sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Duas cabeças pensam melhor?

Será que duas cabeças pensam melhor? Esta afirmação ouvimos muito ao longo do tempo. Agora, vamos ouvir que -  Duas cabeças "nem sempre pensam melhor" -, defende um estudo publicado na edição desta semana da revista Science.
Discutir um assunto com outra pessoa antes de tomar uma decisão só vale a pena se a conversa for franca e se ambos os interlocutores tiverem o mesmo nível de competência, mostra o estudo. É especialmente importante que as incertezas de cada um sejam compartilhadas. Se a comunicação não for boa ou se um dos debatedores entender "muito menos do assunto que o outro", o melhor é decidir sozinho!
Para chegar a essa conclusão, cientistas da University College London, submeteram pares de voluntários a um teste em que tinham de observar uma tela cinza em intervalos de tempo e, então, decidir em qual desses intervalos um alvo havia aparecido na imagem. Quando apresentado, o alvo se mantinha visível por apenas 85 milissegundos. Cada participante tinha uma tela própria.
O teste foi realizado em quatro modalidades diferentes, o que permitiu aos pesquisadores controlar tanto o grau de comunicação entre os voluntários - em uma modalidade, eles só podiam informar um ao outro quando acreditavam ter visto o alvo, sem mais elaboração - e, também, o grau de "competência" de cada um, inserindo interferências na imagem que efetivamente tornavam um dos membros do par menos capaz de tomar a decisão correta que o outro.
Cada par de voluntários tomou parte em várias rodadas do experimento, o que permitiu produzir uma série de índices de sucessos e fracassos.
A conclusão foi de que a taxa de sucessos das duplas só superou a obtida pelo membro "mais competente" sozinho quando o grau de competência de ambos os participantes era próximo, e os dois tinham oportunidade de se comunicar livremente - sendo fundamental a troca de informação sobre o grau de confiança de cada um no próprio palpite.
Quando os graus de competência eram muito diferentes, nem mesmo a comunicação franca ajudava a tornar a decisão melhor. Nesse caso, a "ditadura do mais competente" se revela a melhor estratégia!
O próximo passo da pesquisa, em 2011, será de determinar o que acontece quando um dos participantes da decisão tem motivos para mentir sobre seu nível de incerteza - se está tentando impressionar ou se impor sobre o outro, por exemplo.
Portanto, o estudo ainda não é conclusivo!
Fonte: Estadão 

Nenhum comentário:

Postar um comentário