sábado, 4 de junho de 2016

Empresas privadas querem reconquistar a Lua

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Lá se vão quase 45 anos desde a última vez em que o homem pôs os pés na Lua. As imagens da tripulação da missão Apollo 17 pousando o módulo Challenger no Vale da Taurus-­Littrow são o derradeiro registro, quase apagado da memória, de um tempo em que o corpo celeste mais próximo de nosso planeta deixou de ser só dos poetas, seresteiros e namorados.
Desde então, a Lua ficou metaforicamente mais longe. A Nasa, a agência espacial americana, praticamente a abandonou. Houve iniciativas da extinta União Soviética, da Rússia e da China, mas sempre com naves sem ninguém dentro. Foram experiências interessantes, mas sem o tom espetacular e os grandes avanços científicos dos primeiros tempos.
Vencer a corrida lunar era busca incansável dos Estados para demonstrar força no apogeu da Guerra Fria. Já não é assim. Agora, tudo leva a crer que estamos no caminho da privatização da Lua. “Se dependermos apenas de governos, o universo continuará inexplorado”, diz o engenheiro John Thornton, fundador da americana Astrobotic. Até o ano que vem, a empresa pretende enviar a primeira sonda privada para a Lua. Quer se aventurar nas cavernas cor de Flicts. Se cumprir a meta, garantirá ainda uma pomposa recompensa de 20 milhões de dólares, prometida pela premiação Lunar — parceria entre o Google e a organização sem fins lucrativos XPrize — à primeira companhia da história a concluir a estratosférica missão.
O prêmio Lunar foi idealizado em 2007 com um claro objetivo: “Incentivar empreendedores espaciais a criar uma nova era de acesso barato à Lua e além”. Para entrar na competição, era necessário que um time de cientistas qualificados apresentasse um plano possível para pousar no satélite e percorrer uma distância de 500 metros no terreno, por meio de uma sonda controlada a distância, da Terra. A condição: ao menos 90% do financiamento do projeto tem de vir do setor privado; os outros 10% podem brotar do governo. Ao todo, será distribuído um butim de 30 milhões de dólares — os 20 milhões ao campeão, 5 milhões ao segundo colocado e outros 5 milhões de bônus aos que atingirem uma série de etapas científicas preestabelecidas.
Apesar do calibre dos envolvidos na organização — liderada pelo Google e pela XPrize, e com o apoio de empreendedores do porte de Elon Musk, fundador da Tesla, fabricante de carros elétricos, e da SpaceX, de exploração espacial —, a competição estava, até há pouco, envolta em descrédito. De início, a promessa era lançar um foguete em 2012. Porém, quando a data chegou, o Lunar puxou o freio, anunciando que nenhum time aparentava estar próximo de elaborar uma proposta razoável para vencer. O prazo, então, foi estendido para 2015, depois para 2016 e, recentemente, para 2017. Das 29 empresas que se candidataram à disputa, de catorze países, treze desistiram (boa notícia: sobrou uma brasileira). “Não é fácil ser o primeiro a realizar algo tão ousado, e é de esperar que existam percalços”, disse a VEJA a americana Chanda Gonzales-Mowrer, diretora do Lunar. “Depois de chegarmos lá, e de colocarmos nosso nome nos livros de história, ninguém se lembrará desses problemas, apenas da glória.”

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