quinta-feira, 27 de abril de 2017

Sonda Cassini se aproxima de seu "Grande Final" em Saturno


 
 
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Cassini

Após 13 anos em órbita, a sonda Cassini-Huygens já está enviando informações para a Terra após ter feito seu primeiro "mergulho" entre os anéis de Saturno - são 22 planejados para os próximos cinco meses.
A Cassini começou a executar a manobra - considerada difícil e delicada - na última quarta-feira e restabeleceu contato com a Nasa (agência espacial americana) na manhã desta quinta.
A sonda se movimenta a 110 mil km/h, tão rapidamente que qualquer colisão com outros objetos - mesmo partículas de terra ou gelo - poderia provocar danos.
Por esse motivo, a Cassini usou sua antena maior como escudo e ficou inacessível durante o mergulho.
Os mergulhos programados para chegar bem perto de Saturno têm por objetivo obter informações de qualidade máxima.
Em sua melhor resolução, as imagens dos aneis poderão captar itens menores, de até 150 metros.
A equipe da Cassini já começou a divulgar no site da Nasa algumas imagens recentes e não tratadas de Saturno .

Sonda Cassini em Saturno

"Nenhuma sonda conseguiu chegar tão perto assim de Saturno antes", disse Eral Maize, da equipe de programadores da Cassini.
"Nós só podemos nos planejar de acordo com previsões, baseadas em nossa experiência com outros anéis de Saturno, de como pensamos que esse espaço entre Saturno e os anéis podem ser. Sinto orgulho de dizer que o mergulho de Cassini nesse espaço foi tão bom quanto planejamos e que a sonda voltou sem sofrer danos."
Outros 21 mergulhos semelhantes serão feitos a partir de agora - o próximo está programado para terça-feira. Mas a Cassini tem limitações de combustível e não poderá continuar na missão por muito tempo.
A Nasa chama esses mergulhos de "grand finale" por causa da ambição do percurso. A missão está prevista para terminar em setembro, quando acabar o combustível da nave e ela se lançar sobre a atmosfera do planeta.
Os últimos passos da sonda prometem imagens em resolução sem paralelo e dados científicos que podem desvendar o quebra-cabeça sobre a criação e a história do enorme planeta.
"Vamos terminar essa missão com muitas informações novas, dados incríveis nunca antes descobertos", diz Athena Coustenis, do Observatório de Paris em Meudon, na França. "Esperamos conseguir (dados sobre) composição, estrutura e dinâmica da atmosfera, além de informações fantásticas sobre os anéis."
Um objetivo central é determinar a massa e, portanto, a idade dos anéis - formados, acredita-se, por gelo e água. Quanto maior a massa, mais velhos eles podem ser, talvez tão antigos quanto Saturno.
Os cientistas pretendem descobrir isso ao estudar como a velocidade da sonda é alterada enquanto ela voa entre os campos gravitacionais gerados pelo planeta e pelas faixas de gelo que giram em torno dele.

Órbitas da Cassini

As órbitas terão uma inclinação de 63 graus em relação ao equador de Saturno e prometem as observações em melhor resolução já feitas no interior dos anéis e das nuvens do planeta.
Cassini também deve medir o campo gravitacional de Saturno a apenas 3 mil km da camada mais externa de nuvens, aumentando significativamente os modelos atuais de medição da estrutura interna do planeta e de seus ventos na atmosfera.
Os cientistas também esperam poder medir separadamente a gravidade do planeta, sem contar a influência exercida pelos anéis sobre a espaçonave, o que representaria uma precisão sem precedentes.
"No passado, não conseguimos determinar a massa dos anéis porque Cassini estava voando fora deles", explica Luciano Iess, da Universidade Sapienza de Roma, na Itália.
"Somos capazes de estimar a velocidade de Cassini com uma precisão de poucos microns por segundo. Isso é fantástico se você considerar que estamos a mais de um bilhão de quilômetros de distância da Terra."
No entanto, saber a massa exata do planeta pode não necessariamente resolver a questão da idade, afirma Nicolas Altobelli, cientista da Agência Espacial da Europa, parceira da Nasa na missão.

Cassini

"Ainda precisamos entender a composição dos anéis de Saturno. Eles são feitos de água e gelo. Se são assim tão velhos, formados na mesma época que Saturno, como podem parecer tão inteiros considerando que são bombardeados o tempo todo por pedaços de meteoritos?", questiona.
Uma possibilidade é que os anéis na verdade sejam bastante jovens, talvez as sobras de um cometa gigante que tenha chegado perto demais de Saturno e se partido em inúmeros fragmentos.
BBC Brasil
 

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