domingo, 17 de janeiro de 2016

Mudança Climática: Aposta em energias renováveis pode elevar PIB global em 1,1% até 2030

Elevar em 36% o peso das energias renováveis aumentaria o PIB global em 1,3 trilhão de dólares (5,3 trilhões de reais) ou 1,1%, de acordo com um estudo apresentado neste sábado na 6a Assembleia da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA). Esse montante, equivalente às economias combinadas do Chile, África do Sul e Coreia do Sul, é a primeira estimativa do impacto da transição energética, caso fosse possível duplicar a porcentagem das energias renováveis no total da matriz até 2030 em relação a 2010.
 
 
"Esta análise oferece uma prova convincente de que alcançar a transição energética necessária não só reduzirá a mudança climática, mas também vai estimular a economia, melhorar o bem-estar humano e promover seu uso no mundo", disse o diretor-geral da IRENA, Adnan Z. Amin, durante a apresentação neste sábado do relatório Benefícios da Energia Renovável: Dados Econômicos. Em sua opinião, o desafio após a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP21), realizada em Paris em dezembro passado, é "criar um ambiente de negócios atraente que incentive o investimento" do setor privado em energia renovável.
Para este fim, o estudo também analisa o impacto concreto de acordo com os países. Segundo esse tópico, o Japão, que acaba de ceder a presidência da agência para o Egito, seria o país que mais se beneficiaria com essa aposta nas energias renováveis, com um impacto de 2,3% em seu PIB. Alemanha, Austrália, Brasil, Coréia do Sul, México e África do Sul teriam um crescimento acima de 1%.
"O impacto é maior nos países que são mais ambiciosos nesse campo", destacou Rabia Ferroukhi, responsável por políticas da IRENA que coordenou o relatório. Para esta especialista, é importante que as energias renováveis sejam "interessantes do ponto de vista econômico". E também que os Governos "adotem políticas para facilitar os investimentos".
O efeito sobre o bem-estar seria três ou quatro vezes maior, segundo os autores, que mencionam uma longa lista de benefícios sociais e ambientais. A estimativa destaca que o número de postos de trabalho no setor subiria dos atuais 9,2 milhões para 24 milhões em todo o mundo até 2030. Desse total, 9 milhões estariam na indústria de biocombustíveis, 6,4 milhões no setor de energia solar, 5,5 milhões em energia eólica e o restante em outras energias renováveis.
Além disso, haveria uma mudança nos padrões de comércio, já que as importações globais de carvão caíram pela metade, assim como as de petróleo e gás, algo especialmente atraente para importadores como a União Europeia, Japão ou Índia. Segundo o estudo, no entanto, os exportadores de combustíveis fósseis, como o anfitrião, Emirados Árabes Unidos, e seus vizinhos, também se beneficiariam com a diversificação de suas economias.
"Reduzir a mudança climática através das energias renováveis é atingir outros objetivos socioeconômicos, já não é uma escolha entre um ou outro", disse Amin. "Devido às oportunidades de negócio representadas pelas renováveis, o investimento em um é o investimento em ambos", defendeu, resumindo o espírito do fórum.
Representantes de 150 países e 140 organizações internacionais se reuniram neste fim de semana, em Abu Dabi, para participar da 6ª Assembleia da IRENA, com foco no papel das energias renováveis para combater as mudanças climáticas. Esta primeira reunião intergovernamental após a cúpula de Paris pretende definir a agenda global nesse campo, e tomar medidas concretas para acelerar a transição para o uso dessas energias. A agência espera que os novos dados convençam seus membros da necessidade de "passar da negociação para a ação" na redução das emissões de CO2.
EL País.com
 

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