domingo, 27 de setembro de 2015

Por que só consumimos 0,06%das plantas comestíveis do planeta?

Das cerca de 300 mil espécies de plantas comestíveis que existem no planeta, consumimos menos de 1%
 
As feiras livres e quitandas de muitas cidades, não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina, são uma explosão de cores e sabores. Formas estranhas e cheiros desconhecidos contribuem para uma variedade espantosa de verduras, frutas e legumes.
Mas, por mais variadas que possam parecer estas espécies e por mais próximas – uma ida ao supermercado do bairro basta para comprá-las – estes produtos representam apenas uma fração mínima das espécies que podemos comer. Não é uma falha dos supermercados e feiras.
O fato é que das 400 mil espécies de plantas que existem no mundo, cerca de 300 mil são comestíveis. E, destas 300 mil, consumimos apenas cerca de 200. E, a maioria das proteínas que consumimos e têm origem nas plantas vem de três cultivos: milho, arroz e trigo.
Tédio na vida sexual
Mas, se as opções são tantas, por que a humanidade se alimenta de apenas 0,06% das plantas comestíveis?
"Até agora, a explicação sugeria que fazemos isto para evitar o consumo de plantas tóxicas", disse à BBC Mundo John Warrer, professor de botânica na Universidade de Aberystwyth, na Grã-Bretanha, e autor do livro A Natureza dos Cultivos. Para Warren, o argumento não tem fundamento.
"Muitas das plantas que comemos são originalmente tóxicas, mas, com o passar do tempo, nós e outros animais encontramos formas de lidar com estes componentes tóxicos."
O botânico se refere aos processos de domesticação que foram eliminando as substâncias venenosas nas plantas e também aos procedimentos como cozimento, que tornam uma planta digerível.
"Na verdade, fazemos isto pois escolhemos deliberadamente comer plantas que têm uma vida sexual muito tediosa", afirmou.
A vida sexual previsível, segundo Warren, é o que garante o sucesso de uma planta como cultivo em larga escala.
E previsível, neste caso, significa uma planta que se reproduz por um mecanismo de polinização muito generalizado, que pode ser o vento ou os serviços de insetos como as abelhas.
Os dez mais
As orquídeas são exemplos mais óbvios na hora de explicar a razão de uma planta com vida sexual complexa não ser boa para ser domesticada.
"Elas são as pervertidas do mundo das plantas. Têm flores e hábitos sexuais estranhos", diz Warren.
Existem cerca de 20 mil espécies de orquídeas, e muitas poderiam ser boas como alimentos. Mas, cultivamos apenas uma para o consumo: a orquídea da baunilha, cuja polinização, feita manualmente, é viável somente devido ao seu alto valor de mercado.
A razão pela qual não cultivamos mais orquídeas, segundo o professor, é "que elas têm uma vida sexual esquisita".
Para se reproduzir, estas orquídeas devem ser polinizadas por uma espécie específica de inseto e, tanto este quanto a orquídea, dependem do outro para sobreviver. Se as orquídeas forem cultivadas longe do habitat deste inseto, não produzirão sementes e fracassarão como cultivo.
Por isso, segundo Warren, acabamos com apenas "dez cultivos mais importantes do planeta (milho, trigo, arroz, batatas, mandioca, soja, batata-doce, sorgo, inhame e banana), que, em sua maioria, se polinizam com a ajuda do vento, sem necessidade de insetos".
Abelhas
Se as plantas mais importantes para nossa dieta não dependem de insetos, outra pergunta que surge é: qual a razão de tanta preocupação com a queda global nas populações de abelhas, um dos principais agentes polinizadores?
Na opinião de Warren, "o problema foi exagerado".
"É importante, mas as abelhas não participam dos cultivos que nos dão calorias. Nenhum dos dez mencionados antes será afetado pela morte das abelhas."
"Mas, se as abelhas morrem, as frutas serão afetadas - as maçãs, peras, morangos, por exemplo - e isto prejudicará a nossa ingestão de vitaminas, a qualidade de vida e piorará nossa saúde. Mas, não vamos morrer de fome", acrescentou Warren.
O botânico acredita que é importante aumentar o número de espécies que cultivamos, e dá mais ênfase àquelas que exigem menos recursos.
"Nossa tendência é domesticar plantas muito nutritivas, mas que necessitam de muitos fertilizantes. Deveríamos cultivar novas plantas com sistemas nutritivos inferiores, porém mais sustentáveis no futuro", afirmou.
E, ainda de acordo com Warren, diferentemente de nossos ancestrais, entendemos as dificuldades de cultivar plantas de vida sexual complexa e podemos superar estes obstáculos.

sábado, 26 de setembro de 2015

Stephen Hawking: "Raça humana terá que sair da Terra se quiser sobreviver"

