sábado, 30 de julho de 2016

O crânio do Buda

Crédito: iStock/Hang Tat Choi
 
Nas ruínas do milenar Grande Templo Bao’en, em Nanquim, leste da China, uma equipe de incrédulos arqueólogos encontrou uma enorme caixa de pedra de quase dois metros de altura. Dentro, havia um baú de ferro, um pouco menor. À primeira vista, o tesouro pareceu ser o conteúdo do invólucro, um magnífico altar budista de orações, decorado com pedras preciosas e adornado com motivos religiosos, florais e animais (tanto místicos quanto reais). Este relicário, porém, era oco. Em seu interior, havia um cofre de ouro dentro de outro de prata, ambos enfeitados com desenhos de divindades e ideogramas. Escondido bem no fundo dessa boneca russa jazia o verdadeiro tesouro: um pedaço do crânio do Buda (o osso parietal, da parte de cima da cabeça). A saga é narrada no volume mais recente do periódico científico “Chinese Cultural Relics”, que traduziu a pesquisa, originalmente publicada em chinês. “Quando vi as inscrições dizendo que haviam relíquias budistas na cripta, me dei conta de que havia feito a maior descoberta da minha vida”, disse à ISTOÉ o chefe da escavação, Haining Qi. “É muito provável que o fragmento realmente tenha pertencido ao Buda.”
Sidarta Gautama, o Buda, viveu entre os séculos 4 e 5 a.C., quando o budismo nasceu. Tradicionalmente, acredita-se que depois de sua morte o corpo foi cremado. E que, cerca de 100 anos depois, o imperador indiano Ashoka – um dos maiores responsáveis pelo advento da religião – separou os restos mortais em várias partes e as distribuiu mundo afora. Uma dessas cotas seria o osso parietal agora encontrado. A maior evidência são as inscrições de um dos baús que encapsulavam o pedaço de crânio. Assinado pelo abade Deming, intitulado “Mestre da Iluminação Perfeita” e “Guardião do Manto Púrpura”, o documento detalha a trajetória do objeto até cerca de mil anos atrás, período em que foram feitas as estruturas dentro das quais a relíquia estava guardada. O texto também registra os nomes dos reis e nobres que patrocinaram os trabalhos. “Os escritos de Deming, sem dúvida, são fatos históricos”, afirma Qi. “Eles foram confirmados por escavações arqueológicas e pela literatura do período.”
TESOURO Fragmento do que pode ser a cabeça de Sidarta Gautama (à dir.) foi encontrado dentro de um baú de ouro (abaixo) junto com outras preciosidades
Monge budista e professor de história das religiões na Universidade de São Paulo (USP), Ricardo Mário Gonçalves considera difícil atestar, acima de qualquer suspeita, a veracidade do objeto. Mas pensa que o caráter histórico da descoberta é menor do que o simbólico. “Relíquias são ícones da doutrina do Buda, uma coisa muito mais importante do que a autenticidade.”
As escavações, conduzidas de 2007 a 2012, foram publicadas em chinês somente no ano passado. No meio tempo, o pedaço de crânio foi enterrado em um palácio construído especialmente para ele em Nanquim. Daqui para frente, os arqueólogos planejam publicar o relatório completo da escavação, que também encontrou preciosidades como frascos de cristal e restos mortais de vários outros santos budistas. A equipe, por enquanto, não vai fazer a datação do osso parietal via carbono-14, com o que se poderia confirmar se o fragmento é compatível com o período de vida de Sidarta Gautama. De acordo com eles, a análise poderia danificar o achado. “Esta descoberta nos permitiu acessar a mais sagrada relíquia do budismo, uma das grandes religiões do mundo”, diz.
Isto É.com

O planeta fica sem seus grandes animais

 
É possível imaginar a Terra sem gorilas, tigres, elefantes, rinocerontes, ursos, leopardos, búfalos, entre outros grandes animais mamíferos? Um futuro próximo no qual tivéssemos que mostrar vídeos de leões a estudantes como quem mostra maquetes de dinossauros? Parece um cenário inimaginável, mas um grupo de especialistas alerta em um estudo que não é apenas provável, mas possível, tendo em vista o ritmo de degradação dos ecossistemas e da biodiversidade.
Historicamente, “os seres humanos têm sido uma força motriz por trás de um processo contínuo de extinções e declínios na abundância de numerosas espécies de animais”, escrevem no artigo os mais de 40 especialistas que o assinaram conjuntamente. E esta força está arrasando como nunca. Seus cálculos são alarmantes: é possível que no século XXII não exista nenhum dos grandes mamíferos. Nem os emblemáticos como o urso polar nem os mais desconhecidos como o órix-de-cimitarra, que já está à beira da extinção.
Os dados são bastante expressivos: atualmente, 59% dos grandes carnívoros (com mais de 15 quilos) estão oficialmente ameaçados de extinção. E o mesmo ocorre com 60% dos grandes herbívoros (com mais de 100 quilos). E embora tenham sido feitos esforços significativos para salvar alguns desses animais, como com os grandes carnívoros europeus, não seriam mais que remendos a julgar pelo alarme com que importantes especialistas em biodiversidade descrevem a situação. O risco é especialmente crítico na África Subsaariana e no Sudeste Asiático.
O problema vai além do desaparecimento de um animal bonito ou emblemático. Cada vez mais a ciência mostra o papel desses grandes mamíferos como espécies importantes em seus ambientes, que possuem um equilíbrio muito delicado. São os “engenheiros do ecossistema”, dizem, capazes de regular efeitos em cascata na biodiversidade ao redor. Além disso, prestam serviços econômicos e sociais fundamentais nas comunidades que vivem nas proximidades.
Os cientistas explicam que há vários fatores que estão destruindo a megafauna e que, por suas características, tendem a estar mais expostos à desaparição. “Os mamíferos de grande porte são extremamente vulneráveis a tais ameaças por causa de sua necessidade de áreas extensas para manter populações viáveis, suas baixas densidades (especialmente no caso dos carnívoros) e, em geral, por ter traços de história de vida típicos de espécies ecologicamente classificadas como lentas”, escrevem.
Em alguns casos, como os leões, a ameaça é a redução drástica de seus territórios e a pressão da fronteira agrícola. Em outros, a culpa é o desmatamento de seus habitats. Os elefantes são o melhor exemplo de animais ameaçados pela caça furtiva que só quer comercializar seus marfins. Outra ameaça é a expansão excessiva da criação de gado: para cada grande herbívoro selvagem que encontramos no planeta, existem 400 cabeças de gado ruminante.
No estudo, publicado pela revista BioScience e apoiado pela Wildlife Conservation Society, os cientistas dizem que têm uma responsabilidade coletiva de alertar o planeta e propor soluções às sociedades e seus governos. Asseguram que não se resignam simplesmente a escrever o epitáfio desses animais, como já tiveram que fazer com o rinoceronte branco do norte, por exemplo.
Por isso, fecharam o artigo com uma declaração de treze pontos, nos quais exigem o reconhecimento da ameaça, a compreensão de que serão extintos e que seja apreciada a gravidade da questão. Também observam que salvá-los não é incompatível com o desenvolvimento humano, por isso exigem o aumento dos esforços institucionais, o apoio dos governos, melhorar o quadro normativo e os mecanismos financeiros para salvar esses animais da extinção. E terminam lembrando “a obrigação moral coletiva de proteger a megafauna da Terra”.
El País.com

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Cerrado perdeu biodiversidade para além do limite, diz pesquisador



A biodiversidade mundial está ameaçada, e não é de hoje. De acordo com um estudo publicado na revista americana Science, o número de espécies nativas está abaixo do limite seguro para  a manutenção de um ecossistema saudável em 58% da superfície terrestre. O estudo, liderado por pesquisadores do Reino Unido, Austrália, Suíça e Dinamarca, é a análise mais abrangente da mudança global da quantidade de espécies nativas realizada até o momento. 
O estudo levou em consideração os limites estipulados pelo Índice de Biodiversidade Intacta (Biodiversity Intactness Index, em inglês), criado por pesquisadores do Postdam Institute for Climate Impact Research, na Alemanha. De acordo com esse índice, uma área natural deve manter 90% de sua biodiversidade. Se essa taxa cair, ações como polinização, decomposição de resíduos e regulação do ciclo de carbono podem ser comprometidas.
Os pesquisadores usaram esse índice para avaliar quantitativamente as alterações, usando um banco de dados de mais de 2,3 milhões de registros de 39.123 espécies que vivem em 18.659 locais diferentes. Os resultados mostram que a biodiversidade global caiu para 84,6%, portanto abaixo do limite seguro. O estudo levou em consideração os números de 2005.
Em entrevista a ÉPOCA, o pesquisador Tim Newbold, um dos autores do estudo e membro do Centro de Biodiversidade e Investigação Ambiental (CBER), da Universidade College London, na Inglaterra, contou que o impacto das pressões de uso da terra sobre a biodiversidade varia por bioma. A análise indica que nove dos 14 biomas terrestres estão fora do limite de segurança sugeridos para a biodiversidade. No Brasil, a Amazônia ainda está no limite seguro. Já o Cerrado perdeu espécies para muito além desse limite.
- Quais são os fatores que mais comprometem a biodiversidade?
Tim Newbold -
As mudanças do uso da terra [que inclui o desmatamento e a perda de outros hábitats naturais, como pastagens e terras secas] são as ameaças mais relevantes no momento. As mudanças climáticas também podem apresentar um desafio adicional para a conservação da biodiversidade. Mas, em nosso estudo, dizemos que a perda da biodiversidade pode ser retardada ou até mesmo revertida se conseguirmos preservar e restaurar o restante dos hábitats naturais.

