quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

As dez personalidades da ciência em 2014, segundo a 'Nature'

Andrea Accomazzo, diretor da Rosetta


Há quase 20 anos, o italiano Andrea Accomazzo teve problemas com a sua então namorada ao ser flagrado com um bilhete onde estava escrito um número de telefone e um nome feminino: Rosetta. “Ela pensou que fosse uma garota”, diz. Ex-piloto de teste da Força Aérea Italiana, Accomazzo foi o diretor de voo da Rosetta, sonda que viajou milhões de quilômetros durante uma década até encontrar o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko no espaço. O italiano liderou a equipe até agosto e agora está preparando a missão interplanetária da ESA para Mercúrio, Marte e Júpiter. No entanto, diz achar difícil afastar-se da Rosetta. “É um pouco triste, ainda não sei como serei capaz de lidar com isso.”
 

Suzanne Topalian, pesquisadora de imunoterapia

       
A pesquisadora sempre teve como foco estudos em torno da imunoterapia para combater o câncer, abordagem que visa a fortalecer o sistema imunológico do paciente para lutar contra a doença, e não atacar o tumor diretamente com medicamentos ou radiação. Em 2014, a americana começou a colher os frutos de 21 anos de pesquisa no Instituto Nacional do Câncer dos EUA. O Japão e os Estados Unidos aprovaram dois medicamentos imunoterápicos da classe dos inibidores de PD-1, que impedem o tumor de bloquear a ação das células de defesa. As drogas foram autorizadas para o tratamento do melanoma, mas estudos coordenados por Suzanne mostram que elas têm o potencial de ajudar a combater outros cânceres, como o de pulmão.
 

Radhika Nagpal, engenheira de Harvard

       
A equipe da indiana, que lidera as pesquisas na área de engenharia na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, desenvolveu um exército de 1 024 robôs inspirados nos insetos. Cada Kilobot, como foram chamados os robôs, tem apenas alguns centímetros e, individualmente, realiza ações muito simples. Porém, uma vez colocados lado a lado, os robôs se comunicam usando luz infravermelha e são capazes de organizar-se e desenvolver ações complexas em conjunto, como acontece com as formigas ou abelhas. Espera-se que a pesquisa, que começou há quatro anos, leve ao desenvolvimento de robôs capazes de realizar ações de larga escala, como responder a catástrofes naturais ou ajudar a conter a poluição atmosférica.
 

Sheik Humarr Khan, líder no combate ao ebola

       
O médico e cientista africano foi uma figura central na luta contra a epidemia de ebola de 2014. Natural de Serra Leoa, um dos principais países afetados, Khan especializou-se em doenças infecciosas e participou do grupo que realizou o primeiro sequenciamento genético do vírus ebola. Ele se tornou o principal médico do Hospital Governamental de Kenema, cidade onde exercia um papel de liderança. Quando a epidemia de ebola explodiu, o médico desistiu do convite de se tornar professor fora de seu país e resolveu ficar em Serra Leoa para ajudar a tratar das vítimas do vírus. Khan, no entanto, acabou se tornando uma e morreu em decorrência do ebola no dia 29 de julho.
 

David Spergel, astrofísico

       
O astrofísico foi o primeiro a perceber que havia algo de errado no anúncio de cientistas do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, que em março afirmaram ter detectado minúsculas distorções no campo gravitacional do Universo, algo como um “eco do Big Ben”. A novidade foi saudada como uma das grandes revelações da física, uma vez que finalmente traria as evidências que faltavam para confirmar o fenômeno. Dez dias após o anúncio, Spergel estava em um trem em direção a Nova York, onde daria uma aula, quando se deu conta de que a equipe havia cometido um engano: os cálculos que extraíram, no Polo Sul, podem ter sido confundidos pela poeira espacial. A próxima análise de dados de satélite pode em breve resolver a controvérsia.
 

