quinta-feira, 14 de março de 2013

Lua deve protagonizar o futuro da exploração espacial

Depois da chegada do homem a Lua, em 1969, e as sucessivas missões Apollo, o satélite natural da Terra ficou esquecido das ambições tripuladas de governos e cientistas. A última missão tripulada norte-americana à Lua foi a Apollo 17, em dezembro de 1972, e no total, doze astronautas caminharam por sua superfície.
“No Espaço, as equipes e o conhecimento produzidos por elas precisam estar em constante manutenção. Se não existir outro projeto espacial de esforço coletivo, se perde o conhecimento que se construiu nos ultimos 20 anos”, afirma o chefe do programa ATV (Automated Transfer Vehicle - veículo que leva carga e combustível para a Estação Espacial Internacional - ISS) da Astrium, Wolfgang Paetsch. Até hoje já foram feitas 110 missões de análise da Lua, desde as tripuladas até a observação de satélites. Para o cientista, um novo pouso na Lua deve ser ‘a próxima fronteira’.
A Agência Espacial Europeia (ESA) aprovou o orçamento de estudo para lançar um veículo que seja capaz de pousar em um dos pólos da Lua, em 2019. O veículo deve ser lançado e entrar em uma órbita intermediária, antes de atingir a órbita da Lua. Quando ele chegar a cem quilômetros acima da superficie, o ‘módulo de pouso’ deve se soltar e pousar próximo do pólo Sul da Lua, onde deve acontecer a exploração.
O estudo durou nove meses e foi feito pela Astrium em Brêmen, na Alemanha, em cooperação com a agência espacial alemã (DLR). Há diversos desafios técnicos para que esta missão aconteça, inclusive, o desenvolvimento do veículo, que ainda não foi aprovado pela ESA. O pouso no pólo da Lua, se aprovado, será inédito e deve custar 500 milhões de euros.
        Apesar de esforços neste sentido, cientistas acreditam que não será tão fácil levar uma missão tripulada à Lua tão cedo. “É muito caro levar o homem para a Lua. O primeiro homem a ir pra Lua neste século será provavelmente um robô“, afirma o assessor de comunicação da Astrium na Alemanha, Siegfried Monser. “Demora-se 10 anos para fazer um projeto e pouco tempo para desmontar e perder tudo. O homem perdeu a ‘expertise’ de ir para a Lua”, conclui Paetsch.
        Outra prova que a Lua é a nova fronteira é a intenção chinesa e russa de instalar bases lunares em no máximo 20 anos. Os chineses querem mandar um foguete não-tripulado para lá ainda em 2013. Há quem diga que até mesmo a perspectiva de explorar outros planetas passa pela Lua: ela seria nosso ‘porto seguro’ no meio da galáxia, sendo utilizada como o local em que as aeronaves vão parar para abastecer.
 Asteroides Além da simples ambição de voltarmos a levar humanos para a Lua, há ainda interesses científicos importantes. Depois daquelas recentes cenas na Rússia nós vimos de perto o risco que um choque de asteroide com a Terra pode significar. Mesmo sendo considerado pequeno, a energia do impacto daquele meteorito foi 20 vezes mais forte que a bomba de Hiroshima. Apesar desse risco, a NASA e outras agências espaciais têm pouca atuação em catalogar a possibilidade de colisão de asteroides e não há programas governamentais para nos proteger deles. Diferente do que imagina Hollywood, pouco poderia ser feito caso um grande asteroide estivesse para colidir com a Terra.
        Aí que entra a necessidade de se explorar a Lua: ela é cheia de crateras causadas por bombardeios de asteroides ocorridos há bilhões de anos. E mais: a Lua é quase como um imã de asteroides: ela já atraiu muitos detritos errantes que poderiam vir em direção a nós. E como lá não tem atmosfera, o subproduto da explosão permanece na superfície lunar. Como disse Naveen Jain, um dos principais empreendedores da exploração espacial, “a Lua é um museu do sistema solar, um registro do bombardeamento de asteroides”.
A quantidade formidável de informações contida na Lua fica ainda mais relevante quando se pensa que é mais fácil pousarmos na Lua do que em um meteoro que viaja a 25 quilômetros por segundo. Uma base de observação da Terra direto do satélite também é cogitada, para fins de segurança.
Mineração espacial 
        Além de colher dados sobre asteroides, engenheiros espaciais podem utilizar o satélite como fonte de mineração espacial, atividade que também deve ganhar força nos próximos anos. A NASA inclusive já tem um protótipo de robô minerador para extrair gelo da superfície da Lua.
 O robô RASSOR deve entrar em teste em 2014 e tem o objetivo de explorar e escavar a superfície do satélite para possivelmente transformar água em ar ou combustível. Mais potente que o Curiosity, ele deve atingir a velocidade de 20 metros por segundo, e enviar informações para um veículo que ficará pousado na superfície da Lua. O projeto prevê que ele ‘trabalhe’ 16 horas por dia, sete dias por semana, por cinco anos.

Além da empresa Space X, de Elon Musk, a Moon Express também pretende entrar no setor comercial espacial na baixa órbita da Terra, e pretende desenvolver missões robóticas em parceria com a NASA para explorar a Lua. Segundo o empresário Naveen Jain, a intenção é, no futuro, criar bases de estudo e colônias habitadas por humanos na Lua.
Galileu.com

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