sábado, 24 de julho de 2010

Quando o Irã era um modelo de tolerância!!!

O país atual - Irã -  pouco se parece com seu ancestral, o Império Persa. Até o século VII, o reino fundado por Ciro, o Grande, mostrou ao mundo que unir é mais importante que dividir!
Cercado por fronteiras naturais, o Irã é uma fortaleza situada a 700 metros de altitude, em média. Conhecida como Pérsia, a região foi berço de vários impérios, cuja história alterna idades de ouro e períodos obscuros. Durante toda a antiguidade, porém, um traço marcou os soberanos persas: a tolerância!
Entre os séculos VII a.C. e VII d.C., reis como Ciro e Xerxes governaram imensos territórios, sempre respeitando as crenças e tradições das populações locais. Essa atitude fez da cultura persa um patrimônio tão importante para a história da humanidade quanto aquele deixado por gregos e romanos.
O próprio nome do país que hoje conhecemos como Irã é um exemplo das diferentes culturas que contribuíram para formar sua identidade. Na antiguidade, os gregos chamavam a região de Pérsia. O idioma persa, porém, utilizava as palavras "eran" e "aryan" para designar o povo que habitava aquela região.
Devido ao apreço que os imperadores persas tinham pelo caráter ariano de sua língua, de sua escrita e de sua ascendência, o nome Irã foi definitivamente adotado no século III d.C.. Com a conquista da região pelos muçulmanos em 650, o termo "Pérsia" venceu e prevaleceu até 1934, quando a dinastia dos Pahlevi mudou novamente o nome do país para Irã.
As fontes históricas sobre a história  antiga da Pérsia são raras, dispersas e fragmentadas. A maior parte sobre o período provém, essencialmente, de autores gregos, da Bíblia, dos arquivos dos administradores de províncias sob domínio persa, os sátrapas e de inscrições em monumentos.
Explica-se a falta de documentação, pelo fato de que Ciro, o Grande, soberano que comandou o início da expansão persa, se preocupu mais em defender seus ideais e combater os adversários do que fazer propaganda do governo.
O rei persa dominou a Mesopotâmia sem causar muita destruição. Ciro adotou uma inteligente estratégia: ele compreendeu que aterrorizar por meio de crueldades o condenaria no plano político. Era preciso, portanto, federá-las, e não matá-las.
Ciro mostrou ao mundo que o que une importa mais do que o que divide. Os textos mostram que o soberano não queria aniquilar as nações, mas sim associá-las ao destino do império. Em um reino formado por várias etnias, culturas, religiões e línguas, a administração persa se adaptava às tradições regionais, promovia a descentralização do poder com a implantação de uma ampla autonomia local e de proteção das populações conquistadas.
Com o crescimento do império, o velho idioma persa foi sendo substituído pelo aramaico, que já era falado na maior parte da região da Síria-Palestina. Uma estrada real de mais de 10 mil km percorria o território dominado pelos persas, desde a cidade de Éfeso, nas margens do Mediterrâneo, até Cabul, no atual Afeganistão.
A tolerância religiosa dos persas foi fundamental para a história do judaísmo. Segundo a Bíblia, ao conquistar a Babilônia, em 537 a.C., Ciro promulgou um édito que libertou os judeus do cativeiro na Mesopotâmia e ofereceu uma ajuda financeira substancial para que eles reconstituíssem o Templo de Jerusalém. Ainda hoje, 2.500 anos depois a festa de Purim continua a celebrar, todos os anos, este evento e desde esse momento o imperador passou a ser homenageado no mundo judaico, como um profeta.
Os judeus não foram os únicos a se beneficiar da liberalidade de Ciro. Ele abriu o pensamento persa aos filósofos gregos, à mística masdeísta, ao ascetismo árabe, à medicina indiana e a liberdade de consciência em geral. Essa tolerância e abertura para o mundo exterior fizeram com que os gregos e sua cultura gozassem de grande prestígio entre os persas. Os persas administravam quase 8 milhões de Km², enquanto o império romano ocupou "apenas" 6 milhões de Km². O fascínio pelo helenismo abriu caminho para que Alexandre, o Grande, conquistasse o império construído por Ciro e pusesse fim ao poder da primeira grande dinastia persa em 330 a.C.
Por maior que tenha sido a bravura dos cavaleiros macedônios, por mais moderna que tenha sido a estratégia militar de Alexandre e mais favorável a sua situação, esses elementos não teriam sido eficazes se a cultura helênica já não estivesse impregnada no reino persa. Alexandre só acelerou um processo de decadência que já afetava o império. Após a morte de Alexandre, um de seus generais, o macedônio Seleuco, fundou uma nova dinastia, o império Selêucida que governou a Pérsia até 170 a.C.
Contudo, a tradição  de tolerância da antiga Pérsia se perdeu nos séculos posteriores. Os crimes palacianos da dinastia dos Afharidas, no séc.XVIII, o reino de terror instituído no Irã pela polícia secreta do - xá Rehza Pahlevi na década de 1970 -  e as perseguições de oponentes políticos promovidas pelo atual presidente Ahmadinejad. No entanto, isto não pode ocultar o legado da Pérsia eterna, com sua tolerância e efervescência cultural que impregnou a cultura ocidental de uma forma muito mais profunda do que se pode imaginar...(Na foto acima - Ruínas da cidade de Persépolis capital da antiga Pérsia)
Fonte: Revista História Viva

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