sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Quem paga por megaempreendimentos científicos?

Sejam eles uma enorme embarcação para explorar os oceanos (SeaOrbiter), ou uma audaciosa missão para estabelecer uma colônia humana permanente em Marte (Mars One) - o que empaca estes superprojetos quase sempre é o financiamento. Na maioria das vezes, a tecnologia necessária para concretizar esse tipo de ideia ambiciosa já existe. Apoio popular também não falta: no caso da Mars One, mais de 200 mil pessoas se inscreveram para uma viagem sem volta para Marte.
“O grande problema com esse tipo de projeto é que é difícil conversar com pessoas que não têm visão. É difícil convencê-las de que tem um mundo no longo prazo lá fora. As pessoas para as quais estamos pedindo fundos são guiadas apenas pelo modelo de curto prazo”, diz Ariel Fuchs, fundador da SeaOrbiter. “Perdemos nosso senso de visão e de exploração”.
A embarcação que Fuchs concebeu foi pensada para servir como um posto avançado de pesquisas relacionadas aos oceanos – ela cruzaria os mares ininterruptamente com o propósito científico de exploração e observação. Ele a compara com a Estação Espacial Internacional (algo como uma Estação Marítima Internacional).
A SeaOrbiter precisa de um investimento de milhões de dólares para sair do papel; a Mars One necessita de bem mais: 6 bilhões de dólares. “Não conseguimos nada dos governos e outras instâncias administrativas na Europa; é complicado demais para eles”, diz Fuchs. Para driblar esta dificuldade, Bas Lansdorp, fundador da Mars One, aposta no crowd-funding. “Se um porcento das pessoas neste planeta pagarem um dólar por mês, nós podemos ir para Marte. Algumas pessoas são mais empolgado e vão pagar mais”, diz.
Ele também acredita que pode arrecadar muito dinheiro com a venda dos diretos de transmissão de sua empreitada – a ideia é criar algo como um reality show da vida na colônia humana em Marte.
Como exemplo, Lansdorp cita os Jogos Olímpicos de Londres, que renderam incríveis 4 bilhões de dólares com um evento de apenas três semanas.
Ariel Fuchs, da SeaOrbiter, demonstra muita preocupação com a falta de interesse generalizada em investimentos de longo prazo, como a exploração científica. “Exploração é um investimento de longo prazo e ela leva à inovação. Não há exploração sem inovação, mas também não há inovação sem visão. Uma sociedade sem exploração é uma sociedade sem futuro”, aponta.
Galileu.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário