sábado, 10 de setembro de 2016

A história secreta dos "óculos de raio X" - e por que podem se tornar realidade

raios-X
 
"Eu vi minha morte!", teria exclamado Anna Bertha Rontgen após ver a primeira fotografia de raio-X já feita - uma imagem dos ossos de sua mão. O marido de Anna, o medico alemão Wilhelm Rontgen, descobriu os raios-X em 1895.
 
A notícia de que alguém havia encontrado um jeito de ver através da pele e da carne humanas para observar o esqueleto por baixo, sem tocar a pessoa, foi uma sensação internacional.
Logo imagens de raio-X revelando ossos e até a sombra de órgãos internos estampavam jornais pelo mundo.
Não demorou para essa tecnologia se incorporar à cultura popular. Os raios-X eram vistos como algo sexy e como uma espécie de superpoder - uma ideia que se tornaria imortal nos quadrinhos do Super-Homem nos anos 1940.
 
raios-X
 
Mas as pessoas sempre esperaram que esse recurso pudesse um dia estar disponível para o público em geral. A tecnologia era imaginada como um tipo de óculos de raio-X que pudesse ver através das paredes. Presente na ficção científica, essa possibilidade pode agora estar próxima de virar realidade.
Nos meses e anos que se seguiram à descoberta de Rontgen, não faltaram ideias sobre o que as pessoas poderiam fazer com os raios-X. Para citar um exemplo, uma revista na cidade escocesa de Dundee informou em 1896 como o chefe local de polícia estava refletindo sobre adaptar a tecnologia de raio-X para "propósitos de investigação".
Um aparelho de raios-X portátil como um binóculo poderia ser usado, segundo a revista, para espionar locais onde traficantes de bebidas alcoolicas, proibidas à época, poderiam estar efetuando suas vendas.
"Havia muita ficção sobre raios-X naquela época", diz Keith Williams, professor de Língua Inglesa na Universidade de Dundee. "Um artigo sobre ondas elétricas acabava com o jornalista de ciência especulando sobre a possibilidade de ver por entre paredes até os espaços mais privados das pessoas."
Também havia demonstrações de raio-X mais espalhafatosas. Uma exposição prometia aos visitantes a habilidade de "ver através de uma placa de metal" ou "contar as moedas em sua bolsa".
Na verdade, contudo, experimentos iniciais com raios-X estavam limitados a aplicações médicas e científicas. Pesquisadores se divertiam produzindo imagens de esqueletos de animais ou aprimorando a técnica para criar imagens mais nítidas.
O próprio Rontgen já havia feito experimentos com um tubo de Crookes - instrumento científico que acelera elétrons em um feixe conhecido como raio catódico. Uma pequena porção da energia desse processo é liberada na forma de fótons, partículas elementares da luz.
No espectro eletromagnético, o comprimento das ondas de fótons define se elas são, por exemplo, ondas de rádio ou, no caso do experimento de Rontgen, raios-X. Uma tela fluorescente já tinha revelado que os raios de Rontgen estavam atravessando alguns materiais, como músculos, mas não outros - como ossos.
 
raios-X

Embora os efeitos nocivos da exposição frequente a raios-X tenham sido logo descobertos, a promessa de uma visão de raio-X nunca caiu em desuso.
Óculos de raio-X, um item comumente vendido com revistas e HQs, foram patenteados em 1906. Os óculos não usam raios-X, claro, mas criam uma espécie de visão dupla na qual a sobreposição de objetos sugere - de maneira pouco convincente - que tais itens tenham tido a estrutura interna revelada.
Mas em 1998 a promessa dos óculos de raio-X teve uma virada tecnológica inesperada. A Sony estva divulgando uma nova linha de câmeras com recursos de visão noturna - uma função batizada como "NightShot".
Alguns entusiastas disseram que, sob certas circunstâncias, era possível ver por entre as roupas das pessoas. Houve até um boato sobre um recall que a Sony teria feito para recolher alguns modelos diante da repercussão ruim - na verdade a empresa fez apenas algumas mudanças no design dos equipamentos.
Mas os equipamentos de visão noturna continuaram sendo usados em experimentos. Um YouTuber publicou uma suposta demonstração de como uma camera da Sony de 2002 poderia ser modificada com fita adesiva e um filtro infravermelho para alcançar o desejado "efeito raio-X".

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