terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Solo congelado do Ártico emite mais metano do que se pensava

 
A quantidade de gás metano que escapa a cada ano do solo do Ártico durante o longo período de frio e vai para a atmosfera é muito maior do que o estimado pelos modelos atuais das mudanças climáticas. É o que afirma um estudo de cientistas da Universidade Estadual de San Diego (SDSU), da Universidade de Harvard e da Nasa, nos EUA.
O metano é um dos gases mais nocivos do efeito estufa. A pesquisa afirma que a emissão de metano da tundra no Ártico durante os meses mais frios — quando a superfície do solo está congelada, geralmente de setembro a maio — é bastante superior ao que se imaginava. A tundra é um bioma típico de regiões de baixa temperatura, conhecido pela ausência de árvores.
Os pesquisadores registraram que pelo menos metade das emissões anuais de metano na região ocorre nos meses frios. Esta descrição, que desafia os pressupostos sobre os modelos climáticos, foi publicada na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS).
O metano é 25 vezes mais danoso à atmosfera do que o dióxido de carbono (CO2). O gás preso na tundra do Ártico é originário, principalmente, da decomposição da matéria orgânica no solo que descongela sazonalmente. O metano escapa naturalmente do solo ao longo do ano, mas os cientistas temem que suas emissões aumentem com as mudanças climáticas, liberando
até a porção que fica estabilizada no solo profundo formado por gelo, o permafrost.
Nas últimas décadas, os cientistas usaram instrumentos especializados para medir com precisão as emissões de metano no Ártico e incorporaram esses resultados em modelos climáticos globais. No entanto, quase todas as avaliações foram obtidas durante o curto verão do Ártico.
 
PERÍODO FRIO ‘IGNORADO’
 
O longo período gélido da região, que dominou de 70% a 80% do ano passado, vinha sendo “esquecido e ignorado”, segundo o pesquisador Walter Oechel, coautor do novo levantamento. De acordo com ele, a maioria das pesquisas conclui que, como o solo está congelado durante os meses frios, a emissão de metano seria praticamente nula durante o inverno. Esta, diz Oechel, é uma presunção errada:

— Praticamente todos os modelos climáticos supõem que há muito pouca ou nenhuma emissão de metano quando o solo está congelado. Esta afirmação é incorreta.
Para chegar à conclusão, os pesquisadores registraram as emissões de metano na região entre junho de 2013 e janeiro de 2015, usando ferramentas de monitoramento situadas em cinco pontos do Alasca.
Segundo Oechel, a água no solo da região não congela completamente, mesmo abaixo de zero grau Celsius. Uma camada superior, conhecida como camada ativa, derrete no verão e congela no inverno. Quando as temperaturas estão perto de zero grau, as partes superior e inferior da camada ativa começam a congelar, enquanto o meio fica isolado. Os micro-organismos nessa camada média, que não está congelada, continuam, então, quebrando a matéria orgânica e emitindo metano ao longo de meses.
Jornal O Globo.com


 




 

 


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