terça-feira, 10 de junho de 2014

Um forte El Niño pode fazer o calor bater recordes no fim do ano

Comparação do Oceano Pacífico em maio de 1997 e de 2014. As áreas vermelhas mostram água mais quente e nível do mar mais alto. Indicam um El Niño em formação. (Foto: Nasa)
Os cientistas estão observando sinais da chegada de um forte El Niño. O fenômeno faz parte do ciclo de variação de temperatura do oceano Pacífico. Durante o El Niño, a faixa equatorial do Pacífico fica mais quente. Durante a fase contrária, chamada La Niña, o Pacífico fica mais frio.
Essa variação de temperatura do oceano tem impacto pesado no clima do mundo todo. Os anos de El Niño tendem a ser mais quentes para a atmosfera. No Sul do Brasil, há verões mais chuvosos. No Sudeste, chuvas fora do padrão. Se a tendência se confirmar, pode significar que a Terra vai bater mais recordes históricos de calor.
A imagem acima é uma comparação das temperaturas do Pacífico em maio de 1997 (a esquerda) e maio de 2014 (a direita). Os trechos em vermelho mostram onde o mar está mais quente e mais alto do que a média. As áreas em azuis mostram onde ele está mais frio e mais baixo. O nível do mar tem relação com a temperatura. Na medida que a água do oceano esquenta, a superfície se eleva. Se esfria, ela desce.
A comparação entre os dois anos revela semelhanças. "O que estamos vendo agora na região tropical do Oceano Pacífico parece similar às condições do início de 1997", diz Eric Lindstrom, oceanógrafo da Nasa (agência espacial americana), responsável pelas imagens."Se isso continuar, poderemos ter um forte El Niño no outono. Mas não há garantias." O outono de Eric lá na Nasa, no Hemisfério Norte, chega em setembro.
O El Niño de 1997 e 1998 foi marcante. Ele fez as temperaturas subirem no planeta todo. Deu um repique na tendência já existente de elevação das temperaturas com o aquecimento global. Para se ter uma ideia, os registros globais de temperatura começam em 1880, antes da Lei Áurea da Princesa Isabel. Segundo os registros, 9 dos 10 anos mais quentes ocorreram depois do ano 2000, na medida que o aquecimento global elevava as temperaturas na Terra. A única exceção é 1998, porque o El Niño provavelmente turbinou o aquecimento global naquele ano. Se vier por aí um novo El Niño de intensidade semelhante, viveremos um novo patamar de calor a partir do fim deste ano.
Embora nosso dia-a-dia dependa dos humores da atmosfera da Terra, ela é a parte mais insignificante do clima da Terra. O que determina as grandes tendências para o planeta é o comportamento dos oceanos. Nos últimos 12 anos, os oceanos absorveram o excedente de calor do aquecimento global, mantendo as médias anuais de temperatura no patamar mais elevado que se tem registro, mas relativamente estável. Cientistas acreditam que inevitavelmente, em algum momento, esse ciclo de amortecimento do oceano chegará ao fim, e o fundo do mar passará a não mais roubar calor da atmosfera - ou até devolver parte do que foi acumulado sob a superfície. Um El Niño forte agora pode marcar o início dessa nova fase. Se isso ocorrer, enfrentaremos condições climáticas inéditas nos próximos anos.
Época.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário