sábado, 15 de janeiro de 2011

A moda de ir à praia começou como recomendação médica

Até 1810 ninguém tomava banho de mar no Brasil. Mulher nenhuma se esticava na areia de biquini fio dental até torrar como um camarão. Não tinha futebol  ainda e muito menos futebol de areia. Não tinha surf nem rodinhas de banhistas descansando sob guarda-sóis. Ninguém considerava costumeiro nem civilizado lagartear na areia até o ano de 1810.
Mas, naquele ano, o rei dom João VI faria um mergulho na Praia do Caju, hoje um lugar degradado na zona portuária do Rio de Janeiro. O monarca estava com a perna infeccionada por causa de um carrapato e seguia orientações médicas. Sem querer ele inaugurou o costume que hoje lota as praias de banhistas.
Na França e na Grã-Bretanha, distintas senhoras já tomavam seus banhos para curar doenças físicas e até psíquicas. As teorias sobre o benefício do banho de mar eram a última palavra na medicina da Europa. E foi lá que os desesperados médicos de dom João VI foram buscar a receita para curar o rei que vivia no Brasil havia 2 anos.
A idéia de que a água - sobretudo a água salgada do Canal da Mancha - era um santo remédio veio de uma teoria do médico e religioso inglês, John Floyer nos primeiros anos do século 18.
Além de criticar a igreja por modernizar o batismo ( que virara um mero espirro de gotas na testa), o doutor Floyer acreditava que o mar tinha poderes milagrosos até para paralíticos. Sua obra inaugural, a "História do Banho Frio", foi publicada em dois volumes, em 1701 e 1702. Mas a corrida às praias na Europa começou mesmo meio século mais tarde, em 1749, quando outro inglês, o doutor Richard Frewin, descreveu a primeira cura por banho de mar!!!
Sessenta anos depois, havia no Velho Continente uma enxurrada de publicações de métodos para o tratamento marinho. Os médicos de dom João decidiram tentar. E a receita deu certo: o monarca curou-se. Com o sucesso, os banhos atraíram a corte portuguesa alojada no país. Logo surgiram as primeiras casas de banhos terapêuticos, que ofereciam aos banhistas piscinas com água do mar e locais para se trocar e guardar roupas.
O traje de banho usado em 1810 por dom João VI não era nada convencional nem mesmo para a época. O rei tinha medo de caranguejos e só aceitou entrar na água dentro de um barril. O recipiente que lhe serviu de roupa tinha o fundo tapado. Na lateral havia um pequeno buraco, por onde a água entrava. Conforme as exigências do monarca, apenas suas pernas podiam ser molhadas.
A preocupação do governo e dos banhistas com a falta de pudor nas praias era enorme. Inicialmente, as senhoras banhavam-se de madrugada, para não serem vistas.
Em 1917, o prefeito carioca Amaro de Brito regulamentou os horários de praia. De 1º de abril a 30 de novembro, podia-se entrar na água das 6h às 9h e das 16h às 19h. No verão, das 5h às 8h e das 17h às 19h. Quem fosse pego em outros horários era punido com multa ou 5 dias de cadeia.
A liberdade de frequentar a praia sem a perseguição da polícia começou com os esportes aquáticos. Fonte: Aventuras na História

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