sábado, 10 de setembro de 2016

Sonda inicia viagem de sete anos para estudar asteróide 'perigoso'

A Agência Espacial Americana (Nasa) enviou ao espaço na madrugada desta sexta-feira uma missão que tentará obter amostras de um asteroide de 500m de comprimento, chamado Bennu. O corpo celeste faz parte de uma lista de 1730 asteroides que astrônomos acreditam ter a possibilidade de um dia se chocarem com a Terra.
Cientistas esperam que a sonda Osiris-Rex, que decolou da base de Cabo Canaveral, na Flórida, colete material suficiente para melhorar nosso conhecimento sobre objetos espaciais potencialmente perigosos no Sistema Solar. De acordo com cáculos da Nasa, há uma chance em 2,5 mil que Bennu se choque com a Terra no século 22, por volta do ano 2135.
Se bem-sucedida, a missão terá duração de sete anos e a Osíris-Rex cairá de paraquedas no deserto do Estado de Utah em 24 de setembro de 2023.

Osíris-Rex
 
Esta não é a primeira missão do tipo - em 2010, uma sonda japonesa trouxe de volta à Terra amostras de poeira do asteroide Itokawa. Mas a Nasa espera trazer uma quantidade consideravelmente maior de material - algumas centenas de gramas.
Para isso, a agência desenvolveu um sistema de coleta que, a bordo de um braço eletrônico, dará uma espécie de "high five" na superfície de Bennu.
Esse contato fará com que o mecanismo emita um "sopro" de gás para levantar fragmentos e armazená-los em uma câmara de contenção.
 
Osíris-Rex
 
Asteroides são "sobras" da formação do Sistema Solar, e cientistas acreditam que eles contenham pistas sobre os eventos que resultaram na formação do Sol e dos planetas. Observações telescópicas sugerem que Bennu é rico em compostos de carbono.
"Asteroides como Bennu têm materiais datando de mais de 4,5 bilhões de anos atrás. Estamos falando da época da própria formação de nosso Sistema Solar", explica Christina Richey, uma das principais cientistas da missão Osíris-Rex.
"E esses materiais podem conter moléculas orgânicas que seriam as precursoras da vida na Terra ou no Sistema Solar".
 
A sonda passará pelo menos dois anos e meio ao redor do asteroide. E uma de suas missões será medir com precisão o "efeito Yarkovsky", teoria que explica como um asteroide altera sua trajetória quando sua superfície é aquecida pelo Sol.
O asteroide é aquecido pela luz solar, aumenta a sua temperatura e emite radiação térmica em diferentes sentidos durante seu movimento de rotação.
"O asteroide tem que irradiar essa energia de volta para o espaço. Quando isso acontece, há uma mudança em sua trajetória", explica Dante Lauretta, pesquisador da missão.
"Se você quiser prever a órbita de um objeto como Bennu, essa informação precisa ser levada em conta".
O efeito é pequeno, mas ao longo de séculos pode fazer a diferença entre um asteroide de risco atingindo a Terra ou não.

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