 
Merry Christmas”. A emblemática voz metálica do cientista mais famoso do planeta soa em meio à orla marítima da praia de Camisón, em Tenerife, na Espanha, provocando as gargalhadas dos turistas que se aglomeram ao seu redor, sussurrando entre si: “É Stephen Hawking”, a medida que passa por eles. “É uma brincadeira que costuma fazer para que as pessoas riam”, explica uma das responsáveis da equipe que o segue por todas as partes. Hawking (Oxford, 1942) se encontra na ilha espanhola para apresentar a terceira edição do festival científico Starmus, realizado a cada dois anos e que em sua edição de 2016 reunirá uma dúzia de prêmios Nobel, entre outras figuras reconhecidas da ciência, da divulgação e exploração especial.
O físico, recentemente retratado no filme sobre sua vida A Teoria de Tudo, que deu o Oscar de melhor ator a Eddie Redmayne, escreve graças a um sensor na bochecha, onde está um dos poucos músculos que ainda consegue mover por conta da doença neurodegenerativa que sofre. Apesar de contar com vários programas tecnológicos que o ajudam a agilizar o processo de escrita, algumas vezes, dizem seus acompanhantes, pode levar duas horas para responder a uma simples pergunta. Mas ele tem um botão especial para fazer gracinhas com um só clique.
Na rua, uma mulher de maiô grita “obrigado por seu senso de humor, Stephen!”, prova do carisma do cientista, que penetrou fundo no imaginário coletivo global muito além dos fãs de ciência. Sete pessoas acompanham o físico nessa viagem, entre assistentes, médicos e gente de sua confiança, sempre atentos a sua frágil saúde de ferro, que o manteve vivo até os 73 anos “contra todos os prognósticos”. É como explica nessa entrevista exclusiva ao EL PAÍS, que teve a ocasião de passar um dia com ele e o organizador do Starmus, o físico Garik Israelian. Hawking fala sobre a necessidade de conquistar oespaço para sobreviver como espécie, do perigo do desenvolvimento da inteligência artificial e sobre o que os jovens cientistas no mundo todo devem esperar do futuro.
Pergunta. O senhor tem uma agenda vertiginosa de viagens, conferências, entrevistas, festivais... quase como uma estrela do rock. Por que vive dessa forma?
Resposta. Sinto que tenho o dever de informar as pessoas sobre a ciência.
P. Gostaria de fazer alguma coisa na vida que ainda não o fez?
R. Viajar ao espaço com a Virgin Galactic.
P. Um de seus últimos livros fala sobre a teoria de tudo, que uniria a relatividade e a física quântica. Sobre o que será o próximo?
R. Pode ser que meu novo livro seja sobre minha sobrevivência, contra todos os prognósticos.
P. Em muitos países, como na Espanha, o orçamento para a ciência é limitado, e muitos cientistas jovens precisaram emigrar para encontrar trabalho. O que o senhor diria a um jovem de países como o nosso e que pretende ser cientista?
R. Que vá para os Estados Unidos. Lá valorizam a ciência porque ela produz tecnologia.
P. Recentemente o senhor criou uma iniciativa muito ambiciosa para buscar vida inteligente em nossa galáxia. Há alguns anos, entretanto, disse que seria melhor não estabelecer contato com civilizações extraterrestres, porque poderiam nos exterminar. Mudou de opinião?
R. Se os extraterrestres nos visitarem, o resultado será muito parecido com o que aconteceu quando Colombo desembarcou na América: não foi uma coisa boa para os nativos americanos. Esses extraterrestres avançados poderiam virar nômades, e tentar conquistar e colonizar todos os planetas aos quais conseguissem chegar. Para meu cérebro matemático, de números puros, pensar em vida extraterrestre é algo muito racional. O verdadeiro desafio é descobrir como esses extraterrestres podem ser.
P. Pouco tempo atrás o senhor disse que a informação pode sobreviver a um buraco negro. O que isso significa para uma pessoa comum?
R. Cair em um buraco negro é como se lançar das cataratas do Niágara em uma canoa: se você remar suficientemente rápido, pode escapar. Os buracos negros são a máquina de reciclagem definitiva: o que sai é a mesma coisa que entra, mas processada.
P. No ano de 2015 a teoria da relatividade geral completa cem anos. O que o senhor diria a Albert Einstein se pudesse falar com ele, e o que espera da ciência nos próximos cem anos?
R. Einstein escreveu um artigo em 1939 no qual afirmava que a matéria não poderia comprimir-se além de um certo ponto, descartando a possibilidade da existência de buracos negros.
P. Por que acredita que devemos temer a inteligência artificial? É inevitável que os humanos criem robôs capazes de matar?
R. Os computadores superarão os humanos graças à inteligência artificial em algum momento nos próximos cem anos. Quando isso acontecer, precisaremos nos certificar de que os objetivos dos computadores sejam os mesmos que os nossos.
P. Qual acredita que será nosso destino como espécie?
R. Creio que a sobrevivência da raça humana dependerá de sua capacidade para encontrar novos lares em outros lugares do universo, pois o risco de que um desastre destrua a Terra é cada vez maior. Desta forma, gostaria de despertar o interesse do público pelos voos espaciais. Aprendi a não olhar muito à frente, a me concentrar no presente. Ainda quero fazer muitas outras coisas.
P. O Governo espanhol aprovou grandes cortes na ciência nos últimos anos. O que o senhor diria ao Governo?
R. Os espanhóis têm muito interesse na ciência e na cosmologia. Foram grandes leitores do meu livro Uma Breve História do Tempo. É importante que todos tenham bons conhecimentos de ciência e tecnologia. A ciência e a tecnologia estão mudando drasticamente nosso mundo, e é fundamental assegurar que essas mudanças ocorram na direção correta. Em uma sociedade democrática, isso significa que todos precisamos ter conhecimentos elementares sobre ciência, de modo que possamos tomar nossas próprias decisões com conhecimento de causa e não as deixar nas mãos de especialistas. É preciso simplificar, com certeza. A maioria das pessoas não tem tempo para dominar os detalhes puramente matemáticos da física teórica. Mas acredito que todo mundo pode, e deve, ter uma ideia geral de como funciona o universo e de nosso lugar nele. É isso que tento transmitir em meus livros e minhas conferências.
Os computadores superarão os humanos graças à inteligência artificial em algum momento nos próximos cem anos
P. Acredita que é possível ser um bom cientista e acreditar em Deus?
R. Utilizo a palavra “Deus” em um sentido impessoal, da mesma forma que Einstein, para me referir às leis da natureza.
P. O senhor disse que não precisamos de Deus para explicar o Universo tal como ele é. Pensa que algum dia os seres humanos abandonarão a religião e Deus?
R. As leis da ciência bastam para explicar a origem do Universo. Não é preciso invocar Deus.
P. Muitas pessoas precisam de cadeiras de rodas por conta de doenças como a esclerose lateral amiotrófica e muitas outras.
Frequentemente enfrentam numerosas dificuldades para levar uma vida normal. Por exemplo, não podem viajar de avião em suas próprias cadeiras [Hawking costuma viajar de barco]. Uma vez que o senhor mesmo experimentou essas dificuldades, tem alguma mensagem para elas sobre a vida e como vivê-la?
R. Apesar de ter a desgraça de sofrer uma doença neuronal motora, tive muita sorte em praticamente todo o resto. Tive a sorte de trabalhar em física teórica, um dos poucos campos nos quais minha incapacidade não era um obstáculo sério, e de ser premiado com a popularidade de meus livros. Meu conselho para outras pessoas com incapacidades seria que se concentrassem em coisas que sua deficiência não as impeçam de fazê-las bem feitas, e que não se lamentem por aquelas nas quais o problema interfere.
Tudo está na mente. Preciso admitir que, quando não sigo o assunto de uma conversa, costumo divagar em reflexões sobre física e buracos . De fato, de certo modo minha incapacidade foi uma ajuda. Não preciso dar aulas e participar de comitês chatos, e me deu mais tempo para pensar e pesquisar.
P. Muitos cientistas de renome mundial, entre eles 12 prêmios Nobel, participarão do Starmus 3 para reverenciá-lo. Será um acontecimento histórico. Existe algo especial que o senhor queira ver no Starmus 3?
R. O Starmus 3 não se trata somente de buracos negros, campo no qual realizei um trabalho importante, mas abarca também a música e a arte. O Starmus 3 é o lugar onde a ciência séria se encontra com um público mais amplo; onde o pensamento intelectual, as nuances e a complexidade são reverenciados; onde se explora a maneira como trabalham os cientistas e onde são forjadas novas ideias.

Como se forma o Eclipse total da superlua

Eclipse lunar 2015

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Oito fotos espetaculares feitas pelo astronauta que "mora" na ISS

Horizonte azul
O astronauta americano Scott Kelly participa de uma das mais importantes missões da Nasa, mas seu nome tem se tornado conhecido também pelas belas imagens do espaço que compartilha em suas redes sociais. Em 28 de março, Kelly foi enviado à Estação Espacial Internacional (ISS) com uma tarefa inédita: passar quase um ano a bordo da estação, enquanto Mark Kelly, o irmão gêmeo de Scott, fica na Terra, sendo monitorado pelos cientistas da Nasa.
O objetivo é estudar como o corpo humano reage e se adapta, física e mentalmente, a uma longa permanência em ambiente espacial. Como os irmãos têm o mesmo material genético, a Nasa poderá comparar as reações psicológicas, moleculares e no DNA de Scott com os de Mark. As diferenças podem revelar como o organismo lida com ambientes extremos - o tempo que Scott Kelly ficará na ISS é quase o dobro do que os astronautas ficam por lá.
Contudo, além de recolher material genético e fazer experimentos, Scott usa seu tempo para registrar as paisagens que vê da ISS. As incríveis imagens que revelam a Terra e o espaço em ângulos surpreendentes são colocadas em sua conta no Instagram, stationcdrkelly. Confira uma lista com os oito visuais mais belos divulgados pelo astronauta:
Bahamas
Estrelas
Pôr do sol
Itália iluminada
China
Soyuz
Costa espanhola
 

ONU lança roteiro para o mundo perfeito, no seu 70º aniversário

 
Um mundo sem fome nem pobreza extrema. Sem sida, sem malária, sem tuberculose. Com educação básica gratuita para todos. Onde as mulheres não são discriminadas nem agredidas. Onde todos têm acesso a água potável, saneamento e energia moderna. Um mundo com mais renováveis, mais eficiência energética. Com crescimento económico e emprego universal. Em que as cidades e os transportes são verdes. Com mais indústrias e menos poluição. Com os ecossistemas conservados. Em paz e livre da corrupção.

É este o mundo idílico que as Nações Unidas aspiram atingir dentro de apenas 15 anos. Está tudo numa ambiciosa agenda para o planeta até 2030, que será adoptada numa cimeira mundial que começa esta sexta-feira em Nova Iorque e que coincide com o 70º aniversário das Nações Unidas. É uma nova e ampla lista de intenções rumo ao desenvolvimento sustentável. Mas há muitos obstáculos para que esta cartilha seja cumprida.
Os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável vão substituir os oito Objectivos do Desenvolvimento do Milénio, adoptados em 2000 e que expiram este ano, com resultados mistos. Houve inegáveis avanços. A parcela da população mundial que vive com menos de 1,25 dólares (1,11 euros) por dia caiu de 47% para 14%, segundo um balanço feito este ano pela ONU. Nos países em desenvolvimento, a subnutrição diminuiu de 23% para 13%, o número de crianças na escola primária subiu de 83% para 91%, e a população que vive em bairros de lata reduziu-se de 39% para 30%.
Mesmo assim, hoje o mundo ainda tem 800 milhões de pessoas em pobreza extrema, 160 milhões de crianças que passam fome, milhões de mulheres que são discriminadas e quatro vezes mais refugiados do que há apenas cinco anos.
Os novos objectivos da ONU não procuram apenas emendar o que ainda não foi resolvido – como a fome e a pobreza. Vão mais além e tocam em mais domínios da actividade humana e de uma forma mais detalhada. O resultado é um roteiro pós-2015 com 17 objectivos e 169 metas, que vão das energias renováveis às mortes nas estradas, do trabalho infantil à regulação da banca, dos desastres naturais aos subsídios à pesca.
“É ambicioso, quase beirando a utopia, mas realizável”, afirma Pedro Krupenski, presidente da Plataforma Portuguesa das Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento. “Nunca a agenda do combate à pobreza esteve tão ligada às boas práticas de desenvolvimento sustentável. Esta é a grande novidade”, avalia.
A nova agenda é diferente da anterior noutro aspecto: agora o foco são todos os países, quando antes a atenção estava voltada sobretudo para a melhoria das condições de vida nas nações mais pobres. Temas como a desigualdade de rendimentos, a protecção dos ecossistemas ou a adaptação às alterações climáticas aplicam-se também ao mundo industrializado. Garantir padrões sustentáveis de produção e consumo também. “É um dos grandes desafios para os países desenvolvidos: conseguir produzir com menos recursos”, afirma o secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos, que vai intervir, domingo, numa das sessões da conferência das Nações Unidas.
Os novos objectivos da ONU são mais um ponto num processo com quatro décadas, desde a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em 1972, em Estocolmo. O conceito do desenvolvimento sustentável ganhou força na Cimeira da Terra, em 1992, no Rio de Janeiro. Mas duas avaliações realizadas dez e vinte depois concluíram que ainda havia muito a fazer. Foi na segunda avaliação, em 2012, também no Rio de Janeiro, que se lançou formalmente a ideia dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável para o pós-2015.
Em três anos, chegou-se a um consenso, o que contrasta com as negociações para um novo tratado internacional para as alterações climáticas, que se arrastam há uma década. A explicação está sobretudo no formato daquilo que será adoptado: uma declaração política, que não obriga os países a cumprir as metas. Esta é uma das fraquezas da iniciativa, segundo Pedro Krupenski. “Falta um elemento mais vinculativo. Deveria ser eventualmente um tratado internacional”, explica. “A verificação vai ficar um bocado ao critério dos mecanismos da sociedade civil”.
O ex-secretário de Estado do Ambiente Carlos Pimenta, que tem acompanhado a questão do desenvolvimento sustentável desde Estocolmo, aponta outro problema. “As instituições que gerem os global commons [bens globais comuns] estão muito enfraquecidas. Nunca foi tão grande a destruição das florestas ou a degradação dos oceanos”, afirma. “Estou pessimista ao nível da governança global”, completa.
Portugal foi um dos países que se bateu pela inclusão dos bens comuns globais na primeira linha da agenda do desenvolvimento pós-2015. “Termos um objectivo específico para os oceanos foi uma grande conquista”, diz Ana Paula Laborinho, presidente do Camões-Instituto da Cooperação e da Língua – que coordenou a participação portuguesa nas negociações.
Outro grande obstáculo está no facto de muitas das 169 metas serem de difícil monitorização. Um grupo de trabalho da ONU identificou um conjunto de quase 300 indicadores para todas elas. Mas concluiu que apenas 50 (17%) são de facto viáveis neste momento.
A maior parte das metas, na verdade, não tem valores precisos a cumprir. Muitas apontam, por exemplo, para a redução ou aumento “substancial” de determinados parâmetros até 2030, sem dizer quanto.
Mesmo assim, acredita-se que os novos objectivos terão um efeito positivo, tal como os seus antecessores. “Com os Objectivos do Milénio chegaram-se a patamares que de outra forma não teriam sido atingidos”, interpreta Ana Paula Laborinho.
Ban Ki-moon, o secretário-geral da ONU, espera que esta cimeira crie uma atmosfera que ajude a desatar o nó para a adopção de um novo tratado climático no final do ano em Paris. “Este pacote dá mais margem para as Nações Unidas terem mais força nas negociações climáticas”, avalia Francisco Ferreira, da associação ambientalista Quercus.
A questão do clima possivelmente estará na intervenção que o Papa Francisco, em visita aos Estados Unidos, fará nas Nações Unidas, esta sexta-feira, antes do início da cimeira.
A reunião de Nova Iorque, a conferência de Paris e outra sobre o financiamento ao desenvolvimento, realizada em Agosto em Adis Abeba, fazem de 2015 um ano fulcral para o lançamento de um roteiro até 2030 fortemente centrado na sustentabilidade. “Cada vez mais sabemos que de nada vale erradicar a pobreza se não tivermos mais planeta”, resume Ana Paula Laborinho.

Pesquisador diz ter encontrado restos mortais da "Mona Lisa"

Mona Lisa
 
O túmulo de Lisa Gherardini del Giocondo, a suposta modelo do quadro Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, está no convento Santa Úrsula, em Florença, revelaram testes de carbono 14. O anúncio da descoberta foi feito pelo líder das pesquisas, o italiano Silvano Vinceti e que é muito conhecido na Itália por descobertas e estudos feitos sobre Caravaggio.
Segundo os exames, um dos três pedaços de ossos encontrados na cripta do mosteiro se revelou compatível com o período de morte de Lisa, em 1542, e que poderá, no futuro, ser confrontado com o DNA de seus filhos. Na tumba, acredita-se que foram enterrados Lisa e seu marido, Francesco di Bartolomeu del Giocondo. Seus dois filhos foram enterrados em outro ponto da mesma Igreja.
É muito provável que, graças ao carbono 14, nós tenhamos individualizado em um caixão na cripta de Santa Úrsula os restos do esqueleto do corpo de Lisa. Além disso, há outros elementos convergentes, além do carbono, que dizem que nós podemos ter descoberto o túmulo", disse Vinceti nesta quinta-feira (23).
Para o historiador, há "diversos estudos antropológicos e arqueológicos feitos com rigor" que comprovariam que Lisa foi a modelo de Da Vinci. Ele citou como os mais relevantes os dados recolhidos por antropólogos e arqueólogos da Superintendência de Florença e dos estudos liderados pelo professor Giorgio Gruppioni da Universidade de Bolonha. Todos comprovariam sua tese sobre Gherardini. Porém, ele ressaltou que não há como dar "segurança" de que os restos pertencem à mulher, "mas as probabilidades são altíssimas".

Agência da ONU estuda plano de contigência por causa de El Niño na América Latina

 
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) estuda um plano de contingência para a América Latina e o Caribe para minimizar os efeitos que o fenômeno do El Niño pode causar tanto para a produção como por uma eventual alta dos preços da cesta básica.
O diretor regional para a América Latina do PMA,  disse em entrevista à Agência Efe em Bogotá que "a preocupação latente hoje em dia é qual será o impacto do fenômeno El Niño nos países produtores que abastecem os programas de segurança alimentar internacional".
El Niño, que já castiga alguns países da América Latina, pode se transformar em um dos quatro mais fortes registrados nos últimos 65 anos, segundo especialistas da Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Este fenômeno de variabilidade meteorológica abrange um amplo leque de efeitos no continente americano que vão desde fortes secas, causadas pelo aumento das temperaturas e pela escassez de precipitações até inundações, parte do "impacto da mudança climática da qual o El Niño faz parte", explicou.
As secas ou inundações produzidas pelo El Niño podem alterar "a produção (de alimentos) e isso vai afetar o preço, o que obriga o PMA, como agência humanitária internacional a ter um plano de contingência", acrescentou.
Na Colômbia a escassez de chuvas afetou 90 mil hectares produtivos de café, o que representa 18% do total do cultivo no país, indicou a Federação Nacional de Cafeicultores (FNC).
Vários países da América Central perderam este ano grande parte da colheita de cereais por causa de uma prolongada seca que "afeta mais de 3,2 milhões de pessoas" e diminuiu em 60 % a colheita de milho e de 80 % a de feijão durante a principal temporada do ano.
No Peru, o governo destinou US$ 276 milhões para a prevenção e as ações de emergência com o propósito de reduzir significativamente o impacto da El Niño, que nesse país andino, se traduz em mais chuvas e um aumento das temperaturas.
O principal medo é o possível efeito inflacionário nos preços da cesta básica provocado pela queda na produção por culpa da El Niño, o que obrigaria o PMA a mudar parte de sua estratégia.
Deste modo, caso haja mesmo uma elevação nos preços, o PMA mudaria alguns dos itens por outros para poder chegar ao mesmo número de beneficiados (cerca de quatro milhões diretos na região).
 Como já ocorreu em 2008, em uma fase de emergência ambiental, "os preços dos alimentos dispararam porque a primeira reação dos governos foi cobrir sua produção nacional e evitar a saída de alimentos" o que dificultou as possibilidades de entrar nos mercados internacionais.
Neste sentido, uma das estratégias mais importantes que o PMA executou nos últimos anos foi mudar progressivamente as operações de compra de alimentos em nível internacional para passar a um plano de atuação mais focado na produção local.
"Nos últimos oito, dez anos, estivemos trabalhando na capacitação de pequenos produtores locais, que nos fornecem dos alimentos, e nós compramos para aplicá-lo através de nossos programas no próprio país", indicou.
"Nós, com o Programa Mundial de Alimentos, vamos preparar uma atividade para identificar quais são as carências que existem nos países da América do Sul e qual é o apoio que podemos dar para fortalecer suas capacidades, suas cadeias de valor e suas cadeias logísticas", concluiu.

Por que eclipses como o deste domingo preocupam a Nasa

A nave Lunar Reconnaissance Orbiter foi lançada no espaço em 2009
 A nave Lunar Reconnaissance Orbiter foi lançada no espaço em 2009
 
Ao longo da noite deste domingo e da madrugada de segunda-feira, grande parte do mundo, incluindo o continente americano, terá a oportunidade de desfrutar do espetáculo raro de um eclipse total da Lua junto e do evento da superlua.
 Para os entusiastas de astronomia esses eventos serão belos. Mas, para a agência espacial americana, a Nasa, será motivo de preocupação.
Os cientistas temem que a falta de luz solar devido ao eclipse deixe sem energia uma de suas naves mais importantes, a Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), cuja missão é explorar e monitorar o satélite natural da Terra.
"Duas coisas acontecem durante um eclipse: fica muito frio e não há luz para carregar as baterias (da nave). Com o eclipse, a nave vai ficar sem luz direta do Sol por cerca de três horas", disse à BBC o cientista da Nasa Noah Petro.
Apesar do temor da Nasa, a agência espacial americana já passou, com êxito, por outros três eclipses lunares nos últimos 17 meses.
"Sempre é estressante quando o eclipse está se aproximando, mas seguimos os mesmos procedimentos e não tivemos nenhum problema", afirmou Dawn Myers, do centro de voos espaciais Goddard, que faz parte da Nasa.
O que gera a preocupação na Nasa é que tecnologias semelhantes às da LRO enfrentaram dificuldades durante eclipses passados. No entanto, a LRO foi projetada especificamente com esses problemas em mente.
"Normalmente a LRO recarrega as baterias com a luz do sol, então quando temos um eclipse, ficamos muito cautelosos em relação à nave", disse Noah Petro.

Lua vermelha

O eclipse total deve durar mais de uma hora. A Lua também ficará com uma cor avermelhada pois sua superfície estará iluminada por raios tênues que refletem da atmosfera terrestre.
Mas o cientista lembra que a Nasa tem experiência em eventos como este e, desta vez, vai tomar algumas precauções.
 

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Lâmpadas prometem regular o sono

 
A lâmpada integra uma revolução tecnológica que está chegando a lares, escritórios, hotéis
e escolas. Esse novo tipo de iluminação foi projetado para combater os efeitos nocivos da luz artificial e pode ajudar a regular o sono, a vivacidade e até o humor.
“A iluminação deixou de ser algo pendente do teto”, comentou Mariana Figueiro, que chefia a pesquisa sobre luz e saúde no Centro de Pesquisas sobre Iluminação do Instituto Politécnico Rensselaer. “Hoje em dia, a meta é criar tratamentos de luz específicos para cada pessoa.”
Cientistas sabem há anos que níveis e cores diferentes de luz podem ter efeitos biológicos importantes sobre as pessoas. No entanto, esse conceito só era aplicado a lâmpadas caríssimas —com preço de até US$ 300 mil— para usos especiais, como simular o ciclo de 24 horas para astronautas ou tratar icterícia em recém-nascidos.
Agora, com a sofisticação e o barateamento das tecnologias de iluminação, a exemplo dos LEDs, empresas estão desenvolvendo a chamada iluminação biológica para uso cotidiano.
O Lighting Science Group, que produz a Sleepy Baby, está entre as empresas direcionadas ao mercado crescente de produtos de iluminação voltados ao repouso ou ao estado de alerta. Outras são General Electric, Philips, Digital Lumens e LumiFi.
Algumas empresas também estão pesquisando aplicações da iluminação para a saúde, disse Milos Todorovic, que lidera pesquisas bioeletrônicas na Lux Research. Entre elas estão mudar o humor das pessoas e afetar processos físicos internos, disse ele, incluindo aumentar a produção de colágeno para sarar ferimentos.
As novas lâmpadas são projetadas para regular as necessidades corporais básicas de repousar e acordar, por meio de estímulos para os receptores nos olhos.
Quando expostos a luz com comprimento curto de onda, a extremidade azul do espectro, esses receptores suprimem a liberação do hormônio melatonina que induz o sono. Como a luz artificial branca, especialmente os LEDs usados em lâmpadas e telas iluminadas, geralmente têm muito azul, a exposição noturna tende a aumentar o estado de alerta.
“Somente nos últimos 50 anos, a quantidade de luz artificial usada per capita aumentou dez vezes”, informou Charles A. Czeisler, chefe da Divisão do Sono e de Distúrbios Circadianos no Brigham and Women’s Hospital em Boston. “Então tudo fica muito mais radiante desde o nascer do Sol até quando vamos dormir.”
Isso retarda o relógio interno do corpo entre três e cinco horas, acrescentou ele. Em consequência, as pessoas vão para a cama mais tarde, mas “ainda tentam acordar com as galinhas”.
Usar lâmpadas à noite que emitem luz com comprimento mais longo de onda, a qual é mais amarelada, pode ajudar a deter esse ciclo, disse ele.
 

Não esquecer: Raro eclipse total de superlua acontece no dia 27

 
Pela primeira vez em mais de 30 anos, um eclipse lunar vai acontecer combinado ao fenômeno da superlua. O evento vai acontecer no dia 27 de setembro, e poderá ser visto das Américas do Sul e Norte, Europa, África e partes do oeste asiático.
— Como a órbita da Lua não é um círculo perfeito, em alguns momentos ela se aproxima mais da Terra — explica Noah Petro, cientista do projeto Lunar Reconnaissance Orbiter, da Nasa. — Quando a Lua está mais afastada, nós chamamos de apoastro, e quando está mais perto, de periastro. No dia 27, nós vamos ter uma lua cheia em periastro.
No periastro, a Lua está 50 mil quilômetros mais próxima da Terra que no apoastro, distância maior que uma volta em torno do planeta. Por causa da proximidade, a Lua parece ser 14% maior e 30% mais brilhante nos céus, em relação à lua cheia de apoastro, por isso recebe o apelido de
superlua.
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— Não existe uma diferença física na Lua — diz Petro. — Ela só parece maior no céu. Não é nada dramático, mas ela parece maior.

Com o eclipse, coloca um ingrediente especial. Por mais de uma hora, a sombra da Terra vai “engolir” a superlua, à medida que o planeta se deslocar entre o satélite e o Sol. E os dois fenômenos acontecendo simultaneamente é algo bastante raro, que acontece em intervalos de décadas. O último aconteceu em 1982, e o próximo não irá acontecer até 2033.
— É apenas a dinâmica planetária. A órbita da Lua em torno da Terra é inclinada em relação ao eixo da Terra e o plano orbital de todas essas coisas se encontram algumas vezes — explica Petro. — É raro porque é
algo que, talvez, uma geração inteira não viu.
O eclipse lunar total vai durar uma hora e 12 minutos. De acordo com a Nasa, a sombra da Terra começará a cobrir a superlua às 21h11min e o eclipse total começará às 23h11min.








Concessão do Irã sobre plutônio foi vitória ignorada

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À primeira vista, os metais que conferem poder destrutivo às bombas atômicas poderiam parecer intercambiáveis. Afinal, urânio e plutônio são, ambos, mais valiosos do que o ouro, e os dois foram usados nas bombas que devastaram cidades japonesas na Segunda Guerra Mundial —urânio no caso de Hiroshima, plutônio em Nagasaki.
Mas há uma diferença crucial: segundo especialistas, das cerca de 15 mil ogivas nucleares existentes no planeta, mais de 95% são à base de plutônio, que é muito mais poderoso que o urânio e mais fácil e mais barato produzir.
Por isso, alguns consideram exagerada e incompreensível a ênfase dada ao urânio nas críticas feitas ao acordo nuclear com o Irã —que determina que o país abriria mão de produzir plutônio.
“Foi um avanço imenso”, disse Siegfried Hecker, professor da Universidade Stanford e ex-diretor do laboratório bélico de Los Alamos, no Novo México. “Mas ninguém parece se importar.”
Quase dois anos de negociações com o Irã resultaram em um acordo histórico, que limita a produção iraniana de urânio e plutônio em troca do fim das sanções petrolíferas e financeiras internacionais.
Em 10 de setembro, a bancada democrata no Senado dos Estados Unidos bloqueou uma tentativa republicana de rejeitar o acordo, garantindo sua entrada em vigor sem a necessidade de confronto com a Casa Branca por causa de um eventual veto.
Há três décadas, o Irã começou a estudar secretamente o uso do plutônio. No ano passado, o país possivelmente estava a poucos meses de inaugurar uma fábrica desse metal quando repentinamente aceitou uma substancial alteração de seu projeto. Isso basicamente impediu a futura instalação de produzir volumes suficientes de plutônio para o desenvolvimento de bombas.
A promessa de Teerã marcou uma importante guinada, segundo especialistas nucleares. “É um verdadeiro sucesso”, disse Frank von Hippel, físico que assessorou o governo Clinton e atualmente leciona na Universidade de Princeton, em Nova Jersey. “Fiquei surpreso por eles estarem dispostos a abrir mão.”
Richard Garwin, um dos principais desenvolvedores da primeira bomba de hidrogênio do mundo, disse que essa alteração de projeto foi “um grande feito”. Ele outros cientistas assinaram no mês passado uma carta endereçada ao presidente Barack Obama elogiando o acordo com o Irã, que eles descreveram como inovador e rigoroso.
Purificar o urânio para o uso em bombas é um processo extraordinariamente difícil, ao passo que o plutônio é um subproduto atômico, o que facilita sua fabricação. Além disso, é necessária uma quantidade muito menor de plutônio para produzir uma explosão equivalente.
“Ele tem o dobro do efeito”, disse Ray Kidder, que foi desenvolvedor de armas no laboratório bélico Livermore, na Califórnia, até se aposentar. “Se todo o resto for igual, [o plutônio] faz uma arma mais poderosa.”
O segredo está no fosso colossal entre matéria e energia, que Einstein definiu décadas atrás na sua famosa equação E = mc2, em que a energia é igual à massa multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado, uma cifra incrivelmente alta.
Em 9 de agosto de 1945, quando os Estados Unidos despejaram uma bomba de plutônio sobre Nagasaki, um grama de matéria se transformou em energia. Cerca de 75 mil pessoas morreram.
O plutônio é produzido quando alguns nêutrons são absorvidos por átomos de urânio em um reator. Esse metal libera mais energia do que o urânio em parte porque seus átomos emitem mais nêutrons quando divididos, acelerando reações em cadeia. O alto fator de multiplicação significa também que as ogivas de plutônio podem ser menores e mais leves. Segundo especialistas, a Índia, a Coreia do Norte, Israel e o Paquistão têm usado reatores para fazer plutônio para armas nucleares.
Uma pequena massa desse metal prateado, geralmente menor que uma bola de beisebol, funciona como um fósforo superquente que acende o combustível termonuclear. A ogiva resultante é até mil vezes mais poderosa do que uma bomba atômica.
As inclinações de Teerã com relação ao plutônio foram reveladas no final de 2002, no começo do impasse entre o Irã e o Ocidente. As atenções se voltaram para um vasto complexo nuclear semiconstruído nos arredores da cidade de Arak. O local, muito isolado, estava rodeado por quilômetros de arame farpado.
Teerã alegou que Arak produziria radioisótopos para fins humanitários, como o tratamento do câncer. Mas, à medida que as obras evoluíam, vales e cumes montanhosos da região ficaram lotados de baterias antiaéreas.
Por que a mudança de rumo em Arak foi tão rapidamente ignorada? Especialistas nucleares dizem que a ameaça militar de um complexo de plutônio inacabado pode ser vista como algo abstrato em comparação ao sucesso do Irã na purificação de urânio.
As estimativas mais pessimistas dizem que o Irã poderia ter urânio para uma bomba em apenas dois ou três meses.
De toda forma, o acordo envolvendo o plutônio basicamente sepultou aquela antiga iniciativa iraniana. “Não há mais nada para discutir”, disse Von Hippel.
Por que o Irã abriu mão do plutônio? Hecker, o ex-diretor de Los Alamos, disse que Teerã provavelmente decidiu abandonar sua tentativa de montar um arsenal. No entanto, ele argumentou que o empenho do país em salvar grande parte do seu complexo de urânio durante a negociação sugere que o país está se precavendo.
“Acho que, neste momento, o Irã realmente não quer desenvolver armas nucleares”, afirmou. “Mas ainda quer ter essa opção.”
New York Times

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Final de semana terá eclipse lunar total e "Super Lua de sangue"

A noite do Rio com o brilho da superlua (Foto: Marcos Estrella/Globo)
 A noite do Rio com imagens da Super Lua
 
De acordo com a doutora em astronomia Telma Cenira Couto da Silva no dia 27 a Lua, na fase cheia, estará no perigeu, “a posição de sua órbita mais próxima à Terra, quando será observada maior, uma Super-Lua”. Além disso, neste dia o satélite estará na posição mais próxima à Terra em 2015, o que a torna a Super-Lua de 2015.

A Lua de domingo também representará a Lua de Sangue, pois trata-se do quarto eclipse de uma tetrada lunar, que é “uma sequencia de quatro eclipses lunares totais que ocorrem num intervalo de seis meses lunares entre cada um deles”, afirma Telma. Tudo isso fará com que aconteça um eclipse total de uma Super-Lua de Sangue.

Superlua no Rio (Foto: Marcos Estrella/Globo)
Depois de um dia de sol e calor, o Rio anoitece com uma Superlua

A Super-Lua

Segundo a astrônoma, o melhor horário para observar uma Super-Lua é quando ela está próxima ao horizonte, quando podemos compará-la a objetos próximos e ela nos parece maior.
O eclipse lunar total Um eclipse lunar total ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua ficam alinhados no espaço, com a Terra posicionada entre o Sol e a Lua, e a sombra que a Terra projeta no espaço encobre totalmente a Lua.

“Um eclipse lunar total é precedido por um eclipse penumbral, quando a Lua entra na penumbra, parte mais clara da sombra da Terra. Posteriormente, há um eclipse parcial quando a Lua entra na umbra, região mais escura da sombra da Terra, e parece estar “mordida”. Na totalidade a Lua fica completamente encoberta pela umbra, porém, ela não fica totalmente escura, mas, com uma cor avermelhada. Isso ocorre porque a atmosfera terrestre se estende muito além da superfície do nosso planeta, e um anel circular de atmosfera permanece ao redor da Terra durante o eclipse lunar total. Essa atmosfera filtra e refrata os raios de Sol o que faz com que os raios de cor vermelha atinjam a Lua”, explica Telma.

Ainda segundo a astrônoma, a totalidade do eclipse deve durar 72 minutos. Ela ainda mostra os horários de início e término do eclipse penumbral:


“Na observação da Super-Lua os habitantes do Acre estarão favorecidos, mas o espetáculo será visível em todo o Brasil. É só buscar a Lua do lado leste no começo da noite. Se não for possível observá-la nesse horário, deve-se tentar a madrugada de 28 de setembro quando ela estiver se pondo do lado oeste. Ela ainda terá um diâmetro aparente maior que o habitual”, afirma.
27 – 28 de setembro - Horários de Cuiabá: Início do Eclipse Penumbral: 20h12
Início do Eclipse Parcial: 21h07
Início do Eclipse Total: 22h11                    
Máximo do Eclipse Total: 22h47                    
Fim do Eclipse Total: 23h23                          
Fim do Eclipse Parcial: 0h27                          
Fim do Eclipse Penumbral: 1h22                                                                               

Florestas europeias já não antecipam a primavera, segundo um estudo

 
 
O aumento de temperatura devido à mudança climática causou um avanço no broto das plantas, muito positivo para que estas fixassem mais carbono, no entando, uma equipe de cientistas acaba de descobrir que esta tendência tem diminuído, segundo um artigo publicado nesta quarta-feira pela revista "Nature".
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O estudo, que utilizou como referência dados das florestas europeias nos últimos 30 anos, constata que, apesar do aquecimento persistir, as florestas da região já não antecipam tanto a primavera como faziam nos anos 80.
            
        Assim explica em entrevista com a Agência Efe um dos autores da pesquisa, Josep Peñuelas, diretor da Unidade de Ecologia Global do Centro de Pesquisas Ecológicas e Aplicações Florestais (CREAF) e professor de pesquisa do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC).     Até agora, a maioria das teorias científicas apontava que o adiantamento da primavera provocado pela mudança climática estava fazendo as árvores brotarem antecipadamente.
"Um dos sintomas de que a mudança climática atua sobre a vegetação é que muda a fenologia, o ciclo vital dos organismos. Neste caso o mais significativo é quando as folhas saem porque se aparecem antes, fixam mais carbono", indicou Peñuelas.
        A magnitude de referência desde 1980 é que por cada grau a mais no aumento de temperatura, a saída das folhas eram anticipada em 4 dias, o que supunha um alongamento do período de fixação do carbono e portanto "se limitava ao efeito estufa produzido pelos humanos".
Essa magnitude foi a utilizada como referência nos modelos climáticos que calculam a acumulação de dióxido de carbono na atmosfera.
         No entanto, o que os pesquisadores comprovaram é que o avanço na chegada da primavera foi freado pela menor acumulação de frio no inverno, ou dito de outro modo: pelos períodos invernais mais cálidos que também estão intensificando a mudança climática.
"Observamos que as árvores europeias não estão fazendo brotar as folhas antecipadamente como era previsto, porque necessitam acumular um certo número de noites frias para despertar do estado de dormência invernal", indica o pesquisador.    
                                                                                       
  O aumento de temperatura devido à mudança climática causou um avanço no broto das plantas, muito positivo para que estas fixassem mais carbono, no entando, uma equipe de cientistas acaba de descobrir que esta tendência tem diminuído, segundo um artigo publicado nesta quarta-feira pela revista "Nature".                                          

                                                  

