, por banhos na Jacuzzi”, diz Madinier enquanto continua mostrando as instalações da 42. O refeitório e a varanda estão inusualmente cheios por causa do sol. É possível perceber estéticas e padrões: geeks que poderiam muito bem ser membros de qualquer equipe profissional de esports, alguns com roupas escuras e estética mangá, e outros com calças jeans largas e tênis de skate. Todos coexistem, se misturam e desfrutam da música, desta vez um rap francês, o gênero favorito do banlieue (subúrbio).

A piscina

Ao lado do refeitório fica a piscina. Não há piscina ou água. É uma enorme sala onde podem ser vistas malas, pessoas deitadas, gente descansando em colchões infláveis e sacos de dormir. A piscina é o nome do espaço e da época que definem se um aluno tem ou não futuro na 42. Quase um mês de intensidade máxima que representa o único veículo para ser admitido na escola.
Chega-se à piscina depois de duas provas online, dois jogos que, além disso, não são os mesmos para todos. Um dura 10 minutos e é um exercício de memória. O outro dura mais de duas horas e testa a capacidade lógica do candidato. Começam sendo simples, mas à medida que os níveis são concluídos tornam-se mais e mais complicados. Com eles é feita a seleção dos pretendentes que terão acesso à piscina: de cerca de 50.000, apenas 3.000 sobrevivem. A seleção é aberta a estrangeiros.
“Para a inscrição só pedimos nome, sobrenome e data de nascimento. Não queremos saber de mais nada”, afirma Madinier. “Nem o que estudaram. Ou de onde vêm. Ou se são pobres ou ricos”. Chegam à 42 muitos candidatos de classe baixa, dos subúrbios das cidades ou pessoas sem recursos de outros países, que dificilmente poderiam entrar em qualquer outra escola de programação. Durante o mês de provas, nas quais os alunos passam uma média de 15 horas por dia trabalhando, são autorizados a se alojar nas instalações da escola (no recinto da piscina), usar os chuveiros e os vestiários e comer no refeitório, com preços muito menores que os de estabelecimentos próximos e ainda mais baratos quando comparados aos do centro de Paris.
As provas terminam a cada dia exatamente às 23h42. Seu foco é o desenvolvimento de habilidades em linguagem C, um pilar básico para adaptar os conceitos e a mentalidade ao mundo da programação. “Muitos pré-inscritos chegam sem saber programar. Eu mesma vim do setor de negócios e não tinha a menor ideia”, revela Madinier. Gilles vem do mundo da restauração: “Eu me matriculei num curso técnico de hotelaria perto daqui, no 18º distrito, mas esse futuro não me convenceu. Descobri que era isso que eu gostava, então eu decidi tentar”, lembra o aluno parisiense, que também não sabia muito de código antes de entrar, apesar de reconhecer que se preparou antes da piscina.
Os exercícios da piscina são corrigidos entre os próprios alunos, que vão aprendendo com isso, e também por uma inteligência artificial conhecida como moedora. Nessa altura, são incentivados a trabalhar em conjunto e a ajudar uns aos outros “algo que em outros lugares significa fazer trapaça e que nós pensamos que é essencial”, argumenta David Giron. No fim da primeira semana de cada processo seletivo mais de uma centena de candidatos (entre 800 e 1.000 para cada uma das três piscinas anuais, que são realizadas no verão) terá desistido. “É um processo muito difícil e a maneira de encará-lo também é importante para nós. As notas são uma indicação, mas no final os selecionados são escolhidos pelo corpo docente para além dos seus resultados. O critério varia e o número de admitidos, também”, afirma Madinier. A 42 não costuma aceitar alunos menores de 18 anos ou maiores de 30: não quer que deixem o ensino médio para entrar em um processo muito difícil de aprendizagem porque perderiam muitas oportunidades de futuro, e tampouco acreditam que aqueles que já passaram dos trinta possam absorver a quantidade de conceitos que precisam assimilar. A intenção também é ter um corpo discente coeso.
A escola estima que 40% dos alunos não têm o ensino médio completo. Uma porcentagem um pouco menor vem de meios desfavorecidos. Cerca de 20% vêm de fora da França. Poderia ser um ambiente complicado, mas é completamente o oposto. “Eu estou aqui faz pouco tempo, mas desde o início você percebe que este é o seu lugar. Na piscina todos ajudamos uns aos outros e agora continua sendo assim. Não importa de onde você vem. Somos todos amigos”, diz Gilles.
Como diretor de estudos, David Giron viveu histórias que destacam as oportunidades que a escola deu para muitos alunos: “Poderia mencionar um ex-pequeno traficante de drogas que veio para cá depois de escapar por pouco da cadeia e hoje dirige sua própria empresa e contrata nossos alunos. Ou um montador da ópera que não via sentido na vida e hoje é feliz como desenvolvedor de aplicativos para celular. Ou até mesmo um doutor em filosofia italiano que agora é diretor de tecnologia de uma grande empresa”. “A melhor coisa de trabalhar aqui é ver florescer alguns. Sua mudança dentro da 42 ao encontrar um lugar e colegas com os que se sentem realmente bem e envolvidos. Muitos encontram aqui pela primeira vez uma motivação, um modo de vida e uma oportunidade única “ diz sorrindo Catherine Madinier, que cumprimenta muitos alunos.
 
Uma das colmeias de computadores da escola.

Trabalho

Os que foram aprovados também podem comer no refeitório e até mesmo trabalhar nele. Também podem ser remunerados com dinheiro para uso interno por fazer visitas guiadas para os turistas. Podem descansar, mas ao contrário dos candidatos, não estão autorizados a dormir nas instalações: em troca, a escola oferece alojamentos baratos e os apoia para obter empréstimos.
No primeiro andar da 42 fica a segunda colmeia de computadores, conhecida como Terra Média. Outros 300 computadores, onde o ambiente de trabalho é mais profissional. “Temos um fórum onde colocamos ofertas de emprego que chegam a nós”, diz Madinier. Estágios, contratos por tarefa, por tempo indeterminado ou até para cargos de diretor e tecnologia em algumas das startups do poderoso ecossistema parisiense. O centro é muito bem relacionado graças ao apoio de Xavier Niel e ao prestígio que adquiriu desde sua criação. É comum que os alunos colaborem com escolas de design e de negócios, muitas vezes através de hackathones: maratonas de programação para concluir um projeto específico. Muitos dos trabalhos que aparecem no fórum não requerem estar fisicamente presente, por isso chegam anúncios de qualquer lugar do planeta.
Quando eles saem da escola, os alunos têm um amplo leque de opções: “Não levam mais de dois meses para encontrar um emprego. Muitos gostam de cibersegurança, também de videogames e do campo dos gráficos, que agora está tendo muito desenvolvimento com a realidade virtual”, exemplifica Madinier. “Alguns alunos vão para startups, enquanto outros preferem as grandes empresas. Alguns decidem fundar suas próprias empresas e outros vão para o GAFA [acrônimo de Google, Apple, Facebook e Amazon]” explica David Giron.
Existe um elemento em que a 42 se parece com qualquer outra escola de programação: a ausência de mulheres. Catherine Madinier é uma exceção, pois elas representam apenas 8% do corpo discente. “Há muuuuito trabalho a fazer”, admite. Giron insiste que o problema vem de antes, uma vez que o percentual é semelhante ao das mulheres que se candidatam às provas de ingresso: “É uma coisa cultural. A indústria dos videogames, com as personagens femininas que cria, tem muito a ver com isso”. A mentalidade e o espírito divertido da escola fazem dela talvez algo mais atraente, mas em um setor, o do entretenimento eletrônico, em que as mulheres também foram sempre uma minoria muitas vezes esquecida. A 42 não tem quotas de qualquer espécie e se recusa a estabelecer um percentual mínimo de mulheres.
Época.com

A corrida pela soberania do leito dos oceanos

Ao redor do mundo, diversos países estão reivindicando soberania sobre áreas de difícil acesso no fundo dos oceanos. Por quê?
 
No século 20, por exemplo, missões para chegar ao Polo Sul foram financiadas por investidores dispostos a se beneficiar da futuração exploração desas áreas desconhecidas.
Mas o aspecto geopolítico ganhou força em 1945, quando o então presidente dos EUA, Harry Truman, reivindicou a totalidade da plataforma continental adjacente ao país.
Em 2007, a Rússia usou um submarino-robô para fincar uma bandeira no fundo do mar abaixo do Polo Norte.
A nova fronteira é o fundo dos oceanos. Explorar essas áreas pode resultar na descoberta de uma grande quantidade de recursos naturais.

Abismos e montanhas

Apenas 5% do leito oceânico, que cobre cerca de 60% da superfície da Terra, foi propriamente explorado até agora.
A luz não chega às profundezas, que vivem na escuridão, em temperaturas perto de zero.
Cada missão exploratória revelou estruturas frágeis e animais nunca antes vistos. Mas empresas e governos estão de olho em mineirais que potencialmente podem valer bilhões.
 
Máquinas de exploração submarina
 
Nos últimos anos, houve grande avanço na tecnologia para mapear e extrair esses recursos - incluindo a construção de equipamento robótico capaz de operar em grandes profundidades.
A mineração em grandes profundidades, ideia que data dos anos 1960, pode se tornar realidade já na próxima década.
Tudo isso é alimentado também pelo crescimento populacional e econômico do mundo, além das preocupações com a oferta de recursos minerais em terra firme.
No solo oceânico, por exemplo, há cobre, níquel e cobalto em grandes concentrações, assim como depósitos de metais "estratégicos", como é o caso dos chamados elementos terra-rara, usados em tecnologias como chips de memória e baterias para carros elétricos.
Estima-se, por exemplo, que apenas montanhas no fundo do Pacífico contenham 22 vezes mais telúrio, elemento usado em painéis de energia solar, do que em todas as reservas terrestres conhecidas.

Sob pressão

Até o momento, esses recursos minerais estão sendo apenas localizados, não extraídos. Há sérios obstáculos a superar nessas locações remotas.
 
Crustáceo vivendo em grandes profundidades
 
O equipamento precisa funcionar em profundidades de 5 mil metros, onde a pressão é 500 vezes maior que na superfície, apenas para começar a escavar. A atual tecnologia de mineração profunda permite apenas a operação em regiões de mil metros debaixo d´água.
As regras para a exploração do fundo dos oceanos ainda não foram estipuladas, mas os interessados terão que demonstrar que avaliaram o impacto ambiental das operações e os planos de contigência para efeitos das atividades.
O grande problema é que o conhecimento humano sobre esses ambientes é limitado, o que dirá a compreensão sobre os efeitos de sua exploração para a extração de recursos.
A biodiversidade nos oceanos é espetacular, mesmo em grandes profundiades, e os cientistas sabem que há muito mais espécies a serem descobertas.
 
Imagem do fundo oceânico
 
Um consórcio internacional de cientistas começou a tentar medir o impacto ambiental da escavação do leito oceânico. Os especialistas temem que isso possa afetar muitas formas de vida e mesmo a capacidade dos oceanos de fornecer alimento e absorver dióxido de carbono da atmosfera.
As consequências podem até afetar a indústria farmacêutica, que nos últimos anos desenvolveu até tratamentos contra o câncer a partir de criaturas marinhas.

De quem é o fundo?

A atual legislação internacional estabelece que países são donos do que é encontrado em uma extensão de até 200 milhas náuticas (370 km) de suas costas. Passado esse limite, a discussão se complica.
Um órgão das Nações Unidas, conhecido como ISA, é responsável pelo licenciamento de projetos exploratórios do leito oceânico.
Criado em 1984, o ISA é reconhecido por 168 países, entre eles o Brasil e a União Europeia, mas não os EUA.
Desde então, o órgão aprovou apenas 26 pedidos de exploração de 20 países, nenhum deles da América do Sul. China e Rússia são os países com mais licenças (quatro cada), ao passo que Reino Unido, França, Alemanha, Índia e Japão têm dois.
Por determinação da ONU, os contratos têm de ser divididos com uma nação em desenvolvimento.
Com os avanços da tecnologia, a corrida pelo fundo dos oceanos só vai se intensificar.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Ficção ou realidade? Airbus desenvolve protótipo de carro voador

City Airbus

Você já deve ter visto um em algum filme de ficção científica e achava que era coisa do futuro: pois saiba que o carro voador começa a se tornar realidade.
O fabricante de aviões europeu Airbus está trabalhando num projeto de táxi voador que diz ser uma alternativa ao trânsito intenso dos grandes centros urbanos.
O CityAirbus é uma aeronave com quatro rotores movidos a energia elétrica, semelhante a um drone gigante, e que consegue transportar, sem piloto e de forma totalmente autônoma, até quatro pessoas para trajetos relativamente curtas pelas cidades.
A ideia foi apresentado esta semana durante a Paris Air Show, importante feira em que são apresentadas novidades e projetos da indústria da aviação.
Até agora, o CityAirbus continua no papel. Mas a companhia aposta em tecnologias viáveis atualmente e planeja realizar um voo-teste com um único passageiro ainda no final deste ano.
Mas será que em 20 anos teremos carros voadores estacionados na garagem?
"Provavelmente sim, vamos ter um carro voador", disse o diretor da divisão de helicópteros da Airbus, Jean-Brice Dumont, à BBC.
"As barreiras tecnológicas serão superadas até lá, assim como todo o trabalho de infraestrutura, para conseguir a aprovação de legisladores, assim como a aceitação da sociedade, coisas que não vêm de uma hora para a outra", acrescentou Dumon.
A Airbus divulgou poucas informações de como ele funcionaria, mas explica que o cliente poderia agendar o táxi voador por um aplicativo de celular, que estacionaria no local indicado e na hora indicada.

Vehana

A empresa também anunciou que trabalha em outro aparelho voador, batizado de Vehana, que também seria usado como um táxi aéreo, mas para um passageiro apenas, ou para transporte de carga.
Estruturas leves garantiriam a construção de um veículo cujo custo permitiria sua produção em larga escala. A expectativa é que o veículo seja de duas a quatro vezes mais rápido que o carro e que tenha uma autonomia de voo de 80 quilômetros.
Um terceiro protótipo, o Skyways, serve para a entrega de pacotes pequenos. Ele já vem sendo testado no campus da Universidade Nacional de Cingapura.
BBC Brasil

O "peixe-robô" encarregado de viajar ao núcleo de reator contaminado de Fukushima

'Peixe-robô' da Toshiba
 
A Jornada para avaliar danos e contaminação será difícil - robôs enviados anteriormente não conseguiram completar a missão por causa dos altos índices de radiação.
 
Quando um tsunami devastou parte da costa do Japão em 2011, matando mais de 18 mil pessoas, também atingiu a usina nuclear de Fukushima, desencadeando o acidente nuclear mais grave desde Chernobyl. Partes dos reatores danificados ainda estão altamente contaminados com radiação. E a robótica está desempenhando um papel crucial na descontaminação.
 
'Peixe-robô' da Toshiba
 
AFP

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Por que é importante tomar uma ducha antes de entrar na piscina?

A prática de tomar uma ducha antes de entrar na piscina é obrigatória em muitos espaços públicos. Mas você sabe os motivos por trás dessa recomendação?
 
Aviso pedindo para tomar ducha antes de entrar na piscina
Não se trata apenas de fazer uma cortesia higiênica para os outros banhistas: é também uma medida importante para manter a salubridade da água.
Cloro e outros desinfetantes são usados para matar as bactérias e evitar o contágio de doenças infecciosas. O produto ressaca cabelo e pele, e seu cheiro pode ficar por horas no corpo, mesmo depois de um bom banho.
Mesmo assim, a exposição a esses níveis de desinfetantes presentes nas piscinas é inofensiva para a maioria das pessoas. O que pode interferir na nossa saúde é a mistura do cloro com outros produtos químicos que os corpos dos banhistas trazem para água, que geram um derivado daninho: a cloramina.

Como contaminamos a água?

Mulher e criança na piscina
 
A urina é o mais conhecido ingrediente "adicionado" às águas das piscinas pelos banhistas.
Um estudo recente da Universidade de Alberta, no Canadá, encontrou em todas as piscinas analisadas restos de um adoçante artificial que só poderia ter chegado ali através da urina.
Além disso, cada banhista traz para a água sua própria coleção de químicos: restos de fezes e suor e sobras de produtos de higiene pessoal como cremes, xampus, loções e condicionadores.
Todos esses componentes interagem com o cloro da piscina e formam compostos orgânicos voláteis, potencialmente nocivos, que as pessoas podem respirar e que têm potencial para causar irritação nos olhos e no sistema respiratório, provocando ataques de tosse ou crises de asma.
Esses compostos nocivos que se desprendem das reações químicas na água pesam mais que o oxigênio e formam uma espécie de "bolha de cloramina" na superfície da piscina. As crianças pequenas são as mais expostas a eles, já que geralmente engolem mais água.
Apesar de não haver nenhuma prova de que a exposição a essas substâncias possa causar problemas graves de saúde, esses compostos que se formam com a interação humana ainda não foram estudados com detalhes - e podem afetar mais algumas pessoas do que outras.
 
Ventilação e duchas
Nadador
 
Em 2013, o nadador olímpico americano Caeleb Dressel teve que sair de ambulância de uma competição na Carolina do Norte devido à contaminação do ar na piscina.
Quem conta isso é outro nadador olímpico, Mel Stewart, responsável pelo site swimswam.com, especializado em notícias e informações sobre o universo desse esporte.
Em piscinas ao ar livre normalmente não há problemas, uma vez que nelas os compostos químicos nocivos escapar facilmente. Mas nas cobertas o ar fica contaminado, gerando um odor perceptível e característico.
Para prevenir esses danos à saúde, muitos órgãos, como o Centro para Controle e Prevenção das Doenças nos Estados Unidos, recomendam a ducha antes e depois dos banhos de piscina para retirar da pele os germes e restos de produtos de higiene.
Não urinar ou engolir a água também são outras duas importantes e óbvias recomendações, embora mais difíceis de serem seguidas pelas crianças.
 

"Pelo bem da humanidade", diz Stephen Hawking faz apelo para que o homem volte à Lua

O cientista e físico britânico Stephen Hawking convocou países a enviarem astronautas à Lua até 2020. Para ele, é preciso também construir uma base lunar nos próximos 30 anos e enviar pessoas a Marte até 2025 - tudo isso pensando "no futuro da humanidade".
 
Stephen Hawking
As previsões de Hawking almejam principalmente reacender programas espaciais globais, forjar novas alianças e dar à humanidade uma nova "sensação de propósito".
O cientista está participando do Starmus Festival, que celebra a Ciência e as Artes e está acontecendo em Trondheim, na Noruega. Ele reforçou lá seus desejos de um novo plano de expansão espacial.
"Essa expansão para o espaço pode mudar completamente o futuro da humanidade", disse o físico britânico.
"Tenho esperanças de que isso uniria países que competem entre si em torno de uma única meta, para enfrentar o desafio comum a todos nós. Um novo e ambicioso programa espacial serviria para engajar os mais novos e estimular o interesse deles em outras áreas, como astrofísica e cosmologia."
Questionado sobre se não seria melhor gastar o dinheiro disponível tentando resolver os problemas deste planeta, em vez de investi-lo no espaço, Hawking pontuou que é importante, sim, cuidar das questões urgentes daqui - mas agregou que pensar no espaço é importante para garantir o futuro da humanidade.
"Não estou negando a importância de lutar contra o aquecimento global e as mudanças climáticas aqui, ao contrário do que fez Donald Trump, que pode ter tomado a decisão mais séria e errada sobre esse tema que o mundo poderia esperar", disse. (No início do mês, o presidente americano anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris, pacto climático que visa impedir o aumento das temperaturas globais).
No entanto, o cientista ressaltou que as viagens espaciais são essenciais para o futuro da humanidade, principalmente porque a Terra está sob ameaça - justamente por conta de problemas como o aquecimento global e a diminuição dos recursos naturais.
 
Neil Armstrong na lua
 
"Estamos ficando sem espaço aqui e os únicos lugares disponíveis para irmos estão em outros planetas, outros universos. É a hora de explorar outros sistemas solares. Tentar se espalhar por aí talvez seja a única estratégia que pode nos salvar de nós mesmos. Estou convencido de que os seres humanos precisam sair da Terra", afirmou o físico.
Chefe da Agência Espacial Europeia, Jan Woerner disse que prevê a construção de uma base na Lua em 2024 e está colaborando com a Rússia para enviar uma sonda e testar um possível local para isso. A China já estipulou uma meta de enviar um astronauta à Lua em breve.
Já a Nasa não tem planos de voltar à Lua por enquanto e vem focando seus esforços no plano de enviar astronautas a Marte até 2030. No entanto, se outras agências espaciais começarem a colaborar entre si para a construção de uma base lunar, seria difícil ver a Nasa de fora dessa.
Para Hawking, o ponto principal é que não há futuro a longo prazo para nossas espécies na Terra: ele acha que seríamos atingidos por um asteroide novamente ou eventualmente engolidos pelo nosso próprio Sol. Ele ainda reforça que viajar para outros planetas distantes "elevaria a humanidade".
"Sempre que demos um novo salto, por exemplo a ida à Lua, unimos os povos e as nações, inauguramos novas descobertas e novas tecnologias", afirmou.
"Deixar a Terra exige uma movimentação global, todos devem estar juntos nisso. Precisamos fazer renascer a empolgação dos primórdios das viagens espaciais, na década de 1960."
Para ele, a colonização de outros planetas já não é mais tema de ficção científica. "Se a humanidade quiser continuar (a viver) por mais milhões de anos, nosso futuro residirá na ousadia de ir onde ninguém mais ousou ir. Espero que seja para o melhor. Nós não temos outra opção."
BBC Brasil

segunda-feira, 19 de junho de 2017

O Sol pode ter um irmão gêmeo do mal chamado Nêmesis

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O fruto de parceria entre as universidades Harvard e Berkeley se propôs a pensar numa pergunta quase infantil: “como nascem as estrelas?”. A resposta não envolve nenhuma cegonha, mas tem relação com ovos. Corpos estelares são formados dentro do que os especialistas chamam de “núcleos densos”, agrupamentos gasosos ovais, tão condensados que impedem até mesmo a luz de sair de dentro delas. Mas não é como se esses núcleos fossem impenetráveis, ondas de rádio conseguem atravessar suas paredes. Pensando nisso, pesquisadores apontaram um transmissor de rádio construído pela Nasa para a constelação de Perseu, onde há uma grande concentração de estrelas em formação. O que os estudiosos perceberam é que praticamente todos os corpos estelares são formados em duplas. São gêmeos.

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Analisando as estrelas de Perseu, os cientistas traçaram paralelos entre estrelas binárias jovens e velhas. A descoberta aponta que estrelas relativamente novas (de até 500 mil anos) nascem longe uma da outra, com uma distância de 500 unidades astronômicas (ou 500 vezes a distância entre o nosso Sol e a Terra). As jovens estrelas também são alinhadas no eixo da nuvem oval de onde saíram. Com o passar do tempo, as estrelas vão se juntando. Os corpos mais velhos (com até um milhão de anos), por outro lado, não seguem nenhum tipo de alinhamento, mas costumam ter entre si um distanciamento bem menor, de 200 unidades astronômicas (mais ou menos 11 vezes a separação entre a Terra e Urano).
Os dados obtidos na pesquisa foram replicados para tentar responder se o nosso Sol teria também um irmão de gestação.“Queremos dizer que sim, provavelmente tenha havido um Nêmesis há muito tempo”, afirmou em comunicado Steven Stahler, astrônomo da Universidade de Berkeley e coautor do estudo. As estrelas, na hora do nascimento, estariam há mais ou menos 17 vezes a distância entre a Terra e Netuno.
Mas, espera aí. Por que chamar a estrela de Nêmesis (palavra vinda do vinda do grego, usada frequentemente para designar inimigos)? O Nêmesis já é uma velha teoria astrológica. Em 1984 o astrônomo Richard Muller, também da universidade de Berkeley afirmou que uma estrela, há milhões de quilômetros da Terra pode ser a responsável por enviar meteoros para cá.  A teoria é de que o corpo estelar tenha passado por uma região com uma alta concentração de asteroides e que suas forças gravitacionais tenham funcionado como um estilingue que arremessa meteoros na direção oposta à sua própria. Se a ideia de que os sois gêmeos se mantêm paralelos quando jovens, o alvo era ninguém mais ninguém menos que o nosso Sol, atingindo a Terra no meio do caminho. Muller afirma, inclusive, que o meteoro que dizimou os dinossauros é fruto de um direcionamento do Nêmesis.
O paradeiro do nosso irmão solar, porém, é desconhecido. Especula-se que, se ele de fato existiu, a gravidade de algum outro corpo tenha o puxado para longe, tirando-o da rota natural de aproximação. Separados ao nascimento, enfim.
 
 

Nasa descobre 10 novos planetas que podem abrigar vida

Nasa descobre 10 novos planetas que podem abrigar vida: Mais 219 planetas foram localizados pela Agência Espacial
 
A Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) anunciou nesta segunda-feira (19) a descoberta de 219 planetas fora do sistema solar, sendo que 10 podem ser habitáveis como a Terra e possuem água em estado líquido.
De acordo com a Nasa, a descoberta foi realizada graças aos resultados mais recentes do telescópio espacial Kepler, que faz sua oitava missão. "Este catálogo, fruto de medições altamente precisas, é a base para responder a uma das perguntas mais interessantes da astronomia: Quantos planetas há como a Terra em nossa galáxia?", explica Susan Thompson, coordenadora do catálogo do Instituto Seti de Mountain View, na Califórnia.
Segundo os dados, o número potencial de mundos alienígenas são um total de 4034, sendo que 2335 são verificados como planetas, e mais de 30 podem ser habitáveis.
Além disso, os resultados mostram que há dois tipos principais de planetas: os grandes como a Terra e os menores como Netuno. "Nós gostamos de pensar que este estudo de classificação planetária é igual aqueles dos biólogos que identificam novas espécies animais", disse o pesquisador da Universidaden do Havaí em Manoa, Benjamin Fulton.
"Encontrar dois grupos distintos de planetas é como descobrir que os mamíferos e lagartos formam dois ramos separados da árvore evolutiva", acrescentou Fulton.
A descoberta destes dois tipos de planetas é importante na busca por vida, porque indica que cerca de metade dos planetas conhecidos na galáxia não têm nenhuma superfície, tornando-se um ambiente sem chances de habitar vida. (ANSA)
 

Dormir com hora certa é melhor que dormir muito

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Quer viver mais e melhor? Uma estratégia fundamental é manter o mesmo horário para ir para a cama, inclusive nos finais de semana. Parece difícil, não? Mas quem não obedece a essa recomendação pode sobrecarregar o coração, segundo um novo estudo.
Pesquisadores da Universidade do Arizona, em Tucson, nos Estados Unidos, avaliaram o padrão de sono de quase 1.000 pessoas entre 22 e 60 anos. Concluíram que cada hora de “atraso” no sono durante os finais de semana eleva em até 11% o risco de uma doença cardíaca. Ainda de acordo com o trabalho, ficar na cama até mais tarde no dia seguinte não compensa o “estrago”. A quebra do padrão habitual de sono também aumenta as chances de a pessoa se sentir cansada e mal-humorada.
Uma das conclusões mais importantes do trabalho, publicado no periódico médico Sleep, é que a regularidade do padrão do sono é mais importante do que a duração. Essa pode ser uma forma simples de prevenir doenças do coração.
Um estudo anterior, de 2015, da Universidade de Pittsburgh, também nos Estados Unidos, havia chegado a conclusões parecidas. Ao avaliar dados de pessoas de 30 a 54 anos, os pesquisadores descobriram que os voluntários com mudanças mais bruscas no padrão de sono durante a semana tinham níveis mais altos de açúcar e de gorduras nocivas no sangue, além de maior acúmulo de gordura abdominal. Todos são fatores de risco bem conhecidos para diabetes e doenças cardíacas. As mudanças no ciclo do sono interferem no metabolismo, especialmente na liberação do hormônio insulina, que comanda a entrada de açúcar nas células.

Quem dorme tarde, muitas vezes, se alimenta mais tarde também. Já se sabia que quem come mais tarde apresenta uma chance maior de ganhar peso, já que há uma maior “estocagem” de carboidratos e uma perda da capacidade de “queimar” gordura nesse horário. Agora, um novo trabalho, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, mostra que esse hábito aumenta também o risco de diabetes e de doenças cardíacas. As refeições tardias elevam a liberação de insulina e as taxas de glicose (que podem causar diabetes) e, também, aumentam os índices de colesterol e triglicérides no sangue, o que pode comprometer a saúde do coração. O sobrepeso, por si só, também é considerado fator de risco. O trabalho mostra ainda que quem come mais cedo acaba se sentindo mais saciado e tem menos fome no meio da noite. Já quem come mais tarde não teria esse benefício.
Mudanças nos hábitos de vida não são tarefas fáceis, mas podem garantir mais saúde.
Época.com

domingo, 18 de junho de 2017

Cientistas desenvolvem droga que bronzeia a pele sem expô-la ao risco de câncer

Cientistas desenvolveram uma droga que imita a luz do Sol para bronzear a pele, sem os riscos associados à exposição aos raios ultravioleta.
A substância estimulou a produção de melanina, que confere pigmentação ao corpo, em experimentos com pedaços de pele e em camundongos.
Os testes revelam que até pessoas de pele mais clara, que normalmente se queimam mais facilmente no Sol, podem ser beneficiadas com a droga.
Uma equipe do Hospital Geral de Massachusetts, responsável pela pesquisa, espera que a descoberta possa prevenir o câncer de pele e até reduzir a aparência envelhecida que pode resultar do excesso de exposição ao Sol.

'Bronzeado potente'

Os raios ultravioleta deixam a pele bronzeada ao causar-lhe danos. Isso deflagra uma cadeia de reações químicas na pele que provoca a produção de melanina - o protetor solar natural do corpo.
A nova droga é esfregada na pele para impedir o dano e, assim, estimular a produção do pigmento sem a influência da radiação.
David Fisher, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, disse que a droga tem "um potente efeito bronzeador".
"Pelo microscópio, podemos ver a melanina de verdade, ativando a produção do pigmento sem a influência dos raios ultravioleta", diz.
A droga tem um resultado diferente do obtido com o spray de bronzeamento, que "pinta" a pele sem proteção da melanina. Também difere das camas de bronzeamento, que expõem a pele à luz ultravioleta, e das pílulas que supostamente elevam a produção do pigmento, mas também demandam
 exposição solar.
A equipe, contudo, diz que o foco da pesquisa não é produzir um novo cosmético.
Fisher diz que a falta de progresso no combate ao câncer de pele - o tipo mais comum de câncer - foi "uma frustração muito significativa" que motivou a investigação.
"Nosso verdadeiro objetivo é desenvolver uma estratégia inovadora para proteger a pele da radiação UV e câncer", diz.
"O pigmento escuro (da pele) é associado a um risco mais baixo de todas as formas de câncer de pele - isso seria incrível", acrescenta.
Os experimentos, detalhados na revista científica Cell Reports, mostraram que a melanina produzida pela droga foi capaz de bloquear raios ultravioleta nocivos.
Em última análise, os cientistas querem combinar a droga com protetor solar para aumentar a proteção contra a radiação.
Fisher diz que é "absolutamente" necessário usar protetor solar, mas há o problema da falta de bronzeamento com o uso.

Uso comercial?

A droga ainda não está pronta para o uso comercial.
Embora até agora os resultados tenham sido promissores, os pesquisadores querem fazer mais testes de segurança.
Matthew Gass, da Associação Britânica de Dermatologistas, disse que o estudo traz "uma abordagem única" para prevenir o câncer de pele.
"São necessárias mais pesquisas antes de podermos ver essa tecnologia sendo usada por humanos. No entanto, certamente é uma proposta interessante", diz.
"As taxas de câncer de pele no Reino Unido estão disparando. Qualquer pesquisa que possa prevenir as pessoas de desenvolver câncer de pele é bem-vinda", acrescenta.
No Brasil, apesar de não ser o mais letal, o câncer de pele também é o mais frequente, correspondendo a 30% de todos os tumores. Em 2013, morreram mais de mil pessoas vítimas da doença.
A droga também pode reduzir a aparência envelhecida, resultado do excesso de exposição ao sol.
"Muitas pessoas dizem que o óbvio e mais contundente sinal de envelhecimento é a aparência da pele", diz Fisher.
"Trata-se de algo quase que impossível de ser combatido com remédios, mas podemos usá-la para deixar a pele com uma aparência mais saudável por mais tempo", conclui.

China lançará ao espaço 4 novos satélites até 2021

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A China lançará ao espaço quatro novas sondas e satélites até 2021 como parte de seus esforços para melhorar e desenvolver sua capacidade espacial, informou a agência estatal de notícias "Xinhua".
Em comunicado, a Tecnologia e Indústria para a Defesa Nacional da China (SASTIND, na sigla em inglês) informou que um dos satélites - desenvolvido em parceria com a Itália - será lançado em agosto para analisar "campos e ondas eletromagnéticas" que deem resposta aos fenômenos relacionados com terremotos.
 
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Outros dois satélites - produzidos em colaboração com a França - irão ao espaço a partir de 2018 e 2020, respectivamente e coletarão dados para estudos das "ondas e ventos na superfície marinha" com o fim de melhorar a previsão meteorológica das marés e fortalecer a prevenção de desastres naturais.
Já em 2021, o gigante asiático enviará ao espaço mais um satélite que terá foco na pesquisa da matéria "escura" e a "evolução do universo".
Os lançamentos fazem parte do programa de satélites científicos desenvolvido pela China de forma paralela ao plano de exploração da Lua e o de envio de missões tripuladas, que incluem o estabelecimento de uma estação orbital permanente.
 
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Terra.com

OVNI flagrado sobre Eslováquia choca internautas

A cada dia surgem mais notícias sobre visitas alienígenas em várias partes do mundo: Reino Unido, Rússia, EUA. Agora eles escolheram a Europa Central.

O vídeo com um objeto voador não identificado foi publicado pelo usuário Martin Mikuas.
 
Na filmagem o que é suposto ser uma nave extraterrestre aparece no céu rodeado por uma luz verde e voando lentamente alguns minutos.
 
Lembramos que algumas semanas atrás apareceu a declaração extravagante de um funcionário da NASA sobre os extraterrestres estarem presentes entre nós, o que provocou uma onda dos vídeos e fotos "comprovando" esta revelação.
 

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Cientistas dão novo passo para transformar CO2 em combustível

 
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Um desejo antigo dos cientistas é criar um método simples e barato de capturar o gás carbônico da atmosfera e transformá-lo em combustível, imitando a fotossíntese das plantas. Essa seria a saída mágica para grande parte dos problemas ambientais, já que faria do poluente, uma solução. Os pesquisadores já sabem como fazer para decompor o dióxido de carbono (CO2) em monóxido de carbono (CO), que pode ser combinado a hidrogênio para produzir combustíveis como gasolina ou querosene. Contudo, essa decomposição ainda é cara, longa e requer catalisadores, substâncias que fazem as reações ocorrer com maior velocidade, fazendo com que o processo gaste mais energia do que produza.
Contudo, um artigo publicado na revista científica Nature Energy nesta semana pretende resolver esse problema. Pesquisadores da École Polytechnique Féderale de Lausanne (EPFL, na sigla em francês), na Suíça, criaram um novo catalisador que pretende ser a fundação do primeiro sistema barato e eficiente para separar o CO2 em CO. O componente é formado por óxidos de estanho e cobre, materiais abundantes no planeta, e faz com que, usando água e a luz do Sol, a conversão de dióxido de carbono para monóxido de carbono tenha uma eficiência de 14% — um recorde. Segundo os cientistas, é o primeiro passo para a produção de combustível, de forma barata e limpa, revertendo a produção de gases que contribuem para o efeito estufa.
“Essa é a primeira vez que um catalisador de baixo custo é demonstrado”, afirmou Marcel Schreier, pesquisador da EPFL e um dos autores do estudo, em comunicado. “Poucos catalisadores – exceto os mais caros, como os de ouro ou prata – podem transformar CO2 em CO na água, o que é crucial para aplicações industriais.”

Transformação de COem combustível

O processo que envolve a reação é conhecida como eletrólise – ou seja, a decomposição de um composto, no caso o CO2, por meio da passagem de corrente elétrica na presença de água. O grande problema é que os catalisadores conhecidos até então ou são caros ou fósseis decompõem mais moléculas de água que de gás carbônico.
Os pesquisadores suíços descobriram que a adição de estanho a catalisadores comuns de cobre fazia com que a quebra do dióxido de carbono tivesse alta eficiência, ou seja, transformava uma parte considerável do composto em monóxido de carbono. Além disso, decidiram usar a energia vinda de painéis solares, para verificar se a reação poderia ser feita com baixo impacto ambiental funcionou. Esse trabalho fornece uma nova referência para redução do CO2 com a utilização de energia solar, afirmou o químico Jhingsham Luo, da EPFL, coautor do estudo, em comunicado.
A equipe de pesquisadores espera que o novo componente ajude nos esforços globais para redução de emissões e para a produção sintética de combustíveis fósseis a partir de gás carbônico e água.
Veja.com

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Estudante espanhol de 16 anos é escolhido pela NASA para explorar Marte

Joel Romero
 
Alguns metros de linha de pesca, sensores de quatro reais e uma luva esportiva. Joel Romero Hernández, um espanhol de 16 anos, não precisou de muito mais do que isso para desenvolver um protótipo robótico manipulado por controle remoto para chegar a Marte. Sua pesquisa ganhou o prêmio da NASA em Engenharia Mecânica durante a Feira Internacional de Ciência e Tecnologia da Intel (Intel ISEF), uma das mais importantes do mundo para estudantes não universitários.
Joel diz que o interesse pela astrofísica vem “de série”: “Eu era dos que assistiam os documentários da televisão publica”. A roupa o denuncia. Veste uma camiseta da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) com letras estampadas, incompreensíveis para olhos leigos em física quântica: “É o modelo padrão da física de partículas”, explica. Comprou-a durante uma visita escolar que fez ao CERN com María José Hellín, tutora de sua aventura científica.
O rapaz chegou neste ano ao Instituto Francesc Xavier Lluch i Rafecas (Vilanova i la Geltrú, Barcelona) com uma mão biônica sob o braço. Projetada no ano passado com alguns amigos, foi sua fonte de inspiração para o que estava por vir. No verão passado ganhou uma bolsa para o programa Jovens e Ciência da Fundação Catalunya-La Pedrera, onde ofereciam estadias no exterior para quem desenvolvesse um artigo científico. “Havia um programa no Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), berço da tecnologia. Era meu sonho ir para lá”, diz. O filme Avatar acabou de configurar sua ideia. “Quando assisti pensei: por que não aplicar essa tecnologia – de controlar corpos biológicos à distância como em Avatar – para pôr corpos robóticos em Marte e controlá-los por laser como faz a Estação Espacial Internacional? Assim os astronautas podem começar a fazer coisas sem estar na superfície de Marte”, diz com entusiasmo.
Perdeu muitas horas de sono para entregar o projeto a tempo. A estadia no MIT foi bem merecida. “Controlar um robô a partir da Terra demora 20 minutos porque a distância entre a Terra e Marte dá um atraso de 20 minutos. A chave era pôr uma espaçonave em órbita para que o sinal demorasse menos de um segundo a chegar. Assim, se mover o robô da nave, move-se na superfície”, observa.
María José também teve que alongar as horas da noite para calcular mecânicas orbitais e localizar a espaçonave no lugar correto. “Eu não sou uma agência espacial. Não tenho os meios nem o conhecimento para fazer o sistema inteiro, mas posso demonstrar que são possíveis todos os princípios físicos que estão por trás desse plano”, diz com humildade. Com a teoria resolvida, Joel montou o protótipo: primeiro os circuitos básicos, os sensores e então, com uma impressora 3D, imprimir as peças e montar o robô.
O sucesso foi tão grande que não só o selecionaram para ir ao MIT no verão, como também o escolheram para participar da feira estatal Exporecerca Jove, onde ganhou vários prêmios. Entre eles, o que o lançou direto a Los Angeles, à feira da Intel ISEF.
Ali, a organização entrega um prêmio próprio, o Grand Award, além dos Special Awards concedidos por empresas e organizações de todo o mundo que, como a NASA, visitam a feira em busca de ideias. Joel ganhou o prêmio outorgado pela NASA e se tornou primeiro espanhol a receber um Special Award. “Eu, que ia com um protótipo low cost, com motores de três euros quando havia gente com projetos de laboratório, não esperava ganhar nada. As pessoas da NASA vieram falar comigo e isso para mim foi suficiente”, admite emocionado.
Mas isso é só o começo. Joel continua empenhado em ajustar os cálculos de María José para conseguir fazer o robô extrair água de Marte para transformá-la em energia e retroalimentar-se sem necessidade de baterias pesadas. María José acalma as ânsias do rapaz. “Ainda não conseguimos resolver os cálculos, mas, pensando bem, nem a NASA conseguiu”, sorri.
El País.com

Como o teste de QI foi criado? Ele faz sentido hoje em dia?

A criação do mais famoso teste para medir o potencial de inteligência de um ser humano foi um longo processo, que se iniciou no começo do século 20. Confira os principais momentos a seguir e, logo abaixo, a polêmica atual: o teste de QI ainda faz sentido? Especialistas listam quatro argumentos a favor e quatro contra.
 
 
1905-1911: 
A LARGADA
O psicólogo francês Alfred Binet, em parceria com o colega Théodore Simon, é um dos pioneiros na aferição técnica da inteligência. Seu teste para avaliar crianças com atraso mental, a partir da medição de habilidades como compreensão, razão e julgamento, serviu de base para o teste de inteligência mais comum hoje em dia, o Stanford-Binet.
 
 
1916: 
O MAIS POPULAR
O psicólogo Lewis Terman, da Universidade Stanford (EUA), adaptou o teste francês, rebatizado como Stanford-Binet. Avaliando aritmética, memorização e vocabulário, o exame foi o primeiro a classificar as pessoas por um QI (quociente de inteligência), agrupando-as em diferentes patamares de capacidade.
 
 
1927: 
PONTO G
O inglês Charles Spearman propõe o fator de inteligência geral (“g”), uma variável que relaciona as diferentes habilidades cognitivas de um indivíduo. Segundo ele, o “g” explicaria até 50% da inteligência nas medições, mas críticos acreditam que Spearman desvaloriza outras aptidões importantes.

1949-1955: 
PARA TODAS AS IDADES
O norte-americano David Wechsler, que havia rejeitado o conceito de “idade mental”, publica suas escalas de inteligência para crianças e adultos, com avaliações verbais de desempenho em áreas como compreensão verbal e espacial, memória e velocidade de processamento.





1983: 
ADAPTÁVEL… OU VAGO DEMAIS?
O Kaufman Battery for Children contém 20 subtestes que avaliam processamento sequencial e simultâneo, planejamento, aprendizado e conhecimento. Como é baseado em dois modelos teóricos, sua interpretação varia de acordo com a cultura e as habilidades verbais do examinado.



1983: 
UMA É POUCO
No livro Frames of Mind, o psicólogo norte-americano Howard Gardner oferece pela primeira vez a Teoria das Inteligências Múltiplas, segundo a qual temos o potencial para desenvolver combinações de oito inteligências distintas. A ideia ganha popularidade ao longo das décadas seguintes.
2011: 
FLUTUANTE
Estudos da University College London e do Centre for Educational Neuroscience, na Inglaterra, envolvendo ressonância magnética do cérebro de jovens, mostraram que o QI pode aumentar ou diminuir na adolescência. A descoberta derruba a percepção de que a habilidade intelectual é um limite fixo e imutável.

AINDA FAZ SENTIDO APLICAR TESTE DE QI HOJE EM DIA?

Após um século de história, ele ainda gera debate e controvérsia
Sim
  • Testes como o Stanford-Binet e as escalas de Wechsler são científicos: para serem usados em avaliações psicológicas, passaram por pesquisas rigorosas que atestam suas qualidades.
  • Os psicólogos não baseiam seu diagnóstico exclusivamente neles. “São instrumentos auxiliares na coleta de dados, que, juntamente com as demais informações organizadas pelo psicólogo, auxiliam a compreensão do problema estudado”, diz Ana Paula Porto Noronha, professora de pós-graduação em psicologia da Universidade São Francisco.
  • Esses testes medem habilidades que são relevantes para a sociedade. “A realidade é nua e crua: se você olhar ao redor, as pessoas que têm mais sucesso, em média, são as pessoas que têm QI mais elevado”, diz José Aparecido da Silva, professor de psicobiologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP.
  • Diagnosticar tanto crianças com problema de aprendizado quanto as que têm alta habilidade cognitiva permite a implantação da melhor tática de ensino em cada caso.
  • Não
    • “Testes de QI só avaliam as inteligências linguística, lógico-matemática e, às vezes, a espacial”, afirma Howard Gardner em seu site. “São um indicativo razoavelmente correto de quem se sairá bem em uma escola do século passado”.
  • Alguns críticos acreditam que elas podem estratificar injustamente os resultados por raça, gênero, classe social e cultura.
  • Há mais de dez anos, um relatório de uma comissão especial montada a pedido da Casa Branca (EUA) sugeriu que seu uso no diagnóstico de problemas de aprendizado fosse descontinuado, já que eles não dizem nada sobre a intervenção necessária. Além disso, observar o comportamento da criança na sala de aula e em casa seria um indicador melhor.
  • No Brasil, os testes muitas vezes não são normalizados com frequência. Isso é importante por causa do efeito Flynn, um fenômeno que mostra que aumento no QI a cada geração.



  • FONTES Sites American Psychological Association, BBC, Britannica, Edutopia, Howard Gardner, Independent, Multiple Intelligences Research and Consulting Inc., New City School, Planeta Sustentável, Project Zero – Graduate School of Education e Universidade Harvard; livro A Psicologia da Inteligência, de Jean Piaget; e revistas Wellcome, NOVA ESCOLA e SUPERINTERESSANTE

    Por que fósseis achados no Marrocos mudam tudo que sabemos sobre a origem da humanidade

    A teoria de que o homem moderno evoluiu em um único "berço de humanidade" há 200 mil anos no leste da África perdeu sustentação científica, graças a novas pesquisas recém-divulgadas.
     
    Reconstrução do primeiro crânio de Homo sapiens, de Jebel Irhoud (Marrocos)
    Fósseis dos cinco mais antigos humanos (Homo sapiens) de que se tem notícia foram encontrados no norte africano, mostrando que o Homo sapiens emergiu ao menos 100 mil anos antes do que se pensava.
    Em trabalhos publicados nesta quarta-feira no periódico científico Nature, os pesquisadores sugerem agora que a nossa espécie evoluiu por todo o continente, de forma muito mais fragmentada do que se pensava.
    Essa descoberta fará com que "se reescrevam os livros de história" sobre nosso surgimento como espécie, diz o professor Jean-Jacques Hublin, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária (MPI), na Alemanha.
    "Esse material (fóssil) representa a raiz da nossa espécie, é o mais antigo Homo sapiens já encontrado na África ou em qualquer outro lugar", explica Hublin.
    "Não se trata de uma história que aconteceu rapidamente em um 'Jardim do Éden' em um lugar da África. Nossa visão é de que (a evolução) foi um desenvolvimento mais gradual e envolveu todo o continente. Então, se houve um Jardim do Éden, ele foi a África inteira."
    Hublin deu uma entrevista coletiva no College de France, em Paris, para mostrar aos jornalistas reconstruções em gesso de pedaços de fósseis que sua equipe encontrou em escavações em Jebel Irhoud, no Marrocos. Há pedaços de crânios, dentes e longos ossos.

    Novas interpretações

    Descobertas anteriores feitas no mesmo local, nos anos 1960, datavam de 40 mil anos atrás e eram atribuídas a uma forma africana do Neanderthal, um primo evolucionário próximo ao Homo Sapiens.
    Mas Hublin conta que nunca ficou plenamente convencido com essa interpretação. Dez anos atrás, retomou os estudos sobre Jebel Irhoud e agora apresenta novas provas que mudam nossa visão sobre a história.
    O material recém-avaliado tem, segundo avaliações tecnológicas, entre 300 mil e 350 mil anos de idade. E o crânio tem forma quase idêntica ao dos humanos modernos.
    As poucas diferenças que se sobressaem são uma testa um pouco mais proeminente e uma cavidade cerebral um pouco menor.
    A escavação liderada por Hublin também revelou que esses povos antigos já usavam ferramentas de pedra e haviam aprendido a produzir e controlar fogo. Ou seja, eles não apenas se pareciam com Homo sapiens como também agiam como tal.

    Região arqueológica de Jebel Irhoud

    Até agora, os mais antigos fósseis conhecidos da nossa espécie eram da Etiópia (de uma região chamada Omo Kibish), no leste da África, e tinham estimados 195 mil anos.
    "Temos agora de mudar nossa visão sobre como os primeiros humanos modernos emergiram", explica Hublin.

    Evolução

    Antes de nossa espécie ter evoluído, havia muitos tipos diferentes de espécies primitivas humanas, cada uma delas com características físicas próprias, bem como forças e fraquezas.
    E essas diferentes espécies humanas - assim como outros animais - evoluíram e mudaram sua aparência gradualmente, ao longo de centenas de milhares de anos.
    A visão histórica predominante até agora era de que o Homo sapiens havia evoluído repentinamente de humanos primitivos no leste africano cerca de 200 mil anos atrás - e teria sido nesse ponto que ganhamos as feições que temos hoje.
    Segundo essa mesma visão, só a partir daí é que teríamos começado a nos espalhar pela África e pelo restante do planeta.
    As descobertas da equipe de Hublin colocam essa versão em xeque.

    Mandíbula inferior de um Homo sapiens

    Jebel Irhoud é parecido com outros sítios arqueológicos africanos de 300 mil anos atrás. Em muitos desses lugares foram encontradas ferramentas parecidas, além de indícios de uso de fogo. O que não havia até então eram fósseis.
    Como a maioria dos especialistas trabalhava com a ideia de que nossa espécie só havia evoluído 200 mil anos atrás, era natural presumir que esses sítios arqueológicos eram ocupados por espécies humanas mais antigas e diferentes.
    Mas as recentes descobertas em Jebel Irhoud levam à crença de que, na verdade, provavelmente foram Homo sapiens que deixaram os restos de ferramentas e fogo nos locais.
     
    Ferramentas de pedra
     
    "Não estamos tentando dizer que a origem da nossa espécie é Marrocos. Na verdade, as descobertas de Jebel Irhoud confirmam que (esses tipos de locais) existiram ao redor da África 300 mil anos atrás", diz Shannon McPhearon, membro do MPI.
    Para o professor Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres - e que não está envolvido na pesquisa em Jebel Irhoud -, as descobertas "mostram que há múltiplos lugares na África onde o Homo sapiens emergiu. Precisamos nos distanciar dessa ideia de que houve um único 'berço' da humanidade".
    E ele também levanta a possibilidade de o Homo sapiens ter existido fora da África simultaneamente. "Há fósseis de Israel que têm provavelmente a mesma idade e mostram sinais que poderiam ser descritos como feições proto-Homo sapiens."
    Stringer diz que não é inconcebível a ideia de que humanos primitivos com cérebros menores, rostos e dentes maiores, testas mais fortes - mas que mesmo assim eram Homo sapiens - podem ter existido anteriormente na história, talvez até milhões de anos atrás.
    Isso é uma mudança de paradigma radical nos estudos das origens humanas.
    "Havia a ideia de que o Homo sapiens subitamente aparecera na África em algum momento - e esse era o começo da nossa espécie. Mas agora parece que isso estava errado", conclui Stringer.