Maryam Mirzakhani, matemática

Nascida no Irã e PhD em matemática pela Universidade Harvard, Maryam Mirzakhani, 37 anos, tornou-se a primeira mulher a ganhar a Medalha Fields, prêmio considerado o “Nobel da matemática” e que existe desde 1936. Em 2014, o prêmio foi concedido a quatro pessoas, entre elas, o brasileiro Artur Avila. Maryam publicou um estudo sobre sistemas dinâmicos aplicados à geometria, mais especificamente sobre o comportamento de bolas de bilhar em superfícies com vários buracos. O fato de uma mulher nascida em um país como Irã ter conquistado lugar de destaque em uma área tipicamente masculina chamou a atenção da imprensa, e reportagens sobre ela chegaram a aparecer em revistas de moda e blogs feministas. Maryam, que atualmente é professora da Universidade Stanford, espera que o seu prêmio inspire confiança em outras mulheres matemáticas e mude a percepção das pessoas em relação a garotas que optam por essa área.
 

Pete Frates, do Desafio do Balde de Gelo

       
Diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA) há quase três anos, o ex-técnico de baseball americano Peter Frates ajudou a fazer com que o ‘Desafio do Balde de Gelo’ se tornasse a mais lucrativa campanha já feita nas redes sociais. Nela, uma pessoa deve jogar um balde de gelo em si mesma e desafiar outras três a fazer o mesmo ou a doar recursos para entidades ligadas à doença.
Frates, que perdeu a capacidade de falar e se movimentar, aderiu à campanha em agosto, quando publicou um vídeo em que aparece balançando a cabeça ao som da música Ice Ice Baby. “Água com gelo e ELA são uma péssima mistura”, dizia a legenda do vídeo. Depois disso, Bill Gates, Mark Zuckerberg e outras 17 milhões de pessoas publicaram vídeos do desafio. Ao todo, a campanha arrecadou 115 milhões de dólares em 2014, quase o triplo de todo o valor gasto pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA na doença no ano passado.
 

Koppillil Radhakrishnan, chefe da Organização Espacial da Índia

       
Koppillil Radhakrishnan chefiou a Organização de Pesquisa Espacial da Índia (Isro, na sigla em inglês) no ano em que o país foi bem sucedido em sua primeira missão interplanetária, fazendo com que a sonda Mangalyaan entrasse na órbita de Marte. Com isso, a Índia juntou-se ao seleto grupo de nações com capacidade técnica de explorar o Sistema Solar e chamou a atenção do mundo para as ambições da Ásia na área — a Índia pretende lançar a sua segunda missão à Lua nos próximos três anos. Com mais de quatro décadas de experiência na engenharia, Radhakrishnan atuou em projetos diversos, incluindo o desenvolvimento de um satélite para um sistema de alerta de tsunamis na Índia. No fim deste ano, ele deverá se aposentar.
 

Masayo Takahashi, pesquisadora de células-tronco

       
A pesquisadora japonesa coordenou pesquisas sobre células-tronco ao longo de uma década antes de liderar, neste ano, o primeiro transplante de células humanas reprogramadas em um paciente. A técnica consiste em manipular geneticamente células adultas e deixá-las próximas a um estado embrionário, tornando-as capazes de se transformar em qualquer outra célula do corpo. O teste pioneiro foi realizado no Centro para Desenvolvimento Biológico de RIKEN, no Japão, em uma senhora de 70 anos que perdeu a maior parte da visão devido a uma degeneração macular. Essa primeira cirurgia teve como objetivo avaliar se a técnica é segura, e as conclusões finais deverão ser divulgadas um ano após o transplante.
 

Sjors Scheres, biólogo

O coordenador do Laboratório para Biologia Molecular de Cambridge, na Grã-Bretanha, é o responsável por desenvolver o software RELION, capaz de fornecer as imagens mais precisas feitas até agora de estruturas microscópicas do organismo do ser humano. O seu trabalho vem facilitando a vida de biólogos, que conseguem obter imagens mais detalhadas de estruturas que ajudam a explicar algumas doenças, como os ribossomos, responsáveis por fabricar proteína dentro das células, ou a gamma-secretase, proteína envolvida na doença de Alzheimer.
Veja.com

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