  • O estudo, que utilizou como referência dados das florestas europeias nos últimos 30 anos, constata que, apesar do aquecimento persistir, as florestas da região já não antecipam tanto a primavera como faziam nos anos 80.
Assim explica em entrevista com a Agência Efe um dos autores da pesquisa, Josep Peñuelas, diretor da Unidade de Ecologia Global do Centro de Pesquisas Ecológicas e Aplicações Florestais (CREAF) e professor de pesquisa do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC).
Até agora, a maioria das teorias científicas apontava que o adiantamento da primavera provocado pela mudança climática estava fazendo as árvores brotarem antecipadamente.
"Um dos sintomas de que a mudança climática atua sobre a vegetação é que muda a fenologia, o ciclo vital dos organismos. Neste caso o mais significativo é quando as folhas saem porque se aparecem antes, fixam mais carbono", indicou Peñuelas.
A magnitude de referência desde 1980 é que por cada grau a mais no aumento de temperatura, a saída das folhas eram anticipada em 4 dias, o que supunha um alongamento do período de fixação do carbono e portanto "se limitava ao efeito estufa produzido pelos humanos".
Essa magnitude foi a utilizada como referência nos modelos climáticos que calculam a acumulação de dióxido de carbono na atmosfera.
No entanto, o que os pesquisadores comprovaram é que o avanço na chegada da primavera foi freado pela menor acumulação de frio no inverno, ou dito de outro modo: pelos períodos invernais mais cálidos que também estão intensificando a mudança climática.
"Observamos que as árvores europeias não estão fazendo brotar as folhas antecipadamente como era previsto, porque necessitam acumular um certo número de noites frias para despertar do estado de dormência invernal", indica o pesquisador.
Ou seja, "como não se acumula suficiente frio no inverno, as plantas necessitam de muito mais calor para brotar na primavera", acrescenta.
Assim, as análises demonstram que se entre 1980 e 1994, por cada grau que tinha subido a temperatura da primavera, a saída das folhas tinha avançado 4 dias; entre 1999 e 2013 com invernos mais cálidos, este número foi atrasado até 2,3 dias por cada grau.
"Se, segundo marcam os modelos, cada vez o inverno for mais quente, será freado o avanço da saída prematura das folhas", afirma Peñuelas.
Portanto, a menor sensibilidade da saída dos folhas ao aquecimento progressivo preocupa os pesquisadores porque reduz o potencial das florestas de acumular mais carbono.
Este estudo foi desenvolvido por uma equipe internacional de pesquisadores da China, Bélgica, França, Espanha, Suíça e Alemanha durante 30 anos com florestas de toda Europa.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Drone à prova d'água promete revolucionar a fotografia submarina

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Até hoje, poucos avanços foram feitos em termos de fotografia submarina. Se é verdade que já é possível obter imagens de ótima qualidade no fundo do mar, também é importante lembrar que a captura deste tipo de fotos ou vídeos ainda não é acessível a grande parte da população, ficando restrita a empresas especializadas no assunto. Mas, se depender do Trident, o jogo está prestes a virar.
O dispositivo nada mais é do que um drone à prova d’água que permite que qualquer um possa capturar imagens no fundo do mar. Basta acoplar sua câmera e escolher entre rotas pré-determinadas (como zigue-zague) ou pilotá-lo remotamente. Mas, mais do que apenas usuários caseiros, o pequeno drone também poderá ajudar na exploração do oceano através da fotogrametria.
 
 
Como as ondas de rádio não se propagam na água, o Trident conta com um cabo capaz de mantê-lo conectado a um computador e até mesmo medir a profundidade do dispositivo.
 
 trident

Esforços contra aquecimento global devem ser acelerados, diz ONU

 
 
A responsável pelo clima da ONU, Christiana Figueres, pediu nesta segunda-feira (21) que sejam acelerados os esforços para frear o aquecimento global que, segundo ela, caminha perigosamente para um aumento de três graus.
 O alerta foi feito durante a contagem regressiva para a conferência internacional sobre aquecimento global (COP21) que será realizada em dezembro em Paris e tem o objetivo de fechar um acordo histórico entre 195 países para limitar as emissões de gases de efeito estufa.
 Figueres, secretária executiva das Nações Unidas para a Convenção Quadro sobre Mudança do Clima, admitiu que houve uma "melhora", já que pelo menos 64 países já formularam seus planos de ação - entre eles México e Colômbia.

O Brasil ainda não divulgou suas propostas, mas deve fazê-lo na próxima semana em Nova York.

Estes planos de ação "agora nos encaminham a uma trajetória diferente da que tínhamos há alguns pouco anos, quando tínhamos uma tendência (a um aumento) de quatro a cinco graus", apontou Figueres. "Agora estamos no patamar de três graus".
A diretora falou durante a entrega dos prêmios concedidos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) que recompensou 21 iniciativas dos povos nativos ao redor do mundo sobre a luta contra o aquecimento global ou a proteção do meio ambiente.
 Durante a cerimônia, o ator e ativista Alec Baldwin afirmou que os esforços destas comunidades mostram muitas formas diferentes de ajudar a alcançar o objetivo mundial de conter as mudanças climáticas. "Reconhecemos que (alcançar um acordo em Paris) não é uma missão impossível, embora seja uma missão crítica", afirmou.
 A lista dos vencedores - que receberão cada um 10.000 dólares e uma viagem para assistir à conferência em Paris - inclui um grupo de índios caiapós, do sul do Pará, que usou câmeras de vídeo para documentar o desmatamento ilegal de 2,5 milhões de hectares.
 
 

domingo, 20 de setembro de 2015

Origem e propósito das linhas de Nazca continuam sendo um mistério






Na terra, elas são quase imperceptíveis, mas vistas de cima, formam figuras incríveis. Trata-se das linhas de Nazca, que ficam em um deserto com o mesmo nome, no Peru.
Consideradas patrimônio mundial pela UNESCO desde 1994, elas foram descobertas em 1927, quando o piloto Toribio Mejia Xespe as avistou ao sobrevoar a região. São mais de 13 mil traços que formam 800 figuras, algumas delas se estendem por mais de 65 quilômetros. 
Até hoje não se sabe ao certo qual é a origem ou o propósito das linhas. Ao longo do tempo, foram criadas várias teorias envolvendo religião, cultura e até alienígenas. Conheça algumas delas:
- O escritor suíço Erich Von Däniken acredita que as imagens formadas pelas linhas seriam uma espécie de sinalização para o pouso dos alienígenas.
 
 (Foto: Flickr/Mr. Muralella)

Há quem acredite que as linhas tenham uma ligação com a astrologia. A arqueóloga Maria Reiche é uma delas. Ela sugere que algumas das figuras correspondam diretamente a constelações visíveis durante épocas específicas do ano. A figura do macaco, por exemplo, seria uma representação da Ursa Maior, e o golfinho e a aranha teriam relação com Orion.
- As linhas seriam indicadores de onde se encontra a água no subsolo do deserto peruano. É o que acredita o pesquisador norte-americano David Johnson.
- Os arqueólogos Markus Reindel, do Instituto Alemão de Arqueologia, e Johnny Isla, do Instituto Andino de Pesquisa Arqueológica veem as linhas como locais de oferenda para os deuses. Cada figura significaria algo em específico, como fertilidade, saúde e fornecimento de água.
- Há quem acredite que as linhas tenham uma ligação com a astrologia. A arqueóloga Maria Reiche é uma delas. Ela sugere que algumas das figuras correspondam diretamente a constelações visíveis durante épocas específicas do ano. A figura do macaco, por exemplo, seria uma representação da Ursa Maior, e o golfinho e a aranha teriam relação com Orion.
- As linhas seriam indicadores de onde se encontra a água no subsolo do deserto peruano. É o que acredita o pesquisador norte-americano David Johnson.
- Os arqueólogos Markus Reindel, do Instituto Alemão de Arqueologia, e Johnny Isla, do Instituto Andino de Pesquisa Arqueológica veem as linhas como locais de oferenda para os deuses. Cada figura significaria algo em específico, como fertilidade, saúde e fornecimento de água.
O caso de Nazca não está nem perto de ser solucionado. Enquanto isso, aguardemos as próximas especulações.
Galileu.com

sábado, 19 de setembro de 2015

Para entender: Destruição da floresta contribui para o aquecimento global

Área desmatada usada para agricultura próximo a Paragominas (PA) – Lalo de Almeida/Folhapress
Área desmatada usada para agricultura próxima a Paragominas (PA)
 
Destruição de florestas não é sinônimo de desenvolvimento. O governo resiste a liquidar de vez a devastação, o que daria novo impulso à luta contra mudança do clima. A Folha vasculhou a Amazônia para mostrar em quatro capítulos, com 65 fotos, 26 infográficos e 8 vídeos, que zerar a devastação pode ser bom negócio para todos.
O Brasil é o herói das florestas tropicais, mas continua campeão de desmatamento no mundo.
Na Amazônia Legal, a destruição recuou mais de 80% em uma década, mas empacou no limiar de 5.000 km² por ano. No cerrado a redução foi menor, de 54%. Ainda se devasta a savana brasileira com mais afinco que a floresta amazônica, à taxa de 6.000 km² anuais –uma área maior que a do Distrito Federal.
No corte raso das matas, mais cedo ou mais tarde, madeira, folhas e raízes se convertem, pela queima ou pelo apodrecimento, em gás carbônico (CO₂) e outros gases do efeito estufa (GEE). Com a contenção do desmatamento, atividade que já representou 70% das emissões brasileiras de GEE, essa fatia encolheu para 35% do total. No entanto, o desflorestamento ainda é o que mais contribui para o aquecimento da Terra no Brasil.
Aqueles 11 mil km² destruídos a cada ano não são o preço a pagar pelo desenvolvimento do país, ao contrário do que muita gente acredita. Pará e Mato Grosso, Estados amazônicos onde mais se desmata, geram só 2% do PIB nacional e têm 5,6% da população, mas produzem 22% dos gases do efeito estufa que fazem do Brasil o sexto ou sétimo maior poluidor climático do mundo (a depender da lista que se consulte).
É nessa posição ambígua que o país vai anunciar suas metas para a Conferência de Paris, reunião da
Aqueles 11 mil km² destruídos a cada ano não são o preço a pagar pelo desenvolvimento do país, ao contrário do que muita gente acredita. Pará e Mato Grosso, Estados amazônicos onde mais se desmata, geram só 2% do PIB nacional e têm 5,6% da população, mas produzem 22% dos gases do efeito estufa que fazem do Brasil o sexto ou sétimo maior poluidor climático do mundo (a depender da lista que se consulte).
É nessa posição ambígua que o país vai anunciar suas metas para a Conferência de Paris, reunião da ONU em dezembro para adotar um acordo sobre a mudança do clima que substitua o ultrapassado Protocolo de Kyoto.

Limite de segurança

Cada uma das 194 nações que participam da negociação tem de apresentar suas “contribuições pretendidas e nacionalmente determinadas” (INDCs, na sigla em inglês). Somadas, essas promessas deveriam ser suficientes para manter o aquecimento da atmosfera em menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais, mas os INDCs até aqui divulgados indicam que ele ultrapassará a marca de 3°C. Falta ambição, portanto.
TERMÔMETRO GLOBAL
Aonde vai parar a temperatura da Terra em 2100?
 
O Brasil, nos piores anos de desmatamento na Amazônia, chegou perto de lançar na atmosfera 3 bilhões de toneladas de CO₂ ou outros GEE convertidos a esse gás-padrão (abreviadamente, 3 GtCO₂eq). Caminhou, contudo, para uma posição confortável: em 2013, segundo o Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg, iniciativa da rede de ONGs Observatório do Clima), houve emissão de 1,59 GtCO₂eq –menos de 8 toneladas por habitante a cada ano, perto da média mundial.
As emissões brasileiras caíram por causa da redução no desmatamento, mas continuam subindo em outros setores, tendo à frente o da agropecuária (sem contar a destruição de florestas) e o da energia (por causa dos transportes e das usinas termelétricas). Se nada mais for tentado, calcula-se que voltariam em 2030 aos 3 GtCO₂eq.
Reduzir o desmate a zero, em termos absolutos, permitiria subtrair mais de 500 milhões de toneladas dessa conta a cada ano. Mas também seria necessário fazer muita economia de carbono na pecuária e incentivar energias renováveis, como a dos ventos (eólica) e a da radiação solar (fotovoltaica), para que o país diminuísse, em vez de aumentar, a parte que lhe cabe no latifúndio do aquecimento global.

Sem compromisso

O governo atual, no entanto, não avança nessa direção, como já havia deixado claro há um ano quando refugou a Declaração de Nova York sobre Florestas e a proposta de desmatamento zero nela contida. Em junho, ao encontrar-se com Barack Obama em visita aos EUA, a presidente explicitou seu tímido compromisso em favor do clima: desmatamento ilegal zero até 2030.
Ao incluir o qualificativo “ilegal” na expressão consagrada, o Estado brasileiro sinaliza que só tem expectativa de ver a legislação florestal plenamente respeitada daqui a 15 anos. Admite, assim, que permaneçam milhares de quilômetros quadrados de devastação a cada ano.
O governo propõe que a destruição tolerada seja compensada com o sequestro de carbono na restauração de 120 mil km² de matas (ao crescer, árvores retiram CO₂ do ar pela fotossíntese). Florestas demoram para se formar, contudo, e alguns especialistas estimam que seria necessário recompor 30 km² para sequestrar o carbono de cada quilômetro quadrado desmatado.
Há propostas bem mais audaciosas na praça. O Observatório do Clima, baseado nos números do Seeg, traçou um plano detalhado para não só impedir que as emissões nacionais cresçam como também para diminuí-las. A rede de ONGs calcula, setor por setor, como chegar a 1 GtCO₂eq em 2030, quando cada brasileiro estaria emitindo pouco mais de 4 toneladas anuais de CO₂ –uma cifra considerada factível também pelo respeitado climatologista Carlos Nobre.
Um papel preponderante nesse esforço caberia à pecuária, apontada como maior responsável pelo desmatamento na Amazônia. Com reforma de pastagens degradadas, rodízio de pastos e suplementação alimentar para o gado, o estudo “Cenários para Pecuária de Corte Amazônica”, da UFMG, estima que seria possível aumentar o rebanho de 212 milhões de cabeças para 250 milhões, ao mesmo tempo em que se diminui a área ocupada de 2,2 milhões de km² para 1,74 milhões de km², liberando 460 mil km² para a agricultura de grãos.
No processo, a criação de gado deixaria de induzir desmatamento e ainda capturaria carbono da atmosfera na forma de matéria orgânica acima do solo (folhas) e abaixo dele (raízes). O Observatório ABC (Agricultura de Baixo Carbono) estima que a recuperação de 520 mil km² de pastos degradados no Brasil possibilitaria evitar a emissão de 0,67 GtCO₂eq e ainda armazenar 1,1 GtCO₂eq ao longo de dez anos –o total de 1,77 GtCO₂eq vale mais de 13 meses de emissões brutas nacionais hoje.
É por essa razão que a atrasada pecuária amazônica ocupa o primeiro dos quatro capítulos desta reportagem multimídia. Assim como nos outros três textos (áreas protegidas/terras indígenas; madeira; e assentamentos de reforma agrária), o objetivo é menos o de denunciar a continuada destruição de florestas que o de revelar como já se tornou possível combater o desmatamento ao mesmo tempo em que se melhora a saúde do clima mundial, a vida e a produtividade de quem vive na Amazônia.

Mais do mesmo

O gargalo são as políticas públicas. A dificuldade de reconduzi-las para o rumo correto parece ser a razão tanto da resistência em Brasília a adotar metas mais ambiciosas para o desmatamento quanto do ceticismo de alguns especialistas com sua viabilidade.
Um deles é Gilberto Câmara, que já presidiu o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e hoje lidera um esforço para modelar com computadores o uso da terra no Brasil e suas consequências para o clima. “Pedir o céu e jogar para a plateia é fácil”, diz Câmara. “Difícil é fazer como fizemos no caso da redução do desmatamento: estabelecer uma política dura e conseguir mantê-la contra todos os ventos e eventos.”
Já para Tasso Azevedo, do Observatório do Clima/Seeg, “com esforço, mas sem sacrifício”, por meio da recuperação de áreas degradadas, a pecuária poderia estar emitindo entre 0,2 e 0,3 GtCO₂eq em 2030, no lugar de 0,8 GtCO₂eq projetada no cenário “mais do mesmo”.
O governo atual tem uma escolha a fazer. Pode ousar com uma meta de desmatamento zero, de verdade, enfrentar a ventania doméstica e destacar-se em Paris como uma nação que faz mais do que o previsível para descarbonizar sua economia. Mas também pode abrigar-se das intempéries e ficar deitado no berço nada esplêndido do desmatamento ilegal zero e da tolerância com 11 mil km² de devastação improdutiva a cada ano.
Folha de São Paulo.com

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Novas fotos de Plutão impressionam por geleiras similares com as da Terra



Imagem de Plutão mostra região Sputnik (à direita) rodeada à leste (esquerda) por montanhas de gelo (Foto:  NASA/JHUAPL/SwRI)
 
Uma nova leva de imagens feita pela sonda New Horizons em sua passagem por Plutão chegou à agência espacial americana (Nasa) e impressionou os cientistas. Segundo a Nasa, o que chamou a atenção não foram apenas as paisagens, montanhas geladas e fluxos de nitrogênio congelado do planeta-anão, mas também uma aparência estranhamente familiar com a Antártica.
 
Setas mostram fluxo de gelos, provavelmente de nitrogênio, em Plutão (Foto: NASA/JHUAPL/SwRI)
 
Combinadas com outras fotos recentes de Plutão, as novas imagens ajudam a evidenciar, segundo a Nasa, um ciclo “hidrológico” notavelmente parecido com o da Terra, mas com gelos exóticos, incluindo de nitrogênio, em vez de gelos de água.
Áreas brilhantes a lesta da vasta planície gelada - que lembra o formato de um coração e que foi informalmente chamada de Sputnik - parecem terem sido cobertas por esses gelos, que podem ter evaporado da superfície da Sputnik e, em seguida, terem sido redepositados ao leste.
Também é possível ver geleiras que fluem desta região coberta brilhante de volta para a Sputnik. Estas características, segundo os cientistas, são semelhantes a fluxos congelados nas margens de calotas de gelo da Groenlândia e da Antártica, na Terra.
Neblinas As fotos também mostram novos detalhes de neblinas na tênue atmosfera de nitrogênio de Plutão. Nelas aparecem mais de uma dúzia de camadas finas de névoa que se estendem desde a superfície do planeta até pelo menos 100 km acima.
 
