segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

China quer prever poluiçaõ usando supercomputadores

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No dia em que foi anunciado o acordo histórico sobre o clima em Paris, Pequim se asfixiava de novo sob uma espessa nuvem de contaminação. Mas no futuro, a China poderá ordenar o fechamento de fábricas de forma preventiva, graças a um sistema de tecnologia de ponta.
No escritório de Meio Ambiente de Pequim, uma equipe de engenheiros monitora cuidadosamente supercomputadores gigantes que calculam a poluição nesta grande metrópole.
Estas máquinas agrupam todos os tipos de informações, desde detectores infravermelhos das fábricas até as mensagens postadas nas redes sociais, para produzir previsões de poluição para três dias e tendências por dez dias.
Este programa informático, desenvolvido pela gigante norte-americana IBM, é uma das inúmeras armas de última tecnologia empregadas pela China para combater a poluição crônica, ao lado de drones, satélites e outros captores.
Seu objetivo: identificar, com muita precisão, a origem da nuvem tóxica para evitar de forma preventiva qualquer emissão futura.
- Efeitos colaterais -As autoridades de Pequim emitiram pela primeira vez há uma semana um alerta vermelho de poluição em antecipação de uma espessa neblina que desceu sobre a cidade.
Às vésperas dos Jogos Olímpicos de 2008, Pequim decidiu fechar suas fábricas, parar todas as obras de construção e retirar de circulação metade dos veículos particulares. Uma estratégia que teve resultados, mas cujo custo foi estimado em centenas de milhões de euros.
Aplicou-se a mesma estratégia para a cúpula Ásia-Pacífico (2014), o Mundial de Atletismo (agosto 2015) e o desfile militar pelo aniversário da Segunda Guerra Mundial (setembro de 2015), o que trouxe efeitos colaterais para uma economia já fragilizada.
Mas a inação diante desses episódios recorrentes poderia reforçar o descontentamento popular, o que preocupa as autoridades.
"É um problema complicado. Isso tem um impacto sobre a sociedade, a indústria, a economia, a saúde", enumera Hervé Robin, responsável de tecnologia da Airvisual.com que propõe na China ferramentas para vigiar a contaminação.
Uma névoa asfixiante encobriu Pequim duas vezes em duas semanas, um cenário que poderia se repetir de hoje até o final de setembro, segundo a agência meteorológica chinesa.
Mas "se cada vez que houver poluição tudo tiver que ser fechado, terão que fazer isso todas as semanas", alerta Robin.
- 75% de precisão -Em julho, Pequim pediu a criação de uma rede nacional de detecção de poluição, o que necessitou a mobilização de várias ferramentas tecnológicas na terra, no ar e no espaço.
Até agora, o programa desenvolvido pela IBM consegue 75% de precisão de suas previsões até 10 dias, segundo seus desenvolvedores.
Mas para as Olimpíadas de Pequim de 2022, esperam que esta tecnologia seja "capaz de focalizar atividades específicas em momentos concretos", o que implicaria "um impacto muito menor da atividade econômica e a vida cotidiana", explica Zhang Meng, um cientista da IBM.
No entanto, mesmo com esta presença digital, também é necessária uma presença no terreno.
Durante o último alerta vermelho em Pequim, foram enviadas doze equipes de inspetores para examinar centenas de empresas contaminadoras da capital e das regiões vizinhas.
Nas redes sociais, a prefeitura promovia iniciativas em matéria de aplicação da lei, incluindo multas para as empresas que não ativam seus sistemas de redução da contaminação.
Alguns instalam os equipamentos necessários mas não os utilizam "porque custa muito dinheiro" e reduz sua produtividade, explica Hervé Robin.
Pequim conta atualmente com menos de 40 pontos de detecção. Mas para ter uma resolução suficiente para identificar os poluidores numa "cidade grande como Nova Délhi ou Pequim, seriam necessárias várias centenas".
Isto É.com

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