segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Reduzir gases-estufa a partir de 2016 evitaria secas e enchentes, diz estudo


Chaminé de indústria na China (Foto: JF Creative / Image Source / AFP)Chaminé de indústria na China; cientistas afirmam que redução de emissões a partir de 2016 pode diminuir impacto de secas e enchentes nos proximos anos.


Milhões de pessoas podem ser poupadas de secas e enchentes até 2050 se houver uma redução das emissões de gases do efeito estufa a partir de 2016 em vez de 2030, de acordo com estudo científico publicado neste fim de semana na revista "Nature Climate Change".
Especialistas britânicos e alemães explicaram que a redução imediata nas emissões poderia retardar alguns impactos por décadas e prevenir outros por completo.
Em 2050, um planeta se encaminhando para um aquecimento entre 2º C e 2,5º C, pode ter em 2100 duas possibilidades muito distintas, dependendo do caminho que se tome para chegar até lá.
Políticas que reduzam as emissões de carbono em 5% por ano até 2016 poupariam a exposição de até 68 milhões de pessoas a um maior risco de escassez de água em 2050, segundo Nigel Arnell da Universidade de Reading, do Reino Unido. Esse seria o melhor cenário possível.
Por outro lado, se as emissões caírem 5% anualmente a partir de 2030, o número de pessoas que escapariam desse risco ficaria entre 17 milhões e 48 milhões.
No cenário da redução a partir de 2016, entre 100 milhões e 161 milhões de pessoas poderiam ser poupadas de inundações. Já no cenário de 2030, o número de pessoas que se livrariam de enchentes ficaria entre 52 milhões e 120 milhões, indicou Arnell, diretor do Instituto Walker de mudanças climáticas da universidade britânica.
"Basicamente, em 2050, a política de 2030 teria entre metade e dois terços dos benefícios da melhor política (2016)", embora ambas apontem para uma mudança de temperatura similar, com elevações entre 2º C e 2,5º C em 2100. "Você pode atingir o mesmo ponto (de temperatura) no fim do século, mas os danos causados no caminho até esse ponto podem ser muito diferentes", complementa.
Sem redução de emissões = cenário trágico Em um cenário sem restrições nas emissões, as temperaturas poderiam aumentar entre 4º C e 5,5º C, de acordo com a pesquisa. Com uma média de aquecimento global de 4º C, cerca de um bilhão de pessoas poderiam ter menos água em 2100 do que têm hoje, e 330 milhões poderiam ser submetidas a grande risco de enchentes.
Uma redução nas emissões em 2016 parece improvável, com as nações buscando adotar um novo pacto global sobre o clima em 2015 para entrar em vigor até cinco anos depois.
A última rodada das Nações Unidas de debates sobre o clima em Doha, no Qatar, em dezembro, fracassou na tentativa de impor antes de 2020 cortes nas emissões de países que não haviam assinado o Protocolo de Kyoto, ainda que cientistas tenham alertado que a concentração de carbono na atmosfera continua aumentando. Três dos quatro maiores poluidores do mundo - China, Estados Unidos e Índia - estão entre os que não se comprometeram a limitar as emissões.
Diversos pesquisadores acreditam que a Terra terá um aquecimento muito além dos 2º C da meta da ONU em níveis pré-industriais. "Claro que reduzir a emissão de gases-estufa não vai impedir por completo os impactos do aquecimento global, mas nossa pesquisa pode dar tempo para a elaboração de prédios, sistemas de transporte e de agricultura melhor adaptados às mudanças climáticas", disse Arnell.
Relatório da ONU fez alerta sobre poluição em excesso Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgado em novembro alerta que, mesmo se os países aplicarem até 2020 políticas públicas que ajudem a reduzir a emissão de gases de efeito estufa, o limite máximo proposto pelos cientistas para aquela data terá sido ultrapassado.
 Esse limite representa para a ciência climática estagnar a elevação da temperatura global em, no máximo, 2 ºC acima dos níveis pré-industriais ainda neste século. Segundo o documento, mesmo que todos os países cumpram nos próximos oito anos o que foi prometido em acordos climáticos firmados em conferências da ONU, eles ainda emitiriam 8 bilhões de toneladas (gigatoneladas) de gases a mais que o limite proposto para 2020.
O teto de emissões fixado por cientistas para 2020 é de 44 gigatoneladas de CO2 equivalente (medida que soma a concentração de dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e outros gases).
No entanto, há um cenário pior, caso nada seja feito. Se nos próximos oito anos nenhum governo cumprir o que prometeu e as políticas verdes deixarem de ser vistas como prioridade - acrescentando ainda o desenvolvimento econômico previsto para o período, as emissões de gases ultrapassariam em 14 gigatoneladas o limite calculado pelos cientistas.
G1

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