terça-feira, 24 de junho de 2014

Com aquecimento global, pesquisa estima impacto bilionário para a economia dos EUA

 Campo de trigo em Illinois: colheita em queda Foto: Daniel Acker / Bloomberg

Perdas anuais de US$ 35 bilhões de patrimônio privado com furacões e outras tormentas; queda da produtividade das colheitas de 14%, custando aos produtores de trigo e milho dezenas de bilhões de dólares; demanda de energia provocada por ondas de calor, custando aos usuários até US$ 12 bilhões por ano. Estes são alguns dos custos econômicos da mudança climática previstos nos Estados Unidos nos próximos 25 anos, revelou um relatório bipartidário, divulgado nesta terça-feira.
E isto é apenas o início: o custo poderá alcançar as centenas de bilhões de dólares até 2100.


Encomendado por um grupo liderado pelo ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, ex-secretário do Tesouro Henry Paulson, e o ambientalista e financista Tom Steyer, o estudo é a “análise mais detalhada já feita sobre o efeito potencial econômico da mudança climática nos Estados Unidos”, afirma o climatologista Michael Oppenheimer, da Universidade de Princeton.
A divulgação do relatório ocorre três semanas depois de o presidente Barack Obama ter determinado às autoridades americanas que adotem as medidas mais agressivas já tomadas para reduzir as emissões de gás estufa. Isso inclui exigir que as usinas de energia cortem as emissões de dióxido de carbono para 30% abaixo dos níveis de 2005 até 2030.

NEGÓCIO ARRISCADO
Intitulado “Um negócio arriscado”, o relatório prevê impactos climáticos em escalas pequenas, no nível de distritos e povoados. Suas conclusões sobre perdas de colheitas e outras consequências não são baseadas em projeções de computador, em geral criticadas por céticos da mudança climática, mas sim em estudos sobre as recentes ondas de calor. O estudo pinta um quadro sombrio em termos de prejuízos econômicos.
“Nossa economia está vulnerável a um esmagador número de riscos devido à mudança climática”, afirmou Paulson em uma declaração. Isso inclui desde o aumento do nível do mar a ondas de calor que vão provocar mortes, reduzir a produtividade do trabalho e prejudicar redes de energia.
Até meados do século, entre US$ 66 bilhões e US$ 106 bilhões em termos de valor de propriedade estarão abaixo do nível do mar. Há uma chance de 5% de que, até 2100, as perdas alcancem US$ 700 bilhões, com uma perda média anual devido ao aumento do nível dos oceanos de US$ 42 bilhões a US$ 108 bilhões ao longo da Costa Leste americana e do Golfo do México.
ONDA DE CALOR


O calor extremo, especialmente no Sudoeste, Sudeste e o norte do Centro-Oeste, vai afetar a produtividade, à medida que as pessoas não conseguirão trabalhar por um longo período sob o sol em construções e outros trabalhos externos. A análise vai além de pesquisas anteriores, disse Oppenheimer, ao identificar locais que serão “impróprios para trabalho externo”.
A demanda por eletricidade vai crescer à medida que as pessoas precisarem de ar-condicionado apenas para sobreviver, esgotando a capacidade de geração e transmissão de energia. Esse quadro vai provavelmente exigir a construção de usinas capazes de garantir uma capacidade de geração de até 95 gigawatts nos próximos
cinco a 25 anos. A construção dessas usinas vão impactar as tarifas cobradas dos usuários — pessoas físicas e empresas — entre US$ 8,5 bilhões a US$ 30 bilhões a mais a cada ano até meados do século.
O relatório não apresenta propostas de políticas, concluindo apenas que é “hora de todos os líderes empresariais americanos e investidores tomarem uma atitude e responderem ao desafio de enfrentar a mudança climática”.
O Globo.com



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