segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Qual é a velocidade da escuridão?

 
A velocidade da luz é uma das constantes mais importantes da física. Medida pela primeira vez pelo astrônomo dinamarquês Olaus Roemer em 1676, foi Albert Einstein que percebeu que a luz define a velocidade limite do nosso universo, de 299.792.458 metros por segundo. Mas enquanto a velocidade da luz é enfiada na cabeça de jovens físicos logo cedo, a lei de Einstein também estabelece que todo movimento é relativo, o que nos fez pensar: qual a velocidade do eterno oposto da luz, a escuridão?
Nós não somos os primeiros a fazer essa pergunta (foi o comediante Steven Wright) nem a levar a sério, mas ao fazer essa pergunta para cientistas e pesquisadores, nós deixamos a interpretação de “escuridão” em aberto, provocando respostas fascinantes de especialistas em buracos negros e física quântica. Parece que a escuridão pode ser tão rápida quanto a luz, ou ela pode ser infinitamente mais lenta, depende da sua perspectiva.


A velocidade do escuro? A resposta simples é que é só a velocidade da luz. Apague o sol, e o nosso céu vai ficar escuro oito minutos depois. Mas fácil é chato! Pra começar, o que nós geralmente chamamos de “velocidade da luz” é a velocidade da propagação, o que nem sempre é o fator definitivo. Uma sombra se espalha pela paisagem a uma velocidade governada pelo objeto que a projeta. Por exemplo, enquanto a luz de um farol gira, ela ilumina a paisagem em intervalos regulares. A velocidade do chão de sua sombra aumenta com a distância do farol.

Se afaste o bastante, e a sombra vai passar por você mais rápido do que a propagação da velocidade da luz (isso acontece de verdade em estrelas rotatórias de nêutron no espaço, com consequências mensuráveis). Tudo o que a velocidade da luz significa nesse caso é que existe um atraso: se o farol aponta para 12 horas, você vai ver o brilho um pouco mais tarde. Mas isso não altera o ritmo dos eventos que você vê na sua localização.

Já que estamos falando isso, a escuridão existe de fato? Se você apagar o Sol, a Terra não ficaria completamente escura. Luz das estrelas, nebulosas e do Big Bang continuariam a encher o céu. O planeta e tudo nele, incluindo nossos corpos, brilhariam em infravermelho. Dependendo de como, exatamente, você conseguiria apagar o Sol, ele continuaria a brilhar durante muito tempo. Enquanto conseguirmos ver, vamos enxergar alguma coisa.

Nenhum detector de luz consegue registrar escuridão total, porque até as flutuações quânticas produzem pequenos brilhos de luz. Até um buraco negro, o objeto mais escuro que podemos conceber, emite alguma luz. Na física, diferente da percepção humana, a luz sempre espanta a escuridão.
Escuridão não é uma categoria física, mas um estado mental. Fótons atingindo, ou não atingindo, as células da retina podem causar a experiência, mas não explica a experiência subjetiva da escuridão, assim como o comprimento das ondas não explica a experiência das cores e sons. A nossa experiência consciente muda de momento para momento, mas os instantes individuais daquela experiência são eternos. Nesse sentido, escuridão não tem velocidade.

E a velocidade em geral, existe tal coisa? Ela pressupõe uma estrutura de espaço, e cientistas enxergam fenômenos em física quântica onde conceitos espaciais parecem não ser aplicáveis, sugerindo para algumas pessoas que o espaço é derivado de outro grau mais fundamental de realidade, onde não existe algo como posição, distância ou velocidade. Deve ser nesse nível que Steven Wright opera.

Professor Frank B. Baird Jr. de Ciência da Universidade de Harvard, cadeira do Departamento de Astronomia de Harvard, Diretor Fundador da Black Hole Initiative (BHI)
Perto de um buraco negro, a matéria cai a uma velocidade próxima da velocidade da luz. Quando entra no horizonte de eventos dos buracos negros, nada pode escapar. Até a luz fica presa dentro do horizonte para sempre. Dessa forma, buracos negros podem ser vistos como a prisão definitiva.

Uma estrela como o Sol pode ser triturada (“transformada em espaguete”) em um rio de gases se passar próxima de mais de um grande buraco negro, como o que existe (pesando seis bilhões da massa solar) no centro da Via Láctea.

Conforme a matéria entra no buraco negro, ela costuma se esfregar nela mesma e esquentar. Como resultado, ela irradia. Se a taxa de acréscimo é alta o bastante, a força da radiação vazando para fora pode potencialmente impedir matéria adicional de entrar.
Observamos que muitos dos maiores buracos negros do universo, pesando bilhões de massas solares, crescem na maior taxa possível (também chamada de limite de Eddington, batizado por causa de Sir Arthur Eddington que descobriu teoricamente a maior saída de radiação possível para a gravidade superar a força da radiação).
 
Neil DeGrasse Tyson

Diretor do Hayden Planetarium no Rose Center for Earth and Space, pesquisador associado e fundador do Department of Astrophysics no American Museum of Natural History, apresentador de Cosmos: Uma Odisséia no Espaço
A velocidade da escuridão… Considere que a escuridão é apagada pela luz. A luz a apaga na velocidade da luz, então a velocidade da escuridão seria a negativa da velocidade da luz. Se a luz é um vetor, ela tem magnitude e direção, então
Neil DeGrasse Tyson

Diretor do Hayden Planetarium no Rose Center for Earth and Space, pesquisador associado e fundador do Department of Astrophysics no American Museum of Natural History, apresentador de Cosmos: Uma Odisséia no Espaço
A velocidade da escuridão… Considere que a escuridão é apagada pela luz. A luz a apaga na velocidade da luz, então a velocidade da escuridão seria a negativa da velocidade da luz. Se a luz é um vetor, ela tem magnitude e direção, então… chamar de negativo significa que vai na direção negativa. A escuridão está recuando ao invés de avançar. Eu chamaria de negativa à velocidade da luz.
Sarah Caudill

Pesquisadora de pós-doutorado no Leonard E. Parker Center for Gravitation, Cosmology & Astrophysics, Universidade de Wisconsin-Milwaukee
Um buraco negro tem uma gravidade tão forte que nem a luz pode escapar depois de passar pelo horizonte de eventos, uma fronteira invisível que marca o ponto de não retorno. Pelo fato do buraco negro ter uma gravidade tão forte, a dilatação do tempo afeta as observações de fora do forte campo gravitacional.

Por exemplo, um observador afastado vendo um objeto brilhante entrar no buraco negro vai enxergar ele diminuindo de velocidade e apagando, eventualmente ficando tão escuro que não pode mais ser visto. Esse observador não vai ver o objeto passar pelo horizonte de eventos.
Nós também podemos ter a perspectiva de coisas caindo no buraco negro, ao invés de um observador distante. Por exemplo, se pegarmos um buraco negro no meio de uma brilhante nuvem de gás, digamos criada por uma estrela que foi destruída ao passar próxima de mais de um buraco negro, o material irá formar um disco achatado, conhecido como disco de acreção. Esse gás irá cair no buraco negro, mas não é instantâneo.

Existe um limite de velocidade causado pela pressão de radiação do gás quente que luta contra a força que puxa pra dentro da gravidade do buraco negro. Conforme o gás cai dentro do buraco negro, o buraco negro cresce em tamanho. Se um buraco negro que é 10 vezes mais pesado do que o nosso Sol estiver acrecendo na maior taxa possível, em cerca de um bilhão de anos ele terá alcançado 100 milhões de vezes a massa do nosso Sol.
David Reitze

Diretor executivo do LIGO Laboratory no California Institute of Technology
Basicamente, depende se você é a matéria sendo consumida pelo abismo infinito de um buraco negro ou se você está longe o bastante para ser um observador imparcial vendo outra pessoa cair no abismo infinito. Se você for a matéria infeliz caindo, a velocidade é potencialmente muito grande, a princípio se aproximando da velocidade da luz.

Se você é o observador e está longe o bastante, a velocidade diminui consideravelmente por causa de um efeito chamado de dilatação de tempo gravitacional, os relógios andam mais devagar em campos gravitacionais e bem mais devagar em campos gravitacionais imensos próximos do horizonte de eventos de um buraco negro.

Por ‘longe o bastante’, eu quero dizer que no seu campo de referência local, sua posição relativa ao buraco negro (não ser sugado por ele, por exemplo) e o seu relógio local não ser afetado pelo campo gravitacional do buraco negro. Na verdade, para a pessoa distante vai levar uma quantidade infinita de tempo para algo passar pelo horizonte de eventos do buraco negro.
Niayesh Afshordi

Professor associado de Astrofísica e Gravitação do Departamento de Física e Astronomia da Universidade de Waterloo, Faculdade Associada de Cosmologia e Gravitação do Perimeter Institute for Theoretical Physic (PI)
Eu acredito que a velocidade “da escuridão” é infinita! Em física clássica, a vastidão escura do espaço pode ser apenas vácuo vazio. No entanto, aprendemos da mecânica quântica que não existe escuridão verdadeira ou espaço vazio. Até onde não existe luz que possamos ver, campos eletromagnéticos flutuam para dentro e fora da existência, especialmente em pequenas escalas e curtos intervalos de tempo. Até as ondas gravitacionais, as ondulações na geometria do espaço tempo que recentemente foram observadas pelo observatório LIGO, devem possuir essas flutuações quânticas.
O problema é que a gravidade dessas ondulações quânticas é infinita. Em outras palavras, atualmente não existe uma boa teoria da gravidade quântica com a qual as pessoas consigam concordar. Uma forma de evitar o problema é se essa velocidade “da escuridão”, ou seja das ondulações quânticas, vai até o infinito (ou se torna arbitrariamente grande) em pequenas escalas e curtos intervalos de tempo. É claro, essa é apenas uma possibilidade, mas é uma forma simples (e a minha preferida) de entender o big bang, buracos negros, energia escura e gravidade quântica.



 

Nossas plantas podem estar alimentando a Lua com oxigênio

 
Cientistas que analisavam os dados da sonda japonesa SELENE, apelidada de Kaguya, descobriram que há oxigênio, possivelmente vindo de plantas da Terra, atingindo a Lua. A descoberta foi feita a partir da coleta de dados da Kaguya, com seus sensores de partículas, enquanto orbitava 99,7 quilômetros acima do satélite natural, entre 2007 e 2009. A  Lua, assim como a Terra, recebe diariamente radiação solar de alta energia. Mas, cinco dias por mês, ela fica à sombra do campo magnético da Terra.
Mas como o oxigênio de nosso planeta teria feito seu caminho até à Lua? Bom, o campo magnético da Terra deixa um longo funil de partículas eletricamente carregadas em seu rastro. Um funil muito mais fino com maior densidade de partículas, chamado de lençol de plasma, fica no centro. O estudo, publicado nesta segunda-feira na Nature Astronomy, descobriu íons O+ (átomos de oxigênio menos um elétron) de maior energia quando a Kaguya passou pelo lençol de plasma. Este oxigênio de alta energia não era detectado quando a Lua estava fora da magnetosfera da Terra.

Após a análise, a equipe estava certa de que esses íons O+ não vieram de ventos solares, mas sim da atmosfera da Terra, o que significa que as plantas provavelmente os produziram durante a fotossíntese. Os íons também provavelmente ficaram presos na poeira lunar. “Uma consequência dessa descoberta é que toda a superfície lunar pode ser contaminada com oxigênio terrestre biogênico, produzido por fotossíntese ao longo de bilhões de anos.”

Já sabíamos que há uma “defecação” da Terra sobre a Lua, e não estamos falando do que nosso humanos deixaram lá. Mas não havíamos visto esse processo de troca entre a Terra e a Lua pelo oxigênio, e é bem incrível que a Kaguya tenha conseguido “sentir o cheiro” de tão longe.

Outros cientistas acharam a análise sensata. A lua Iapetus, de Saturno, também reúne material coletado de outras luas, contou ao Gizmodo Alexander Mustill, pós-doutor em física teórica na Universidad Autónoma de Madrid. Ainda assim, “a parte mais empolgante deste estudo está nas possíveis implicações: a possibilidade de reconstrução, a partir de depósitos na Lua, da história da atmosfera da Terra”, afirmou, em um email. Entretanto, tanto Mustill quanto os cientistas japoneses reconhecem que, no momento, não há um jeito de dizer quando um íon de oxigênio atinge a Lua, então seria difícil traçar um cenário  da história atmosférica da Terra apenas com esses dados.

domingo, 29 de janeiro de 2017

Nasa divulga primeiras imagens de novo satélite de observação da Terra

Lançado em novembro do ano passado em parceria com a Noaa, GOES-16 vai ajudar a melhorar previsão do tempo e clima no planeta


Uma das imagens mostra a região do Caribe vista com a câmera de alta resolução do novo satélite
Foto: Nasa/Noaa


A Nasa divulgou esta semana as primeiras imagens de alta resolução da Terra captadas pelo satélite GOES-16. Lançado no fim do ano passado, o equipamento, operado pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA (Noaa), vai ajudar a melhorar a previsão do tempo e do clima no planeta.
Primeiro exemplar de uma nova geração de satélites de observação da Terra americanos, o GOES-16 é dotado de sensores capazes de registrar imagens do planeta em 16 dos chamados “canais”, ou comprimentos de onda: dois em luz visível, quatro em infravermelho próximo e dez em infravermelho. Isso permite aos especialistas distinguirem diferentes estruturas e compostos na atmosfera, como nuvens, vapor d'água, fumaça, gelo e cinzas vulcânicas. A câmera do satélite também tem uma resolução espacial quatro vezes maior do que as de outros da série GOES, o que também permitirá aos meteorologistas observarem fenômenos climáticos em mais detalhes.

Anúncio da fabricação de hidrogênio metálico atrai expectativa e ceticismo


Em vídeo da Universidade Harvard, o pós-doutorando Ranga Dias explica o experimento
Foto: Reprodução
 
Elemento mais simples e comum do Universo, o hidrogênio tem o potencial de revolucionar o futuro da Humanidade. Já usado sob diversas formas em tecnologias avançadas como células de combustível e como propelente de foguetes, por exemplo, acredita-se que submetido a condições extremas de temperatura e pressão ele, normalmente encontrado como um gás molecular (H2), assuma uma configuração sólida parecida com a de um metal, adquirindo com isso propriedades literalmente extraordinárias.

Chamado hidrogênio atômico metálico, a existência do elemento neste estado foi teorizada há quase cem anos, mas sua produção mostrou-se muito mais difícil do que se pensava inicialmente. Depois de décadas de tentativas, porém, agora uma dupla de físicos da Universidade de Harvard, EUA, anunciou ter conseguido fabricá-lo em laboratório pela primeira vez, atraindo ao mesmo tempo uma onda de expectativa quanto às suas possíveis aplicações e outra de ceticismo quanto a terem de fato realizado o feito.
- Este é o cálice sagrado da física de altas pressões – resume Isaac Silvera, professor de ciências naturais de Harvard e um dos autores da façanha, relatada em artigo publicado na edição desta semana da prestigiosa revista “Science”. - É a primeira amostra da História de hidrogênio metálico na Terra, então quando você olha para ele, vê algo que nunca existiu antes.
Para produzir o hidrogênio metálico, os cientistas usaram uma prensa de diamante para espremer uma pequena quantidade do elemento resfriado a cerca de -270 graus Celsius a um recorde de 495 bilhões de pascais, quase 5 milhões de vezes a pressão atmosférica a nível do mar e mais até do que a pressão no núcleo de nosso planeta. Segundo eles, neste processo a amostra passou de um estado líquido, e depois sólido, molecular transparente para o de um sólido ainda molecular opaco até que finalmente as ligações entre os átomos se quebraram e eles formaram uma estrutura cristalina em que passaram a dividir elétrons livres, tornando-se condutores, e o material se tornou altamente reflexivo, ambas características típicas dos metais.
 
- Foi realmente excitante – lembra Silvera. - Ranga (Dias, o outro físico responsável pelo feito) estava conduzindo o experimento e achávamos que poderíamos chegar lá, mas quando ele me ligou e disse “a amostra está brilhando”, corri para o laboratório e ali estava o hidrogênio metálico.
Para Silvera, embora o trabalho abra uma nova janela para a compreensão do comportamento do hidrogênio e outros gases sob altíssimas pressões, ele é ainda mais importante por suas implicações na ciência e engenharia 
materiais.
- Uma previsão muito importante é de que o hidrogênio metálico seja metaestável – conta. - Isto significa que se você remover a pressão, ele continuará metálico, de uma maneira similar que os diamantes se formam do grafite sob intensos calor e pressão, mas continuam diamantes quando a pressão e o calor são retirados.
E, se de fato a dupla produziu hidrogênio metálico, já há indicações de que o material pode mesmo ter esta rara propriedade. Na bancada do laboratório onde a amostra ainda está sob enorme pressão do equipamento usado, conhecido como célula de bigorna de diamante, elas já permitiram que ela “esquentasse” até ainda extremamente gélidos -190 graus Celsius sem mudar sua aparência brilhante. Caso isto também se confirme, o hidrogênio metálico poderia ter uma enorme gama de aplicações, a começar porque também seria um material supercondutor, isto é, que permite a passagem de correntes elétricas sem resistência, à temperatura ambiente, algo que
cientistas ao redor do mundo ainda lutam para produzir.
- Isto seria revolucionário – destaca Silvera. - Até 15% da energia que geramos é perdida pela dissipação durante a transmissão, então se você puder fazer fios com este material e usá-los na rede elétrico, mudaria essa história.
Supercondutor, o hidrogênio metálico também poderia ser usado para armazenar energia de forma mais eficiente, já que uma corrente poderia ser
mantida circulando por ele indefinidamente sem perdas até que fosse necessária. Mas além de transformar radicalmente a vida na Terra, o hidrogênio metálico tem o potencial de revolucionar a presença humana no espaço como o combustível de foguetes mais poderoso já descoberto.
Atualmente, o elemento resfriado à sua forma líquida molecular é um dos principais propelentes usados na área, reagindo com oxigênio também resfriado e líquido para gerar o que se chama de “impulso específico”.
 
Medido em segundos, o impulso específico indica o quão rápido uma mistura de propelentes é expulsa pelo bocal de um foguete. E enquanto as mais poderosas misturas usadas hoje têm uma impulso específico de cerca de 450 segundos, uma com hidrogênio metálico pode ser quase quatro vezes mais forte, chegando teoricamente a 1.700 segundos.
- Isto facilmente nos permitiria explorar os planetas do Sistema Solar exterior – aponta Silvera. - Poderíamos colocar foguetes em órbita usando apenas um estágio, contra os dois usados atualmente, e mandar para o
espaço cargas maiores e mais pesadas.
Alguns especialistas, e concorrentes da dupla, no campo da física de altas pressões, no entanto, têm sérias dúvidas de que a minúscula amostra levemente avermelhada mantida na prensa no laboratório de Harvard, menor que um décimo da espessura de um fio de cabelo, é mesmo hidrogênio metálico. Eles argumentam, por exemplo, que o brilho observado pode estar vindo de contaminação pelo revestimento de alumina usado para impedir que o hidrogênio se infiltre entre os átomos de carbono dos cristais de diamante sob as gigantescas pressões dos experimentos ou de pedaços lascados do suporte onde a amostra foi depositada. Outro problema é que, para evitar que os diamantes da prensa se quebrassem, a suposta pressão recorde a que a amostra está submetida só foi medida uma vez ao fim do experimento e de maneira pouco confiável.

- A palavra lixo não é suficiente para descrever isso (o experimento) – atacou Eugene Gregoryanz, físico de altas pressões da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, em entrevista à própria “Science” e para quem os métodos e procedimentos usados pela dupla de Harvard, e portanto também suas conclusões, são questionáveis.
- Do nosso ponto de vista, (o experimento) não é convincente – reforçou Mikhail Eremets, que tenta produzir hidrogênio metálico no Instituto Max Planck de Química em Mainz, Alemanha, e no fim de 2011 anunciou sucesso na fabricação do material, apenas para depois também ver suas alegações derrubadas por outros cientistas.
o

sábado, 28 de janeiro de 2017

Dicas para manter sua privacidade no Facebook

O sistema, na verdade, engana o olho humano
 
O Facebook apresentou na última quinta-feira (25) uma nova versão do Privacy Basics, site que disponibiliza dicas e recursos de privacidade ao usuário da rede social. De acordo com a plataforma, os principais tópicos de segurança foram aprimorados, em resposta aos questionamentos e às demandas mais frequentes de seus clientes.
“Estamos promovendo essas melhorias como parte do Dia da Privacidade de Dados, celebrado em 28 de janeiro (este sábado). As pessoas compartilham seus mais valiosos momentos no Facebook e nós queremos disponibilizar para elas dicas claras e ferramentas acessíveis sempre que precisarem”, afirmou a empresa, em comunicado.
1) Utilize as configurações de privacidade
Na aba Verificações de Privacidade, do site do Facebook, pode-se controlar quem tem acesso ao seu perfil e às suas informações pessoais, como número de telefone, data de aniversário e endereço de e-mail.
2) Verifique quem pode ver seus posts
A cada nova publicação que se faz é possível modificar e selecionar quem terá acesso ao conteúdo. Dessa maneira, só verá suas publicações quem você permitir. Aliás, consegue-se alterar o público-alvo mesmo após a divulgação do post.
3) Analise as publicações em que você foi marcado
Dá para escolher se os posts em que se foi marcado aparecerão ou não na própria Linha do Tempo. Porém, mesmo que se opte para excluir a identificação em fotos e afins, o conteúdo ainda aparecerá em outros locais do Facebook (como no perfil pelo qual foi compartilhado, originalmente).
4) Ative os alertas de login
Ao realizar um login em um dispositivo novo, o Facebook envia um alerta com a informação do local e da data/horário em que a conta foi acessada, quando se realizou isso por meio de um novo aparelho ou novo navegador, que não fora antes utilizado por aquele usuário específico. Dessa forma, fica-se sabendo,onde por.
exemplo, se um estranho entrou em seu perfil, sem permissão.
5) Ative as aprovações de login
Além de receber as informações de acesso à sua conta por meio de dispositivos estranhos, também se pode ativar as aprovações de login, que funcionam como um aparato adicional de segurança. Com esse recurso, será necessário digitar um código de segurança a cada tentativa de acesso à sua conta do Facebook por meio de um novo dispositivo móvel, navegador ou computador.
6) Proteja sua lista de amigos
O usuário consegue alterar quem tem acesso à sua lista de amigos. Se a ideia é que ninguém, além de você, visualize quem são suas amizades no Facebook, escolha a opção ‘somente eu’
7) Gerencie os anúncios recebidos
Os anúncios que você vê no seu Facebook são determinados pelo algoritmo do site, de acordo com um rastreio de quais são seus interesses (ao longo da vida online; ou mesmo naquele momento, como quando a inteligência artificial detecta que alguém está planejando uma viagem de férias e, por isso, começa a oferecer propagandas de agências de turismo). No entanto, caso as escolhas do algoritmo comecem a se irritar, é possível, na aba de privacidade do seu perfil, selecionar quais tipos de anúncios não são apropriados para seus reais interesses. Entretanto, sem o uso de ferramentas externas, não se consegue simplesmente cancelar de vez a exibição de qualquer publicidade (algo justo,
afinal, é daí que vem o dinheiro que mantém o Facebook gratuito ao seu público).
Veja.com

Dá para conciliar igualdade nacional e internacional?

Planeta
 
A desigualdade está aumentando ou diminuindo? Depende de para onde você olhar.
Nos últimos 25 anos, a diferença entre os mais ricos e os mais pobres subiu dentro da maioria dos países (a América Latina é exceção).
Ao mesmo tempo, centenas de milhões de pessoas, especialmente chineses e indianos, saíram da pobreza – que atingiu o menor patamar da história.
Ou seja: se você olhar para a distribuição de renda sem considerar as fronteiras nacionais, a desigualdade diminuiu. Uma coisa está necessariamente ligada à outra?
Esse é o tema do novo estudo do economista turco-americano Dani Rodrik, de Harvard, um dos maiores especialistas do mundo em desenvolvimento.
A primeira resposta seria dizer que sim, os dois fenômenos estão relacionados, já que ambos aconteceram em meio a uma intensificação da globalização.
A relação é clara com a China, um mercado gigantesco que se desenvolveu baseado em exportações, mas nem tanto com outros países. De qualquer forma, Rodrik nota que a pior parte desse choque já passou.
Primeiro porque a própria China já depende menos desse modelo e hoje está mais interessada em estimular o próprio consumo e focar em setores mais sofisticados.
E segundo porque dificilmente outros países conseguirão se industrializar com base em trabalho barato. As novas tecnologias permitem produzir mais usando menos trabalhadores e até os de renda média, como o Brasil, estão se desindustrializando rapidamente.
Mas o foco de Rodrik é nos impactos sociais do comércio. Ao contrário da maior parte dos economistas, ele não é partidário da ideia de que se abrir é sempre bom.
Ele aponta que o comércio não é o grande vilão mas causa perdedores claros, e que a resposta não é elevar tarifas.
Populistas como Trump querem “resolver um problema cirúrgico com um martelo”, diz Rodrik em artigo publicado na semana passada pela revista Foreign Policy.
O que ele defende é uma visão própria de “comércio justo”. Hoje, quando uma empresa americana transfere sua produção para Bangladesh, ela corta custos mas se beneficia de ambientes de trabalho mais perigosos e mais exploradores.
Isso eventualmente enfraquecerá os padrões dos Estados Unidos – o que ele chama de “dumping social”.
Se os economistas realmente estivessem preocupados com ganhos de eficiência, deveriam focar em promover a mobilidade da força de trabalho, não de bens e capital, diz ele.
A produtividade de um trabalhador no Paquistão, por exemplo, é muito mais baixa do que a de um trabalhador americano.
Parte disso é por causa de fatores individuais, como educação, mas a maior parte pode ser colocada na conta do ambiente – infraestrutura, instituições políticas e sociais e outros.
Ou seja, o ganho de eficiência é brutal só de mudar o trabalhador de um lugar para o outro. Para evitar que os países pobres tenham toda sua força de trabalho drenada, sua volta seria garantida através de vistos temporários ou retenção de uma parte da renda até o retorno.
“O fosse de renda entre os ricos e os pobres globais e os ganhos potenciais na margem são tão grandes que você pode ter um viés nativista nas suas preferências e ainda assim ser a favor de relaxar as barreiras para a mobilidade global do trabalho”, resume.
O difícil é convencer o público dos benefícios da imigração, que desperta questões de identidade nacional, medo e preconceito exploradas prontamente pelos políticos.
Exame.com

Boeing cria traje espacial estiloso e cheio de novas funções

 Roupa Espacial da Boeing
 
A Boeing criou um traje espacial que deve deixar os astronautas mais confortáveis enquanto flutuam no espaço. O uniforme é mais leve e promete maior mobilidade para os astronautas. Com nove quilos, ele tem 4,5 quilos a menos do que a roupa alaranjada usada pelos tripulantes da Estação Espacial Internacional. Aliás, falando em cor, a Boeing também inovou nesse quesito e “pintou” o traje de azul.
A nova roupa foi apresentada nesta semana pela empresa durante uma transmissão ao vivo no Facebook. Ele deverá ser usado em 2018, quando a Boeing enviar quatro astronautas a bordo de sua sonda espacial Starliner para a Estação Espacial.
Além de ser mais leve, o traje espacial tem funções que facilitam os movimentos dos astronautas. As luvas, por exemplo, são mais fáceis de retirar e são compatíveis com telas sensíveis ao toque. Isso deve ajudar os tripulantes a usarem os tablets que foram instalados na Starliner. Já as botas são dobráveis e foram desenhadas pela Reebok.
O capacete também tem design mais moderno. Ele é pequeno e possui abas e zíperes que simplificam a conexão com o resto do uniforme. Assim, não é mais preciso anexar o capacete ao círculo de metal que existe nos trajes antigos. A viseira do capacete do Boeing é feita de policarbonato e proporciona uma visão periférica maior.
 
Roupa Espacial da Boeing
 
O traje da Boeing não é apenas mais confortável e mais bonito, ele também é capaz de proteger os astronautas do fogo e das mudanças súbitas de pressão do espaço. Segundo a empresa, a pressurização é feita rapidamente para garantir que a tripulação fiquei segura até que uma situação perigosa esteja sob controle.
Para desenvolver a roupa espacial, a Boeing pediu a ajuda da David Clark. A empresa aeroespacial é conhecida por ter criado os ternos pressurizados para pilotos de guerra e astronautas das missões Gemini, Apollo e Shuttle. O uniforme foi fabricado para ser usado apenas dentro da nave, não em caminhadas espaciais.
Os passageiros não irão usar os trajes por muito tempo, já que a viagem para o espaço será curta. A sonda Starliner foi projetada para ser lançada em cima de um foguete Atlas V e deve demorar entre seis e 24 horas para chegar à Estação Espacial Internacional.
O primeiro voo da Starliner está marcado para agosto de 2018. Ele faz parte de um projeto da Nasa que financia viagens espaciais privadas. Em maio, no entanto, a SpaceX de Elon Musk pretende enviar sua nave, a Dragon, para a Estação. Portanto, em breve, novos trajes espaciais devem ser apresentados para competir com a roupa azulada da Boeing.
 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Mediterrâneo acumula 62 milhões de pedaços grandes de lixo

 Mapa do mar Mediterrâneo
 
O Mar Mediterrâneo tem 62 milhões de pedaços grandes de lixo, o que representa uma grande ameaça para o ecossistema e para o ser humano, adverte a ONG Ecologistas en Acción em um relatório divulgado nesta sexta-feira na Espanha.
O estudo sobre lixo marinho, plásticos e microplásticos resumiu o conhecimento apresentado no tema por 300 publicações científicas internacionais. Entre as conclusões, destaca-se a informação de que anualmente de 6,4 a 8 milhões de toneladas de lixo marinho entram no oceano, sendo 80% plástico, que gera elementos mais leves, como microplásticos capazes de viajar longas distâncias.
Os ecologistas advertem também que mais de 690 espécies da fauna e flora interagiram com lixo plástico, e que partes deles já estão na cadeia alimentar humana.
Segundo o relatório, 80% do lixo marinho vem da terra, de zonas com grande densidade populacional, presença de indústrias e lixões. No início, os grandes blocos de resíduos eram vistos principalmente no litoral, mas nos últimos anos foram achadas grandes ilhas de lixo flutuante em mar aberto e no fundo dos oceanos.
A organização alerta da elevada presença de microplásticos (partículas de menos de 5 milímetros), muitos com origem na indústria cosmética, que impregnam os sistemas de saneamento e desembocam em mares e oceanos. Muitos deles têm origem também na fragmentação de tecidos O problema da poluição é, ao lado da mudança climática, uma das maiores "ameaças globais deste século" para os oceanos, segundo a ONG.
De acordo com o grupo, em alguns casos os animais marinhos "não sofrem morte direta por ficarem emaranhados em redes plásticas, mas ficam gravemente afetados pelos ferimentos ou os impedimentos gerados pelo aprisionamento".
Além disso, casos de ingestão de macroplásticos em um grande número de animais, "incluindo espécies peixes de valor comercial, como arenque, cavala, atum do Mediterrâneo e bacalhau do Atlântico", que confundem lixo com alimento, podem causar a morte direta, através da obstrução do estômago ou afetar os organismos por muito tempo.
 
 

 
 
 

Como é o incrível papel à prova d'água e fogo inventado por chineses

Mais de dois milênios depois de terem inventado o papel, os chineses dizem agora ter aperfeiçoado sua criação, tornando-a resistente à água e ao fogo.
 
Segundo um texto publicado na revista científica Journal of the American Chemical Society, pesquisadores do Instituto de Cerâmica de Xangai desenvolveram um papel que pode ser lavado sem ter o texto escrito nele danificado e suportar um calor de mais de 200°C.
Zhu Yingjie, um dos responsáveis pelo projeto, disse que embora já existam papéis que possam resistir a esses elementos, nenhum deles agrupa as duas características.
De acordo com os inventores, a nova função é capaz de repelir não apenas a água, mas também outros líquidos como café, suco ou chá.

Material

Para que esse papel possa resistir tanto ao fogo quanto à água, os pesquisadores adicionaram hidroxiapatita - formada por fosfato de cálcio - à mistura que o produz.
Esse elemento, que pode ser encontrado tanto no esmalte dos dentes dos animais quanto nos ossos, é essencial para a resistência do produto.
 
 
Graças à mistura entre papel e hidroxiapatite, a estrutura do material muda e dá a ele propriedades que permitem repelir os elementos naturais.

Aplicações

Esse tipo de papel pode, por exemplo, ajudar a preservar documentos importantes durante tragédias naturais.
"O papel também será útil para preservar documentos importantes por séculos, porque nós não precisaremos nos preocupar se ele será destruído pelo fogo ou água", disse Zhu Yingjie.
O pesquisador disse que a criação será benéfica para muitos setores.
"Acreditamos que haverá diversos tipos de usos, desde a sua utilização para a caligrafia até a aplicação em outdoors."
A equipe começou o trabalho em 2008 e agora está registrando uma patente.
A previsão é que o produto consiga entrar no mercado nos próximos de três anos.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Relógio que prevê o fim do mundo acaba de ser adiantado

Relógio que prevê o fim do mundo acaba de ser adiantado
 
Estamos a 2 minutos e meio do Apocalipse. É o que estima o comitê do Boletim de Cientistas Atômicos, responsável por ajustar, anualmente, o Relógio do Juízo Final. Mas atenção: estes 2 minutos e meio não são literais e sim um símbolo de quão próximos estamos de uma catástrofe mundial.
O Relógio surgiu há 70 anos, em 1947, criado por cientistas que participaram do Projeto Manhattam, aquele mesmo, da bomba atômica. Em um mundo ameaçado por uma guerra nuclear, eles criaram um índice: meia noite representava o Fim do Mundo, o Conflito Final. Em 1947, estávamos a 7 minutos da meia noite.
Esse número é atualizado todo ano, de acordo com os esforços mundiais para tornar o mundo um lugar mais ou menos seguro. Em 1953, com URSS e EUA testando bombas de hidrogênio por todos os lados, chegamos ao mais próximo do Fim: 23h58.
De lá para cá, as coisas pareciam melhorar. 1991 foi o ano mais distante da meia noite, e o Relógio marcou 23h43. Mas, desde 2015, voltou ao clima da Guerra Fria, marcando 3 minutos para meia noite. Em 2017, o perigo aumentou: o relógio foi adiantado em 30 segundo. É a primeira vez na história que ele não é alterado em um minuto completo. A 2 minutos e meio da meia noite, estamos no momento global mais tenso desde 1953.
Não existe nada de místico neste relógio: o horário que ele marca é completamente arbitrário. Porém, é decidido por um grupo de mente geniais – 15 dos membros do comitê venceram o Nobel. O grupo analisa a conjuntura mundial e decide o quão vulneráveis estamos a uma catástrofe planetária. Este ano, eles consideraram que o mundo está mais ameaçado que nos últimos anos – por conta de um combo de inação, desinformação e má gestão.
Ameaça nuclear
Hoje em dia, a análise do Boletim não se limita aos armamentos nucleares, mas eles seguem sendo uma ameaça importante à segurança no globo. Em 2017, os cientistas atômicos denunciaram a falta de incentivos à restrição dessas armas e acusaram os Estados Unidos e a Rússia de estimularem uma nova corrida armamentista, por seguirem modernizando sem parar os seus arsenais. A Coreia do Norte também entra como um fator preocupante, tendo completado seu quinto teste nuclear recentemente.
Aquecimento global
Entre ameaças à sociedade global, as mudanças climáticas estão no mesmo patamar da Bomba Atômica para os cientistas do Relógio. E eles são incisivos ao afirmar que as lideranças mundiais não estão fazendo o suficiente para combatê-lo.
Caixa de Pandora da Ciência
Para além dos riscos presentes, a inteligência artificial e a “independência” das máquinas foram tidas pelo grupo de cientistas como potenciais perigos para o futuro da humanidade, caso não haja um esforço mundial para delimitar o quanto essas tecnologias poderão se desenvolver sem a interferência humana. O alerta do time se refere especialmente ao lado “moral” da inteligência artificial, e pede uma reflexão profunda sobre a permissão de dar às máquinas autoridade sobre a vida humana.
Desinformação
Na mesma linha da Universidade de Oxford, que escolheu “pós-verdade” como palavra do ano em 2016, o Comitê do Relógio colocou a desinformação e a repercussão de notícias falsas como potencializadoras de desastres em grande escala. O exemplo citado é revelador: no ano passado, uma notícia falsa atribuiu a um ministro israelense uma ameaça ao Paquistão. O ministro paquistanês acreditou – e lembrou o mundo de que eles também têm armas nucleares. Para deixar clara a tensão de um mundo de pós-verdades, vale acrescentar que a resposta inflamatória do Paquistão não foi feita em pronunciamento oficial, e sim pelo Twitter. E, falando nisso…
Donald Trump
O Boletim dos Cientistas Atômicos não é nada discreto ao declarar que a eleição de Donald Trump tornou o mundo um lugar menos seguro. Trump é ligado a todos os problemas citados anteriormente – sua negação pública do aquecimento global é descrita como um enorme empecilho na luta contra a mudança climática. Sua declarações impulsivas sobre armamentos nucleares, seja ameaçando outros países, seja declarando a necessidade de aumentar o arsenal americano, tornam ainda mais urgente a necessidade de limitar o uso desse tipo de poderio militar. E, por fim, sua política feita via Twitter e apoio à rumores é exemplo claro da Era da Pós-Verdade.
O Comitê fala, com todas as letras, que só mudou o relógio 30 segundos porque Trump acaba de assumir o cargo e ainda não terminou de anunciar sua equipe. O que fica implícito é que eles acham que podemos estar ainda mais perto da meia noite do que o próprio Relógio do Juízo Final já mostra.
Revolução?
O tom de urgência do Anúncio do Relógio de 2017 é proposital: a ideia é chamar lideranças mundiais e cidadãos à ação imediata. O relatório pede medidas rápidas para a limitação dos arsenais nucleares, intervenções (pacíficas) contra a Coreia do Norte e ajuda financeira aos países subdesenvolvidos para a diminuição da emissão de carbono e o investimento em energia limpa. Exige ainda uma retratação imediata de Donald Trump quanto ao aquecimento global e a retomada dos esforços americanos quanto ao Acordo de Paris.
Mas o ritmo inflamatório do texto chega ao ápice no final: “O relógio está correndo, o perigo global se aproxima. Líderes sábios do poder público precisam agir já, guiando a humanidade para longe do abismo. Se não fizerem isso, os cidadãos sábios devem tomar a frente e mostrar o caminho”. Seria liberdade poética ou o Boletim de Cientistas Atômicos está chamando para uma revolução anarquista?
 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

CIA libera 13 milhões de documentos secretos que incluem relatos sobre óvnis e experiências científicas

A CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, liberou para o acesso público cerca de 13 milhões de documentos secretos.
 
Símbolo da CIA
 
Os documentos foram liberados na internet nesta quarta-feira depois de muita pressão de defensores das leis de liberdade de informação e de um processo contra a agência.
Entre os documentos estão comunicados internos, pesquisas, relatos de avistamentos de óvnis e até mesmo experiências psíquicas.
Trata-se de quase 800 mil arquivos, que totalizam 13 milhões de páginas - eles podem ser acessados aqui.
Entre os documentos estão registros de Henry Kissinger, secretário de Estado americano durante os mandatos dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford, além de centenas de milhares de páginas de análises de informações secretas e pesquisas científicas.

Stargate

Entre os registros considerados mais "exóticos" estão os documentos do chamado programa Stargate, que analisava poderes psíquicos e percepções extrassensoriais.
Nesses documentos estão incluídos os testes feitos para analisar as habilidades psíquicas de Uri Geller em 1973, quando ele já era famoso por apresentações demonstrando seus "poderes".

Os testes psíquicos de Uri Geller

Os memorandos detalham como Geller conseguiu reproduzir em parte figuras que foram desenhadas por outras pessoas em uma sala separada de onde ele estava.
Ele reproduziu os desenhos com graus variáveis de precisão - em algumas vezes, replicando o que estava sendo criado por outras pessoas.
Isso levou os pesquisadores a escrever que Geller "demonstrou sua habilidade perceptiva paranormal de uma forma convincente e sem ambiguidade".
Os documentos também incluem uma série de relatos de avistamento de discos voadores e os recibos de compra de tinta invisível.

Acesso difícil

Boa parte das informações liberadas já podia ser acessada pelo público desde o meio da década de 1990, mas de uma forma muito difícil.
Os documentos só estavam disponíveis a partir de computadores localizados nos fundos de uma biblioteca nos Arquivos Nacionais, em Maryland. E a consulta só podia entre as 9h e as 16h30.

Representação de discos voadores

O grupo sem fins lucrativos MuckRock, defensor da liberdade de informação, processou a CIA para obrigar o serviço secreto a disponibilizar a coleção de documentos online, um procedimento que demorou mais de dois anos.
Ao mesmo tempo, o jornalista Mike Best usou outra estratégia para pressionar a agência.
Por meio de crowdfunding ("vaquinha virtual"), Best conseguiu US$ 15 mil (mais de R$ 48 mil) para visitar o local, imprimir esses arquivos e então divulgá-los para o público, um por um.
Em sua página de crowdfunding, Best explica que o orçamento para o projeto foi relativamente pequeno porque a "CIA está reembolsando os Arquivos Nacionais pelo custo do papel e da tinta - a impressão dos documentos é de graça".
"Ao escanear e imprimir os arquivos às custas da CIA, consegui começar a torná-los disponíveis para o público e dar à agência um incentivo financeiro para simplesmente colocar o banco de dados online", escreveu o jornalista em um blog.
BBC Brasil

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Captura de carbono não deve ser o único critério para preservar florestas

Resultado de imagem para fotos de florestas
 
As florestas mais ricas em biodiversidade - variedade de espécies e habitats - nem sempre são as que mais retêm carbono, mas sua conservação é fundamental para o equilíbrio e para a sobrevivência do planeta foi o que revelou uma pesquisa publicada nesta terça-feira na revista "Scientific Reports".
O estudo foi dirigido pelo cientista Martin Sullivan, da Universidade de Leeds, e desenvolvido por especialistas de 22 países que estudaram a biodiversidade e a capacidade de armazenamento de carbono em 360 pontos de florestas temperadas da África, Ásia e a Amazônia, analisando um total de 200 mil árvores.
Seus resultados mostraram como as florestas tropicais africanas, que se estendem de leste a oeste pela faixa central do continente, são as que
As florestas mais ricas em biodiversidade - variedade de espécies e habitats - nem sempre são as que mais retêm carbono, mas sua conservação é fundamental para o equilíbrio e para a sobrevivência do planeta foi o que revelou uma pesquisa publicada nesta terça-feira na revista "Scientific Reports".
O estudo foi dirigido pelo cientista Martin Sullivan, da Universidade de Leeds, e desenvolvido por especialistas de 22 países que estudaram a biodiversidade e a capacidade de armazenamento de carbono em 360 pontos de florestas temperadas da África, Ásia e a Amazônia, analisando um total de 200 mil árvores.
Seus resultados mostraram como as florestas tropicais africanas, que se estendem de leste a oeste pela faixa central do continente, são as que espécies do que as de outras partes do planeta. Ao contrário, as florestas da região amazônica e da Ásia, principalmente em Bornéu, contam com mais biodiversidade, mas armazenam menos carbono por hectare.
Até agora, as políticas de luta contra a mudança climática foram centradas na conservação das florestas e na capacidade delas de reter o gás carbônico.
"Se basearmos a conservação apenas nesse tipo de política não necessariamente protegemos as florestas mais ricas em biodiversidade. É preciso preservar também outras, inclusive porque abrigam um maior número de variedade de espécies", explicou Sullivan.
O estudo lembrou, por exemplo, que as florestas tropicais mais primitivas do planeta cobrem metade do total de espécies do mundo e que conservá-los não é vital apenas para armazenar carbono e para que a temperatura do planeta não suba mais do que 2 graus com relação aos níveis pré-industriais, mas também para garantir a sobrevivência de milhões de espécies.
"Apesar de mais biodiversidade nem sempre significar mais armazenamento de  "Apesar de mais biodiversidade nem sempre significar mais armazenamento de carbono, conservar as florestas mais ricas em espécies é fundamental para o equilíbrio do planeta", destacaram os pesquisadores.
O professor Simon Lewis, também da Universidade de Leeds e outro autor do estudo, ressaltou, por sua vez, que é preciso lembrar que as florestas não são somente depósitos de carbono.
"Lá também é o lar de comunidades e de todo tipo de espécies de plantas e animais, por isso é preciso protegê-los com uma visão integral que vá além da captura de carbono", disse.
 

O que dois chineses faziam na Londres romana?


Nas cidades da Roma antiga conviviam culturas e povos. Em suas ruas, era possível escutar dezenas de idiomas que se misturavam com aromas de comidas de todo o mundo. Nos tempos do politeísmo, os diferentes deuses se confundiam e se multiplicavam. As viagens eram frequentes e, muitas vezes, longas. No entanto, uma recente descoberta pode ampliar ainda mais essas fronteiras. Uma equipe do Museu de Londres investigou as origens de 22 indivíduos que foram enterrados em um antigo cemitério situado ao sul da cidade, utilizado entre os séculos II e IV de nossa era, e tiveram uma enorme surpresa: dois deles com quase toda a certeza provinham da Ásia – provavelmente da China. O que faziam dois chineses vivendo e morrendo na Londres romana? É um mistério que, por enquanto, a arqueologia não pode responder. Apenas notar que estiveram ali.
“Estudamos a morfologia dos esqueletos”, explica, por e-mail, a arqueóloga Rebecca Redfern, conservadora do Museu de Londres e responsável pela pesquisa no cemitério de Lant Street. O estudo será publicado no Journal of Archaeological Science. “Utilizamos técnicas macromofoscópicas [uma análise forense que permite determinar os ancestrais analisando a forma do rosto e outros aspectos morfológicos] e os comparamos com populações atuais. Nossos resultados nos mostram que eles têm ancestrais asiáticos, e que essas duas pessoas não passaram sua infância na Inglaterra. Quando recebermos os resultados genéticos, saberemos com certeza se eles são asiáticos. Mas, segundo as informações que obtivemos até agora, esses indivíduos estão mais próximos de populações japonesas ou chinesas que de qualquer outro lugar”.
Esta não é a primeira vez que surgem asiáticos no antigo Império Romano. Em 2010, foi realizada uma descoberta muito semelhante em Vagnari, no sul da Itália, confirmada por testes de DNA. Mas até agora, esses indivíduos nunca tinham sido encontrados na Grã-Bretanha, que na época ficava na fronteira ocidental de Roma. Havia, sem dúvidas, relações entre a Ásia e Roma, já que as duas potências comercializavam bens e sabiam da existência uma da outra. Mas as evidências arqueológicas são mínimas e, muitas vezes, contestadas. Aliás, alguns especialistas, como a bioarqueóloga Kristina Killgrove, da Universidade de West Florida, pediram cautela até que os resultados genéticos definitivos sejam conhecidos. Apesar disso, em um artigo publicado na revista Forbes, ela afirma “não ter dúvidas de que pessoas de ascendência asiática viveram em diferentes áreas do Império”.
“Realizamos vários estudos de esqueletos da era romana encontrados em Londres para determinar sua origem, e eles revelaram que os residentes de Londinium tinham ancestrais que vinham de uma grande variedade de regiões de todo o Império, e que incluem o Mediterrâneo, o norte da África e agora a Ásia”, afirma Redfern para explicar que se trata de uma descoberta rara, mas não necessariamente extraordinária em uma civilização que era realmente global.
As evidências mais sólidas das relações entre o Império Romano e a China – à época nas mãos da dinastia Han – vêm da Ásia. A principal prova é um relato chinês do ano 166 d.C. que descreve a chegada de um embaixador de Marco Aurélio, imperador de 161 a 180 d.C.. Já a lenda da legião perdida nunca conseguiu ser corroborada com a arqueologia: essa teoria, defendida nos anos cinquenta pelo sinólogo de Oxford Homer Dubs, entre outros, e sobre a qual Santiago Posteguillo escreveu em um romance que leva exatamente esse título, é tão apaixonante como etérea. Segundo a lenda, uma das legiões comandadas por Crasso contra os partas, derrotada na batalha de Carras (53 a.C., ainda na República), acabou nas estepes asiáticas. Há dez anos foi apresentada uma pesquisa do DNA da população chinesa de Liqian, uma localidade situada à margem do deserto de Gobi, cujos habitantes possuem 56% de genes caucasianos e apresentam traços estranhamente ocidentais. Seriam os descendentes daqueles legionários? Há ainda os habitantes de um vale do Paquistão que dizem ser originários dos soldados de Alexandre, o Grande (de cuja presença realmente surgiram provas sólidas, como a cidade de Aï Khanun, no Afeganistão).
Os romanos chamavam os chineses de Seres, o povo da seda, porque o produto estava na base de seu comércio – imensamente cobiçada e valiosa no Império, o segredo de sua produção só chegou ao Ocidente no século VI, através do Império Bizantino. Talvez aqueles chineses de Londres eram comerciantes, talvez embaixadores, talvez escravos, talvez nem fossem chineses. De qualquer forma, a descoberta do cemitério de Lant Street aumenta ainda mais o mistério.
El País.com

O estranho objeto em forma de esponja dez vezes mais forte que o aço

Um estranho objeto em forma de esponja lembra um coral do fundo do mar, mas é um dos mais resistentes já construídos.
 
Ainda sem nome, o material foi desenvolvido por uma equipe de pesquisadores do Instituto Tecnológico de Massachussets (MIT, na sigla em inglês) é dez vezes mais forte que o aço, mas tem apenas 5% de sua densidade.
Para criá-lo, os cientistas comprimiram flocos de grafeno - uma forma bidimensional de atómos de carbono - para criar uma estrutura tridimensional.
Descoberto em 2002 por Andre Geim, físico holandês nascido na Rússia e professor de física da Universidade de Manchester, na Inglaterra, o grafeno é considerado o material mais forte, fino e flexível do mundo.
O grafeno é mais duro, por exemplo, do que o diamante, supera o cobre em condutividade elétrica e possui maior flexibilidade do que a borracha.
Mas seu uso como material de construção tem se provado complicado, por causa de sua estrutura bidimensional.
"Mas conseguimos tornar realidade a vontade de transformar esses materiais de duas dimensões em estruturas tridimensionais", diz Markus Buehler, diretor do departamento de engenharia civil e ambiental do MIT e coautor do estudo, publicado na revista científica Science Advances.
 
Testes de compressão com grafeno impresso em 3D

Experimento

Para colocar as propriedades do novo material à prova, os pesquisadores usaram modelagem no computador. Eles imprimiram amostras e as submeteram a vários testes de compressão para analisar quanto tempo demorava para a estrutura se desfazer.
A forte resistência do elemento "tem muito mais a ver com sua configuração geométrica do que com o material em si", dizem seus criadores.
Segundo eles, no futuro, novos materiais mais resistentes poderiam ser desenvolvidos.
"É possível substituir esse material por qualquer coisa. A geometria é o fator dominante. Trata-se de um elemento que tem o potencial de ser modelado", disse Buehler.
 
Cientistas do MIT (EUA)

Uso em grande escala

Os pesquisadores dizem que o novo material poderia ser usado na aviação, fabricação de automóveis, construção e outras "aplicações em grande escala".
Além disso, também pode ser usado em sistemas de filtragem - de água ou de processos químicos - e armazenamento de energia.

Grafeno

"Esse é um trabalho inspirador sobre a mecânica da montagem de grafeno em três dimensões", disse Huajian Gao, professor de engenharia da Brown University, nos Estados Unidos.
Gao explicou que esses experimentos "fornecem um novo e poderoso foco de pesquisa" e indicam "uma direção promissora no uso da força de materiais bidimensionais e no poder do design de novos materiais arquitetônicos".

O pingente idêntico ao de Anne Franck descoberto em antigo campo de extermínio nazista

Pesquisadores descobriram um pingente praticamente idêntico ao usado por Anne Frank em meio a escavações no campo de extermínio nazista de Sobibor, na Polônia.
 
Anne Frank foi uma adolescente de origem judia morta pelos nazistas durante o Holocausto - como ficou conhecido o genocídio de judeus durante a 2ª Guerra Mundial. Sua figura tornou-se icônica após a publicação de seu diário, revelando os horrores pelos quais passou no período.
Especialistas da equipe do Memorial do Holocausto Yad Vashem, de Israel, acreditam que o pingente pertencia a Karoline Cohn, que pode ter conhecido Anne Frank.
Como Anne, Karoline nasceu em Frankfurt em 1929. A equipe do Yad Vashem a rastreou por meio de uma data de nascimento gravada no pingente.
Historiadores afirmam ter encontrado provas de apenas dois pingentes desse tipo O pequeno pingente triangular tem em uma das faces a expressão "Mazal Tov" (boa sorte) escrita em hebraico, junto da data de nascimento de Karoline e o nome de sua cidade natal, Frankfurt.
Na outra face, está gravada a letra hebraica "Hay", frequentemente usada para representar o nome de Deus, cercada de três estrelas de David, o símbolo associado ao judaísmo.
Pesquisadores estão agora tentando descobrir por meio de algum parente vivo se as adolescentes teriam se conhecido.
O Yad Vashem está trabalhando junto à Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA, na sigla em inglês) para escavar partes do campo nazista de Sobibor.
O pingente foi encontrado no que se acredita ser o lugar onde as vítimas se despiam e tinham as cabeças raspadas antes de serem enviadas às câmeras de gás.
O Yad Vashem disse que os itens recuperados, que também incluem um cordão da estrela de David e um relógio feminino, provavelmente caíram através das tábuas e permaneceram enterrados desde então.
Karoline nasceu em Frankfurt em 3 de julho de 1929. Ela foi deportada da cidade em 11 de novembro de 1941 para o gueto de Minsk, em Belarus.
O gueto foi fechado em setembro de 1943 e a adolescente teria feito parte dos 2 mil moradores enviados a Sobibor, na Polônia, onde o pingente permaneceu enterrado por mais de 70 anos.
Registros mostram que Anne Frank possuía um pingente praticamente idêntico ─ a única diferença seria a data de nascimento gravada em uma das faces.
Pingente

Yoram Haimi, arqueólogo da IAA responsável pela escavação em Sobibor, disse: "Esse pingente demonstra mais uma vez a importância da pesquisa arqueológica em antigos campos de extermínio nazistas".
"A história emocionante de Karoline Cohn é simbólica do destino dos judeus assassinados em campos de extermínio. É importante contar essa história, para que nunca nos esqueçamos dela", acrescentou ele.
Mais de 250 mil judeus teriam sido mortos em Sobibor, no leste da Polônia, região controlada pelos nazistas.
Mas, diferentemente de locais que também funcionavam como campos de trabalho forçados, Sobibor era um dos campos nazistas construídos unicamente para exterminar judeus.
Pingente
Os nazistas destruíram o campo depois de um levante em 1943. Ali eles plantaram árvores para tentar descaracterizar o local e encobrir seus crimes.
Desde então, arqueólogos já descobriram as fundações de câmaras de gás e uma plataforma de trem.
Anne Frank morreu no campo de Bergen-Belsen, no norte da Alemanha, em 1945.

Primeiro museu de arte submarino da Europa é de tirar o fôlego

Slide 1 de 9: Museu Atlântico de Lanzarote
 
Nesta semana, a Europa inaugurou o seu primeiro museu de esculturas submarino e o primeiro do Oceano Atlântico.
O Museu Atlântico de Lanzarote apresenta o trabalho do escultor britânico Jason deCaires Taylor que, por meio de suas obras, busca promover maior cuidado com os oceanose compreensão das ecologias marinhas.
Localizado ao largo da costa de Lanzarote, na Espanha, o projeto levou dois anos para ser concluído. Ele consiste em 12 instalações de arte e mais de 300 figuras humanas em tamanho natural.
Embora o museu tenha aberto oficialmente há poucos dias, as fotos sobre o projeto extraordinário já fazem sucesso pelas redes sociais há cerca de um ano. A primeira fase deste museu foi implementada por Taylor em fevereiro de 2016.
O Museu Atlântico foi concebido como um lugar para promover a educação, preservar e proteger o ambiente marinho e natural como parte integrante do sistema de valores humanos.
A intenção é que a instalação se torne um grande recife artificial no futuro, ajudando a conservar o habitat das ilhas Canárias. Desde suas primeiras instalações, a área tem visto um aumento significativo na vida marinha, incluindo tubarões anjo, sardinhas, polvo e esponjas marinhas.
As novas instalações recentemente concluídas incluem uma imensa parede, uma escultura de um jardim botânico que representa a flora e fauna locais e um conjunto de 200 figuras humanas.
Espalhados em uma área de 2.500 metros quadrados, o museu é acessível para mergulhadores. Os visitantes que não desejam entrar na água podem observar as instalações através de embarcações especiais com fundo de vidro.
Em seu site, o artista britânico explica que o pouco contato da maioria das pessoas com os oceanos faz com que as preocupações sobre eles caiam no esquecimento. Ao longo das últimas décadas, perdemos mais de 40% dos nossos recifes de corais naturais.
Segundo ele, a “exposição de um público mais vasto às ecologias marinhas combinada com a função educativa das galerias encoraja o pensamento prolongado sobre a condição do meio ambiente e o papel que os seres humanos podem desempenhar para assegurar sua saúde ou mesmo sua destruição.”
 
Slide 2 de 9: Museu Atlântico de Lanzarote J
 
Slide 3 de 9: Museu Atlântico de Lanzarote, feito por Jason deCaires Taylor
 
Slide 4 de 9: Museu Atlântico de Lanzarote , de Jason deCaires Taylor
 
 
 
Slide 6 de 9: Museu Atlântico de Lanzarote , de Jason deCaires Taylor
 
Slide 9 de 9: Museu Atlântico de Lanzarote , de Jason deCaires Taylor
 
Slide 8 de 9: Museu Atlântico de Lanzarote , de Jason deCaires Taylor
 
Slide 7 de 9: Museu Atlântico de Lanzarote , de Jason deCaires Taylor

Cientistas japoneses detectam anomalia atmosférica

Utilizando a espaçonave Akatsuki, cientistas japoneses detectaram uma grande anomalia, em forma de arco, na atmosfera superior de Vênus. Estranhamente, a estrutura de 9,97 quilômetros de comprimento não se mexe, apesar dos ventos de 362 quilômetros por hora que a cercam.
Pesquisadores da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial acreditam que o fenômeno é a maior “onda de gravidade” estacionária já registrada no sistema solar. Emanando das montanhas abaixo, o fenômeno climático é forte o bastante para suportar ventos ferozes de fundo, fazendo com que uma estrutura enorme em formato de arco fique pendurada na atmosfera superior do planeta como uma gigante cicatriz.

Vênus, esse inferno de planeta coberto de nuvens, está repleto de comportamentos atmosféricos excepcionalmente estranhos. Os ventos em sua atmosfera superior uivam a 359 quilômetros por hora, velocidade consideravelmente maior do que o planeta que a rotação do planeta (um dia em Vênus dura mais do que um ano inteiro por lá). Nuvens grossas de ácido sulfúrico se movem a oeste, pelo fato de toda a atmosfera superior estar girando significativamente mais rápido do que o próprio planeta.
 
A estrutura foi observada ao longo de vários dias, de 8 a 11 de dezembro de 2015. Apesar dos fortes ventos, a anomalia permaneceu estacionária.

 
No fim de 2015, o orbitador da JAXA Akatsuki — espaçonave criada para investigar as dinâmicas atmosféricas e a física das nuvens de Vênus — fez observações estranhas ao longo de vários dias. Como foi descrito em estudo recente publicado no periódico Nature, a sonda detectou uma estrutura estacionária, em formato de arco, na atmosfera superior do planeta. Um time de pesquisadores liderado pelo astrônomo Makoto Taguchi, da Universidade de Rikkyo, avistou a anomalia ao analisar imagens tiradas pela Akatsuki no infravermelho médio e no espectro ultravioleta-visível.
Estacionada 64,3 quilômetros acima da superfície chamuscada, a brilhante e incomumente quente região se estendia por 10.000 quilômetros no topo das nuvens de Vênus (quase o mesmo diâmetro de todo o planeta). A estrutura não se mexia, apesar dos ventos atmosféricos em volta, permanecendo inerte acima da região montanhosa da superfície do planeta. Antes dessa observação, os cientistas constataram vários aspectos atmosféricos de pequena escala que se moviam mais rápido ou mais devagar que esses ventos.
Essa raia gigante e seu desprezo pelos ventos à sua volta pegaram os cientistas da JAXA completamente desprevenidos. Várias semanas após suas observações iniciais, o arco havia desaparecido, então não se trata de uma característica permanente. Os pesquisadores agora esperam ansiosamente por um possível retorno.
Onda de gravidade
Após descartar possibilidades como uma maré térmica (similares às do oceano, mas muito improváveis, considerando que Vênus não tem lua) ou um erro instrumental (a Akatsuki está em ótimo estado), os pesquisadores da Jaxa concluíram que a anomalia provavelmente é causada por uma onda de gravidade. Não confundir com as ondas gravitacionais.

Ondas de gravidade acontecem quando transmissores, como um fluído ou um gás, lutam por um estado de equilíbrio sobre a força da gravidade. Ou, como Taguchi explicou:  “é uma oscilação de densidade, pressão, velocidade ou temperatura que propaga em uma atmosfera, a partir do equilíbrio entre flutuabilidade e forças de gravidade como uma força restauradora”. Na Terra, as ondas de gravidade produzem ondas no oceano e fluxo de ar sobre as montanhas.

Cientistas já observaram ondas de gravidade pequenas e passageiras na atmosfera de Vênus anteriormente, um sinal de que cadeias de montanhas estão presentes abaixo, mas eles nunca viram algo como isso. Neste planeta queimado, as ondas de gravidade são geradas perto de áreas com superfície acidentada e montanhosa e então derivam para cima, subindo ao céu e crescendo mais e mais em amplitude até que se dissipam pouco abaixo das nuvens. Conforme as ondas se quebram na atmosfera superior, elas forçam a retornada contra a força tremenda dos ventos atmosféricos, abrandando-os.

Essa, pelo menos, é a teoria de como as ondas de gravidade normalmente funcionam. Mas essa nova anomalia sugere que também funcionem em escala quase planetária, afetando as nuvens de topo por milhares de quilômetros.

“Dados o formato e a velocidade (dos ventos) em relação à super-rotação, a única interpretação razoável para o formato em arco do estacionário é que tenha sido induzido por um pacote de ondas de gravidade atmosféricas”, escreveram os pesquisadores. “O estudo presente mostra evidência direta da existência de ondas de gravidade estacionárias, além de apontar que tais ondas podem ter uma escala muito grande — talvez a maior já observada no sistema solar.”

Usando modelos de computador, os pesquisadores verificaram que as grandes ondas de gravidade estacionárias são, de fato, possíveis. “Nossas simulações de propagação de ondas de gravidade mostraram um padrão semelhante de distribuição de temperatura nas altitudes das nuvens de tempo como a observada”, contou Taguchi.
Dito isso, a equipe de Taguchi não tem certeza absoluta de que as ondas de gravidade produzidas pelas cadeias de montanhas de Vênus sejam capazes de espalhar-se tão para o alto sem um pouco de ajuda. Os pesquisadores especulam que os ventos na atmosfera profunda podem ser mais variáveis em espaço e tempo do que se presumia anteriormente, aumentando a habilidade de propagação das ondas de gravidade até a porção superior da atmosfera de Vênus.

Olhando para o futuro, Taguchi gostaria de estudar as variações na atmosfera, para que possa comparar as condições de quando o arco está presente com as de quando está ausente. “Também precisamos coletar mais dados para estudos estatísticos”, disse. “As simulações em computador em andamento serão importantes para justificar a hipótese levantada a partir dos resultados observacionais.”

Vênus, como estamos descobrindo,  é um lugar surpreendentemente complicado — e incomum.