quarta-feira, 27 de abril de 2011

Peles de animais

A nova linha da Arezzo causou alvoroço na segunda-feira (dia 18), quando a empresa colocou no ar algumas peças publicitárias, em seu site, que antecipavam as próximas tendências da marca. Entre os modelos exibidos, havia uma página batizada de Pelemania.
A campanha provocou uma reação explosiva entre os internautas, com críticas à empresa. Segundo a boataria a Arezzo estava usando peles de coelhos e raposas.
Segundo a Arezzo, 95% das peças com aparência de pelos são sintéticos, feitas com derivados de plástico, como a pelúcia dos bichinhos de crianças.
Poucas peças, as bolsas, seriam feitas com pele de raposa. Essas peles viriam de criadores certificados pelos órgãos ambientais do país. Não haveria nenhuma pele de coelho. E nenhum animal seria proveniente de caça em ambiente selvagem. Todos seriam criados para abate, exatamente como os bois e ovelhas que dão o couro para os produtos comuns da moda.
Segundo a assessoria de comunicação da Arezzo mais de 80% dos produtos da empresa são feitos de couro bovino ou ovino.
A posição da empresa tenta mostrar como são contraditórias as opiniões de quem atacou o uso das peles. As peles vêm de uma espécie europeia de raposa, criada em cativeiro no Brasil, por empresas autorizadas e não tem influência no status de conservação da espécie. Por isso, não há razão ecológica para se opor ao uso das peles de raposa.
Elas também são diferentes das peles de bois e ovelhas, o couro que usamos diariamente sem culpa alguma.
Aliás, a discussão ecológica mais coerente seria avaliar qual o impacto do couro de boi para o desmatamento da Amazônia.
O que existe nesse debate de pele de animais é uma questão ética. O protesto pode refletir posturas diferentes em relação ao sacrifício de alguns animais que inspiram graus diferentes de pena. Consumir produtos de bois, galinhas, ovelhas e cabras não provoca tanta reação negativa. Já coelhos e raposas, criados na mesma condição, geram revolta. Não serão dois pesos e duas medidas???
Este artigo postado por Alexandre Mansur - editor de Ciência e Tecnologia da revista Época - provoca uma reflexão muito séria sobre o assunto e deve ser amplamente debatido pela sociedade.

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