sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Os 10 principais avanços da ciência em 2014, segundo a 'Science'

Missão Rosetta é destaque da Science
 
A missão cinematográfica que levou uma sonda a pousar pela primeira vez em um cometa ficou com o primeiro lugar na lista da revista Science dos dez principais avanços da ciência em 2014, publicada nesta quinta-feira. A seleção, feitas pelos editores da revista e pela Associação Americana pelo Avanço da Ciência, responsável por sua publicação, inclui feitos da medicina, robótica, biologia sintética e paleontologia, entre outros campos da ciência. Potenciais tratamentos para doenças como Alzheimer e diabetes, a adição de novas letras ao alfabeto genético, a transição dos dinossauros para as aves e um chip que imita o cérebro humano estão entre os destaques da retrospectiva. Tirando o primeiro lugar da lista, a 'Science' não ordena por importância as demais façanhas e descobertas cientísticas. 
OS DEZ PRINCIPAIS AVANÇOS DA CIÊNCIA EM 2014
 

Missão Rosetta

       
A grande conquista espacial do ano ficou com o primeiro lugar na lista da Science: a sonda Rosetta, que orbitou um cometa pela primeira vez. Às 14h03 do horário de Brasília no dia 12 de novembro, chegou à Terra a confirmação de que o módulo Philae, transportado por Rosetta, havia pousado no  cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, a 509 milhões de quilômetros de distância do planeta azul.
 
Após tocar o cometa, o robô Philae quicou duas vezes, afastando-se do local originalmente escolhido pelos pesquisadores. O lugar onde o Philae pousou, ainda desconhecido pelos cientistas, não tem luz solar, impedindo que as baterias do robô sejam recarregadas. Como consequência, o módulo entrou em hibernação três dias depois – a tempo de mandar todos os dados que coletou para a Terra. Há esperança de que, quando o cometa se aproximar suficientemente do Sol, o robô volte a funcionar.
 
“O pouso do módulo Philae foi um feito incrível que ganhou atenção mundial. Mas toda a missão Rosetta é o avanço. Ela está dando aos cientistas um lugar privilegiado para observar a evolução do cometa”, afirma Tim Appenzeller, editor da Science. Um dos primeiros estudos feitos com dados da Rosetta mostrou que a água do cometa não é igual à da Terra, contrariando as expectativas da missão.
 

A evolução das aves

        
Uma série de estudos comparou os fósseis de aves ancestrais com as modernas, revelando novos detalhes sobre a transição dos dinossauros para esses animais. O resultado foi a mais completa árvore genealógica já feita das aves. Supercomputadores foram usados para analisar a enorme quantidade de dados. O estudo fortalece a teoria do "big-bang" da evolução das aves, que se diversificaram em muitas espécies em período considerado curto, entre 10 e 15 milhões de anos, após a extinção dos dinossauros, há cerca de 70 milhões de anos.
 

Sangue jovem ameniza sinais de velhice

       
Um conjunto de pesquisas levou a um experimento com ares de filme de ficção: pacientes com Alzheimer receberam plasma do sangue de doadores jovens a fim de reverter os efeitos degenerativos da doença. A pesquisa começou a ser feita com camundongos. Animais mais velhos que receberam injeções de plasma de pares mais novos demonstraram ter memória mais forte do que aqueles que não receberam o tratamento. Uma possível explicação é que o plasma estaria repleto de uma molécula chamada GDF11, que previne os efeitos negativos da idade. O teste com humanos teve início em setembro, na Universidade Stanford.
 

Robôs que se organizam sozinhos

       
Pesquisadores da Universidade Harvard criaram "robôs construtores" inspirados em cupins. Assim como esses insetos, os robôs não precisam seguir um plano prévio. Eles operam seguindo regras simples, mas são capazes de se organizarem e montarem estruturas complexas. Em demonstrações feitas com tijolos de espuma, os robôs ergueram torres, pirâmides e escadas. Em curto prazo, os pesquisadores acreditam que eles poderiam ser usados, por exemplo, para construir diques com sacos de areia, detendo inundações.
 

