terça-feira, 9 de dezembro de 2014

NASA: montanha em Marte pode ter surgido de sedimentos de um lago


Cientistas do projeto Curiosity, da Nasa, dizem ter encontrado uma explicação para uma montanha que existe no centro da cratera de Gale, local de pouso da sonda-robô que está explorando Marte.
Eles acreditam que a montanha é formado por depósitos de sedimentos deixados por sucessivos lagos formados na bacia da cratera ao longo de dezenas de milhões de anos.
Mais tarde, ventos teriam escavado uma planície circular no entorno, formando o pico de 5 km de altura visto hoje, o Monte Sharp.
Se a teoria for comprovada, terá consequências importantes sobre nosso conhecimento do clima que existia no passado no planeta.
Significaria que Marte teria de ter sido muito mais quente e úmido nos seus primeiros dois bilhões de anos do que se supunha.
Segundo a equipe do Curiosity, o planeta também precisaria apresentar um forte ciclo hidrológico global, com chuva ou neve, para manter estas condições úmidas.
O planeta poderia até mesmo ter tido um oceano em algum lugar de sua superfície.
"Para que um lago tivesse existido por milhões de anos, seria necessário haver também um grande corpo permanente de água, como um oceano, para criar umidade atmosférica e impedir que o lago evaporasse", disse Ashwin Vasavada, cientista adjunto do projeto Curiosity.
Pesquisadores têm especulado por décadas que as planícies do norte poderiam ter tido um grande mar no início da história de Marte.

Imagem da Cratera Gale, onde fica o Monte Sharp, coberta por água
 
Os últimos resultados das análises do Curiosity certamente reacenderão o interesse por esta ideia.
 
Sedimentos abundantes
Crateras como Gale muitas vezes apresentam montes centrais que são criados à medida que o solo se recupera do impacto de um asteroide ou cometa.
Mas o Monte Sharp é grande demais para ser explicado desta forma.
As conclusões do projeto Curiosity vieram após observações geológicas feitas ao longo de um ano, quando o robô passou a seguir rumo ao sul, na direção da montanha, desde seu local de pouso em 2012.
Nesse percurso, o robô encontrou sedimentos abundantes que obviamente foram depositados por rios antigos.
E, quanto mais ao sul o robô chegava, mais claro ficava que esta atividade fluvial desaguava em deltas e lagos estáticos no centro da cratera.
Mas o indício mais importante foi a inclinação dos terrenos onde estavam os sedimentos, que desciam em direção à montanha.
Isso sugere que a água ia rumo ao centro da cratera Gale, onde teria se acumulado.
Ao longo de milhões de anos, os sedimentos teriam formado camadas e mais camadas de rocha, levando à criação do Monte Sharp.

Histórico
O veículo explorador partiu em 26 de novembro de 2011 em um foguete Atlas do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, e desceu em 6 de agosto de 2012 na cratera Gale. Nos primeiros 12 meses, o robô descobriu um antigo leito de curso de água e recolheu amostras de solo e de atmosfera suficientes para que os cientistas concluíssem que pode ter havido vida ali há bilhões de anos.
Em julho de 2013, o Curiosity concluiu sua pesquisa na área conhecida como Bahia de Yellowknife e viajou rumo ao sudoeste da base do Monte Sharp, aonde chegou em setembro de 2014.
O Curiosity tem o tamanho de um carrinho de golfe e é cinco vezes mais pesado que seus antecessores, os robôs Spirit e Opportunity, lançados em 2003. Trata-se do robô mais bem equipado, com dez instrumentos de tecnologia de ponta, como o instrumento de difração de raios X (CheMin), que analisa quimicamente os minerais recolhidos com o braço robótico, ou a estação ambiental REMS, projetada e construída na Espanha.
 
Dúvidas
John Grotzinger, cientista do projeto Curiosity, disse que o mistério do Monte Sharp nunca teria sido desvendado com imagens de satélites.
"Todo o esforço para levar o robô até o Monte Sharp valeu a pena", disse ele a repórteres.
Mas ainda há muitas outras dúvidas.
O time de pesquisadores ainda precisa entender melhor por quanto tempo a água se manteve neste local.
E a ideia de que Marte era mais quente do que se pensa hoje vai de encontro a modelos climáticos do passado do planeta.
 

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