terça-feira, 1 de março de 2016

Os insetos polinizadores estão morrendo. Entenda o impacto disso para a economia

No documentário "Mais que Mel", o cineasta suíço Markus Imhoof acompanha a vida das abelhas e revela que elas correm risco de extinção (Foto: Divulgação)
 
Pode até não parecer, mas a agricultura moderna deve muito a pequenos insetos e aves. A ciência estima que entre 35% das lavouras em todo o mundo dependa, em alguma medida, da polinização feita por abelhas, borboletas, besouros e algumas espécies de pássaros. O problema – esses bichos estão desaparecendo.
O desaparecimento de animais polinizadores é uma das principais crises ecológicas dos últimos anos. Somente na Europa, 9% das espécies de abelhas estão ameaçadas de extinção. Houve declínio populacional em 37% delas. Outros fatores são apontados, como o uso de pesticidas nocivos a essas espécies e o cultivo de monoculturas, que causam desequilíbrio ambiental. Na sexta-feira (26), um painel de especialistas coordenados pela ONU publicou um relatório que apresenta o tamanho do problema: de acordo com os pesquisadores da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), entre 5% e 8% da produção agrícola mundial é diretamente dependente da polinização animal. O trabalho desses pequenos bichos responde por algo entre US$235 bilhões e US$577 bilhões do valor dos alimentos produzidos. Somente no Brasil, a cifra gira em torno de US$12 bilhões. Se esses animais desaparecerem – ou se sua população for drasticamente reduzida – pode faltar comida nas nossas mesas. De acordo com os pesquisadores, somente no Brasil, açaí, maracujá, manga, abacate, acerola, tomate, castanha-do-pará, cacau, café, soja e canola são dependentes ou são beneficiadas pela polinização animal.
De acordo com os pesquisadores, a perda de espécies polinizadoras não afetará somente os humanos: 90% das plantas silvestres dependem da polinização animal, e elas servem de alimento para diversas outras espécies de animais. O relatório do IPBES foi elaborado ao longo dos últimos dois anos. O trabalho foi coordenado pelo britânico Simon G. Potts, da Universidade de Readings, e pela brasileira Vera Lúcia Imperatriz Fonseca, da Universidade de São Paulo. As conclusões são resultado do trabalho de 77 pesquisadores e foram aprovadas pelos 194 países membros da IPBES. Os resultados foram apresentados durante a última reunião do grupo, em Kuala Lumpur, Malásia.

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