terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Trote uma prática medieval que desafia as Universidades

As primeiras Universidades surgiram na Europa em plena Idade Média. Foram um sopro de liberdade. Permitiram progressivamente ao homem atuar segundo a razão, em vez de apenas obedecer a dogmas.
Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que nasciam os centros de estudo, surgia uma instituição mais tributária da ideia que fazemos hoje da "Idade das Trevas": O Trote! Os registros da prática datam do início do século XIV. Calouros da região correspondente à moderna Alemanha eram obrigados a andar nus e ingerir fezes animais mediante a promessa de que no ano seguinte poderiam se vingar dos novatos.
O trote é uma demonstração de que, a despeito de avanços inegáveis, o mundo não mudou tanto assim em quase 800 anos.
Mantém no século XXI um tanto do século XIV. Prova disso é que o trote se mantém no calendário como uma atividade acadêmica regular: encerrada a fase de vestibulares e divulgada as listas dos candidatos aprovados, explode a agressão e a humilhação aos novatos.
Americanos e franceses, entre outros, também tem motivos para lamentar. Lá como aqui, o trote persiste, preocupa e escapa ao controle.
Mostrar aos algozes a face dura da lei foi a alternativa da França. Desde 1998, está em vigor no país uma lei que criminaliza o trote violento. Os condenados podem pegar até um ano de prisão e pagar multa. Desde o seu vigor os veteranos aprenderam a se comportar melhor. As práticas violentas e humilhantes deram lugar a uma jornada de integração dos novos alunos à instituição.
Algumas instituições brasileiras têm se esforçado para melhorar as estatísticas sobre os trotes - que são escassas, pois o medo dos novatos inibe reclamações e o problema só vem à tona quando ocorrem mortes ou ferimentos graves.
Como ocorria a quase 800 anos, o ingresso de um calouro na universidade, o momento pede um ritual que marque a transição, contudo, em pleno século XXI, esse ritual não pode reproduzir a face obscura do século XIV.
Quem não tem uma história para contar como calouro na universidade??? Poucas vezes os trotes deixaram boas lembranças...   
Fonte: Veja.com

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