 - Quais são os impactos visíveis da perda de espécies?
Newbold -
Nem sempre é fácil identificar os impactos da perda da biodiversidade. De modo geral, a redução da biodiversidade tem afetado a polinização das culturas, afetando diretamente a agricultura. Além disso, a redução da biodiversidade compromete a habilidade dos ecossistemas de se proteger contra as mudanças climáticas.
 - Alguns teóricos sugerem que devemos lidar com espécies invasoras e assimilar o que elas trazem ao novo ambiente. O que o senhor acha?
Newbold -
Nós não sabemos ainda quanto e como as espécies invasoras podem contribuir para o funcionamento dos ecossistemas. Por outro lado, sabemos que em muitos casos a introdução de novas espécies pode ser muito prejudicial para a biodiversidade nativa. A movimentação das espécies é inevitável, por isso ainda precisamos de mais pesquisas sobre os efeitos das espécies invasoras em ecossistemas nativos.


 
 - Devemos nos preocupar com a perda de diversidade em alguns biomas brasileiros, como o Cerrado, por exemplo?
Newbold -
Nós estimamos que a taxa da perda da biodiversidade nas pastagens tropicais e savanas, incluindo o Cerrado, foram muito além do limite seguro. Nessas áreas, a capacidade da biodiversidade de proteger as funções do ecossistema pode estar enfraquecida. Por outro lado, a Amazônia ainda está dentro do índice e é o lugar onde ainda há espaço para esforços de conservação para manter as áreas verdes dentro do limite seguro.
 - Parece razoável que o país com maior biodiversidade do mundo tenha índice pior que os outros. A comparação foi feita entre países com quantidades equivalentes de espécies?
Newbold -
Nossas previsões não consideraram as diferenças de biodiversidade natural; portanto, a um deserto é dado o mesmo peso de uma floresta tropical. Estamos planejando analisar cada país em uma pesquisa futura, mas nós não processamos esses dados ainda.
Época.com

Inversão dos polos magnéticos da Terra não causará o "fim do mundo", afirma Nasa

O planeta Terra visto do espaço
 
Artigo publicado nesta quinta-feira no site da Nasa, agência espacial norte-americana, afasta qualquer possibilidade da mudança do polo magnético da Terra causar o apocalipse. Fonte de muitas teorias sobre o fim do mundo, essa inversão magnética não deve varrer os seres vivos da face da Terra ou mudar o eixo de rotação do planeta, diz o estudo. “Os registros fósseis não mostram nenhuma mudança dramática na vida de animais e plantas da época da última inversão”, afirma o texto.
O polo norte magnético da Terra “viaja” a 64 quilômetros por ano e já está a 1.100 quilômetros ao norte do ponto em que pesquisadores o localizaram pela primeira vez, no século 19. A velocidade do ponto para o qual apontam as bússolas tem aumentado – era de 16 quilômetros por ano no início do século 20 – e deve levar a uma inversão dos polos magnéticos do planeta.
 
HECATOMBE MAGNÉTICA
Quem vê na inversão de polos um sinal do fim do mundo afirma que as mudanças no campo magnético no planeta vão arruinar a migração de espécies animais, expor a atmosfera à radiação solar mortal e mudar o eixo da Terra, levando o gelo dos polos a derreter, inundando os continentes.
Para os cientistas da Nasa, porém, isso não ocorrerá. A inversão de polos é regra, não exceção, afirmam eles, e já ocorreu diversas vezes desde que existe vida na Terra. Os dinossauros e nossos ancestrais hominídeos já passaram pelo evento, que ocorreu pela última vez há cerca de 800 mil anos.
Segundo a Nasa, o campo magnético do planeta pode até enfraquecer durante o processo de inversão, que pode durar milhares de anos, mas não irá sumir porque é fruto do movimento incessante do núcleo da Terra.
Para pesquisadores da Nasa, já não era sem tempo para que isso ocorresse, pois os campos magnéticos do planeta mudam a cada 200 ou 300 mil anos, mas já faz 800 mil anos desde a última mudança. Se alguém usasse uma bússola antes disso, o ponteiro não apontaria para o norte, e sim para o sul.
De acordo com os cientistas, o campo magnético da Terra – que ajuda a proteger os seres vivos da radiação solar – foi formado por que o núcleo do planeta, formado por uma parte sólida cercada por um mar de metais derretidos, cria correntes elétricas muito fortes. Essa eletricidade é a base do eletromagnetismo e o lugar para onde ele aponta varia ao sabor das mudanças das placas que formam o núcleo. Essas mudanças podem ser inferidas por meio de computadores que usam os dados do campo magnético.
A inversão dos polos magnéticos, ainda segundo a Nasa, não vai acontecer rápido. É um processo que dura centenas ou milhares de anos, período no qual o “polo norte magnético” deve aparecer em diversas latitudes. Por isso, segundo o artigo, não há nada que indique que as previsões para o fim do mundo em 2012, por exemplo, tenham relação com a inversão de polos. Quando ela ocorrer, conclui o texto, de maneira bem humorada, “pode significar a oportunidade de bons negócios para os fabricantes de bússolas magnéticas.”
Veja.com

A espetacular chuva de meteoritos que poderá ser vista nos céus de todo mundo no fim

Uma espetacular chuva de meteoros poderá ser observada a partir desta sexta-feira e durante o fim de semana em todo o mundo.

 
Conhecido como Delta Aquarídeas, o fenômeno ocorre todos os anos entre os meses de julho e agosto, mas atingirá seu pico nos próximos dias.
Segundo astrônomos, até 20 meteoros poderão ser observados por hora.
A chuva de meteoros Delta Aquarídeas é ligada à passagem do cometa 96P/Machholz, descoberto em 1986 por um astrônomo amador.
A lua minguante tornará o fenômeno ainda mais especial, pois com menos luz os meteoros ficam mais visíveis.
As melhores horas para observar o Delta Aquáridas são entre a meia-noite e antes do amanhecer, entre duas e três da manhã.
Quem estiver no Hemisfério Norte, deve olhar para o sul, perto da constelação de Aquário.
Já que vive abaixo da linha do Equador, como é o caso do Brasil, tem mais sorte, pois os meteoros estarão mais visíveis. Será preciso olhar para o norte.

Perseidas

Contudo, os moradores do Hemisfério Norte poderão ver com mais nitidez as Perseidas, uma outra chuva de meteoros ligada à passagem do cometa Swift-Tuttle, em meados de agosto.
Quem mora acima da Linha do Equador poderá observá-las perto da constelação de Perseu, entre o nordeste e o norte.
Já quem vive no Hemisfério Sul, será preciso olhar em direção ao norte do horizonte.
As chuvas de meteoros ocorre quando a Terra cruza a órbita de um cometa.
Quando está perto do Sol e se aquece, o corpo celeste perde pedaços deixando um rastro de pó.
 
Chuva de meteoros acontece quando Terra cruza órbita de cometa
 
"São esses detritos que se chocam com a atmosfera exterior da Terra a 150 km/h, fazendo com que se evaporem como meteoritos ou estrelas", afirmam especialistas ouvidos pela BBC.
Segundo o site de notícias de ciência Sciencealert, a gravidade da Terra atrai pó e gelo que se desprendem do cometa.

Cometa
 

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Brasileiro cresce em altura nos últimos cem anos mas ainda é "baixinho", diz o ranking mundial

Quando o assunto é altura, o homem da Holanda e a mulher da Letônia ficam por cima de todas as outras nacionalidades, aponta um novo estudo.
O holandês médio tem hoje 1,83m e a mulher letã alcança 1,70 m.
A pesquisa, publicada na revista científica eLife, mapeou tendências de crescimento em 187 países desde 1914.
E descobriu que o homem do Irã e a mulher da Coreia do Sul registraram o maior salto na altura, crescendo uma média de 16 cm e 20 cm.
O homem brasileiro tem, em média, 1,73m, e a mulher, 1,60m. Ambos registraram o mesmo crescimento desde 1914: 8,6 cm.
Para homens, o Brasil é o 68º colocado em altura entre os países pesquisados - fica acima de nações como Portugal, México e Chile, e abaixo de Romênia, Argentina e Jamaica.
A mulher brasileira alcançou a 71ª posição, mais alta do que a mulher turca, argentina ou chinesa, e mais baixa do que as espanholas, israelenses e inglesas.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a altura dos cidadãos começou a atingir um limite nos anos 1960 e 1970. Ao longo do último século, homems e mulheres cresceram apenas 6 cm e 5 cm, respectivamente.
Em 1914, o homem americano era o terceiro mais alto do mundo, e a mulher, a quarta mais alta. Hoje eles estão em 37º e 42º lugar.
Países europeus dominam os rankings de altura hoje, mas os dados sugerem que, em geral, as tendências de crescimento se estabilizaram no Ocidente.
O homem mais baixo do mundo é o do Timor Leste: 1,60 m.
A mulher mais baixa é a da Guatemala, titulo que também ostentava em 1914. Segundo os dados da pesquisa, a guatemalteca média de 18 anos tinha 1,40 m há um século, e hoje ela ainda quase não alcança 1,50 m.
O leste da Ásia registrou os maiores crescimentos. Pessoas no Japão, China e Coreia do Sul são bem mais altas do que eram há 100 anos.
"Já as partes do mundo onde pessoas não ficaram particularmente mais altas ao longo de 100 anos de análise estão no sul da Ásia (como Índia, Paquistão e Bangladesh) e na África subsaariana. O aumento de altura ficou entre 1 cm a 6 cm nessas regiões", disse o co-autor do estudo James Bentham, do Imperial College de Londres.
Na verdade, as alturas médias chegaram a cair em certas partes da África subsaariana desde os anos 1970. Nações como Uganda e Serra Leoa viram a altura média do homem perder alguns centímetros.
A genética explica algumas variações de altura pelo planeta, mas os autores do estudo afirmam que nosso DNA não pode ser o fator principal.
O cientista chefe Majid Ezzati, também do Imperial College, disse à BBC: "Cerca de um terço da explicação está nos genes. Mas isso não explica a mudança ao longo do tempo. Os genes não se alteram tão rápido e não variam muito no planeta. Então mudanças no tempo e variações pelo mundo são, em grande parte, ambientais."
Bons padrões de saúde, saneamento e nutrição são os principais determinantes ambientais da altura, diz Ezzati. Outro fator importante é a saúde da mãe e a alimentação durante a gravidez.
Outra pesquisa mostrou que a altura tem correlação com consequências positivas e algumas negativas.
Pessoas altas tendem a ter expectativa de vida maior, com menor risco de doenças do coração. Por outro lado, há evidências de que estão sob maior risco de certos cânceres, como colorretal, mama pós-menopausa e tumores de ovário.
"Uma hipótese é que fatores de crescimento possam promover mutações em células", afirmou Elio Riboli, outro coautor do estudo.
A pesquisa, chamada "Um Século de Tendências na Altura Humana", é resultado do trabalho de um grupo de mais de 800 cientistas, em associação com a Organização Mundial da Saúde.
Os países com os homens mais altos em 2014 (ranking de 1914 entre parênteses):
  1. Holanda (12)
  2. Bélgica (33)
  3. Estônia (4)
  4. Letônia (13)
  5. Dinamarca (9)
  6. Bósnia-Herzegovina (19)
  • Croácia (22)
  • Sérvia (30)
  • Islândia (6)
  • República Tcheca (24)
  • Os países com as mulheres mais altas em 2014 (ranking de 1914 entre parênteses):
    1. Letônia (28)
    2. Holanda (38)
    3. Estônia (16)
    4. República Checa (69)
    5. Sérvia (93)
    6. Eslováquia (26)
    7. Dinamarca (11)
    8. Lituânia (41)
    9. Belarus (42)
    10. Ucrânia (43)

    A origem "nojenta" de algumas de nossas comidas favoritas

    O que a gelatina, o melado e o intensficador de sabor Marmite têm em comum? Todos são alimentos que começaram como subprodutos de outras comidas - no caso, animais, açúcar e cerveja. Você pode não pensar em vacas quando come gelatina, mas tenha certeza de que uma coisa não existiria sem a outra.
    Marmite, vegemite e outras pastas vegetais populares em locais como o Reino Unido são feitas com o refugo do processo de fermentação de cerveja. Depois de o fermento ter feito seu trabalho de converter açúcar em álcool, ele é raspado e levado para ser convertido em comida - uma centrífuga separa proteínas das células de fermento.
    Depois de maturada, essa sopa proteica passa por um processo de evaporação para perder o excesso de água e recebe condimentos para ganhar o sabor final.
    Essas pastas podem não parecer o alimento mais intuitivo de produzir no mundo. Foram criadas no século 19 pelo químico alemão Justus von Liebig. Em 1816, quando ele tinha apenas 13 anos, uma erupção vulcânica na Indonésia produziu anomalias climáticas globais e resultou no que ficou conhecido na Europa como o "ano sem verão", que causou perdas imensas em safras agrícolas.
    Muito do trabalho de Liebig teve justamente a agricultura e a nutrição como tema: foi ele quem fundou a companhia de extratos de carne Leibig's, hoje conhecida como Oxo, uma das principais fabricantes de cubos de caldo de carne do mundo.
     
    Marmite
     
    O melado é um refugo da produção de açúcar. Primeiro, a cana é espremida para a extração do caldo, que depois é fervido para a evaporação da água. À medida que o caldo engrossa, cristais de açúcar se formam, e para que sejam secos, a mistura é centrifugada. Os cristais seguem para virar açúcar, ao passo que o caldo restante pode ser engrossado para virar xarope doce.
    O melado pode ainda ser fermentado e depois destilado para virar rum e fez parte do ciclo mundial da cana de açúcar entre os séculos 16 e 17. Os impostos cobrados pelos britânicos para a entrada de melado estrangeiro nas Colônias Americanas fizeram parte das razões que levaram à Guerra de Secessão dos EUA.
     
    Pote de melado
     
    Já a gelatina é uma comida tão caprichosa, não? Doce, colorida e vibrante. Fica fácil esquecer que é um produto animal. Ao fervermos ossos e pele de vacas, galinhas e porcos, o colágeno se fragmenta e se dispersa na água, como fios. Esse fios são depois filtrados e secos, virando pó.
    À temperatura ambiente, os fios estão colados uns nos outros, mas a adição de água fervente faz com que as moléculas sejam liberadas para formar outros arranjos - algo que ocorre quando a mistura esfria, atraindo ainda moléculas de água para formar uma densa rede de colágeno e água.
    E se hoje é fácil encontrar gelatina em pó em qualquer loja de conveniência, em tempos mais remotos o produto tinha fabricação para lá de artesanal - incluindo a parte de ferver pedaços de animais. Por isso, no século 18 o produto era acessível apenas às pessoas com empregados, tempo e dinheiro de sobra, e servir pratos à base de gelatina era um símbolo inconfundível de status.
    BBC Brasil

    Avião movido a energia solar completa volta ao mundo

     
    Ao pousar em Abu Dhabi nesta segunda-feira, o avião Solar Impulse se tornou a primeiro a dar a volta ao mundo movido a energia solar.
    A aeronave voava desde 9 de março de 2015, quando decolou da capital dos Emirados Árabes Unidos.
    Os suíços Bertrand Piccard e Andre Borschberg se revezaram no comando - eles vinham trabalhando no projeto havia mais de uma década.
    O objetivo era promover as energias renováveis e, ao mesmo tempo, demonstrar que viagens sustentáveis de avião são viáveis.
    "O futuro é limpo. O futuro é você. O futuro é agora. Vamos levar a ideia da Solar Impulse ainda mais adiante'', disse Piccard ao pousar.
    A Solar Impulse percorreu 42 mil km em quatro continentes, três mares e dois oceanos.
    Na parte mais longa, entre Nagoya, no Japão, e o Havaí, nos EUA, quebrou o recorde mundial absoluto de mais longa duração de voo ininterrupto - foram quase 118 horas.
    Mas trata-se de apenas um dos 19 recordes oficiais de aviação estabelecidos durante a aventura.
    BBC Brasil

    domingo, 24 de julho de 2016

    Estrategias dividem ativismo ambiental

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    Seja pelo padrão que for, o movimento contra a mudança climática cresceu tanto  nos últimos anos que as verdades apresentadas no filme do vice-presidente Al Gore, “Uma Verdade Inconveniente”, lançado há uma década, hoje parecem mais corriqueiras que inconvenientes. 
    Em dezembro de 2015, em Paris, 195 países concordaram em reduzir os níveis de emissão de gases do efeito estufa; até o Papa Francisco se juntou à causa, pedindo atitudes. Milhares se reuniram em marchas em Paris e Nova York, realizando protestos contra o uso de combustíveis fósseis. 
    “Isso é que é ganhar força. É o verdadeiro vento da mudança”, comemorou Daniel R. Tishman, presidente do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais de Nova York. 
    Porém, o que muitos veem como uma frente unificada tem divisões profundas, com opiniões conflitantes em muitas questões. O movimento sempre foi uma congregação de várias vozes —e é óbvio que há desacordos quanto se trata de problemas complexos. Mesmo assim, a tensão continua forte. 
    Abaixo, alguns dos principais pontos de discórdia:
    Energia Nuclear
    Existem grandes divergências sobre as usinas nucleares e sua participação na geração de energia. Além disso, desastres como o da usina de Fukushima, no Japão, minaram a confiança na tecnologia. 
    Os defensores alegam que as usinas podem produzir enormes quantidades de energia sem emitir dióxido de carbono; afirmam também que as fontes geradoras de energia que substituem as usinas existentes normalmente utilizam gás natural, causando emissões que contribuem para o efeito estufa.  
    A discussão se estende inclusive ao desenvolvimento de uma nova geração de usinas —supostamente menos caras e mais seguras— ou à manutenção das existentes, com extensão de sua vida útil. 
    Os opositores desse tipo de energia argumentam que a mudança para fontes renováveis dispensaria a criação de novas centrais. Segundo Naomi Oreskes, historiadora de Harvard que escreve sobre as táticas que espalham dúvidas sobre as mudanças climáticas, os defensores da energia nuclear não provaram que os riscos de operação das usinas e os resíduos que produzem podem ser contornados. 
    “Será que queremos apostar o planeta (literalmente) numa tecnologia com um histórico tão ruim, que mesmo quando funciona, leva décadas para ser posta em prática?”, questionou, em entrevista por e-mail. 
    Gás Natural
    A queima de gás natural produz menos dióxido de carbono e poluentes que a de carvão, por isso grupos ambientalistas como o Sierra Club, e até mesmo o presidente Obama, chegaram a elogiá-la como uma “ponte” para os combustíveis renováveis, podendo substituir as centrais atuais até que fontes alternativas, como a solar e a eólica, possam assumir seu lugar.
    Mais recentemente, no entanto, os efeitos ambientais do processo conhecido como fracking (fratura hidráulica) e a preocupação cada vez maior com o metano, que normalmente vaza quando o gás natural é produzido e transportado, levou muitos cientistas e ativistas a chamar o gás natural de uma “ponte para lugar nenhum”.
    Ativistas como Bill McKibben alegam que a potência do metano como gás de efeito estufa, especialmente em curto prazo, pode torná-lo pior do que o carvão.
    Empresas de Extração de Combustíveis Fósseis
    Há duas vertentes diferentes em relação à melhor estratégia para lidar com as empresas que fazem a extração de combustíveis fósseis. 
    A primeira critica sua existência e quer prejudicar seus negócios para acelerar a transição para as tecnologias eólica e solar, que são renováveis. Assim, universidades e acionistas institucionais, tais como fundos de pensão e de doações das igrejas, estão sendo pressionados a vender suas ações de empresas de combustíveis fósseis para prejudicar e interromper projetos de construção de usinas. 
    Essa abordagem incentiva a campanha “keep it in the ground” (deixe no subsolo), liderada por grupos como o 350.org de McKibben, que argumenta que muitas das reservas atuais de combustível não são “utilizáveis” se o objetivo for retardar a mudança climática e, assim, devem ser considerados “ativos ociosos”, noção rejeitada pelos gigantes do petróleo como a Exxon Mobil e a Chevron.
    A segunda quer se envolver com as empresas para exigir uma ação contra a mudança climática. Grupos como a Coligação Tri-Estadual pelo Investimento Responsável (Nova York, Nova Jersey e Connecticut), além de autoridades do Estado e da cidade de Nova York, recentemente apresentaram propostas no encontro anual de acionistas da Exxon Mobil pedindo que a empresa avaliasse os riscos do negócio para atender aos objetivos do encontro climático de Paris e reconhecesse “a importância moral” de se evitar que as temperaturas globais subam mais de 2°C desde o início da era industrial.
    “A atitude dos acionistas já fez mudar a responsabilidade corporativa em muitas frentes”, disse Patricia Daly, freira dominicana de Caldwell, em Nova Jersey, que é a diretora-executiva da coligação.
     “As empresas sabem que as sugestões que apresentamos são benéficas. Acredito que estamos começando um trabalho que vai durar várias décadas.”
    Dentro x Fora
    A divisão entre os grupos ambientalistas grandes e tradicionais que tentam trabalhar com as empresas e os ativistas que orgulhosamente ficam de fora não para de crescer.
    Naomi Klein, que escreve sobre questões ambientais e econômicas, criticou duramente o que chama de “um negacionismo profundo no movimento ambiental” entre os grandes grupos, como o Environmental Defense Fund, que já trabalhou com empresas de combustíveis fósseis pesquisando vazamentos de metano e buscando soluções comerciais para a crise climática, como a taxação da pegada de carbono (quantidade de gases estufa emitida).
    Para McKibben, o tipo de ativismo barulhento que caracteriza o trabalho de organizações como a 350.org ajuda a corrigir o que vê como a inércia institucional dos grupos estabelecidos. 
    Para ele, a falta de ativismo das massas nos EUA foi uma das principais razões para o fracasso de leis como a tentativa de 2010 de desenvolver um sistema para limitar e taxar as emissões de gases de efeito de estufa. 
    “Se quisermos ganhar a luta do clima, ela terá que resultar de uma mudança natural, como sinal dos tempos. Esse é o ponto mais importante da criação de movimentos, não determinada lei ou outra.”
    Fred Krupp, presidente do Environmental Defense Fund, discorda. “Trabalhar com a indústria ajuda a entender melhor questões como o vazamento de metano, o que poderia gerar soluções. E há cada vez mais empresas querendo fazer parte da iniciativa”, garante.
    Tendo em vista essas diferenças em tantas questões, surge a pergunta: será que elas estão prejudicando o movimento ambiental global? 
    Mesmo em relação a essa dúvida há divergências.
    Para Matthew Nisbet, especialista em comunicação ambiental da Universidade Northeastern, em Boston, as diferenças de opinião dentro do movimento podem resultar em falta de objetividade. 
    “Todo o progresso feito até hoje pode se perder se os grupos começarem a se ver como adversários, pois os objetivos mais amplos em relação ao clima e seus verdadeiros inimigos ficariam em segundo plano.”
    A verdade, porém, é que o movimento de combate às mudanças climáticas está se ampliando porque é cada vez maior o número de países, empresas, grupos religiosos e até associações conservadoras interessados em combater o aumento do nível dos oceanos e as alterações no clima. 
    Ellen Dorsey, diretora-executiva do Wallace Global Fund, que promove o esvaziamento do setor de combustíveis fósseis e o investimento em tecnologias mais limpas, classificou as desavenças entre os ativistas de “ruídos marginais” —e prevê que a combinação da cooperação entre os altos escalões e o
    ativismo popular pode manter os governos fiéis aos compromissos assumidos em Paris e vencer os interesses empresariais mais obstinados.
    De acordo com Al Gore, a economia pode realizar o que os governos até agora não conseguiram: graças à diminuição do custo das energias renováveis, elas estão mais competitivas em relação aos combustíveis fósseis. Da mesma forma, o maior obstáculo para a energia nuclear pode ser o custo da construção de novos reatores. 
    Ele também acredita que as tensões entre os ativistas seguem as tradições da luta pelos direitos civis, a abolição, o voto feminino e os direitos de gays e lésbicas. 
    “Em todos esses movimentos, houve cismas e divisões menores. É apenas uma característica da condição humana.”
    Folha de Sâo Paulo

    Instituição quer diminuir barulho feito pelo homem no oceano

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    O oceano é barulhento: hélices de navios, sonares, prospecção de petróleo e gás e outras atividades industriais produzem muito ruído. Todo esse barulho comprovadamente interfere no comportamento de animais marinhos, já que muitos deles, das baleias aos invertebrados, usam o som para várias atividades, inclusive se comunicar, encontrar comida ou outros animais da mesma espécie, evitar predadores e migrar.
    E, apesar de o oceano nunca ter sido um lugar silencioso — está cheio de roncos e estalidos naturais ­—­, o problema se agravou no último século, aumentando consideravelmente nos últimos 50 anos em vários lugares, em grande parte por causa da navegação comercial, segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos EUA.
    Assim, esse órgão federal que gerencia e protege a vida marinha em águas americanas divulgou no começo deste mês o esboço de uma estratégia destinada a reduzir os efeitos do barulho oceânico. A versão preliminar do Mapa Estratégico para o Ruído Oceânico é um primeiro passo em um plano de uma década para tornar os mares mais silenciosos e reduzir os efeitos nocivos do barulho sobre as espécies aquáticas.
    Há anos a NOAA colhe informações sobre o ruído do mar e seus efeitos sobre determinadas espécies, mas a dimensão exata dessas consequências para os ecossistemas ainda não foram completamente compreendidas, apesar de os sintomas serem muitas vezes notáveis.
    Os mamíferos marinhos, em particular, evoluíram para tirar proveito da qualidade e alcance do som debaixo d’água, de modo a compensar a má visibilidade das profundezas escuras. Baleias e golfinhos têm uma audição extraordinária e a capacidade de se comunicar com vozes bastante variadas.
    Mas o som produzido pela atividade humana pode atrapalhar. Na costa de Massachusetts, oceanógrafos observaram que muitas baleias parecem não registrar mais os sons dos navios, segundo Richard Merrick, cientista-chefe do serviço pesqueiro da NOAA. Elas não necessariamente associam o barulho dos barcos ao perigo, e por isso nem sempre saem da frente, acrescentou.
    Em outros lugares, outras espécies de baleias “simplesmente se calam” quando os navios passam, comentou ele, em parte porque muitas espécies se comunicam usando sons na mesma frequência do ruído produzido pelos motores dos navios.
    E alguns estudos demonstram que as populações de bacalhau e hadoque do Atlântico, espécies afetadas pela pesca excessiva, conseguem escutar e também evitar os sons de baixa frequência, embora não esteja claro qual seria o efeito disso sobre o seu comportamento, segundo Jason Gedamke, um dos principais autores do plano da NOAA. O bacalhau, em especial, também faz bastante barulho quando desova, mas as implicações do som humano sobre esse comportamento ainda não foram totalmente compreendidas.
    Michael Jasny, diretor do projeto de proteção de mamíferos marinhos do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, disse que o plano marca uma grande mudança na forma como a NOAA encara o ruído oceânico: como um problema a ser enfrentado mais amplamente, e não caso a caso.
    E, ao contrário de outros poluentes marítimos, esse problema pode ser resolvido, segundo Jasny. “Quando você para de fazer barulho, ele some.”
     

    sábado, 23 de julho de 2016

    Brasil desperdiça potencial de uso de lixo para gerar energia

    Projeto de captura de biogás em aterro em Minas do Leão, Rio Grande do Sul (Foto: Divulgação)
     
    No começo do mês, a Associação Brasileira de Biogás e de Biometano (ABiogás) apresentou ao ministro de Minas e Energia, um relatório sobre o potencial do uso de biogás para a geração de energia no Brasil. O relatório mostra um quadro muito tímido. Temos cerca de 100 megawatts por hora de potência instalada no país. Segundo o relatório,  estamos desperdiçando um grande potencial, já que o biogás poderia gerar até 115.000 gigawatt por hora, uma quantidade equivalente à energia gerada por uma Itaipu e meia.
    "A escala dos resíduos orgânicos no Brasil é enorme, seja no saneamento, na agroindústria ou no setor de alimentos. E isso está sendo muito mal utilizado. Essa energia, esses carbonos estão sendo emitidos para a atmosfera", disse Alessandro Gardemann o vice-presidente da ABiogás. "Nossa proposta é capturar e tratar esse carbono num processo controlado de biodigestão, de modo a recuperar essa energia."
    A vantagem do biogás é que é possível utilizar rejeitos, que antes seriam jogados fora, na geração de energia. Alguns setores podem aproveitar muito essa energia. É o caso de aterros sanitários ou da indústria do saneamento. O aterro Bandeirantes, em São Paulo, é um exemplo. Fechado em 2007, ele não recebe mais lixo, mas continua gerando energia com o gás que sai dos 40 milhões de toneladas de rejeitos enterrados lá.
    Mas a grande oportunidade perdida é no setor econômico. Segundo Gardemann, o maior mercado para o biogás é no setor sucroalcooleiro, ao usar os rejeitos da cana para gerar energia. A indústria da celulose e de alimentos também poderia aproveitar melhor os rejeitos, gerando energia ou biocombustível. O biocombustível poderia, por exemplo, ser usado na substituição do diesel.
    Para Gardemann, o que falta para o biogás decolar é uma indicação do governo de que essa fonte poderá fazer parte da matriz energética brasileira. A regulamentação já avançou nos últimos anos. O biogás foi incluído nas normas de microgeração (as mesmas que beneficiam a energia solar). O maior passo foi dado no último leilão de energia. O biogás entrou no leilão de energias alternativas e teve um projeto contratado de 21 megawatts por hora de uma usina de cana-de-açúcar. "Isso é de apenas uma usina. Se você imaginar que o Brasil tem 300 usinas, é possível gerar o que uma grande hidrelétrica produz com pequenos projetos descentralizados", diz.
    Época.com

    Extração de recursos da Terra triplicou nas últimas décadas

    Homem trabalha em mina de carvão em Shanxi, China (Foto: Kevin Frayer/Getty Images)
     
     Relatório mostra que estamos perdendo eficiência. Extraímos mais recursos do planeta ao mesmo tempo que o crescimento econômico está desacelerando
    O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) publicou na quarta-feira (20) um relatório que mostra que estamos longe de parar com a exploração predatória do planeta Terra. Segundo esse estudo, a retirada de minerais, combustíveis fósseis e biomassa triplicou nas últimas quatro décadas.
    Os números impressionam. Em 1970, a média era extrair 22 bilhões de toneladas de recursos naturais por ano. Agora, na década de 2010, essa média subiu para 70 bilhões de toneladas por ano. Segundo o estudo, essa tendência resulta em aumento da poluição do ar, redução da biodiversidade, intensifica o aquecimento global e pode levar ao esgotamento dos recursos naturais.
    O pior é que esse aumento foi maior do que o crescimento da população ou da economia. Ou seja, estamos sendo menos eficientes. Segundo o relatório, isso acontece porque a produção migrou de países com indústrias mais eficientes, como o Japão, para países que usam mais materiais por produto criado, como a China. "Isso resulta em crescente pressão ambiental e trabalha contra a hipótese de decoupling – conseguir mais com menos –, que é tão importante para o sucesso da sustentabilidade global", diz o estudo.
    Decoupling (ou dissociação) é uma hipótese que diz que, com aumento de eficiência na produção, podemos continuar com o crescimento econômico indefinidamente e sem causar impacto ambiental. Para que isso ocorra, é preciso usar menos materiais por produto e aumentar expressivamente a reciclagem e reúso, migrando a produção para um modelo de economia circular. Os dados mostram que estamos longe de "descasar" o crescimento econômico da extração de materiais.
    Segundo a ONU, a principal causa do aumento da extração de recursos naturais é o consumo. Se continuarmos no atual ritmo de consumo, o mundo extrairá 180 bilhões de toneladas de recursos naturais em 2050.
    Época.com

    "O século XXI vai se dedicar a plantar florestas"

    Paisagem mostra um mosaico de florestas plantadas (Foto: Gleison Rezende)
     
    O Brasil é conhecido pelas suas exuberantes florestas naturais, seja na Amazônia ou em outros biomas. Mas o país também é o maior produtor de florestas plantadas do mundo. São plantações de pinus e eucalipto usados na produção de papel e celulose, por exemplo. Qual é o papel dessas florestas para o ambiente?
    Segundo a associação das empresas do setor, essas plantações de árvores têm papel fundamental nas políticas para o clima. Foi apresentado o ponto de vista do setor nesta quinta-feira (21), em conferência da FAO, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, em Roma, Itália. Segundo eles, “O século XXI vai se dedicar a plantar florestas”.
    O Brasil tem hoje mais dede 7,8 milhões de hectares de área com florestas plantadas para a indústria. Essas árvores sequestram carbono na atmosfera, amenizando os efeitos do aquecimento global. “Isso pode mitigar as emissões do setor industrial por dois anos consecutivos”, mesmo com as árvores sendo derrubadas para a produção de papel ou móveis, esse carbono continua preso no produto. O carbono só retornaria para a atmosfera em caso de incêndio. Ou seja, se você queimar uma folha de papel só por diversão, estará devolvendo à atmosfera o CO2 absorvido pelas árvores.
    Os avanços em biotecnologia estão fazendo com que as plantações de florestas tenham um desempenho ainda melhor para o clima. “O Brasil é o primeiro país do mundo em conhecimento genético de árvores. E quanto melhor for o indivíduo genético, maior a capacidade de absorver o carbono da atmosfera”, diz.
    Claro que, mesmo com esses avanços, as florestas plantadas não são tão eficientes quanto as florestas naturais. Por isso, além de plantar, precisamos de políticas eficientes para acabar com o desmatamento. E fazer o reflorestamento de áreas degradadas.
    Época.com

    sexta-feira, 22 de julho de 2016

    "Sabemos como lidar com florestas temperadas, mas não as tropicais, diz FAO

     
    O mundo dispõe do conhecimento e da tecnologia necessários para conduzir de maneira sustentável as florestas temperadas, mas não ocorre o mesmo com as tropicais, afirmou nesta sexta-feira o diretor-geral adjunto da Organização da Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), René Castro.
    Em entrevista à Agência Efe ao término do Comitê Florestal da FAO, o responsável considerou que, sabendo como tratar as florestas temperadas com sustentabilidade, a "maior tarefa pendente é não poder fazer o mesmo com as tropicais".
    Para este tipo de florestas, onde o desmatamento é maior e a cada ano são perdidos sete milhões de hectares, "não temos nem o mesmo conhecimento e nem a experiência suficientemente sistematizada de como conduzí-las", garantiu o responsável, que reconheceu algumas experiências de êxito e outras muitas que fracassaram.
     
     Resultado de imagem para fotos de florestas temperadas e subtropicais
     
    O ex-mnistro de Ambiente e Energia da Costa Rica destacou que seu país foi um dos poucos do mundo tropical que conseguiu deter a perda de cobertura florestal com madeiras naturais, enquanto o Vietnã conseguiu essencialmente com florestas plantadas e o Brasil realizou avanços a grande escala.
     No entanto, em geral falta uma "resposta científica e técnica completa", por isso que é preciso esperar que a meta fixada de deter o desmatamento para 2030 seja cumprida em nível global, mas não em todos os países ou regiões, segundo Castro.
    Outras florestas que receberam a atenção do Comitê são as das zonas áridas, terras que ocupam 6,1 bilhões de hectares (45% da superfície terrestre) e nas quais vivem 2 bilhões de pessoas (90% em países em desenvolvimento).
    Ali, a mudança climática está tendo um efeito "devastador", piorando as condições de milhões de pessoas que, como no Sahel, tiveram que emigrar, disse o diretor florestal da FAO.
    Para reverter essa tendência, Castro ressaltou medidas como a criação de um novo grupo de trabalho especializado em sistemas florestais de zonas áridas e os projetos da agência em 20 países africanos que visam melhorar sua gestão.
    Diante da velha rivalidade entre a atividade florestal e a agrícola no uso dos recursos naturais, o diretor-geral adjunto deu o debate por encerrado e enfatizou que, segundo dados recopilados neste ano, mais de 20 países conservaram sua superfície florestal ao mesmo tempo que elevaram seus níveis de segurança alimentar.
    Castro explicou que esses países, muitos deles em desenvolvimento e com uma população crescente de aspirações econômicas "sofisticadas", "puderam dizer que não é necessário cortar mais florestas para fornecer alimentação e desenvolver a agricultura", ao alcançar isso mediante fórmulas como a intensificação agrícola e a inovação tecnológica.
    Segundo sua opinião, ditas experiências são um ponto de inflexão, já que, até agora, só se tinham as provas dos países ricos, que primeiro cortaram árvores para construir navios e fábricas, e depois se desenvolveram, marcando o resto desse caminho.
    Os tempos mudaram e atualmente a inovação tecnológica permite, por exemplo, explorar de forma limpa o ciclo de vida dos produtos de madeira -desde móveis e materiais de construção até combustível-, que acumulam o carbono e contribuem para reduzir as emissões de CO2.
    Também existem ferramentas para obter informação em tempo real, que até há pouco custavam milhões de dólares e levavam anos para serem desenvolvidas.
    Castro indicou que estas são aplicáveis à luta contra os incêndios florestais, à identificação antecipada de espécies invasoras, fenômenos exacerbados com a mudança climática.
    "É uma mudança tecnológica abrupta porque no passado tínhamos essa capacidade, mas não a podíamos transferir aos governos e nem às pessoas (como agricultores ou acadêmicos) porque era preciso equipementos muito sofisticados. Agora qualquer um pode fazer", acrescentou.
     

    Imazon detecta aumento de quase 100% no desmatamento da Amazônia em junho

    Incêndio na floresta amazônica, na região de Paragominas, Pará (Foto: Adam Ronan/Divulgação)
     
    Más notícias para a Floresta Amazônica. Depois de alguns anos com as taxas de desmatamento estagnadas, o desmatamento voltou com força. Dados publicados nesta sexta-feira (22) pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) mostram que a Amazônia perdeu 972 quilômetros quadrados de florestas em junho de 2016, o que representa um aumento de 97% em comparação com junho de 2015. O Imazon faz um monitoramento independente do desmatamento, por meio de imagens de satélites.
    O gráfico abaixo, o primeiro presente no relatório do Imazon, nos dá uma ideia de como o desmatamento em junho de 2016 ficou completamente fora da curva. 
    Desmatamento na Amazônia (Foto: Imazon)
    A explosão de desmatamento na Amazônia em junho pode ter relação com a cobertura de nuvens na região. Segundo Adalberto Veríssimo, um dos autores do estudo, uma quantidade grande de nuvens cobria a região nos meses anteriores. Em junho, essas nuvens se dissiparam, e os satélites puderam captar todo o desmatamento. Assim, parte do desmatamento que está sendo registrado agora pode ter acontecido nos meses anteriores.
    Se esse for o caso, o aumento registrado em junho já estava previsto. Ainda assim, preocupa. "Já tivemos aumentos maiores no passado recente. É preocupante, mas não é estratosférico. O que preocupa é o fato de estarmos vivendo um El Niño muito forte na região – e, portanto, o desmatamento poderá aumentar muito nos próximos meses. Há muitas florestas degradadas que ficam vulneráveis ao fogo nessa época do ano", diz Veríssimo. A própria Nasa publicou  mostrando que a Amazônia pode enfrentar sua pior temporada de queimadas neste ano.
    Segundo o Imazon, o desmatamento se concentrou em quatro estados: Pará, Amazonas, Mato Grosso e Rodônia. O Pará é o caso mais extremo. Metade de tudo o que foi desmatado em junho aconteceu no estado, e Altamira foi a cidade que mais desmatou. Altamira enfrentou um boom populacional nos últimos anos causado pela construção da hidrelétrica de Belo Monte.
    O aumento fez com que as autoridades do Pará se mobilizassem. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente do estado, equipes estão sendo direcionadas para as áreas críticas e áreas irregulares serão embargadas. Na próxima terça-feira (26), os secretários de Meio Ambiente dos estados da Amazônia se reunirão com o ministro do Meio Ambiente.
    Segundo ele, é possível que a situação ainda piore. "O problema maior pode estar por vir, entre agosto e outubro, quando o verão amazônico chega a seu auge. Mais seco. Mais fogo. Maior chance de desmatamento em grande escala."

    quarta-feira, 20 de julho de 2016

    A última oportunidade em 24 anos de ver Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno alinhados

    Astrônomo ensina truque com o polegar para diferenciar uma estrela de um planeta
     
    Nós já vimos no início deste ano, e veremos agora novamente: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno ficarão alinhados por alguns dias antes de cada um deles tomar o seu caminho no céu.
    A partir desta semana, e durante mais algumas, os cinco planetas poderão vistos a olho nu durante o pôr do sol - no fim de janeiro e início de fevereiro, eles podiam ser avistados apenas ao amanhecer.

    Isso só será possível, segundo David Dickinson, do site de astronomia Universe Today, porque antes tínhamos todos os planetas à nossa frente.
    "Agora, os vemos do nosso 'espelho retrovisor' porque Marte, Júpiter e Saturno estão na frente, enquanto Mercúrio e Vênus estão correndo para recuperar o atraso", escreveu Dickinson.
    Se você estiver em um espaço aberto sem nuvens, a partir desta quarta-feira poderá ver os cinco planetas vizinhos ao sudoeste da Terra.
    Brilho e cor
    Para identificar os planetas, preste atenção nas sutis diferenças que você verá no céu. Venus é o mais brilhante de todos, e Júpiter é o próximo na luminosidade. Ambos ainda são visíveis quando o sol está prestes a se esconder.
    Marte, por sua vez, é avermelhado e Saturno, amarelado. Ambos brilham com intensidade semelhante.
    Encontrar Mercúrio é sempre o maior desafio porque é o menor planeta e pode se esconder facilmente.

    O truque do polegar

    O astrônomo Jason Kendall, professor adjunto da Universidade William Paterson, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, publicou em seu canal do YouTube um exercício prático para saber se o que você está vendo é um planeta ou uma estrela.
    "Feche um dos olhos. Estique o braço e coloque o seu dedo polegar para cima. Lentamente, passe-o de um lado para o outro do planeta ou estrela que você vê no céu. Se a luz se atenuar quando o polegar passar sobre ele, é um planeta. Mas se ela piscar rapidamente é uma estrela", disse.
    O truque funciona melhor com Júpiter e Vênus, afirma o astrônomo, porque eles são mais brilhantes.
    De qualquer forma, o que precisa ficar claro caso você decida "ir à caça" é que esses planetas são corpos celestes mais brilhantes vistos daqui da Terra - depois do Sol e da Lua, é claro.
    Os cinco planetas não voltarão a se alinhar até 8 de setembro de 2040, quando estarão a 9,3 graus no céu.
    Veja.com

    Novo mapa do cérebro identifica 97 regiões desconhecidas

    A imagem mostra as 180 áreas do cérebro nos hemisférios direito e esquerdo.
     
    Há pouco mais de um século, o cientista alemão Korbinian Brodmann dividiu o cérebro humano em 52 regiões diferentes, criando o primeiro “mapa” do cérebro. Nesta quarta-feira, um esforço científico liderado pela Universidade de Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, atualizou essas divisões, revelando que o córtex, a camada mais externa do cérebro, tem 180 áreas que comandam a consciência, linguagem, atenção, percepções, pensamentos e sensações – um conhecimento sem precedentes sobre a mente humana.
    Publicado na prestigiada revista Nature, o estudo está sendo considerado pelos especialistas um marco na área da neurociência e deve guiar estudos futuros que buscam compreender o cérebro humano. O novo mapa vai ajudar a conhecer o desenvolvimento da mente ao longo dos anos, esclarecer como se dá seu envelhecimento e revelar de que maneira suas funções podem ser alteradas por doenças como Alzheimer ou esquizofrenia.
    “Podemos pensar nesse mapa como se ele fosse uma versão 1.0”, disse o neurocientista Matthew Glasser, um dos autores do estudo, ao jornal The New York Times. “Deve existir uma versão 2.0 assim que os dados forem melhorados e examinados por mais pessoas. Esperamos que o mapa evolua junto com o progresso da ciência.”

    Novo mapa do cérebro

    Para criar o mapa, os cientistas de sete centros de pesquisa americanos e europeus analisaram imagens de ressonância magnética e a atividade cerebral de 210 adultos que fizeram parte do Human Connectome Project. O programa, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde americanos (NIH, na sigla em inglês), busca compreender como os neurônios cerebrais se conectam.
    Estudar os dois aspectos – imagens e atividade cerebral – em conjunto era necessário porque mapas anteriores olhavam para apenas um aspecto do córtex, por exemplo, como se dá o agrupamento dos neurônios ou que áreas se tornam ativas durante o exercício de algumas funções.
    “A situação é análoga à astronomia, quando telescópios terrestres produziam imagens obscuras do céu antes do surgimento dos telescópios espaciais e da óptica adaptativa”,  afirmou Glassler, em comunicado dos NIH.
    A análise dos dados confirmou a existência de 83 regiões cerebrais e descobriu outras 97. Algumas dessas novas áreas são totalmente desconhecidas e outras são subdivisões de porções maiores, como o córtex pré-frontal dorsolateral, que fica na parte anterior do cérebro, e é, na realidade, a reunião de uma dezena de pequenas partes.
    A comunidade científica internacional recebeu o estudo como um divisor de águas na área da neurociência. Segundo o neurocientista David Kleinfeld, da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, o novo estudo traz conhecimentos fundamentais para a área. “É um passo em direção à compreensão de por que somos o que somos”, afirmou o ao site do jornal americano The New York Times.
    “O estudo achou cerca de duas vezes mais áreas do que conhecíamos, o que é um enorme salto para a neurociência cerebral”, disse o neurocientista David McCormick, professor da Universidade Yale, nos Estados Unidos, ao americano The Verge, site especializado em ciência e tecnologia.
    De imediato, o novo mapa do cérebro deve ajudar neurocirurgiões, que poderão planejar as cirurgias com mais precisão, identificando as áreas cerebrais a serem operadas e evitando lesões em regiões que não deveriam ser afetadas pelos cortes. A longo prazo, os dados podem ajudar neurocientistas a compreender desordens complexas e ainda misteriosas, como a esquizofrenia.
    Veja.com

    Cinco alimentos que faziam mal para a saúde...mas que agora não fazem mais



    As diretrizes e recomendações nutricionais mudam constantemente à luz das novas pesquisas, como foi possível observar no dia 15 de junho, com a recomendação da OMS sobre o café e o mate. Pode ser difícil se manter atualizado em relação a quais alimentos são saudáveis ou não. Aqui vamos examinar cinco casos que passaram pelo ciclo de serem os vilões da ciência da nutrição, mas que agora, sobre a base de conhecimentos em parte antigos e em parte novos, voltam a ser bons para comer.

    Os ovos

    Durante muito tempo se pensou que os ovos faziam mal para o coração. Um ovo grande contém uns bons 185 mg de colesterol. Acreditava-se que o colesterol procedente da dieta contribuía para o alto nível de colesterol no sangue. No entanto, ao longo dos últimos 20 anos, a pesquisa médica e nutricional mostrou reiteradamente que, quando o consumo é normal, sua influência é muito limitada.
    Apesar de ter demorado muito, atualmente os especialistas em nutrição estão corrigindo os dados em relação aos ovos e outros alimentos com colesterol (tais como fígado de galinha e mariscos) e os estão eliminando das diretrizes dietéticas como produtos preocupantes. Os ovos são uma excelente fonte de proteínas, gorduras saudáveis e diferentes vitaminas e minerais.

    Manteiga e outras gorduras para espalhar

    A história dessas gorduras, como a margarina e a manteiga, provavelmente é uma das mais confusas da nutrição. A origem da margarina, feita a partir de gordura vegetal, remonta a meados dos século XIX. A partir de então substituiu a manteiga como gordura para espalhar no pão, por exemplo, preferida na maioria dos países desenvolvidos. A mudança foi propiciada por seu preço mais baixo em comparação ao da manteiga, assim como pelas recomendações dos profissionais de saúde de que era preciso comer menos gorduras saturadas para prevenir doenças coronárias.
    Apesar de o abandono das gorduras saturadas ter começado a dar como resultado uma redução da incidência das doenças coronárias na população, os pesquisadores também identificaram uma conexão independente entre a ingestão de gorduras trans (as que resultam do processo de hidrogenação parcial da gordura para fazer margarina) e esse tipo de ocorrência. Como essa conexão foi confirmada por muitos estudos, as agências reguladoras de todo o mundo tentaram eliminar as gorduras trans da dieta.
    O setor de alimentação reagiu rapidamente, e já está há anos produzindo margarina livre de gorduras hidrogenadas. No entanto, entre os consumidores continua pouco claro se é seguro consumir produtos à base de gordura vegetal. A resposta simples é “sim”, sempre que no rótulo não apareça “gordura vegetal parcialmente hidrogenada” como um dos ingredientes.
    As atuais gorduras vegetais à base de óleos são uma forma de substituir a gordura alimentar saturada ao mesmo tempo em que se incrementa a poliinsaturada, uma mudança dietética que vários estudos comparativos sobre populações extensas demonstrou que reduz as doenças coronárias.

    As batatas

    As batatas são um dos poucos vegetais não considerados saudáveis. Devido a seu elevado índice glicêmico, costumam ser agrupadas junto com os produtos elaborados a partir de carboidratos refinados como alimentos a evitar. Mas as batatas são uma valiosa fonte de carboidratos, vitamina C, algumas vitaminas do grupo B e oligoelementos.
    A forma de prepará-las também altera aspectos desses amidos de tão má reputação. Cozinhá-las e deixá-las esfriar aumenta a quantidade de amido resistente nas batatas, que logo age como uma fibra dietética que “resiste” à digestão no intestino, o que pode ter consequências benéficas para a flora intestinal.

    Os lácteos

    Os produtos lácteos —que incluem o leite, a manteiga, o iogurte e o queijo— são considerados alimentos de primeira necessidade na dieta de muita gente, mas os hábitos de consumo mudaram, em parte devido ao fato de que mensagens relativas à saúde são difíceis de interpretar.
    Entre seus aspectos positivos está o elevado conteúdo de proteínas e cálcio. O conteúdo e o tipo de gorduras são importantes na hora de escolher os produtos, já que alguns têm uma quantidade elevada por porção que, além disso, costuma ser, em grande medida, saturada.
    Apesar de ser melhor evitar uma dieta rica em gorduras saturadas (um fator de risco para doenças coronárias), o consumo regular de produtos lácteos não precisa ser motivo de preocupação se a ingestão global de gorduras e calorias for saudável. Uma vez que muitos estudos destacam tanto os aspectos saudáveis como nocivos dos lácteos, é difícil recomendar uma forma de consumo ou alguns tipos específicos para melhorar a saúde. A atualização recente da Tabela de Alimentação Saudável do Reino Unido continua recomendando os lácteos como parte de uma dieta adequada sempre que se opte por produtos com pouca gordura.

    As frutas secas cruas e as manteigas de frutas secas

    As frutas secas também têm má reputação devido à gordura e às calorias que contêm, o que faz com que às vezes se recomende evitar seu consumo a quem esteja tentando perder peso. Mas vários estudos indicam que as frutas secas cruas são fundamentais em uma dieta saudável, assim como para manter um peso adequado. Um estudo recente publicado no British Journal of Nutrition demonstrou que consumir frutas secas cruas reduz a morte por qualquer causa, as doenças cardiovasculares e coronárias, e a morte súbita cardíaca.
    Apesar de se continuar pesquisando para estabelecer que componentes das frutas secas propiciam esses efeitos favoráveis à saúde, já conhecemos suas vantagens nutritivas. As frutas secas cruas contêm proteínas, gorduras saudáveis (são baixos em gorduras saturadas e altos em monoinsaturadas e poliinsaturadas), fibras e micronutrientes.
    As manteigas de frutas secas, como a de amendoim, também podem fazer parte de uma dieta saudável. A manteiga de amendoim tem gorduras com um perfil saudável, e além disso é uma excelente fonte de proteínas, fibra, vitamina B6 e magnésio. Algumas pesquisas recentes demonstraram uma maior perda de peso nas pessoas que substituíram outras proteínas menos saudáveis, como as carnes processadas, pela manteiga de amendoim.
    O consumo de frutas secas e das manteigas feitas com eles pode ser parte de uma boa dieta, mas é preciso ter cuidado com as calorias.
    Quando se trata da comida e da saúde, lembre-se: em uma dieta sadia cabem todos os alimentos. Não caia na armadilha de acreditar nos “superalimentos” ou nos “alimentos malvados”. O consumo fanático de um “superalimento” na verdade pode ser pior do que o de um tachado de “malvado”.

    terça-feira, 19 de julho de 2016

    Ler ficção nos torna mais empáticos

     
    Ler ficção fomenta a empatia. Os leitores podem formar ideias sobre as emoções, as motivações e os pensamentos dos outros. E transferir essas experiências para a vida real. É o que afirma Keith Oatley, psicólogo e romancista, em uma revisão de um estudo sobre os benefícios da leitura para a imaginação, publicado nesta terça-feira na Trends in Cognitive Sciences.
    Nessa nova pesquisa são apresentados fundamentalmente dois estudos que embasam a tese de Oatley. No primeiro deles se pedia a vários participantes que imaginassem uma cena a partir de frases sucintas, tais como “um tapete azul escuro” ou “um lápis de listras laranjas”, enquanto permaneciam conectados a um aparelho de ressonância magnética. A cena que deveriam imaginar, com base nas pistas que lhes iam sendo dadas, era a de uma pessoa que ajuda uma outra cujo lápis caiu no chão. Oatley explica que depois de os participantes escutarem apenas três frases tiveram uma maior ativação do hipocampo, uma região do cérebro associada com a aprendizagem e a memória. “Os escritores não precisam descrever cenários de modo exaustivo, só têm de sugerir uma cena e a imaginação do leitor fará o resto”, acrescenta.
    A teoria de Oatley, que é professor emérito de psicologia aplicada e desenvolvimento humano na Universidade de Toronto, se baseia em que a ficção simula uma espécie de mundo social que provoca compreensão e empatia no leitor. “Quando lemos ficção nos tornamos mais aptos a compreender as pessoas e suas intenções”, explica o pesquisador. Essa resposta também é encontrada nas pessoas que veem histórias de ficção na televisão ou jogam videogame com uma narrativa em primeira pessoa. O que é comum a todas as modalidades de ficção é a compreensão das características que atribuímos aos personagens, segundo Oatley.
    O outro experimento incluído na revisão do estudo consistia em que os participantes tinham de adivinhar o que outras pessoas estavam pensando ou sentindo, a partir de fotografias dos olhos delas. Para isso podiam escolher entre quatro termos que descreviam estados de ânimo, por exemplo, reflexivo ou impaciente. A conclusão foi que as respostas dos leitores de ficção deram lugar a termos mais aproximados que as dos leitores de ensaios e livros de não ficção. Além desses estudos realizados por Oatley, o psicólogo também apresenta outras pesquisas que endossam suas conclusões, como uma realizada por Frank Hakemulder, pesquisador de língua e literatura no Institute for Cultural Inquiri (ICON), da Universidade Utrecht. Hakemulder afirma que a complexidade dos personagens literários ajuda os leitores a terem ideias mais sofisticadas acerca das emoções dos outros.
    Todos esses experimentos se inserem em um momento de crescente interesse pelos estudos sobre as imagens do cérebro. Há alguns anos, em 2009, quando o mesmo autor publicou o primeiro estudo sobre a questão, não havia tanta disposição e expectativa em relação a esses temas. A guinada da comunidade científica na direção desse tipo de pesquisa é algo que se produziu nos últimos anos. “Os pesquisadores estão reconhecendo agora que na imaginação há algo importante a estudar”, diz Oatley.
    A característica mais importante do ser humano é a sociabilidade, afirma Oatley. “O que nos diferencia é que nós, humanos, nos socializamos com outras pessoas de uma forma que não está programada pelo instinto, como é o caso dos animais”, explica o psicólogo, para quem a ficção pode ampliar a experiência social e ajudar a entendê-la.
    El País.com

    Deputados britânicos propõem devolver a Atenas peças do Partenon subtraídas no século XIX

     
    Em julho de 1816, Thomas Bruce, sétimo conde de Elgin, vendeu ao Estado britânico por 35.000 libras da época uma coleção de esculturas procedentes da Acrópole de Atenas. Por isso, mais de metade da decoração do Partenon, o templo do qual se extirparam os motivos, está em exibição no Museu Britânico de Londres, apesar da insistência grega em recuperar o patrimônio e completar a exposição do conjunto em Atenas.
    Dois séculos depois, e em plena ressaca do Brexit, 12 parlamentares britânicos apresentaram na semana passada em Westminster um projeto de lei para viabilizar a devolução dos chamados “mármores de Elgin” à Grécia. Os deputados, pró-europeus e de vários partidos (trabalhistas, liberal-democratas, o nacionalista escocês SNP e o galês Plaid Cymru), voltam a pôr sobre a mesa a velha disputa entre Atenas e Londres —e, por extensão, entre o restante do mundo e as antigas metrópoles— sobre direitos patrimoniais, legado histórico e identidade cultural.
    O roubo —segundo a terminologia grega— perpetrado por Elgin, na época, embaixador britânico ante a Sublime Porta (o Império Otomano), deixou o templo dedicado à deusa Atenea Parthenos (uma de suas invocações, daí o nome Partenon), dilapidado, sem vários metros do friso. A Acrópole vivia tempos obscuros, e seus templos serviam de curral, paióis ou mesquita, entre outras funções incompatíveis com sua origem, de modo que a rapina passou desapercebida. Mas desde os anos 80, graças à atriz Melina Mercouri, durante um tempo ministra da Cultura, a campanha pela devolução foi ganhando corpo, e hoje personalidades como Bill Clinton, George Clooney —sua esposa, advogada, acaba de assessorar o Governo grego— e Vanessa Redgrave respaldam a restituição dos mármores. O novo museu da Acrópole tem espaço mais que suficiente para abrigar as partes espoliadas, já que sua galeria dedicada ao friso do Partenon mostra, junto aos relevos que restaram na Grécia, imponentes vazios: os das peças que são expostas em Londres.
    O catedrático emérito de Arqueologia e diretor do museu da Acrópole, Dimitris Pantermalís, ressalta a “amputação do patrimônio” ao avaliar a iniciativa parlamentar. “É uma petição muito correta, e não só para os gregos, mas como oportunidade de restabelecer a unidade física de um monumento que é patrimônio da humanidade. Desde que se deu a espoliação, muitas esculturas foram desmembradas. A figura de Poseidon tem a cabeça em um lugar e o torso em outro, e assim por diante. Mas eu insisto em dizer que não se trata de um problema apenas grego, mas sim universal. Nós, gregos, temos o direito de reunir todas as peças em um único local, onde elas foram criadas. E, para isso, é fundamental que a questão se mantenha viva”, diz Pantermalís, membro da comissão especial criada pelo Ministério da Cultura grego para tratar desses mármores.
    Moeda de troca
    O professor Paul Artledge, vice-presidente do Comitê Britânico para a Reunificação dos Mármores –criado em 1983--, lança uma ducha de água fria na esperança de que a iniciativa legislativa dê resultado. “É improvável que o projeto se transforme em lei, mas ele introduz o assunto nas conversas de corredor em Westminster”, afirma ele, por e-mail. “E isso também irá contribuir para aumentar a consciência do restante do mundo”, acrescenta Cartledge. O próximo passo, do ponto de vista legislativo, alerta ele, não ocorrerá “antes de 20 de janeiro”.
    A onda crescente do movimento pelo Brexit pode ou não ter a ver com o terremoto político, embora não falte quem o veja como uma moeda de troca –ou um gesto simpático—para melhorar as condições de desligamento do Reino Unido da União Europeia. Pandermalis não ousa se pronunciar sobre isso: “Não me cabe analisar essa questão, mas acredito que os acontecimentos em curso levarão a uma Europa mais aberta, para a qual os museus possam colaborar mais entre si”.
    Outros recorrem à hemeroteca e exibem uma fotografia envelhecida de 1986 em que se veem Melina Mercouri e um jovem Boris Johnson, anti-europeu de destaque, hoje ministro das Relações Exteriores e naquela época presidente da Oxford Union, antes de um debate justamente sobre os mármores de Elgin. Mercouri, com sua cabeleira leonina e seu porte de deusa grega; Johnson, de barba rala e traje de gala: uma imagem que mais parece uma brincadeira da história.

    População apoia a devolução

    A maioria dos britânicos apoia a devolução dos frisos, segundo as pesquisas, embora apenas 15% da população adulta afirmem tê-los visto no museu.
    Entre os entrevistados com formação superior ou de pós-graduação, 52% defendem a sua devolução à Grécia e apenas 20% repudiam essa possibilidade.
    Pesquisa feita recentemente pela empresa Ipsos-Mori revela que 69% daqueles que estão a par do assunto estão a favor, e somente 13% contra.
    Dois a cada três britânicos respondem favoravelmente à reunificação dos mármores, de acordo com um outro levantamento publicado pelo jornal The Times.