Cérebro em um chip

       
A IBM criou um chip baseado na arquitetura do cérebro e em sua capacidade de processamento de informações. Chamado TrueNorth, ele reproduz a forma como o cérebro reconhece padrões, utilizando uma rede densamente conectada similar às redes neurais. Com tamanho de um selo, ele precisa de pouca energia para funcionar, algo semelhante à bateria de um aparelho auditivo. Em 2015, eles pretendem lançar um kit que permita a acadêmicos e estudantes fazerem experimentos com esse novo tipo de computador.
 

Tratamento para diabetes

       
Dois grupos de pesquisadores desenvolveram métodos diferentes para criar em laboratório células beta, responsáveis pela produção de insulina no pâncreas, abrindo caminho para uma possível cura para a diabetes tipo 1. Os cientistas transformaram células tronco pluripotentes em células beta com as mesmas características daquelas de pessoas saudáveis.
 
 
  

Arte rupestre

       
O estudo das pinturas em uma caverna na Indonésia mostrou que a arte asiática é tão antiga quanto a europeia, contestando a teoria de que as pinturas em cavernas teriam surgido na Europa. As cavernas decoradas de Maros, situadas no sul de Sulawesi, foram descobertas nos anos 1950. Acreditava-se que elas tivessem cerca de 10.000 anos (devido à erosão rápida desta região, que destruiria os desenhos), mas medições de isótopos radioativos onde os desenhos foram feitos mostraram que elas têm até 39.900 anos. O estudo levanta, então, a hipótese de que a arte das cavernas tenha aparecido de forma independente, aproximadamente no mesmo momento, em dois extremos da distribuição geográfica dos primeiros homens modernos.
 

Manipulação da memória

       
Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts conseguiram transformar memórias ruins de camundongos em boas. Para isso, eles inseriram uma proteína sensível à luz nos neurônios desse animal e mapearam o padrão de atividade cerebral associado à criação de memórias positivas e negativas. A memória negativa era criada quando eles recebiam um pequeno choque elétrico, e a positiva quando o camundongo passava algum tempo com uma fêmea. Num segundo momento, os cientistas ativaram, por meio da luz, os neurônios responsáveis pela memória ruim enquanto o animal passava tempo com a fêmea (ou seja, em uma situação positiva). Como resultado observaram que a memória do choque elétrico ficava menos negativa. Esse tipo de estudo pode ter impacto no tratamento de doenças como o stress pós-traumático.
 

Satélites em forma de cubo

       
Apesar de já existirem há mais de uma década, os pequenos satélites em forma de cubo, denominados Cubsat, foram muito usados em 2014. Com apenas 10 centímetros e cerca de 1,5 quilo, eles eram utilizados inicialmente como ferramentas para estudantes universitários, mas passaram a contribuir para estudos científicos.
 

Alfabeto genético

        
Cientistas americanos criaram uma bactéria cujo DNA possui seis letras do alfabeto genético, duas a mais do que o comum. O DNA é formado por duas cadeias de material genético que se ligam, formando uma dupla hélice. Cada uma dessas cadeias contém uma sequência de bases nitrogenadas — ao todo, existem quatro no nosso código genético: adenina, timina, citosina e guanina, representadas pelas letras A, T, C e G. Na nova pesquisa, os cientistas incorporaram mais um par de bases nitrogenadas ao DNA da bactéria Escherichia coli. As bases, que não existem na natureza, foram denominadas d5SICS e dNaM, ou X e Y, respectivamente. 
 
Os pesquisadores acreditam que o feito pode levar ao desenvolvimento de microrganismos com propriedades medicinais, novos antibióticos, vacinas e diferentes tipos de materiais industriais com uma complexidade química maior do que os produtos atuais.
Veja.com
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário