sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Proteção 'chinfrim' para os oceanos do mundo

Artigo de RLopes
Recebi recentemente de Antonio Marques, professor do Departamento de Zoologia do Instituto de Biociências da USP, um artigo científico um bocado interessante (que você pode ler de graça, em inglês, clicando aqui), escrito por ele em parceria com Alvar Carranza, da Universidade da República, no Uruguai. Bem, “interessante” talvez não seja bem a palavra. Marques e Carranza mostram que as dez maiores áreas marinhas protegidas por lei no mundo, na verdade, não protegem lá grande coisa — ou melhor, até protegem, mas o fazem em regiões que já não precisavam de muita proteção para começo de conversa.
Dá para entender melhor o que eu estou querendo dizer dando uma conferida no mapa abaixo, que está no artigo da dupla.
 
Temos no mapa tanto a área dos “parques nacionais marinhos” quanto a população dessas regiões. Detalhe: a população média desses lugares é de umas 5.000 pessoas — isso porque as ilhas Galápagos entram na conta. Na verdade, a maioria desses locais têm população mais próxima de… zero.
Não é necessário um esforço de imaginação muito grande para entender o que está acontecendo. A meta estabelecida pela CBD (Convenção da Diversidade Biológica, órgão da ONU criado durante a Eco-92) é proteger cerca de 10% das regiões ecológicas marinhas. Como dá muito menos trabalho proteger locais onde não há gente morando, os governos do mundo estão tentando ficar bem na fita criando superparques nesses locais remotos.
Claro que é uma ótima ideia proteger Galápagos ou o Ártico da Groenlândia. Mas o problema, lembram os pesquisadores em seu artigo, é que isso vira cortina de fumaça para proteger áreas de alta biodiversidade marinha que convivem com densidade populacional elevada e os problemas ambientais que isso traz. É o caso da costa da África Oriental — e dos litorais de Rio e São Paulo, entre outros lugares.
Esse é só mais um exemplo de como o desafio de proteger a biodiversidade que ainda resta no planeta não é brincadeira — e de como nós, como espécie, temos tido um impacto nefasto na história evolutiva de outras formas de vida.
Folha.com

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