terça-feira, 14 de outubro de 2014

Novo México tem grande vazamento de metano

Pesquisadores apontaram a bacia de San Juan como uma das grandes fontes de vazamento de metano do país, com base em dados de satélites.
A região, conhecida como Four Corners*, produziu 10% por cento de todas as emissões de metano provenientes do setor americano de produção de gás natural, de acordo com um estudo publicado dia 9 em Geophysical Research Letters. [O nome Four Corners, ou “Quatro Cantos”, é uma referência ao ponto de convergência que une os cantos sudoeste do Colorado, noroeste do Novo México, nordeste do Arizona e sudeste de Utah.]
Se as indústrias de gás, mineração de carvão e extração de petróleo forem somadas, a bacia San Juan foi responsável por 5% das emissões.
De acordo com o estudo, a região produziu 0,59 milhão de tonelada de metano por ano entre 2003 e 2009. Esse volume é três vezes superior ao valor relatado no Banco de Dados de Emissões da Comunidade Europeia (EDGAR, na sigla em inglês); e 1,8 vezes maior que a quantidade informada no chamado Programa de Relatórios de Gases de Efeito Estufa, da Agência de Proteção Ambiental americana (GHGRP, EPA, em inglês).
Essas altas emissões foram registradas em 2003, antes do advento da fratura hidráulica, ou fracking, uma técnica usada para extrair petróleo e gás dos reservatórios de xisto betuminoso. Mas de acordo com Eric Kort, professor assistente na University of Michigan e principal autor do estudo, partes do sistema de produção de gás e petróleo já vazavam antes do fracking.
“Há uma grande fixação no fraturamento hidráulico massivo”, criticou Kort. “O ‘x’ da questão, no caso, é que já observamos isso [vazamentos de metano] em um período anterior na bacia San Juan, o que é indicativo de que não podemos simplesmente nos fixar em uma parte; temos que considerar a indústria como um todo”.
Os resultados são semelhantes aos de uma análise que a ClimateWire fez de dados do GHGRP, que só aponta a bacia San Juan como a maior fonte poluidora de metano quando apenas as maiores empresas, que emitem mais de 25 mil toneladas de gases de efeito estufa, são levadas em consideração.
Essa análise ligou grande parte das emissões de San Juan a poços de metano [localizados] em leitos de carvão da ConocoPhillips, a maior operadora na bacia. (Ver ClimateWire, 6 de outubro, em inglês).
O estudo de Kort se baseou em observações espaciais e terrestres.
Ele e seus colegas usaram imagens de metano registradas por um satélite e viram claramente que a região na interseção dos estados de Arizona, Novo México, Colorado e Utah, tinha altas concentrações do gás.

Resultados validados por observações em solo

Eles verificaram suas observações em terra utilizando um dispositivo que aponta para o Sol e mede o volume total de gás de efeito estufa na atmosfera. Essas medições ajudaram a validar as imagens espaciais.
Kort considera a hipótese de que as emissões derivam da extração de metano de leitos de carvão.
A bacia San Juan é a maior produtora de gás natural a partir de leitos de carvão, e atualmente não está claro se esses poços de metano emitem mais gás que poços convencionais ou não-convencionais de gás natural.
Kort argumenta que a região pode estar aparecendo como um hotspot em imagens de satélites devido aos seus padrões geográficos e eólicos.
De acordo com ele, outras bacias, como a formação de xisto betuminoso Barnett Shale, que produzem muito mais gás natural de reservatórios convencionais e não-convencionais, podem simplesmente não aparecer [nas imagens] porque o vento dispersa o metano emitido. Mas ele também observou que, em termos gerais, seu estudo requer uma verificação mais atenta das emissões da bacia San Juan.
Essa é a primeira vez que cientistas usaram satélites para mapear emissões de gases de efeito estufa em solo.
O estudo demonstra claramente o poder de observações espaciais, salientou Christian Frankenberg, um pesquisador do Laboratório de Jatopropulsão da Nasa e co-autor do estudo, em um comunicado.
“Dados de satélites não podem ser tão precisos quanto estimativas baseadas em terra, mas em observações feitas lá do espaço não há onde se esconder”, resumiu.
Scientific American Brasil

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