sábado, 26 de fevereiro de 2011

Antropoceno, a nova era geológica em que o homem "desregulou" o planeta

O termo Antropoceno foi criado pelo vencedor do Prêmio Nobel da Química - Paul Crutzen -, que considera a influência humana no funcionamento do planeta tão significativa que justifica a entrada do mesmo numa nova era geológica na Escala de Tempo Geológico.
O uso deste termo como um conceito oficialmente aceito no âmbito da geologia ganhou novo ímpeto em 2008, com a publicação de dois novos estudos apoiando esta ideia. É usado por alguns cientistas para descrever o período mais recente da história do planeta Terra.
O glaciólogo francês Claude Lorius - um dos pioneiros dos estudos sobre o clima -  publicou livro sobre a relação do homem com o planeta nos últimos 200 anos.
De acordo com seu estudo, a nova era geológica que a Terra vive - denominada Antropoceno -, começou quando o homem tomou o controle do planeta, acelerou as emissões de CO2 e "desregulou a máquina do mundo".
Discorre sobre a modificação do clima, a acidificação dos oceanos, a erosão dos solos e a biodiversidae ameaçada: "o homem é um agente determinante da vida sobre a Terra", explica o especialista que, em 2008, recebeu o prêmio Blue Planet por seu trabalho.
"Se existe um indicador da atividade humana, esse é o gás carbônico. Se queimamos uma floresta, fazemos uma fábrica funcionar, dirigimos um carro, tudo isso é CO2", assinala.
O conceito Antropoceno - uma nova época geológica do Quaternário, consecutiva ao Holoceno, que começou há 10 mil anos -, foi desenvolvido em 2002 pelo geoquímico holandês Paul Crutzen e desde então abriu um espaço na comunidade científica.
Para ele o Antropoceno começa no ano de 1784, quando James Watt inventou a máquina a vapor. O Antropoceno poderia ser acrescentado oficialmente à tabela dos tempos geológicos no 34º Congresso Internacional de Geologia que será realizado de 5 a 10 de agosto de 2012 em Brisbane, Austrália,  - "para nós, no entanto, esta nova era já é uma realidade", acrescenta o especialista em geleira, que contribui desde os anos 50 para o estudo da evolução do clima mediante a análise das bolhas de ar presas no gelo há milênios.
Paul Lorius foi um dos primeiros a vincular o aumento das temperaturas e a crescente concentração de CO2. "Tivemos uma sorte extraordinária. Acontece que a Antártica era o melhor lugar para se dar conta de que havia um problema global com o clima".
Mais de 50 anos depois, o cientista admite, no entanto, que se sente pessimista quanto ao modo que a humanidade está se organizando. "Os cientistas podem demonstrar que o planeta é uno e indivisível, que só há uma atmosfera, um oceano, mas não podem demonstrar aos homens que é de interesse comum preservar o planeta. Reunir interlocutores com interesses tão diversos não é uma questão de ciência e sim de educação e filosofia", conclui. 
Fonte: National Geographic.com 

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