Quinze minutos depois de atingir o ponto mais próximo com Plutão, a sonda New Horizons fez essa imagem do planeta-anão em que aparecem as montanhas e planícies de gelo (Foto: NASA/JHUAPL/SwRI)
“Além de serem visualmente impressionantes, estas névoas baixas sugerem uma mudança no tempo a cada dia em Plutão, assim como ocorre na Terra”, diz Will Grundy, pesquisador do Observatório Lowell, no Arizona, na nota da Nasa.
Trajetória da New Horizons A breve passagem da sonda New Horizons por Plutão ocorreu no dia 14 de julho. À noite, a sonda se comunicou com a Terra, indicando que o encontro com Plutão tinha sido bem-sucedido. Na manhã do dia seguinte, durante uma transmissão de dados mais longa, a New Horizons enviou as principais informações obtidas no encontro.

A sonda espacial viajou durante nove anos por quase 5 bilhões de quilômetros (que é a distância entre Plutão e a Terra) até chegar perto do planeta anão.
Ela foi lançada em 2006, dos Estados Unidos, a bordo do foguete Atlas. A sonda viajou até Júpiter e usou a gravidade desse planeta como um estilingue para acelerar sua velocidade. Desde então, ficou adormecida e viajou pelo espaço até ser reativada, em dezembro de 2014.

Sete instrumentos que estão a bordo da sonda captam essas imagens, que serão transmitidas para a Terra. O tempo de transmissão dos dados de Plutão até a Nasa, nos EUA, é de quatro horas e meia.
 

Formações regulares registradas em praia na Inglaterra intrigam cientistas

 
Estas formações misteriosas na rebentação de uma praia em Dorset, na Inglaterra, têm chamado atenção de estudiosos e curiosos. Elas são chamadas de “cúspides de praia”, mas os cientistas ainda não sabem exatamente como explicar o fenômeno.
Em geral, essas formações aparecem durante ou após um período de tempestades. Mas trata-se de algo bastante incomum, porque faz com que a água do mar assuma espaçamentos e contornos uniformes.
Uma das teorias que tentam explicar o fenômeno envolve as interações entre ondas normais que se aproximam da costa e as ondas que estão mais à borda. Acredita-se que as interações entre elas formaria pontos regularmente espaçados de intensidade.
Já uma segunda hipótese afirma que as cúspides resultam da frequência com que a onda regularmente interage com a areia ao longo do tempo, criando uma espécie de repetição.


 

Premiação em fotografia animal mostra silhueta de urso em montanhas

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A silhueta de um urso-cinzento contra o horizonte montanhoso no Alasca encantou os jurados e foi a grande vencedora do prêmio anual de fotografia animal da Zoological Society of London (ZSL, na sigla em inglês).
A premiação, que está em seu quarto ano, recebeu milhares de imagens feitas em todo o mundo. Uma seleção das vencedoras será exposta no Zoológico de Londres de 18 de setembro de 2015 até 28 de fevereiro de 2016.
"Num momento em que notícias sobre espécies raras ameaçadas de extinção e sobre o crescente comércio ilegal de vida selvagem dominam as manchetes, a necessidade de mostrar e celebrar as belezas do mundo natural é cada vez maior", diz o diretor geral da ZSL, general Ralph Armond.
 

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Poluição atmosférica pode matar 6,6 milhões por ano até 2050, diz estudo

Camada de poluição que encobre a cidade de São Paulo é vista do bairro de Santana, na zona norte da capital. O tempo seco dificulta a dispersão dos poluentes na atmosfera

Se nada for feito para melhorar a qualidade do ar, a poluição poderá causar a morte prematura de cerca de 6,6 milhões de pessoas por ano até 2050. De acordo com estudo publicado nesta quinta-feira (17) na revista Nature, a poluição atmosférica já mata 3,3 milhões de pessoas por ano em todo o mundo - e o número só tende a aumentar.
Segundo os cientistas do Instituto de Química Max Planck, na Alemanha, e da Universidade Harvard, nos Estados, Unidos, a maioria das mortes atuais acontece na Ásia, onde a emissão de energia das residências, como de aquecimento e das cozinhas, tem um grande impacto.
A análise coloca a China na primeira posição entre os países que possuem mais mortes por ano causadas pela poluição atmosférica: cerca de 1,4 milhão. Em segundo e terceiro lugar, respectivamente, estão a Índia, com 645 000 mortes anuais, e o Paquistão, onde o número é de 110 000.
"Este é um número atordoante", disse o biólogo Jos Lelieveld, do Instituto de Química Max Planck, na Alemanha, que liderou a pesquisa. "Em alguns países a poluição do ar é uma das principais causas de mortes e, em muitos países, é um problema grave; mata mais que HIV e malária juntas".
Problemas de saúde - Para o estudo, a equipe de Lelieveld combinou um modelo químico atmosférico global com dados populacionais e estatísticas de saúde para estimar a contribuição relativa de diferentes tipos de poluição atmosférica, sobretudo das chamadas partículas finas, às mortes prematuras.
Doenças cardíacas, derrames, doença pulmonar obstrutiva (COPD, na sigla em inglês), câncer de pulmão e infecções respiratórias agudas são as causas de morte mais comuns que podem ocorrer devido à poluição atmosférica.
Veja.com

Aquecimento global não desacelera desde 1998, diz estudo

Neste verão (no hemisfério Norte), a área de gelo do Ártico ficou 1,8 milhão de km² abaixo da média registrada desde 1981. A linha dourada mostra como era a placa de gelo
 
Pesquisadores da Universidade de Stanford (Califórnia, EUA) afirmam, em estudo publicado nesta quinta-feira (17), que não foi registrada uma desaceleração do aquecimento global no planeta entre 1998 e 2013 - contrariando o que previam outros trabalhos publicados anteriormente.
 "Nossos resultados demonstram que a nível estatístico sobre os dados em longo prazo, a temperatura mundial nunca teve uma quebra, pausa ou desaceleração no aquecimento", informou em comunicado Noah Diffenbaugh, pesquisador de Stanford e um dos autores do estudo publicado na revista Climatic Change.

"A aparente pausa no ritmo recente do aquecimento, que foi amplamente acatada como um fato, é na verdade um sinal artificial criado através de métodos estatísticos", afirmaram os pesquisadores.
 Nestes últimos anos, os trabalhos colocaram em evidência que desde 1998 não houve pausa no aquecimento global e a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera não parou de crescer.
Assim, se admite que o aumento da temperatura mundial foi de 0,05°C por década desde 1998, contra +0,12°C de média por década desde 1951.
 Esta aparente desproporção entre o aumento das temperaturas e a concentração de GES deram asas aos "climato-céticos", que contestam as atividades humanas como fator preponderante para o aquecimento acelerado da Terra.

 

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Cientistas descobrem imenso oceano em lua de Saturno


Um oceano global está escondido sob a camada de gelo que recobre a superfície de Encélado, a sexta maior lua de Saturno. Com dados capturados pela sonda Cassini, pesquisadores da Nasa perceberam a magnitude do satélite ligeiramente oscilante, o que só poderia ser explicado pela presença de um interior não sólido, o que indica a presença de vastos mares.
A descoberta também explica que o spray de vapor d’água, com partículas de gelo e moléculas orgânicas, observado sendo expelido de fraturas perto no polo sul, está sendo alimentado por esse imenso reservatório de água. O estudo foi publicado esta semana na revista acadêmica “Icarus”.
Análises anteriores sugeriam a presença de um corpo d’água em formato de lente, ou um mar, sob a superfície congelada na região do polo sul. Entretanto, dados gravitacionais coletados durante voos rasantes da espaçonave suportam a possibilidade de o mar ser global. Os novos resultados, derivados da análise de imagens da Cassini, confirmam essa hipótese.

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— Era um problema difícil que requeria anos de observações e cálculos envolvendo uma diversa coleção de disciplinas, mas estamos confiantes que finalmente acertamos — disse Peter Thomas, pesquisador do projeto Cassini na Universidade Cornell, em Ithaca, Nova York.

Os pesquisadores analisaram imagens de Encélado captadas durante mais de sete anos pela sonda Cassini, que orbita Saturno desde 2004. Eles mapearam o posicionamento de pontos característicos no satélite, em sua maioria crateras, em milhares de fotografias, para medir as mudanças na rotação da lua com extrema precisão.
Como resultado, eles descobriram que Encélado tem uma pequena, mas mensurável oscilação ao orbitar Saturno. Como a lua de gelo não é perfeitamente esférica, e sua velocidade não é linear ao longo da órbita, o planeta gigante gentilmente repele e atrai Encélado enquanto ela se rotaciona.
Contudo, o mecanismo que previne o oceano de Encélado de congelar continua um mistério. Os pesquisadores sugerem algumas ideias para futuros estudos que podem resolver a questão incluindo a possibilidade de as forças das marés provocadas pela gravidade de Saturno estarem gerando mais calor do que se imaginava.