sábado, 19 de dezembro de 2015

Violência contra qualquer espécie é inaceitável

Araucária, espécie de árvore ameaçada de extinção (Foto: Haroldo Palo Junior)

Crimes contra pessoas – no Brasil e no mundo – são cada vez mais habituais, mas ninguém em sã consciência defenderia que isso é normal. Uma análise semelhante pode ser feita com as outras espécies que habitam a Terra: animais, plantas e micro-organismos silvestres estão desaparecendo em um ritmo avassalador, em decorrência de atividades humanas; e essa perda de biodiversidade também é uma forma de violência, que jamais poderia ser encarada como natural.
A taxa de extinção atual é mil vezes superior ao ritmo normal da natureza, ou seja, a sociedade contemporânea é mais perigosa que o meteoro que dizimou os dinossauros em uma das outras cinco ondas históricas de extinções em massa.
A destruição de espécies e de seus ecossistemas é tão intensa que já não produz espanto, o que é um absurdo. É preciso reverter esse cenário, pois cada elemento da fauna e da flora tem sua função no mundo e tem o direito a existir, independente de sua relevância econômica ou social para o ser humano.
Aos que não se sensibilizam pelos argumentos éticos e morais em defesa da proteção da biodiversidade, há inúmeras razões objetivas para serem apresentadas. Uma delas é que a extinção de espécies devido a fatores antrópicos gera desequilíbrio e prejudica o fornecimento de serviços ambientais. Por exemplo, estudos mostram que as abelhas estão seriamente ameaçadas de desaparecer em função do uso indiscriminado de pesticidas e agrotóxicos na agricultura. Sem esse e outros insetos polinizadores, boa parte dos vegetais deixaria de existir e a produção de alimentos correria perigo, impactando toda a cadeia alimentar; além disso, com menos vegetação, haveria prejuízo para o ciclo da água e o equilíbrio da temperatura, entre outros.
Diante do crítico cenário atual, urgem estratégias voltadas à conservação de espécies silvestres e dos ecossistemas em que elas habitam. Isso inclui a criação e implementação efetiva de unidades de conservação, geração de conhecimento científico sobre biodiversidade, mitigação e adaptação às mudanças climáticas e crescimento econômico inteligentemente sustentado.
A meta planetária tem que ser a “extinção antrópica zero”, que é ambiciosa e necessária. Afinal, a violência contra a natureza prejudica a saúde, a economia e a qualidade de vida humana, não podendo mais ser banalizada.
Época.com
 

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