sábado, 14 de janeiro de 2012

Mexa-se! Hormônios recém-descobertos amplia os efeitos de exercícios físicos

Hormônios ajudam a controlar tudo, desde as vezes em que sentimos fome até o ritmo cardíaco. Dezenas deles já foram descritos e agora há mais um novo em cena, que pode ajudar a explicar alguns dos benefícios saudáveis dos exercícios e apontar o caminho para prevenir a obesidade e o diabetes. A descoberta foi descrita na internet na quarta-feira na revista Nature.
 Os exercícios trazem inúmeros benefícios para o corpo e a mente, mas o mecanismo que os dispara até agora permanecia um mistério. “Havia um sentimento na área de que o exercício 'conversa' com vários tecidos do corpo", Bruce Spiegelman, biólogo celular do Dana-Farber Cancer Institute e coautor do novo estudo, relata em uma declaração preparada. “Mas a questão é: de que forma?”
Spiegelman e seus colegas descobriram que o exercício, em camundongos e em seres humanos, desencadeia mudanças sinalizadoras que incluem a produção de um hormônio jamais descrito antes. Eles batizaram o novo hormônio de irisina, em honra à deusa mensageira Iris, por sua habilidade de enviar informações aos tecidos circundantes no organismo.
E as mensagens que a irisina carrega não são triviais; parecem levar a efeitos positivos no corpo. Um aumento de irisina ajuda a transformar a gordura branca na mais benéfica e metabolicamente ativa gordura marrom, que queima mais calorias. Parece também deixar o corpo mais sensível à glicose, uma capacidade importante para evitar o diabetes.
No estudo, pesquisadores descobriram que o exercício aumenta a produção da proteína que regula o metabolismo que, por sua vez, estimula a expressão da proteína que pode produzir o novo hormônio, cuja localização descobriu-se ser as membranas externas das células musculares.
Os efeitos do exercício na produção de hormônio parecem ser duradouros. Mesmo após 12 horas de descanso, camundongos que experimentaram um regime de três semanas de exercícios tinham 65% mais irisina no sangue que os que não se exercitaram. E pessoas que praticaram dez semanas de exercícios de resistência, duplicaram o volume de irisina no sangue em relação aos que não se exercitaram.
Mas os cientistas se indagaram se este hormônio poderia imitar alguns dos efeitos do exercício, sem que os sujeitos precisassem subir na esteira. Para descobrir isso, injetaram em um grupo de camundongos obesos, pré-diabéticos, alimentados com uma dieta com alto teor de gordura, o equivalente de aumento de irisina que teriam ao se exercitar. Após dez dias de injeções esses animais perderam algum peso e ficaram mais sensíveis à glicose, tudo isso sem exercício. E uma dessecação posterior mostrou que o pico de hormônio não teve nenhum efeito biológico negativo.
“É provável que a irisina seja responsável por, pelo menos, alguns efeitos benéficos do exercício sobre o escurecimento dos tecidos adiposos e aumento do gasto energético”, Spiegelman e seus colegas observaram no artigo. Esta descoberta poderia ajudar a explicar um pouco da “queima posterior” de calorias adicionais após atividade vigorosa.
Mesmo que o hormônio prove ser seguro para ser tomado como complemento por seres humanos, não substituirá todas as vantagens de frequentar a academia. Mas pode ajudar as pessoas a combater a obesidade e manter-se mais sensível à glicose, combatendo, assim, o diabetes. Os cientistas agora ainda investigam os possíveis efeitos do hormônio baseado em exercícios em outras doenças, incluindo doenças neurodegenerativas, e licenciaram a descoberta para a Ember Therapeutics (a empresa cofundada por Spiegelman) para o desenvolvimento de medicamentos.
Scientific American.com

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