quinta-feira, 12 de maio de 2016

A tecnologia de ponta do arame farpado

 
O professor Joseph tinha um grande problema. Sua propriedade, em Illinois, vinha sendo invadida por pessoas em busca de alimento e gado. A cerca de arame, que circundava as terras, não detinha mais os intrusos. Era preciso uma proteção mais eficiente.
Ele pensava nisso enquanto caminhava pela feira de agronegócio da cidade vizinha de DeKalb, quando uma novidade chamou sua atenção: um trilho de trem com pontas de ferro nas extremidades, para afastar os bois das linhas e evitar acidentes.
Imediatamente, Joseph pensou: se o arame tivesse aquelas farpas de metal, certamente dificultaria a passagem. De volta para casa, ele usou os equipamentos domésticos para improvisar o artefato. Com o moedor de café, torceu o arame formando laços; com o amolador de facas, fez pontas afiadas; com o esmeril, fixou o conjunto nos fios de arame em intervalos regulares.
O professor testou o protótipo no jardim de sua casa. Lucinda, sua mulher, ficou exultante: o cachorro não mais invadiu os canteiros. Estava criada uma das 100 maiores invenções da história.
Por manter as pessoas fora e os bois dentro, o arame farpado revolucionou a agricultura e a pecuária. Depois, invadiu as cidades para proteger casas, empresas, quartéis, penitenciárias e indústrias. Em praticamente todos os eventos importantes do Século XX, o material teve papel de destaque.
 
 
Até hoje, em avançados tempos digitais, não surgiu um concorrente à altura (em preço e eficiência). Sua tecnologia continua de ponta.
Mas, e o personagem do início da história, teve sucesso com o invento? Basta dizer que Joseph Glidden tornou-se um dos homens mais ricos e poderosos dos Estados Unidos. Tão importante que existe uma cidade que leva o seu nome: Glidden, em Iowa.
Curiosidade 1: Joseph não tinha a intenção, mas sua criação foi amplamente usada para fins bélicos. Na 1º Guerra Mundial, foi utilizada em larga escala nos campos de batalha. Só tanques podiam vencer o resistente arame. Na 2º Guerra, o material circundava os campos de concentração nazistas. O Muro de Berlim, inicialmente, foi uma cerca de arame farpado. Por tudo isso, tornou-se símbolo de opressão. Tanto que está presente no logotipo da ong britânica Anistia Internacional.
Curiosidade 2: a artista palestina Mona Hatoum utiliza o arame farpado em algumas obras para abordar conflito e exclusão. A Tate Modern, de Londres, exibe uma ampla exposição da artista, até 21 de agosto de 2016.

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